31.5.10

Segunda Cartinha pro Dunga


Caro senhor Dunga, desta vez não vou elogiar o senhor, mas pedir para que o senhor seja mais enérgico com alguns jogadores de seu time.É que meu pai me disse que algumas estrelas da seleção que o senhor montou deram para reclamar da bola que vai ser usada na competição - a Jabulani. Olha, eu sei o que é jogar com uma bola maluca, parece que ela não tem centro, sabe?! Uma daquelas que a gente compra em supermercado,(como falou o nosso goleirão Julio Cesar), aquelas bolas que são de plástico e a gente chuta ela e não sabe pra que lado ela vai? Pois é, é muito ruim mesmo. Mas a gente joga assim mesmo aqui no meu condomínio e não põe a culpa na bola se a gente perde do time do prédio da esquina, pois a bola é ruim para os dois lados - tanto para nós, como para o timinho do Leléu.
Meu pai me disse que o Luis Fabiano falou que essa bola é sobrenatural - cruz credo!!! Vou rezar para a bola não assombrar mais ninguém no seu time. Minha mãe disse que não gostou das declarações de Felipe Melo que comparou Jabulani com uma "patricinha" que não gosta de ser chutada e mais, que chamou a outra bola de "mulher de malandro", que como todo mundo sabe, gosta de apanhar. Minha mãe achou o comentário machista. Minha mãe ficou muito triste com essas comparações. Disse que em mulher não se bate nem com uma flor. Achei isso bonito. Minha mãe falou que Kaká elogiou a bola. Meu pai me disse que isso não vale porque ele é garoto propaganda da bola. Meu pai me disse que tem muita tecnologia nessa bola. Mesmo sem saber o que é muita tecnologia eu acho que o senhor precisa pedir pro Kaká explicar quem é a bola para os jogadores "reclamões". Meu pai me disse que um jornalista chamado Nelson Rodrigues inventou uma grã-fina de nariz de cadáver (nem sei o que é isso) que quando entrou no Maracanã pela primeira vez para ver um jogo de futebol, perguntou: - Quem é a bola?
Meu pai é muito engraçado, me disse que antigamente jogador não reclamava e jogava com todo tipo de bola: Bola de meia, bola de capotão, laranja, limão que sobrava da feira, até com tampinha de refrigerante. Fala para os seus comandados que o negócio é esquecer esse negócio de ficar reclamando da bola e não esquecer de jogar futebol. Sei que vai ser difícil para eles entenderem. Mas faz uma cara de mau e dá uma dura neles. Chama o Jorginho para botar um pouco de patriotismo neles. Lembra que o Garrincha, lá em Pau Grande, jogava descalço.Isso me disse meu pai , mas pode ser uma mentirinha só para eu ficar mais chateado com essas declarações sobre a Jabulani. Ele está zoando de mim.
Sem mais para o momento,
obrigado senhor Dunga e bola pra frente!
Obs. Se ela não for pra frente, chame o Ganso, o Ronaldinho Gaúcho e o Neymar que acho que eles não vão reclamar da bola, nem do transporte, mesmo que eles viajarem em lombo de mula pra chegar aí na África do Sul para jogar no Mundial.
Assinado,
Juquinha

Ilustração do raso do baú: "Imagens"

30.5.10

Para quem gosta de futebol e cinema


(Chegou por e-mail e boto aqui como veio- o evento já começou, mas ainda dá para ver muita coisa)

PROGRAMAÇÃO DO CINEfoot
Unibanco Arteplex – Praia de Botafogo, 316 
ENTRADA FRANCA - Sujeita à lotação da sala
DATA SESSÃO HORA FILME DIREÇÃO FORM CLASS
27/05 ABERTURA 20.30h
João André Iki Siqueira e Beto Macedo LM Livre
 
30/05 5 19h
O Primeiro João André Castelão CM Livre
Um Craque Chamado Divino Penna Filho LM Livre
 
30/05 6 21h
Geral Anna Azevedo CM 14 anos
O Deus da Raça Pedro Asbeg e Felipe Nepomuceno CM Livre
Zico na Rede Paulo Roscio LM Livre
 
31/05 7 19h
O Muro Diego Florentino CM Livre
O Fundo do Mar Andre Amparo CM Livre
Esperando Telê Rubens Rewald e Tales Ab´Sáber LM Livre
 
31/05 8 21h
A Regra do Jogo Flavia Moraes CM Livre
Ernesto no País do Futebol André Queiroz, Thaís Bologna CM Livre
Futebol Brasileiro Miki Kuretani - Co-Direção: Tatiana Vilela LM Livre
 
01/06 ESPECIAL 19h
Subterrâneos do Futebol Maurice Capovilla MM 10 anos
Homenagem a Maurice Capovilla
 
01/06 ESPECIAL 20h
O Pequeno Satélite do Futebol - Alemanha Walter G. Puls CM Livre
Unidos pelo Aço - Alemanha Andreas Gräfenstein LM Livre
ENCERRAMENTO
Premiação - Taça CINEfoot 2010 e
Prêmio Porta Curtas
 
CM (curta metragem) / MM – (média metragem) / LM – (longa metragem)
MESA REDONDA / DEBATE
Baukurs Cultural- Rua Goethe, 15 – Botafogo – 2530-4847
31/05 Mesa Redonda 15h
O cinema brasileiro está preparado para o Mundial?
Encontro / Debate Entrada franca – Sujeita à lotação da sala
Mais informações no link abaixo
http://www.cinefoot.org/

Dica do Gerdal:Juli Mariano homenageia o Poeta da Vila, em Copacabana, no show "Uma Rosa para Noel" (grátis)


Repasso o "flyer" acima, acerca de um show simpático que a amiga cantora Juli Mariano, revelada nos conjuntos Turma da Bossa e Seresta Moderna, fará neste domingo, 30 de maio, a partir das 18h, no Forte de Copacabana. - Posto 6, em intenção de Noel Rosa. Entrada franca.
        Nos "links" abaixo, ela canta "Estrada do Sol", de Antônio Carlos Jobim e Dolores Duran, e "Pra Que Discutir com Madame", de Janet de Almeida e Haroldo Barbosa.
       

www.julimariano.com
 

http://www.myspace.com/julimariano


http://www.youtube.com/watch?v=pDmrC_58MZM
 

http://www.youtube.com/watch?v=Zv8cZGmjl40&feature=related   

Ilustração do fundo do baú:"Não me lembro"


A única coisa que me recordo é que esta ilustração era para o caderno de informática do jornal. Meu HD depois disso zerou.

29.5.10

Adeus Dennis!...


Adeus Billy, see you later! Lá se foi o nosso grande ator e cineasta Dennis Hopper, que fez o papel de Billy no filme Easy Rider. Obra que marcou o fim de uma época e rachou a cuca do cinema americano grandão. Boa viagem, que sua máquina não falhe na grande rodovia (highways forever!)
Para matar as saudades,clique no link
http://www.youtube.com/watch?v=mJS8j9YYB9w

Dica do Gerdal:Márcio Lott canta neste sábado, no Leme, acompanhado por trio do pianista Charles Marot



Voz marcante no "jingle" nacional, o cantor Márcio Lott (foto acima), muito além da comunicação comercial pela música, tem ainda uma longa trajetória cimentada na excelência de serviços prestados ao ouvinte de sensibilidade. Assim como as cantoras Anna Pessoa e Tania Machado, ele é outro exemplo kafkiano de como, no nosso país, no mundo do disco, alta qualidade nem sempre se irmana com discografia condizente: elas ainda sem (ou quase) o disco próprio de que são merecedoras, com produção esmerada e à altura do valor que têm; ele, apesar da tarimba e do talento, com apenas um CD solo gravado, "EmCantos Geraes", pelo selo Rádio MEC, em 2005, e alguns compactos simples, como um raro, de 1968, cuja capa está reproduzida acima. Em contrapartida, afora participação em faixas de diversas produções, como elepês com trilhas de novelas da TV Globo nos anos 70, Márcio notabilizou-se em conjuntos vocais, como o Quarteto Forma, o Be Happy e, mais recentemente, na companhia de Celia Vaz, Clarisse Grova e Fabyola Sendinno, do Nós Quatro. Também nas noites cariocas ele marca forte presença, inscrevendo no item boêmio do currículo aplausos conquistados em prestigiadas casas, como os extintos Flag, Number One, 706 e Mistura Fina. Esse belo-horizontino, premiado em 1969 como o melhor intérprete do Festival Universitário da sua cidade e, já no ano seguinte, acariocado, com residência fixa na Velhacap desde então, é o convidado especial do engenheiro pianista Charles Marot, igualmente bem rodado na boemia carioca, para um "happy hour" - no sentido de um encontro feliz com música e músicos -, neste sábado, 29 de maio, a partir das 21h, no bistrô Galeria 1618, na Rua Gustavo Sampaio, 840, no Leme (ao lado do Hotel Acapulco - tel.: 2295-2618). Marot forma trio com o contrabaixista Renato Amorim, tio do guitarrista Marcos Amorim, e o baterista Zezinho Dias, filho do comediante Oscarito (os três podem ser vistos no último dos "links" abaixo, pelo YouTube, acompanhando a cantora Judith Vinhaes).       
      ***
 
Pós-escrito: nos "links" abaixo, (1) Marcio Lott canta "Absinto", de Fátima Guedes, e "Balanço Zona Sul", de Tito Madi, acompanhado por Marvio Ciribelli, ao piano, Alex Rocha, ao baixo, e Paulinho Diniz, à bateria; (2) com o também mineiro e há muito acariocado Marcio Montserrat, natural de Bom Despacho, canta "Amigo É pra Essas Coisas", de Aldir Blanc e Sílvio da Silva Jr.; (3) em seguida, como componente do Nós Quatro, canta "Feira de Mangaio", de Sivuca e Glorinha Gadelha. Fabyola aparece como voz principal e ainda se veem o contrabaixista Fernando Leporace e o guitarrista Felipe Poli.
  http://www.youtube.com/watch?v=a8pEbTJZa3o&feature=related
 
      http://www.youtube.com/watch?v=w-LaEE9dFRk&feature=related   
 
       http://www.youtube.com/watch?v=7AqVkw8Hh4c

       http://www.youtube.com/watch?v=y9Y3eo5oX74

Ilustração do fundo do baú: "Bateria aquarelada"

Companhia Estadual de Jazz neste sábado no Drink Café Humaitá


Hoje, sábado, dia 29 a Companhia Estadual de Jazz vai se apresentar no Drink Café Humaitá.
A Companhia Estadual de Jazz é um quarteto com Fernando Clark na guitarra,
Sergio Fayne no piano, Chico Pessanha na bateria e Reinaldo no contrabaixo. Como sempre,
eles vão fazer um som baseado em samba-jazz, indo de de João Coltrane a John Donato, com o repertório todo passado no Samba-Jazzificator System...
*DRINK CAFÉ HUMAITÁ - R. GENERAL DIONÍSIO,11 - BOTAFOGO - 20H. - R$15,00 -
TEL. 2527-2697*
**
*www.myspace.com/companhiaestadualdejazz*

28.5.10

Cartinha pro Dunga


Caro Senhor Dunga, venho por meio destas mal traçadas linhas desejar tudo de bom para o senhor e para o grupo que o senhor escolheu para defender a nossa pátria (de chuteiras, disse meu pai aqui agora ó).
Quero dizer que eu acredito sinceramente no senhor, no sr. Jorginho, nos titulares e nos reservas, que sem sexo, nem churrasco e sem bebidas alcoólicas vão vencer mais uma Copa do Mundo e trazer o Caneco pra gente.
Prometi pro meu pai que não vou mais encher a paciência dele perguntando porque o senhor não levou o Ganso , o Ronaldinho Gaúcho, nem o Neymar. Juro que não vou encher o saco do senhor também perguntando isso. Vou ficar caladinho no meu canto e aproveitar o tempo que falta para começar os jogos da Copa para estudar e ser um bom menino. Assim quem sabe Papai Noel vai me trazer um novo videogame no Natal, o Coelhinho da Páscoa vai me trazer um ovo de chocolate daqueles grandões cheios de bombons recheados. Todas as noites vou rezar para que o Saci-Pererê não corra atrás dos meninos que andam no mato e também para que o Curupira , a Mula-Sem-Cabeça e o Lobisomem parem de atormentar o sono dos meus amiguinhos.
Assinado,
Juquinha

Mais uma bacalhoada do filósofo Sandaum

Ilustração do fundo do baú: "Violão aquarelado"

Programe-se: Conexão Índia & Andaluzia no Sábado e no Domingo


(Recebi por e-mail a programação do evento Conexão Índia & Andaluzia que vai rolar nos dias 29 E 30 de maio - Sábado e Domingo das 16:30 ÀS 19:00 horas com entrada franca e programação livre. Publico abaixo o convite nos conformes)
Sangha Produções apresenta: o  Grupo de Mantras e Bhajans, Surendra, Devis & Devas, com a sua nova formação musical, e o grupo de dança flamenca Cia Fuego Andaluz que tem a honra de convidá-los para um show imperdível  de luzes, cores,  e rítmos da Índia & Andaluzia.

LOCAL: AUDITÓRIO DO CEPAC
RUA REPÚBLICA DO PERU Nº 104 - FUNDOS - COPACABANA - RJ  QUADRA DA PRAIA.                      PRÓXIMO À ESTAÇÃO DE METRÔ CARDEAL ARCO VERDE
* Ambiente climatizado, capacidade para 90 pessoas.

PROGRAMAÇÃO:

16:30 - Exposição e venda de artigos indianos (incensos, roupas, bijuterias, bolsas, livros, cd's de mantras, acessórios, estampas, chutneys (molho indiano agridoce à base de frutas), samosas (salgadinhos indianos), etc.

17:00 - Abertura: Os saris indianos: Exposição e técnica de como vestir sari, ao som de ragas com Jean Christophe.

17:10 - Dança Indiana Tradicional com a dançarina Cassiana Rodrigues.

17:30 - Show de mantras com o Grupo Surendra, Devis & Devas

18:10 - Intervalo

18:30 - Show de danças flamencas com o Grupo Cia Fuego Andaluz.

19:00 - Sorteio e encerramento.

Tel para contato:
(21) 9817-3200 ou 8335-7742 - Surendra
(21) 9681-1707 - Janaki

Contamos com a sua presença!!!!
Apoio cultural: CEPAC

27.5.10

Dica do Gerdal:Paula Santoro nesta quinta-feira no Lapinha - belos trinados a serviço do prazer de cantar


Tomando contato com o palco, pela primeira vez, em um clube de Iriri, no Espírito Santo, aonde a sua família se dirigia com frequência em período de férias, a mineira Paula Santoro (foto acima) já dava claros sinais de que, pelo brilho revelado ao cantar, a música seria trilha de percurso indeclinável no seu futuro profissional. Tinha, então, 12 anos e, embora formada, tempos depois, em Comunicação Social pela UFMG, na natal BH, engatou uma primeira na música popular como ganha-pão ao fazer parte do conjunto Nós & Voz, com o qual a sua vida foi andar por este país em shows sucessivos e atuar no musical "Manuel, O Audaz", com roteiro de Fernando Brant. Laureada por duas vezes com o Troféu Faísca de melhor cantora de Minas Gerais, Paula veio tentar a sorte no Rio de Janeiro, onde, em 2000, deu o ar da sua graça, na minissérie "Aquarela do Brasil", da TV Globo, ainda que encoberta em cena pela fisionomia de outra beldade, Maria Fernanda Candido, respondendo na dublagem pelos trinados da atriz, que encarnava uma aspirante ao estrelato nos anos dourados do rádio. 
         Da maior relevância na carreira foi o terceiro lugar obtido por ela, em 2002, no rigoroso Prêmio Visa (Edição Cantores), ganho pelo paulistano Renato Braz. Um feito apreciável que valeu a Paula um "upgrade" na chamada "visibilidade" do mercado e, em 2005, após desacerto pop em produção inaugural da sua discografia, possibilitou-lhe fazer aquele que considera o seu primeiro CD, de fato, lançado pela Biscoito Fino. Este, sim, um disco em que se sente à vontade, sob a influência de duas referências de estilo que lhe são caras: o jazz e o Clube da Esquina, esta última propiciando-lhe ainda shows recentes na companhia de outra ótima mineira, radicada em Curitiba, a cantora Ana Cascardo. Como diz o crítico musical Kiko Ferreira, do jornal "Estado de MInas",  "assistir a um show de Paula Santoro é uma experiência audiovisual inesquecível. Trata-se de uma artista com pleno domínio do seu arsenal, colocado a serviço do prazer de cantar." Ela se apresenta nesta quinta-feira, 27 de maio, a partir das 21h30, no Lapinha (Av. Mem de Sá, 82 - tel.: 2507-3435).
        ***
 
Pós-escrito: nos "links" abaixo, três canções de sucesso dos anos 70 provenientes desta tabelinha autoral entre Rio e São Paulo na MPB: o carioca Ivan Lins e o ituveravense Vítor Martins. "Começar de Novo", "Somos Todos Iguais Esta Noite" e "A Noite", cantadas por Paula Santoro, muito bem acompanhada por três gaúchos: Rafael Vernet, ao piano, Guto Wirtti, ao contrabaixo, e Kiko Freitas, à bateria.
          

http://www.youtube.com/watch?v=EHUP_p88dBA
 
      
http://www.youtube.com/watch?v=gGBAdIlKJhc&NR=1
 
      
http://www.youtube.com/watch?v=vl5tAW81yGc&feature=related  

Ilustração do fundo do baú: "Baixista aquarelado"


(Clique na imagem para ampliar e ver detalhes)

Dica do Gerdal:Marcelo Lehmann, pianista gaúcho, reapresenta-se em duo nesta quinta, em Copacabana, no Centro Cultural Ibeu (grátis)



Na semana passada, indo ao Lapinha, tive a satisfação de reencontrar o pianista gaúcho Marcelo Lehmann, que conheci, no ano passado, no Espaço Rio Carioca, em Laranjeiras, fazendo um ótimo show com as suas belas composições, de que é exemplo "Redescobrindo a Paixão", no "link" abaixo. Conversando com ele, lembramos dois outros grandes gaúchos do teclado, Rafael Vernet e Fernando Corona, residentes no Rio há não muito tempo e, como esse sul-cachoeirense, mostrando um excelente trabalho. Ainda em Porto Alegre, Marcelo e Alexandre Rosa,saxofonista, despertaram elogios da crítica com o Duo Araucária, formado em 1996 em Santa Maria. Agora com Rodrigo Revelles no sopro, o duo retorna e faz, nesta quinta, às 18h30, no Ibeu, em Copacabana, com entrada franca, a 
apresentação anunciada logo em seguida a estas linhas. Produção do amigo José Augusto Cunha, marcada pelo cuidado e pela qualidade.
           
             
http://www.youtube.com/watch?v=a8bNca-2oSY ("Redescobrindo a Paixão", de Marcelo Lehmann) 
Serviço:
Centro Cultural Ibeu
Programação Maio de 2010
DUO ARAUCÁRIA
se apresenta no
Centro Cultural Ibeu
Dia 27 de maio de 2010 (quinta-feira), às 18h30
Entrada Franca.

 
DUO ARAUCÁRIA, com Marcelo Lehmann (piano e voz) e Rodrigo Revelles (sax e flauta),
com participação especial de Álvaro Prelelue (percussão)
 
O Duo Araucária surgiu na interiorana Santa Maria, em 1996, com o objetivo de divulgar a música instrumental nos mais diversos ritmos tipicamente brasileiros. Em 2000, migrou com aplauso de público e crítica para a capital sul-rio-grandense. No Ibeu, eles apresentam o CD Batucada, com chorinho, salsa, tango e misturas de ritmos regionais do Sul do Brasil.
 
Programa: Chorinho pro Arthur, Choro para Ela, Batucada, Choro do Nenê, De Volta para o Rio, Redescobrindo a Paixão, Araucária,
Tema para Paz, Choro para o Plauto, Quase Brasileiro (Marcelo Lehmann); Chorinho para Maria (Marcelo Lehmann / Alexandre Rosa);
Choro do Emanuel  (Marcelo Lehmann / Beto Bollo); Naquele Tempo  (Pixinguinha / Benedito Lacerda); Tico Tico no Fubá (Zequinha de Abreu);
Apanhei-te Cavaquinho (Ernesto Nazareth /Darci de Oliveira/Benedito Lacerda); Brejeiro (Ernesto Nazareth).
 
Haverá distribuição de senhas uma hora antes do espetáculo.

 
Centro Cultural IBEU
Av. N. Sra. Copacabana, 690|11º andar - Copacabana
CEP: 22050-001  |  Tel.: 3816-9400
 www.ibeu.org.br/category/canais/cultural
 

26.5.10

Do fundo do baú: Caricaturas de Sylvester Stallone (Cobra) e Paulo Brossard


Não me perguntem como fui juntar o ator Sylvester Stallone e o senador Paulo Brossard numa ilustração. Acho que tem a ver com o filme Cobra, um policial linha-dura-exageradamente grosso interpretado por Stallone que o Brossard deve ter achado um pouco inapropriado para ser exibido aqui, neste país tão cordial. Em todo caso é isso é um chute.

25.5.10

Texto de Jorge Sanglard no site Cronópios sobre Arthur Arcuri, um mestre do modernismo a céu aberto


O jornalista e pesquisador Jorge Sanglard faz uma bela homenagem ao engenheiro-arquiteto- (um gênio do modernismo a céu aberto) Arthur Arcuri, falecido aos 97 anos.
O texto, cujo título é "Arthur Arcuri - o adeus a um pioneiro do modernismo a céu aberto" está no site Cronópios.Se não conseguir acessar através deste link, tente este outro que vai sair direto no artigo de Sanglard:www.cronopios.com.br/site/artigos.asp?id=4579 . Se mesmo assim não der para acessar o artigo, por favor, desculpe o problema técnico e acesse site digitando Cronópios no Google que vai ser levado diretamente para a primeira página onde está destacado o artigo de Sanglard.
A imagem que ilustra esta dica é um detalhe de um mosaico em Vidrotil desenhado por Di Cavalcanti em 1950 que integra o Marco do Centenário de Juiz de Fora projetado por Arcuri.
Vale a pena conferir. Todos lá!

Dica do Gerdal: Thiago Amud lança "Sacradança", nesta terça, na Modern Sound - o assombroso CD de estreia de um menestrel encapetado (grátis)


Com participação especial de Edu Kneip e Mariana Baltar, o carioca Thiago Amud, simplesmente "um gênio" na afirmação enfática de Guinga, lança "Sacradança", pela Delira Música, nesta terça-feira, 25 de maio, às 19h, na Modern Sound ("flyer" acima), com entrada franca. Também abaixo, reproduzido, recém-publicado texto, para vários jornais, do vocalista Aquiles Rique Reis, do MPB4, atônito em meio a particularidades de sua análise, a qual nele também desenha Amud como um artista singular na cena atual da MPB. Do CD em destaque, o belo frevo "Enquanto Existe Carnaval", pelo "link" do YouTube, logo após o texto de Aquiles, pode ser ouvido e apreciado no seu andamento inusitado (voz e arranjo de Thiago Amud e acompanhamento da orquestra Frevo Diabo)..   
        Um bom dia a todos. Muito grato pela atenção à dica.
 
      *** 
 
Na música de Thiago Amud, o assombro tem lugar garantido
        E então, o que faço agora com esses versos que me invadiram? Onde colocarei a palavra que hoje me deixa atônito? Para qual campina irei? Em que oceano mergulharei? Sob qual treva vergarei? Para qual porto seguro irei?
        Gente, que canção é essa que me jogou no chão? Quem é ela que tanto me aflige sem que eu ao menos saiba como me pegou?
Que harmonia é essa que me causa tamanha estranheza? Que melodia é essa que se parece com o que nunca vi? Que instrumentos são esses que não sei mais, nem menos, como soam ou como timbram?
        Caramba! Que música é essa que tem tamanha capacidade de me revirar pelo avesso? De onde vem esse delírio? Para onde vai tanta balbúrdia? Que sentido terá tudo isso que me agita, trazendo à flor da pele o arrepio do desconhecido?
        Tira-me do sério a falsa bifurcação sugerida entre o som dos versos e o toque dos instrumentos. Ouço a voz. Vem-me à alma o arpejo.
        (Sou tão sério, sou tão áspero, tão inatingível, afeito às cruezas da noite e às miragens do dia. Mas se sou assim num instante, posso não ser mais assim no segundo seguinte. Estou aqui para refletir, para repassar, para vitoriar. Para mim, a música tem lugar certo de ser: no fundo e no raso do jeito de ouvi-la.)
Após tanto palavreado, chego enfim a Sacradança (Delira Música), o CD de estreia de Thiago Amud. Menestrel encapetado, cantador enfeitiçado, o cara traz à luz um jeito de fazer música que o torna capaz de resumir sentimentos em prosa e em versos, sem, contudo, torná-los opacos.
        Surpreendente é a sua música. Admirável é o seu desprendimento. Grande é a sua coragem para desdenhar do previamente aceito. Ao compor, ele se perde entre suas próprias angústias; ao escrever, seus versos saem-lhe lancinantes, farpas afiadas a descosturar crendices; ao harmonizar, pensa muito mais em confundir certezas; ao criar os arranjos, age como o jardineiro que arranca do caule os brotos e assim o fortalece; ao cantar, armado apenas com o violão, sua voz é seu cavalo a vagando por estradas inseguras.
        Para ouvir a música de Amud, há que se ter disponibilidade para inovações. Não há monotonia; tudo nela é feito para atiçar, para mexer, para fazer delirar, para buscar o reverso, para atiçar o futuro, para andar em círculos, para se achar em becos e em atalhos.
        Sacradança tem dez faixas que são como curtas-metragens, ou como cenas de um musical dramático e patético. Plena de subtexto, a música de Thiago sacode o ar e dissemina utopias. Rica em melodia e harmonia, sua música seduz. E assim provavelmente foi com Guinga, que se dispôs a cantar com Thiago “Irreconhecível”, música dedicada pelo autor à própria mãe, e que é um soco na boca da falsa candura do senso comum, o qual só se refere ao tema como amor incondicional.
        Assim é tudo o que Thiago Amud cria: a cada sobressalto, o avanço; a cada alvoroço, o sorriso; a cada passo, surpresa; a cada dor, unguentos; a cada lágrima, amor; a cada amor, dor.

Aquiles Rique Reis, músico e vocalista do MPB4

http://mais.uol.com.br/view/ccz9zbkda1fr/thiago-amud--enquanto-existe-carnaval-04021A3468E0910346?types=A&
           ("link" para audição de "Enquanto Existe Carnaval")          

Opiniões sobre o trabalho de Thiago: 
"Um verdadeiro gênio da música brasileira" (Guinga)

"Que música é essa que tem tamanha capacidade de me revirar pelo avesso?" (Aquiles Rique Reis - MPB4)

"Uma jornada de cataclismas harmônicos" (JB - Luiz Felipe Reis)
 
"Um dos melhores discos nacionais do ano" (Cristiano Castilho - Gazeta do Povo Paraná)

Ilustração do fundo do baú: "Anjo exterminador da Guanabara chic"


Esta é de dezembro de 1984, foi feita com caneta de fluxo contínuo sobre papel Schoeler Hammer liso. De olho na de-cadência do samba chic.
(clique na imagem para ampliar e ver detalhes)

Dica do Gerdal: Cláudio Jorge, com quarteto, nesta terça e quarta, no Rio Scenarium - música para ouvir e dançar numa boa


Reaproveito o comentário abaixo, entre aspas, escrito por mim há dois anos e enviado à seção de dicas culturais do site da ABI, para realçar, mais uma vez, o trabalho sempre benfeito e inspirado de Cláudio Jorge, meu vizinho de bairro, em Laranjeiras, o qual, com quarteto recém-formado, anima noites do Rio Scenarium esta semana (leiam o recado  bem-humorado do próprio Cláudio, também abaixo). Entre os anexos, os links de dois momentos musicais dele: o primeiro, tocando "Só Danço Samba", de Jobim e Vinicius, em tarde de domingo no Renascença, na valiosa companhia do violinista Leo Ortiz, do contrabaixista Ivan Machado e do pianista Itamar Assiere, além de ritmistas; no segundo, lambendo cria recente, um bonito samba, "Oitava Dor", em intenção do saudoso Luiz Carlos da Vila.
          ***  
          "Destacado violonista de estúdio e show, Cláudio Jorge ressurge em grande forma, com voz autoral, no seu "Amigo de Fé", recém-lançado. Da regravação de "Samba da Bandola", feito com João Nogueira, ao protesto de "O Independente", surpreendente parceria com Sídnei Miller, Cláudio, sambista partidário, mais uma vez ajusta cravelhas e afina cordas para também cantar a afroascendência do gênero. Assim, em via distinta da ironia bem percutida de "Luxuosos Transatlânticos", de lavra conjunta e pregressa com Nei Lopes, embala com propriedade o lirismo dos versos deste em "Lundu de Cantigas Vagas", num gostoso vaivém rítmico que logo remete à inicial e primorosa "Estrelinha e Conchinha", de suave cadência. Como o samba é seu dom, Cláudio, carioca do Cachambi, também não esquece quem sempre fez samba bom, como Xangô, Élton Medeiros e Caxinê, fazendo um CD bem-cuidado que dedica, "in memoriam", ao coprodutor Paulinho Albuquerque."   
             
http://www.youtube.com/watch?v=q1WD83zy_ZM
         
           
http://www.youtube.com/watch?v=BGSoACjlcjA

Olá meu amigo (a). Tá chegando o dia. 25 e 26 de maio de 2010.  Lançamento mundial (rsrs)  do Cláudio Jorge Quarteto e o Sambajazzderaiz.
Camilo Mariano (bateria), Ivan Machado (contrabaixo), Zé Carlos Bigorna (sax e flauta) e eu de guitarra e voz.
Rio Scenarium, 19 horas
Dois sets de música para ouvir e dançar. 
Até lá. Não se inclua fora dessa. 
Conta pra todo mundo.


Para saber mais sobre o trabalho de Cláudio Jorge, clique nos seguintes links
www.claudiojorge.com.br

http://blogdoclaudiojorge.blogspot.com/

http://www.myspace.com/claudiojorge

24.5.10

Billie Holiday No fio da navalha, a essência visceral do jazz


(Texto do jornalista e pesquisador Jorge Sanglard)
Billie Holiday (7/4/1915 — 17/7/1959) foi a maior cantora de jazz de todos os tempos. Lady Day chegou a ser chamada de ‘Lester Young do jazz vocal’, numa referência ao grande expoente do sax tenor. E não é para menos, pois ninguém no canto jazzístico foi mais influente e deixou uma contribuição tão significativa quanto Billie. Os 95 anos de seu nascimento, em abril, e os 51 anos de sua morte, em julho, são momentos de reflexão sobre seu papel no universo do jazz moderno.
Sua voz, carregada de emoção, marcou uma inovação determinante no universo do jazz ao insinuar uma interpretação impregnada de lirismo e de sensualidade. A concepção do fraseado de Billie foi única e insuperável. E seu domínio sobre o que cantava foi completo. Nenhuma cantora, até hoje, conseguiu viver a música com a intensidade de Billie. O prazer e a dor, a sofisticação e a marginalização, os grandes clubes e a prisão, a sedução e a melancolia, a suavidade e a exasperação, o sucesso e a discriminação acentuaram os contornos que tornaram o mito Billie Holiday indestrutível.
A droga, a bebida, a prostituição, o racismo e a violência do cotidiano forjaram cicatrizes vivas em Billie e se tornaram determinantes no mosaico que compôs sua trajetória ao longo de 44 anos de vida. Uma vida pessoal sombria e uma performance cultuada como cantora maior do jazz marcaram a ascensão e a queda de Billie Holiday de forma dramática. À medida em que conquistava projeção como artista completa, Billie mergulhava fundo na autodestruição via álcool e droga. Billie lutou contra tudo e contra (quase) todos. Mas não resistiu à pressão que a cercou durante sua meteórica passagem pela vida norte-americana por quase quatro décadas e meia.
O jazz teve em Billie Holiday uma matriz inspiradora inigualável e uma permanente fonte de influências, além de uma cantora que provocou inovações e deixou um rastro invejável. Qualquer referência sobre Billie Holiday é um convite para ouvir seu canto único. Mesmo o mais desavisado, certamente, será seduzido por sua voz docemente amarga e por sua capacidade de viver a música com uma intensidade apaixonante e apaixonada.
Seu canto continua mais vivo que nunca e, graças às amplas possibilidades tecnológicas oferecidas pela remasterização digital, Billie Holiday vem tendo grande parte de suas interpretrações essenciais resgatadas. Assim, preciosidades gravadas a partir de meados da década 1930 até fins dos anos 50 estão em catálogo e vêm sendo relançadas. Hoje, já se encontra uma grande quantidade de CDs e de LPs traçando um amplo painel da trajetória da cantora mais visceral dos Estados Unidos. Nascida Eleanor Fagan Gough, teve o nome Billie escolhido pela mãe, Sadie, numa homenagem à atriz Billie Dove, e o sobrenome Holiday veio do pai, Clarence Holiday, músico que tocava com Fletcher Henderson.
Billie teve uma adolescência em meio à barra pesada e chegou a ganhar uns trocados fazendo serviços domésticos num bordel até fins dos anos 20, quando sua mãe levou-a para Nova York. Aí se envolveu novamente em um bordel e após algumas complicações passou a cantar no Harlem, até que em 1933 impressionou John Hammond e este conseguiu que Benny Goodman a ouvisse. Daí para a primeira gravação, foi um passo. E um passo decisivo para a carreira meteórica de Billie Holiday.
Hammond ouviu Billie cantando no Nonette Moore, um bar clandestino que existia na West 133rd Street. Aos 17 anos, ela era uma desconhecida e, segundo o próprio Hammond, “cantava como se tivesse conhecimento da vida”.
A Sony (Columbia) é a detentora de jóias como a primeira gravação da cantora, em 27 de novembro de 1933, em Nova York, a canção “Your mother’s son-in-law”, com Benny Goodman e sua orquestra trazendo nada mais nada menos que Goodman (clarineta), Charlie Teagarden e Shirley Clay (trompetes), Jack Teagarden (trombone), Art Karle (sax tenor), Buck Washington (piano), Dick McDonogan (guitarra), Artie Bernstein )baixo) e Gene Krupa (bateria).
Esta e outras 152 canções com Billie Holiday, gravadas de 1933 a 1942, integram a coleção “The Quintessential Billie Holiday”, composta de nove volumes e que, no Bradil, foi lançada a partir de 1987. Todas as faixas foram remasterizadas digitalmente dos tapes analógicos originais.
As gravações desta fase trazem Lady Day acompanhada por pequenas formações, muitas delas lideradas pelo pianista Teddy Wilson. Cobras do primeiro time do jazz participam destas primorosas seções: Ben Webster (sax tenor), Roy Eldridge (trompete), Johnny Hodges (sax alto), Harry Carney (clarineta), Lester Young (sax tenor), Freddie Green (guitarra), Jo Jones (bateria), Benny Carter (sax alto), Harry Edson (trompete), Don Byas (sax tenor), Kenny Clarke (bateria), entre outros.
Billie também cantou com Fletcher Henderson, com Jimmie Lunceford, com o grande Count Basie e até com os ‘brancos’ de Artie Shaw. Mas, em 1939, optou por cantar no Greewich Village, no sofisticado Café Society, e na década de 40 consolidou sua reputação como maior cantora de jazz de seu tempo. O fundamental era como Billie Holiday cantava e não o que cantava.
Ao aliar técnica, flexibilidade e impacto vocal, Billie se credenciou a ser um divisor de águas no canto jazzístico e a influenciar uma legião de cantoras, permanecendo insuperável, principalmente, por sua extraordinária capacidade de transformar tudo o que cantava em música visceral e da melhor qualidade.
Poucas cantoras conseguiram, depois de Billie, articular o fraseado jazzístico com o sentido e a precisão de um instrumento como ela. Este aprimoramento de estilo foi conquistado não sem muita dor. Afinal, Billie Holiday sempre cantou o que vivenciou. E toda sua exploração de nuances e sua sutileza interpretativa conviveram no fio da navalha com a turbulência que marcou sua vida e com a rejeição explícita ao racismo.
Todo o sentimento de Billie está expresso em suas gravações e toda a atsmofera que envolvia sua vida pode ser sentida na carne em qualquer canção que tenha passado por sua voz. A sensibilidade em Billie Holiday aflora com impacto fulminante e seduz de cara. Na verdade, Billie acentuava o despojamento e o lirismo. O conceito de arte ganha contornos definitivos quando se ouve Billie Holiday devorar e cantar deliciosamente a essência do jazz.
Mas outras preciosidades gravadas por Lady Day pela Columbia também podem ser encontradas no mercado. Em “Billie, Ella, Lena, Sarah”, estão reunidas em 12 faixas Billie Holiday, Ella Fitzgerald, Lena Horne e Sarah Vaughn. E em “Lady in Satin”, a cantora está ao lado de Ray Ellis e sua orquestra, em gravações de fevereiro de 1958, em Nova York.
A Blue Note, representada no Brasil pela EMI, também resgatou gravações de junho de 1942, em Los Angeles, de abril de 1951, em Nova York, e de janeiro de 1954, em Koln, na Alemanha, e lançou o CD intitulado “Billie’s Blues”, em 1988, contando com as participações de Red Mitchell (baixo), Buddy De Franco (clarineta) e Red Norvo (vibrafone), entre outros. Com gravações ao vivo e em estúdio, este disco tem o mérito de trazer Billie cantando alguns blues da pesada.
A Verve, por sua vez, resgatou gravações da década de 50 com Billie dominando tudo o que cantava, mesmo com a voz não tendo a força de antes. A maturidade prevalecia, apesar das marcas provocadas pela droga, pela bebida, pelo racismo; enfim, por toda a dor que cercou sua vida.
Em “Billie Holiday – The Silver Collection”, 14 faixas de 1956 e 1957, gravadas em Los Angeles, mostram a cantora junto a formações de pequeno porte onde despontam Ben Webster, Harry ‘Sweets’ Edison, Jimmy Rowles e Barney Kessel. Mesmo sendo uma coletânea, a música desta compilação é de grande valor artístico.
The Billie Holiday Songbook” traz 14 canções gravadas entre 1952 e 58, com a cantora cercada de feras como Kenny Burrell (guitarra), Oscar Peterson (piano), Freddie Green (guitarra), Ray Brown (baixo), Roy Eldridge (trompete), Coleman Hawkins (sax tenor), Al Cohn (sax tenor), Harry ‘Sweets’ Edison (trompete), Barney Kessel (guitarra), entre outros. Aqui, o que conta é a alma de Billie Holiday dando mostras de vitalidade incomum e sustentando um corpo dilacerado, desesperançado e autodestruído. A colheita pessoal de Billie Holiday pode ter sido amarga, mas o fruto de sua criação musical foi doce e sedutor como nenhum outro. Billie não só transformava tudo o que cantava, imprimindo sua marca incomparável e inconfundível, como abriu o caminho para as gerações que beberam na sua fonte inesgotável. Por isso, o prazer toma conta de quem a ouve.
E “Last Recording” marca a associação entre Ray Ellis, sua orquestra e Billie Holiday, em Nova York, em 3, 4 e 11 de março de 1959, portanto, quatro meses antes de sua morte aos 44 anos, em 17 de julho. São 12 faixas devastadoras e arrepiantes pela intensidade emocional com que Billie fez questão de se expressar.
Passados 95 anos de seu nascimento e perto de completar 51 anos de sua morte, o canto de Billie permanece envolvente, como nos dias em que a dor, o prazer e a emoção caminhavam lado a lado em permanente desafio à lâmina da navalha, que marcou profundamente a trajetória de Billie Holiday.
A própia cantora nunca escondeu o tormento que marcou o início de sua vida. Em “Hear me talkin’ to ya”, de Nat Hentoff e Nat Shapiro, ela afirma: “Um dia eu e minha mãe estávamos com tanta fome que mal conseguíamos respirar. Fazia um frio infernal. Eu saí pela porta e andei da 145th Street até a 133rd, descendo a Seventh Avenue, parando em todos os lugares tentando conseguir emprego. Por fim, fiquei tão desesperada que parei no Log Cabin Club, dirigido por Jerry Preston. Eu disse a ele que queria uma bebida. Não tinha um níquel. Pedi gin (esta foi minha primeira bebida – não sabia a diferença entre gin e vinho) e tomei um gole.
- Pedi a Preston um emprego, disse a ele que era dançarina. Ele me disse para dançar. Eu tentei. Ele disse que eu fedia. Eu disse a ele que sabia cantar. Ele disse: cante. Num canto do bar havia um sujeito tocando piano. Ele atacou ‘Trav’lin’ e eu cantei. Os fregueses pararam de beber. Eles se viraram e olharam. O pianista, Dick Wilson, passou para ‘Body and soul’. Nossa, você precisava ter visto aquelas pessoas – todas começaram a chorar. Preston se aproximou, sacudiu a cabeça e disse: Garota, você venceu!”.

Foi assim que tudo começou. A partir daí, Billie Holiday mergulhou fundo e pagou um preço alto por sua ousadia.

Ilustração do fundo do baú: " Ler África"

23.5.10

Ilustração do fundo do baú: "Frontera"

Em Sampa Osvaldinho da Cuíca homenageia Adoniran em show gratuito


(Recebi por e-mail a notícia de um show de Osvaldinho da Cuíca, aí vai o texto- flyer acima)
O Instituto Nação recebe neste domingo, dia 23 de Maio, às 15 horas, o sambista Osvaldinho da Cuíca em mais uma edição do projeto Escola do Samba que homenageia o centenário do sambista Adoniran Barbosa. O evento também marca a inauguração do núcleo de educação de cultura afrobrasileira Espaço AFROBASE.
O Escola do Samba visa resgatar e difundir o samba de raiz através de um evento cultural gratuito no bairro do Rio Pequeno, em São Paulo, com a finalidade de reunir sambista, artistas e admiradores da cultura brasileira para prestar homenagem a grandes compositores da história do samba.
 
Além de Osvaldinho, já tocaram neste projeto o grupo de samba Quinteto em Branco e Preto, os músicos Toninho Carrasqueira, Tião Carvalho e Dinho Nascimento, que fará uma participação especial nesta edição. O Bloco Treme Terra também fará uma participação especial no evento.
 
João Rubinato, conhecido como Adoniran Barbosa, nasceu na cidade de Valinhos, em São Paulo, no dia 06 de Agosto de 1910. Aos 14 anos começa a trabalhar como entregador de marmitas e 8 anos mais tarde vira vendedor de tecidos. No mesmo ano, Rubinato começa a participar de programas de calouros na rádio e adota o pseudônimo Adoniran Barbosa.
 
Em 1934 fica em primeiro lugar no concurso carnavalesco promovido pela prefeitura de São Paulo com a marcha Dona Boa. Nas décadas de 50 e 60 fez as suas principais composições como Saudosa Maloca, Samba do Arnesto, Tiro ao Álvaro e Trem das Onze. Adoniran Barbosa morreu em 1982.
Serviço: 
Escola do Samba: Osvaldinho da Cuíca homenageia Adoniran Barbosa
Local: Espaço AFROBASE - Rua Joaquim Seabra, 856 – Rio Pequeno (Butantã)
Quando: 23 de Maio (domingo) às 15 horas
Entrada: Grátis

22.5.10

Caricturas: Karl Marx dialoga com Nick Hornby

Dica do Gerdal: Sombra comanda bem-sucedida roda de samba no Andaraí aos sábados


Aproveitando o ensejo da recente nota de O Globo sobre a concorrida roda do grande Sombra, cantor e compositor irmão de Sombrinha, ex-Fundo de Quintal, repasso o recado do portal recomendando essa atração simpática do samba, realizada todos os sábados, a partir das 14h, no Andaraí, na Asbac (Associação dos Funcionários do Banco Central). Mais informação, como o endereço de lá, no "link" da referida nota, abaixo. Amanhã é dia!
        Muito grato a todos pela atenção a essa dica, recebida da amiga Ana Carvalhal.
 
http://oglobo.globo.com/rio/bairros/posts/2010/05/19/sombra-na-tijuca-292974.asp

21.5.10

Dica do Gerdal: Fátima Guedes no Lapinha nesta sexta e neste sábado - uma intérprete que bebe como ninguém as canções de fonte própria


Mesmo servida de excelentes interpretações para a sua lira, como a de Alaíde Costa em "Absinto", a carioca Fátima Guedes parece insuperável na canção como porta-voz do próprio verso, denso e no amor "desfigurado", para lembrar um dos mais belos sambas de Cartola. Dela frequentemente me ocorrem imagens de um programa vespertino de Edna Savaget, quando, há muitos anos, eu a vi, de casa, na tevê, pela primeira vez, já conhecida pelo bolero "Passional", com o qual levara a melhor em festival promovido pela Faculdade Hélio Alonso. Então boquiaberta nos seus vinte anos, era, diante da entrevistadora, uma moça um tanto acanhada que divulgava o primeiro elepê e iniciava um caminho muito bem palmilhado até o momento, com o cristal qualitativo da sua obra autoral reluzindo a pleno e refletindo o valor que o talento sabe impor sem alarde, com naturalidade. Talvez tecendo, com o desembaraço em cena já trazido pela experiência, um retrospecto da carreira - uma das mais coerentes e homogêneas da MPB -, a canção de Fátima Guedes pode ser desfrutada em shows que ela fará nesta sexta e neste sábado, 21 e 22 de maio, no Lapinha (flyer" acima), a partir das 22h30. Grande tempo, sempre, o de vê-la e ouvi-la.
***        
 
Pós-escrito: no primeiro dos "links" abaixo, Fátima canta, de lavra própria, "Lápis de Cor" e "Flor de Ir Embora"; no segundo, também dela, "Cheiro de Mato"; no terceiro, no "Sr. Brasil", acompanhada pelos violões dos ótimos Edson Alves e Edmílson Capelupi, canta "Incerteza", de Tom Jobim e Newton Mendonça", canção extraída do mais recente CD, "Outros Tons", em que revive o "lado B" jobiniano, ainda pré-bossa.     
     
         
http://www.youtube.com/watch?v=qimrqkMYxrY
 
       
http://www.youtube.com/watch?v=8RgSqfMwh2U&feature=related
 
       
http://www.youtube.com/watch?v=sQ1i6xIQhpU&feature=related

Livro de Gerry Maretzki "Corpo Análise" acabou de chegar com cheirinho de gráfica


Tive o imenso prazer de receber hoje pelo correio o livro "Corpo Análise - Soma e psyché: construindo uma relação equilibrada" de Gerry Maretzki, publicado pelo Senac, cuja delicada capa feita por Eliana Lattuca leva um desenho meu como ilustração.
O livro que tem prefácio de José Castello, conta a história de uma guerreira. Gerry Maretzki foi bailarina clássica do primeiro time, e de repente, teve que se submeter a uma operação para corrigir uma escoliose. Nesse ponto crítico de sua vida, no processo de sua recuperação descobriu um caminho que a levou a estudar com a terapeuta corporal francesa Thérèse Bertherat, criadora da antiginástica. A seguir conheceu a técnica terapêutica craniossacral do Dr. William G. Sutherland, ( mais tarde acrescentou conhecimentos adquirdos com o Dr. John Upledger), a partir daí começou sua prática e com o tempo solidificou sua certeza de que o a cabeça não é o único território da inteligência e que o corpo possui sua inteligência própria . Concebeu, por essa via um método- uma ciência do ser uno- reunindo corpo e mente e espírito. Dessa experiência criativa surgiu "Corpo Análise", um trabalho que ela procurou passar adiante, no tratamento de pessoas e agora através desse livro. Hoje ela vive em Arraial D'Ajuda, na Bahia onde continua a disseminar seus conhecimentos.

20.5.10

Dica do Gerdal: Dôdo Ferreira toca em trio, nesta quinta, no auditório da Finep: um "dum-dum" em tempo de balanço


Adotando no nome artístico um curioso circunflexo adverso a um dos nossos ditames ortográficos - o de não se acentuarem paroxítonas terminadas pelas vogais "a", "e" e "o" -, o amigo Dôdo Ferreira toca nesta quinta-feira, 20 de maio, às 18h30, no auditório do Espaço Cultural Finep, na Praia do Flamengo, 200 ("flyer" acima), muito bem acompanhado pelo pianista e acordeonista Gabriel Geszti e pelo baterista João Cortez, dando início à execução do projeto Música Experimental. Há pouco tempo, tive a satisfação de reencontrar, por acaso, num vagão do metrô, o Dôdo, que estava, salvo engano, a caminho do teatro onde tocaria durante um musical em cartaz na cidade. Aliás, um tipo de atração do entretenimento cultural em que esse contrabaixista, compositor e arranjador boa-praça e espirituoso já atuou várias vezes, trazendo-me à lembrança, ainda com o Geszti e mais o baterista Oscar Bolão, a sua participação, em 2003, na animação musical de "Vamos Brincar de Amor em Cabo Frio", reencenação por Stella Miranda de peça de sucesso do falecido Sérgio Viotti, montada primeiramente em 1965 e com "score" original de João Roberto Kelly - um compositor hoje muito pouco lembrado por suas bem-sucedidas trilhas para musicais no teatro e, especialmente, tevê, como "My Fair Show" e "Times Square". 
         Variedade parece ser a palavra-chave para a compreensão do exercício profissional do também musicoterapeuta Dôdo, pois já tocou com muitos artistas esteticamente heterogêneos entre si, em leque amplo de trabalho muito bem realizado do erudito ao popular. Ele, como já pôde afirmar em tom de blague, cava o "dim-dim" da sobrevivência com o "dum-dum" das suas apresentações, e esta onomatopeia do som do contrabaixo dá título ao seu segundo CD, lançado em 2007 pela Delira Música, no qual a influência do jazz ou do blues de Charles Mingus, Duke Ellington, Horace Silver e B. B. King está presente, juntamente com a matriz rítmica nacional. Tocando com Marco Tommaso (piano), Pedro Strasser (bateria) e Daniel Garcia (sopros), Dôdo tem nessa produção, com todas as faixas compostas e arranjadas por ele, uma obra de referências pessoais marcantes (dedicando, por exemplo, "O Incrível Hulk" ao amigo e colega de instrumento prematuramente falecido Maurício Almeida), após longo período desde o primeiro CD solo, "Farofa Blues", de 1993.   
       
 

Walter Benjamin : arte e experiência hoje na Travessa


O livro "Walter Benjamin: arte e experiência" vai ser lançado hoje na Livraria da Travessa 1 no Centro do Rio - Travessa do Ouvidor, nº17, às 18 horas
O livro foi organizado por Luiz Sérgio de Oliveira e Martha D'Angelo e publicado pela NAU Editora e Editora da UFF
Todo mundo lá!

Do fundo do baú: Ilustração para "poesia" do Veríssimo


Esta é do fundo do baú mesmo! É uma ilustração que fiz para uma "reinterpretação" da "Canção do Exílio" feita por Veríssimo na Revista de Domingo dos velhos tempos, que ele deu o título de "Nova Canção do Exílio".
Ela começa assim:
"Minha terra tem Palmeiras
Coríntians, Inter e Fla
mas pelo que se viu na Argentina
não jogam mais futebol por lá
."
E continua, em três colunas, muito sutil, engraçada, crítica. Veríssimo é genial!
Sempre foi um prazer e uma honra ilustrar seus textos.

19.5.10

Programe-se: Lançamento de "Bussunda - a vida do casseta"


Vai ser amanhã, dia 20, quinta feira, mas já pode ir se preparando: o lançamento do livro de Guilherme Fiuza "Bussunda - a vida do casseta" (Editora Objetiva) vai rolar na Livraria da Travessa na Visconde de Pirajá, nº572 em Ipanema, a partir das 19 horas.

Dica do Gerdal: Jimmy Santacruz e Nivaldo Ornelas dão partida, nesta quarta, ao Otto Jazz Festival, realizado na Tijuca e no Itanhangá


De dois amigos, Jimmy Santacruz e Anna Pessoa, repasso o "flyer" acima, concernente a uma iniciativa musical "à la carte"" para o paladar dos apreciadores de um som harmonicamente mais elaborado, com muito improviso, em particular os jazzófilos cariocas. Trata-se do Otto Jazz Festival, que se realiza no conhecido restaurante da Tijuca (esquina de Rua Uruguai com Rua Conde de Bonfim), também frequentado por ser reduto habitual de boa música. Ao Jimmy - grande contrabaixista que passou por várias orquestras e, por muitos anos, acompanhou a cantora Elza Soares em shows pelo Brasil e no exterior  - e à Anna Pessoa - cantora excepcional que há tempos está por merecer um disco à altura da sua belíssima voz e interpretação -, juntam-se outros nomes de primeira linha, como Helio Delmiro, Pascoal Meireles, Nivaldo Ornelas, Marvio Ciribelli e Victor Biglione, abrilhantando um encontro que oxalá se reproduza no mesmo estabelecimento e em outros endereços da cidade culturalmente sensíveis e receptivos, abrangendo ainda outras vertentes da música popular. 
        No mesmo período de realização do festival na Tijuca, revezando-de, esses artistas também se apresentam no Otto Itanhangá. Abaixo informo a programação do Otto Tijuca, o mais acessível de modo geral: 

         19/5 - Lena Pablo e Jimmy Santacruz Trio - das 20h30 às 22h;
                  Nivaldo Ornelas Quarteto - das 22h30 à meia-noite;                 
         20/5 - Alma Thomas Trio - das 20h30 às 22h;
                   Helio Delmiro - das 22h30 à meia-noite;
         21/5 - Pascoal Meireles trio - das 20h30 às 22h;
                  Victor Biglione Trio - das 22h30 à meia-noite;
         22/5 -  show de "jazz fusion" - das 18h às 20h30 (palco alternativo);
                   Anna Pessoa e trio - das 20h30 às 22h;
                   Cia. Estadual de Jazz - das 22h30 à meia-noite; 
        23/5 -  show de "jazz fusion" - das 18h às 20h30 (palco alternativo);
                  Patrícia Bosio e trio - das 20h30 às 22h;
                  Marvio Ciribelli Quarteto - das 22h30 à meia-noite.
 

Obs.: 1) das 20h30 à meia-noite, ocorrem os chamados "dinner shows" ("flyer" acima), e, após a meia-noite, todos os dias, com exceção do dia 23/5, haverá "jam sessions";
        2) nos "links" abaixo, como aperitivo aos interessados, Anna Pessoa canta "Por um Triz", de Rubens Cardoso, Euclides Amaral, Boris Garay e Olten, e Jimmy Santacruz, entre outros músicos, acompanha as cantoras Vica Barcellos e Marlene Xavier, respectivamente, em "Fotografia", de Tom Jobim, e "Minha Saudade", de João Donato e João Gilberto.                        
           
http://www.youtube.com/watch?v=8mrKg1pTuHQ 
 
           

http://www.youtube.com/watch?v=2rjYqjDMOwc&feature=related

 


http://www.youtube.com/watch?v=qkIE7xMxCJA&NR=1

Ilustração do fundo do baú: "Igrejas"

18.5.10

Programe-se: Banda Dona Joana na MTV No próximo sábado - dia 22, às 11 horas da manhã


Imperdível!No próximo sábado, dia 22, às 11 horas da manhã, na MTV a fabulosa banda Dona Joana vai fazer umas apresentações no programa LAB. Só para constar: em uma semana, o "clip" "Invisível Eu" teve 8 mil acessos no youTube.
Para saber mais sobre a banda clique no seguinte link
http://www.myspace.com/bandadonajoana
O clipe da música "Invisível Eu" está no seguinte endereço :
http://www.youtube.com/watch?v=RBNm0w0XfkM

Dica do Gerdal: Antonia Adnet é a atração inaugural, nesta terça, no Lapinha, de série que Marcelo Caldi dedica a novatos talentosos da MPB



Filha do violonista e compositor Mário Adnet e de CD, "Discreta", recém-lançado pela Biscoito Fino, Antonia Adnet é a primeira entre os convidados de Marcelo Caldi ("flyer" acima) nas terças do Lapinha (Av. Mem de Sá, 82 - Lapa), que abre, neste 18 de maio, a partir das 21h30, um espaço louvável em sua programação para mostrar gente moça fazendo música popular de alta qualidade, os quais, talvez por isso, ironicamente, em tempos de difusão musical tão descorada em larga escala - sem contar aquele "cascalho marqueteiro das múltis" -, veem-se destituídos de chance ampla e merecida de inserção na grande mídia. O próprio anfitrião dessa nascente e promissora série é um talento exponencial da sua geração - ao teclado, à sanfona, compondo e arranjando - e, como Antonia, provém de uma família musical, tocando com a mãe, a também pianista Estela Caldi, argentina, e o irmão igualmente "bem na fita", o flautista e saxofonista Alexandre Caldi, num conjunto de fundamento piazzolliano, o Libertango. "Workaholic" confesso, Marcelo lançou há pouco o seu segundo CD solo e bem brasileiro, "Cantado", no qual, como o título claramente manifesta, exercita-se ainda numa arte elevada a refinada expressão nas vozes "a cappella" do BR6, outro conjunto de que faz parte. 
         Por seu turno, após alguns anos atuando como violonista na banda de mais um talento da presente alvorada artística na MPB - a cantora potiguar Roberta Sá -, Antonia Adnet, ex-aluna dos conceituados Célia Vaz e Luiz Otávio Braga, revela suas porções canora e autoral, bem recebidas pela crítica, como na faixa-título ("link" abaixo), de letra escrita por João Cavalcanti, integrante do ótimo conjunto de samba Casuarina e filho de Lenine. Pedro Luís (foto acima), que este ano foi comentarista de desfile de escolas de samba pela tevê e ainda no carnaval agita a massa com o seu polirrítmico Monobloco, comparece ao show de Antonia para uma participação especial. Dele, é a crítica social de "No Braseiro", cantada por Roberta Sá num dos "links" abaixo. "Em outro "link", Edu Krieger, com o seu violão, canta "Desafio", de sua autoria, acompanhado pelo cavaquinho de Rodrigo Maranhão e pelo acordeão de Marcelo Caldi.    

        
http://www.youtube.com/watch?v=-rrrolHLQVc 


        
http://www.youtube.com/watch?v=pItWBvBdAII&feature=related
 

        
http://www.youtube.com/watch?v=FnR915QFtbs&feature=related

Ilustração do fundo do baú: "Ilha"


(Clique em cima da imagem para ampliar e ver melhor os detalhes)

Dica do Gerdal: Joel Nascimento inspira disco novo do Água de Moringa, lançado nesta terça no Sete em Ponto


Ex-"fotógrafo de defunto", como técnico em radiologia do Instituto Médico-Legal, o carioca Joel Nascimento, nascido e vivido no melodioso subúrbio da Penha, somente aos 32 anos exercitou, com o apoio de métodos convencionais para o instrumento e estudos suplementares para violino, o autodidatismo na lida com o bandolim, ele que, na adolescência, já fora, em si mesmo, mestre e aluno de cavaquinho. Ainda na adolescência, teve ensino formal de piano clássico, curiosamente o seu instrumento preferido, e acordeão, estudando teoria musical e, mais adiante, tocando em bailes com um grupo que formara, o Joel e Seu Ritmo. Em 1969, com um bandolim dado por um amigo e estimulado por um irmão, ele voltou ao convívio das rodas de choro e passou a alimentar em si o desejo de executar a suíte "Retratos", de quatro movimentos (evocativos de obras de Pixinguinha, Ernesto Nazareth, Anacleto de Medeiros e Chiquinha Gonzaga), composta por Radamés Gnatalli, na segunda metade dos anos 50, em homenagem a Jacob do Bandolim. Meses de dedicação ao instrumento e à desafiante obra do pianista e maestro gaúcho, seu incentivador, logo o capacitaram não só à almejada execução - com o próprio Radamés -, mas também a uma fieira de solicitações para trabalho em estúdio, acompanhando diversos artistas de destaque. Teve em outro carioca do subúrbio, João Nogueira, cria do Méier, o produtor do primeiro elepê, o ótimo "Chorando pelos Dedos", gravado em 1975 pela Odeon, a que se seguiriam, por exemplo, nos seus anos de solista e de notável improvisador, o CD "Joel Nascimento Relendo Jacob do Bandolim" - o líder do Época de Ouro e a sua maior admiração no instrumento -, da Kuarup, em 1997, e o recém-lançado biscoito-fino "Valsas Brasileiras", em duo com a pianista Fernanda Chaves Canaud, ex-esposa do clarinetista Paulo Sérgio Santos (outro grande nascido e criado em subúrbios, na Piedade e em Quintino, respectivamente) e mãe de um rapaz muito bem cotado na praça com o seu violão, Caio Márcio. Também Fernanda, professora de piano da Unirio, foi "tocada" pelo carisma musical de Radamés Gnatalli e a ele dedicou o seu primeiro CD, lançado em 1993. 
                "Obrigado, Joel" motiva, nesta terça-feira, 18 de maio, à noite, pelo Sete em Ponto, no Teatro Carlos Gomes ("flyer" acima), show-tributo do Água de Moringa a esse músico excepcional, divisor de águas na execução do bandolim e inspirador do novíssimo CD desse conjunto-referência do choro. Foi de Joel a ideia da criação da Camerata Carioca, batizada por Hermínio Bello de Carvalho (que percebia no todo da formação um regional sofisticado) e abraçada por Radamés, a qual, entre o erudito e o popular, de 1979 a 1985, gravou três discos e deu ainda mais relevo a outras cordas de subido valor, como as de Henrique Cazes, cavaquinhista, e as do então artisticamente nominado Maurício Lana Carrilho, violonista. No mês passado, finalmente, o bandolim, tão calejador na música popular e aparentado na nossa maneira de tocar com a guitarra portuguesa, ganhou "status superior" e também passa a ser estudado em curso pioneiro da Escola de Música de Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Coube a Joel Nascimento o honroso convite da instituição para ministrar a aula inaugural.   
               *** 
Pós-escrito: nos "links" abaixo, Joel toca "Noites Cariocas", de Jacob do Bandolim, com Hamílton de Holanda (com quem lançou, também recentemente, o elogiado "De Bandolim a Bandolim") e o violonista Rogério Caetano; do próprio Joel, "Sorriso de Cristina" é mostrado pelo Água de Moringa.           
             
http://www.youtube.com/watch?v=cTw8zlCDZyg
 
              
http://www.youtube.com/watch?v=1pXxx1Qna5E
 
             
http://www.myspace.com/joellnascimento

17.5.10

Ah, já ia esquendo: Viva o Barça, grande campeão da Espanha!


Não teve mosquito em campo, deu Barça na cabeça! Time que joga futebol com arte e técnica.

Hoje - Show "Kanimambo" que antecede o CD de Emiliano Castro


(Recebi por e-mail do meu amigo Emiliano Castro a informação do show que vai rolar hoje antes que ele entre no estúdio para gravar o CD "Kanimambo" - o texto segue abaixo)

"Tá chegando a hora!

Semana que vem já estaremos jogando pra decidir campeonato durante as gravações do meu disco Kanimambo.
São minhas composições. Arranjos e direção também, com aquele impulso imprescindível dos feras que tenho ao lado.
No disco haverá algumas participações de enobrecer.

E a produção musical é do Paulo Bellinati.

...

Percebam como deve andar o coração do cidadão...
Muita honra, muita verdade e felicidade na jogada.

E pra quem quiser conhecer a carne, o osso e o som do Kanimambo antes de o eternizarmos em estúdio o último show será nesta 2a feira, às 20:30, na Praça Benedito Calixto.

Serviço:
Emiliano Castro
apresenta
Kanimambo
Emiliano Castro . violão de 7 cordas e voz
João Poleto . sax, soprano, sax tenor, flauta e coro
Marcos Paiva . contrabaixo acústico e coro
Douglas Alonso . percuteria


As coordenadas vão no flyer anexo(acima)."
***
Na divulgação anterior disse umas coisas felizes e necessárias. Repito:
O nome do show e do disco é Kanimambo que em changana, uma língua de Moçambique, quer dizer "obrigado". Com estes convites eu começo também a divulgar o tamanho da gratidão que tenho às inúmeras pessoas que vêm me ajudando de várias formas a construir minha música.

Kanimambo!!!

Até já!

Ilustração do fundo do baú: "O baronato e o pobrenato"

16.5.10

Sem palavras mesmo!


E sem querer ofender ninguém. Mas o Joel com sua malandragem e o time "humirde" do Fogão botou o São Paulo pra jambrar em pleno Morumba. Desculpem Rogério Ceni e Richarlyson, mas o gol foi legal!!!!!! (Como diria o saudoso Mario Vianna)

Dica do Gerdal:Teresa Cristina e Chico César assobem nos aro e puxam o fio da teia que traz João do Vale na asa do vento, neste domingo, a palco cario





"Peguei um trem em Teresina/pra São Luís do Maranhão/atravessei o Parnaíba/ai, ai, que dor no coração/o trem danou-se naquelas brenhas/soltando brasa e comendo lenha/comendo lenha e soltando brasa/tanto queima como atrasa..."
 
        Prezados amigos,
 
        E, assim, em itinerário distinto ao do bem percorrido na voz pela igualmente saudosa Irene Portela, João do Vale, natural de Pedreiras, maranhense como ela, saiu de São Luís e veio para o Rio de Janeiro, onde, apesar dos percalços sofridos, conquistou merecido destaque na história da MPB. Antes, porém, de "vir pro Rio morar", em 1950, trabalhando inicialmente em obra da construção civil em Ipanema, passou por diversas cidades, nas quais também "ralou" como pedreiro, além de garimpeiro - em Teófilo Otoni (MG) - e ajudante de caminhão, mantendo sempre consigo o vínculo cultural com o chão de origem, que o viu, ainda garoto, compositor de versos em grupo de bumba-meu-boi. Em anos dourados da Rádio Nacional, na antiga capital federal, conheceu um parceiro famoso e grande contador de "causos", o caruaruense Luiz Vieira, de cuja lavra comum surgiriam pérolas como "Estrela Miúda" - originalmente gravada por Marlene, em 1953 - e "A Voz do Povo" - faixa, por exemplo, do primeiro elepê gravado por outra maranhense, cheia de suingue, a cantora e pianista Tania Maria, em 1966, pela Continental. Com a primeira parte feita por João do Vale e a segunda por Luiz Vieira, o xote "Na Asa do Vento", do qual Caetano Veloso fez importante registro no elepê "Joia", em 1975, foi primeiramente cantado em disco por Dolores Duran, em 1956, e dá nome ao espetáculo em que um ex-jornalista paraibano, Chico César (foto acima), e uma carioca do samba trazida à luz do sucesso pela noite da Lapa, Teresa Cristina (foto acima), puxam o fio da teia que conduz - neste domingo, 16 de maio, às 19h30, no Teatro Nelson Rodrigues (Av. Chile, 230) - a uma memória cantada e contada do criador de "Carcará", que revelou Maria Bethania em 1967, no histórico show "Opinião", substituindo Nara Leão. Nele, Zé Kéti e o próprio João do Vale atuaram como os outros vértices de um triângulo socialmente escaleno, em que interagiam, na cena aberta do Opinião, por ideia de Oduvaldo Viana Filho, a moça de classe média, o suburbano pobre e o migrante de profissão esperança."Na Asa do Vento" tem ainda a participação do conjunto Pedra Lispe e do ator Flávio Bauraqui, com direção de Inez Viana ("flyer" abaixo).      
        Parceiro do sumido Ruy Maurity, o economista e crítico musical Márcio Paschoal lançou, há dez anos, pela Lumiar, a biografia "Pisa na Fulô, Mas Não Maltrata o Carcará", no que foi acompanhado, em termos evocativos, pelo polivalente Tião Carvalho, maranhense radicado em Sampa, que gravou, em 2006, um belo tributo a João do Vale - "um gênio", como a este costuma referir-se Luiz Vieira. Tião foi um dos muitos artistas - como Chico Buarque, Clementina de Jesus, Luiz Gonzaga, Djavan e até a argentina Mercedes Sosa - que, nos anos 80, às terças, passaram pelo Forró Forrado, no Catete, uma atração de ritmo arretado, animada pelo semi-analfabeto João, que aos 12 anos, na Praia Grande, em São Luís, também encarnou, na vida real, aquele "menino que foi pra feira vender sua laranja pra se sustentar", descrito em letra do violonista Theo de Barros para um sucesso conjunto de Elis Regina e Jair Rodrigues. Típico poeta do povo, de que tantos ainda não têm ciência, João, morto em 1996, paralítico, sem dinheiro e vitimado por derrame cerebral, pode ser visto, em "links" do Youtube,  abaixo, nas três partes de um documentário sobre ele dirigido por Werinton Kermes. Em três outros "links", é mostrado com Jackson do Pandeiro, lembrando o clássico baião "O Canto da Ema" (de João do Vale, Alventino Cavalcanti e Ayres Vianna), e ele próprio lembrado pelo conjunto de cegos maranhenses Tribo de Jah em "De Teresina a São Luís" (dos versos supradestacados, na parceria com Luiz Gonzaga) e pelo cearense Ednardo em "Na Asa do Vento", numa vigorosa e inusitada recriação.

http://www.youtube.com/watch?v=nCRNCkK7358
 

http://www.youtube.com/watch?v=qUawNS9JTP8
 

http://www.youtube.com/watch?v=d-f3YCUwrfU&feature=related
  

http://www.youtube.com/watch?v=OOvJ9C0m6zc

 
 
http://www.youtube.com/watch?v=xJv2Vw_64XI
 

http://www.youtube.com/watch?v=y3T2Pk0E4rs&NR=1