28.2.10

No coração da grande política



(Artigo escrito pelo Professor Marco Aurélio Nogueira em homenagem ao nosso companheiro
Gildo Marçal Brandão, recentemente falecido. O texto foi publicado no jornal O Estado de São Paulo no dia 27 de fevereiro de 2010)

À memória de Gildo Marçal Brandão (1949-2010), cuja fibra generosa e combativa fazia com que rompesse fronteiras.

Quem se interessa pelas coisas associadas ao poder e à comunidade humana costuma distinguir duas formas dominantes de política.
A pequena política expressaria um lado mais demoníaco e mesquinho, concentrado no interesse imediato, na artimanha e no uso intensivo dos recursos de poder. Seria o reino dos políticos com “p” minúsculo, onde preponderariam a simulação e a dissimulação, a frieza, o cinismo e a manipulação.
A grande política, por sua vez, refletiria o lado nobre, grandioso e coletivo da política, focado na convivência e na busca de soluções para os problemas comunitários. Seria o reino dos políticos com “p” maiúsculo, onde o privilégio repousaria na construção do Estado e da vida coletiva, na aproximação, inclusão e agregação de iguais e diferentes.
A grande política sempre carregou as melhores esperanças e expectativas sociais. Não seria exagero dizer que os avanços históricos estiveram na dependência da ação de grandes políticos, de estadistas, e da prevalência de perspectivas capazes de fazer com que frutificassem projetos abrangentes de organização social. Sem pontes para unir os territórios e fronteiras em que vivem homens e mulheres – com seus problemas, idéias, sentimentos e interesses –, o futuro fica turvo demais, entregue ao imponderável.
Mas a grande política não é o oposto da pequena, nem tem potência para eliminá-la. De certo modo, é seu complemento necessário, que a impede de produzir somente o mal ou o inútil, aquele que lhe empresta utilidade e serventia. Toda operação de grande política traz em si um pouco de pequena política, que ela tenta domar e direcionar. Não há muralhas separando um tipo do outro, que se retro-alimentam. O estadista nem sempre veste luvas de pelica.
Há momentos em que a pequena política parece tomar conta de tudo. Em que faltam perspectivas e o chão duro dos interesses se distancia uma enormidade do céu dos princípios e valores que enriquecem e dão sentido à vida. Nesses momentos, a pequena política desloca a grande para a margem. Cai então sobre as sociedades uma névoa de pessimismo e desesperança, que se materializa ou numa adesão unilateral aos assuntos de cada um, ou no reaparecimento de uma fé fanática na ação providencial de algum herói. Os políticos – grandes ou pequenos que sejam – terminam assim por ser execrados e empurrados para a vala comum que deveria acomodar os dejetos sociais.
Existem também os que pensam e estudam a política. Hoje, costumamos chamá-los de cientistas políticos, abusando de um vocábulo, a ciência, que nos convida a eliminar o que existe de paixão e fantasia na explicação do mundo. Alguns desses cientistas, radicalizando o significado intrínseco da palavra, acreditam que só podem “fazer ciência” à custa do sacrifício da história, das circunstâncias, das ideologias, da própria política, e por extensão das pessoas apaixonadas, cheias de dúvidas e motivos não propriamente racionais. Fecham-se numa bolha e cortam a comunicação com o mundo, enredando-se numa fraseologia despojada de qualquer efeito magnético.
Muitas vezes, de tanto se concentrar em seu objeto, tentar recortá-lo e isolá-lo da vida social, os cientistas políticos se banalizam. Perdem o interesse em ligar a grande e a pequena política, por exemplo. Dividem-se em grupamentos mais especializados na dimensão sistêmica do Estado – competições eleitorais, governabilidade, reformas institucionais – ou mais dedicados a articular Estado e sociedade, ou seja, a encontrar as raízes sociais dos fenômenos do poder. Não são tribos estanques, e invariavelmente combinam-se entre si. Mas distinguem-se pelas apostas que fazem. Ao passo que uns investem tudo na lógica institucional, outros se inquietam na busca dos nexos mais explosivos e substantivos, que explicam porque as coisas são como são e como poderiam ser diferentes.
Nos momentos em que a pequena política prepondera, multiplicam-se os que se ocupam da dimensão sistêmica. Embalados pelos ventos a favor, tornam-se especialistas em soluções técnicas, quase indiferentes à opinião e à sorte das maiorias. Suas soluções, porém, não resolvem os problemas das pessoas. E como, além do mais, não se preocupam em construir pontes de aproximação ou romper fronteiras que separam e afastam, deixam de contribuir para que se afirmem diretrizes capazes de fornecer novo sentido ao convívio social.
Um belo dia, aqueles que vêem a política sistêmica como a quintessência da política esgotam seus arsenais. Tropeçam diante da abissal complexidade da vida, que escapa das fórmulas mais engenhosas. Nesse momento, as atenções se voltam para os que pensam a grande política. Que são capazes de injetar idéias e perspectivas à política, retirá-la da rotina e da mesmice, fazê-la falar a linguagem dos muitos, projetá-la para além de fronteiras e interesses parciais enrijecidos.
Um círculo então se fecha e a política se mostra por inteiro. Na face menor, revela a pequenez, a malícia e a vocação egoística de tantos que se aproximam do poder para usá-lo sem causas maiores. Na face grande, resplandece o ideal de que o futuro, por estar sempre em aberto, pode ser construído com ideais, instituições democráticas, bons governos e cidadãos ativos, dando expressão igualitária a desejos, esperanças e convicções de pessoas dispostas a viver coletivamente.
O cientista político surge então de corpo e alma. Sem olhar com desprezo para o pequeno mundo da política miúda, que ele sabe ser parte da vida, mas sem perder de vista o valor da grande política, que exige idéias e doses expressivas de criatividade e desprendimento.
Quando ele falta, ou desaparece, um vazio se abre. E fica mais difícil de ser preenchido.

Do fundo do baú : Ilustração - "Mundo olho"

27.2.10

Doc Doc Doc !...Um blogue antenado que fala sobre Documentários


É só clicar para ver, ler, participar: um blogue antenado sobre a nobre arte do Documentário - Doc Doc Doc!.
Já está entre os meus preferidos.
Gol de placa, Rapha!

Do fundo do baú : Ilustração "Gato Escaldado"

Dica do Gerdal:Nabor Pires Camargo- inscrições abertas para mais um festival a que dá nome o saudoso clarinetista de Indaiatuba


Sábado desses, numa barraca de vinis da feira de antiguidades da Praça XV, adquiri um raro elepê de Jacob do Bandolim gravado na RCA Victor em 1960, "Valsas Brasileiras de Antigamente", entre cujas faixas saltou-me aos olhos e aos ouvidos uma preciosidade: "Caindo das Nuvens", do clarinetista Nabor Pires Camargo (1902-1996). Curiosamente, segundo relato do também saudoso pedagogo e pesquisador musical Abel Cardoso Júnior, a ideia para o título dessa belíssima valsa-choro Nabor (foto acima) extraiu-a da dificuldade que, diante de si, um músico manifestou para executá-la, observando ao compositor que se sentia, por isso, "caindo das nuvens". Indaiatubano de anos terminais vividos em Mococa, outro município do interior paulista, Nabor, morando por muito tempo na capital do estado, integrou, de 1935 até a aposentadoria, como primeiro clarinetista, a Orquestra Sinfônica de São Paulo, nela tocando sob a regência de Villa-Lobos, Souza Lima e Eleazar de Carvalho, além de Toscanini e Stravinsky, quando de passagens destes por lá. "Caindo das Nuvens", muito bem regravada em 2003 pelo quinteto de sopro Madeira de Vento no CD "Tributo a Nabor Pires Camargo", foi o cartão de visita autoral do compositor, que também era batuta em outros andamentos e foi vitorioso em diversos concursos musicais, como um de 1936, organizado pela Prefeitura paulistana, que destinou o primeiro lugar à sua marcha "Vá Carregar Piano!", defendida pelos cantores Arnaldo Pescuma e Januário de Oliveira.    
       Da obra de Nabor, por ele mesmo, apenas um registro instrumental foi realizado, em 1964, um elepê intitulado "Velha Guarda", para o qual contou, entre outros músicos, com o acordeão de Caçulinha e o violão de Poli - um disco reeditado em Indaiatuba, cidade vizinha a Campinas, em 1988. Mestre no seu instrumento, Nabor, também conhecido como autor de um método de clarinete, de 1948, da editora Irmãos Vitale, aprovado e recomendado pelo Conservatório de São Paulo, foi tema de livro - "Nabor Pires Camargo - Uma Biografia Musical" - escrito pelo pianista e maestro Marco Antônio Bernardo e dá nome a importante festival, em nona edição neste 2010, em Indaiatuba, vencido no ano passado pelo bandolinista campineiro André Ribeiro. As inscrições, de abrangência nacional, encerram-se no dia 26 de março vindouro e demais informações, como os prêmios em dinheiro aos primeiros colocados, podem ser obtidas pelos interessados no seguinte site: www.premionabor.com.br (é só clicar). A competição é organizada pela Fundação Pró-Memória de Indaiatuba, cidade que, além do hino local, também inspirou ao seu ilustre rebento uma outra valsa belíssima: "Luar de Indaiatuba" (que pode ser ouvida no terceiro "link" abaixo, ilustrando um "slide show" do lugar).
       ***
 
A tempo: o excelente conjunto Quatro a Zero (segundo lugar no Prêmio Visa 2004) lançou há pouco um CD de grande importância: "Porta Aberta - Memórias do Choro Paulista", realçando a lira, em épocas distintas, de destacados compositores do interior de São Paulo, como Zequinha de Abreu (Santa Rita do Passa Quatro - "Bafo de Onça"), Bomfiglio de Oliveira (Guaratinguetá - "Flamengo"), Sérgio Belucco (Piracicaba - "Buliçoso"), Laércio de Freitas (Campinas - "Cabo Pitanga") e Nailor Proveta (Leme - "Choro da Clara"). Nabor, naturalmente, não ficou de fora e, no primeiro "link" abaixo, pode ser ouvido pelo grupo na execução de "Matando Saudades". No segundo "link", em duo de violões, o jovem campineiro Guilherme Lamas e o veterano carioca Valter Silva, do Chapéu de Palha, tocam durante participação em uma das edições do Prêmio Nabor. 
   
http://www.youtube.com/watch?v=wWRlaUF33aY
 
http://www.youtube.com/watch?v=qfLdttz5jbE
 
http://www.youtube.com/watch?v=mYo9pEnakhE

26.2.10

Diálogos na Tela - curso gratuito de cinema e arte!


Recebi por e-mail da minha amiga Clarice Tenório a informação de um curso sensacional, que tem por nome Diálogos na Tela . Vão rolar filmes, debates, aulas sobre cinema e arte.
O Curso começa no dia 20 de março e continua com encontros durante 16 sábados na Caixa Cultural. É "de grátis", mas precisa fazer inscrição. Para tanto, visite o blogue do evento no seguinte endereço www.dialogosnatela.blogspot.com

Dica do Gerdal: Artistas reunidos no palco do Clube dos Democráticos fazem show, nesta sexta, em benefício de Walter Alfaiate


Do amigo Leandro Fregonesi, cantor e compositor que é grata revelação da nova geração do samba, autor do belo "Retemperar", em parceria com Luiz Carlos da Vila - que "partiu fora do combinado ", como diria Rolando Boldrin -, repasso a filipeta, acima, sobre show beneficente, nesta sexta, 26 de fevereiro, a partir das 23h30, no Clube dos Democráticos, em favor do bamba Walter Alfaiate, recriador de "Sacode, Carola", sucesso de Cyro Monteiro nos anos 50. Portador de cardiopatia crônica, Walter está internado, em estado delicado, no Hospital da Lagoa, e o show tem garantia de qualidade, contando ainda com a participação de outras revelações de grande valor entre os novatos do samba. 
         Ao Walter, os meus votos de melhoras acentuadas. A todos, desejo um bom fim de semana, agradecendo-lhes a gentileza da atenção a este comunicado.
 
HOMENAGEM A WALTER ALFAIATE & SEU SAMBA
Show beneficente, sexta, 26/02
 
Com
Moacyr Luz / Edu Krieger / Casuarina / Elisa Addor / Thais Vilela / Claudia Nunes / Alfredo Del-Penho / Aline Calixto / Roberta Nistra / Alex Ribeiro / Nicolas Krassik / Janaína Moreno / Renato Santos / Leandro Fregonesi / Luisinho Barcelos & Banda
 
Serviço:
Democráticos
Sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010
Rua do Riachuelo, 93 – Lapa – Rio de Janeiro
Abertura da casa às 22h // Show às 23:30h
Infos e reservas - Tel.: (21) 9781-2451
 

Veja como chegar:
http://maps.google.com.br/maps?f=q&source=s_q&hl=pt-BR&geocode=&q=rua+do+riachuelo+93+rio+de+janeiro&sll=-21.761668,-41.311569&sspn=0.011559,0.022638&ie=UTF8&hq=&hnear=R.+Riachuelo,+93+-+Centro,+Rio+de+Janeiro+-+RJ,+20230-013&z=16
 

Do fundo do baú : ilustração "bla bla bla"

25.2.10

Chico Caruso e Eduarda Fadini apaixonados por Lupicínio, sexta, sábado e domingo no Café Pequeno - Leblon


(Aqui vai a sinopse e o serviço completo do show do meu amigo Chico com Eduarda Fadini que rola na sexta, sábado e domingo no Teatro Café Pequeno no Leblon (veja flyer acima))
No espetáculo de teatro musicado Lupicínio, uma paixão, Chico Caruso descreve os altos e baixos do casamento de maneira bem humorada através das canções do mestre da dor-de-cotovelo. Chico classifica Lupicínio Rodrigues como um caricaturista das canções, por conta das imagens contundentes e exageradas presentes em suas músicas como Vingança, Nunca, Exemplo e Sozinha. O espetáculo se encerra numa celebração de alegria com marchinhas e sambas compostos por Lupicínio Rodrigues.

Grande conhecedor da obra de Lupicínio Rodrigues, o cartunista Chico Caruso foi convidado por Jesus Chediak, diretor da Lumiar Discos e Editora, a gravar uma participação no CD Lupicínio Volta da cantora Eduarda Fadini.

Dos ensaios e das gravações para o CD, nasceu uma amizade que se transformou numa parceria de sucesso. Chico convidou Eduarda para dividir o palco com ele no show Lupicínio, uma paixão, que já se chamou Lupicínio e Bergman – Cenas de um Casamento. Os dois vem apresentando o espetáculo desde 2008, cantando e divertindo o público com as situações armadas pelo texto de Chico.

O show conta com a performance vocal e humorística de Chico Caruso que entre canções conta causos e descreve situações hilariantes do relacionamento a dois, contracenando com Eduarda Fadini, que além de cantora também é atriz. Os músicos, Roberto Bahal, no piano, o cartunista Aroeira no saxofone e Thiago Thomé, na percussão, também tem atuações performáticas no espetáculo concebido por Chico Caruso.

Local: Teatro Café Pequeno - Av. Ataulfo de Paiva, 269
Datas: 19, 20, 21 / 26, 27, 28 de fevereiro
5, 6, 7 / 12, 13, 14 / 19, 20, 21 / 26, 27, 28 de março
Horário:
sextas e sábados 21:30
domingos 20:00
Ingressos:
R$ 30,00 inteira
R$ 15,00 meia (lista amiga, estudantes, professores, idosos, classe artística)
Sócias da CURVES que apresentarem o cartão ou um cash com o carimbo da unidade pagam meia entrada em dois ingressos.
OBS: Clube do Assinante O GLOBO 10,00 ou 15,00 – A CONFIRMAR

Agenda VivaMúsica! de Janeiro


Esta é a capa da Agenda VivaMúsica de janeiro que está na praça - a capa é deste blogueiro que vos fala. O conteúdo da agenda pode ser acessado pelo site http://www.vivamusica.com.br/

Visão da Amazônia


Leia o blogue de Lúcio Flávio Pinto. A visão de um brasileiro (jornalista e sociólogo) que mais entende dos assuntos dessa região ainda desconhecida pela nossa mídia - a Amazônia, e melhor, diretamente da Amazônia - Além do texto de primeira, contamos com sua imensa sabedoria.
Lucio está entre os blogueiros do Yahoo no seguinte endereço http://colunistas.yahoo.net/posts/521.html

Toda quinta rola um som de primeira no Espaço Rio Carioca em Laranjeiras


Um show de primeria para quem curte música instrumental - jazz moderno no Espaço Rio Carioca em Laranjeiras nas Casas Casadas. O ingresso tem um preço simbólico de 10 reais.
Compareçam! Divulguem!
"A NOVA CENA"
BRASIL JAZZ
com:
DANIEL SANTIAGO ::: GUITARRA
ANDRÉ VASCONCELLOS ::: BAIXO ACÚSTICO
JOSUÉ LOPEZ ::: SAXOFONE
XANDE FIGUEIREDO ::: BATERIA

TOCAM:
AUTORAIS E TOM JOBIM, VILLA LOBOS, TONINHO HORTA...
 Horário : 20:30
Couvert artístico: R$ 10,00
Toda quinta-feira
O Espaço Rio Carioca, fica na Rua das Laranjeiras, 307. Nas Casas Casadas. A entrada é pela rua Leite Leal 45 e o telefone é 2225 7332
Estacionamento: Rua das Laranjeiras, 304 (ao lado da Hideaway). Valor: R$ 5,00
.
Pra quem ainda não conhece o Daniel, seguem alguns links:
http://www.youtube.com/watch?v=GRlxQC2186Q&feature=related (aqui com Hamilton de Holanda)
http://www.youtube.com/watch?v=xJosQNVHR08&feature=related
 

Do fundo do baú - Ilustração "Aquarela"

Laboratório Estação - Sua Ideia na TV : do Projeto ao primeiro Roteiro



Leonardo Menezes e Marcio Vianna estão com um curso no Laboratório Estação (programação acima - clique na imagem para ampliar e ler melhor), trata-se do módulo que tem por título Sua Ideia na TV - do projeto ao primeiro Roteiro.
Acesse maiores informações no seguinte link : http://www.estacaovirtual.com/laboratorio/cursos/ideia.html

Dica do Gerdal: O pianista Tomás Improta é nome de proa, nesta quinta, em atração jazzística na Lapa


Ganhando, aos cinco anos de idade, um concurso de iniciação musical do Conservatório Brasileiro de Música, o destino profissional do carioca Tomás Improta (na foto acima, ao lado da flautista Andrea Ernest Dias) só poderia mesmo estar escrito nas linhas do pentagrama. Não apenas pela precocidade desse feito, mas também pela atmosfera densamente musical vivida, na infância e na adolescência, em companhia dos pais: ele, Eurico Nogueira França, pianista e renomado crítico de música clássica; ela, Ivy Improta, também pianista clássica, destacada intérprete da obra de Villa-Lobos. Embora ainda contasse, em sua formação, com outros nomes de prestígio no piano clássico, como Linda Bustani, Marlos Nobre e Francisco Mignone, o menino Tomás, em paralelo, ouvia fascinado a música popular que o rádio transmitia nos anos 50, o que, para ele, serviu de trampolim, como motivação, para o jazz e a bossa nova que, já rapaz, tocaria em alguns conjuntos amadores. Profissionalizando-se nos albores dos anos 70, também como colunista e articulista de música em revistas especializadas, teve apreciável trajetória como músico acompanhante de Caetano Veloso, Chico Buarque, Nara Leão, Djavan e Maria Bethania, entre outros, até voltar-se, a partir dos anos 90, para a própria lida autoral, gravando elogiados CDs, como "Certas Mulheres", em 1998; "Bartók Jazz", em 1995, de improvisos suscitados por composições do húngaro Béla Bartók; "Flauta e Piano", biscoito-fino provado, em 2004, juntamente com Andrea Ernest Dias, e o mais recente, "Dorival", três anos depois, pelo selo Rádio MEC, valorizando e realçando a musicalidade em Caymmi.
           Pai do desenvolto e criativo violonista Gabriel Improta, destaque da nova geração, Tomás é autor de livros didáticos sobre música e escreveu e produziu programas para as Rádios MEC e Roquette-Pinto. Seu despertar como arranjador veio com a chegada da maioridade, numa fase em que integrava o conjunto Mandengo, ao lado dos então igualmente jovens Tony Botelho, Raul Mascarenhas, Duduka da Fonseca e o finado Barrosinho. Há pouco, produziu o CD de estreia de um elogiado violonista e compositor carioca, radicado em BH, Jorge Bonfá, sobrinho-neto de Luiz Bonfá. Nesta quinta, 25 de fevereiro, a partir das 21h, Tomás Improta estará mais uma vez à frente da regular e bem-sucedida atração Quinta do Jazz, no TribOz (informação repassada abaixo), uma série de "jams" de que ainda participam os seguintes instrumentistas: Marcelo Padre (saxes e flauta), Rodrigo Ferreira (contrabaixo), Kleberson Caetano (bateria) e o trompetista australiano Myke Ryan, o anfitrião desse bar simpático e acolhedor, na Lapa, que vale a pena ser frequentado, um reduto, sobretudo, de bossa nova e jazz.  

TribOz - Centro Cultural Brasil-Austrália
www.triboz-rio.com
Rua Conde de Lages 19 - Lapa.
Estacionamento rotativo na Conde de Lages 44.
Informações e reservas: 2210-0366 / 9291-5942.

24.2.10

Do fundo do baú - Ilustração "Sina"

Dica do Gerdal: A MPB pelo buraco da fechadura, nesta quarta, à meia-noite, em atração que Rodrigo Faour apresenta no Canal Brasil



Numa extensão televisual (logo após a radiofônica, com "Sexo MPB", na MPB-FM) do êxito obtido com o lançamento, em 2006, pela Record, de "A História Sexual da MPB", o atilado jornalista e pesquisador musical carioca Rodrigo Faour (na foto acima com a cantora e compositora Marina Lima) apresenta, a partir desta quarta-feira, 24 de fevereiro, à meia-noite, uma atração de mesmo título do seu sedutor calhamaço pelo Canal Brasil (66 na NET). Atração, aliás, que também tem por escopo mostrar como, na cama "king size" da MPB, a nossa polirritmia se deita e se acomoda para, numa interação saliente com a letra parceira, desnudar décadas de comportamento amoroso e sexual, numa transa cultural cujo clímax provém da interpretação e do entendimento que tal evasão de privacidade permite, entre os extremos conservador e liberal, da meada dessa evolução.
       Rodrigo Faour, que estudou violão e canto, é filho de uma professora universitária de música, Leila Faour, e primo de Paula Faour - para quem produziu há pouco o mais recente CD da pianista, "A Música de Marcos Valle e Burt Bacharach". Trabalhou no final do século passado, por alguns anos, como repórter e crítico de MPB da "Tribuna da Imprensa" e, já nestes incipientes anos 2000, tem-se dedicado, por exemplo, a reedições fonográficas de valor, resultantes de obstinado garimpo, além de bem-vindas coletâneas em CD que repõem em evidência, nas boas casas do ramo, astros do passado injustamente tratados como bananeiras que já deram cacho pelo descaso cultural e pelo imediatismo rentável da grande mídia e da própria indústria do disco. Ainda na linha de valorização dessa memória, tem ainda no currículo dois outros importantes livros já lançados: "Bastidores - Cauby: 50 Anos da Voz e do Mito", pela Record, em 2001, e "Revista do Rádio - Cultura, Fuxicos e Moral nos Anos Dourados", no ano seguinte, pela Relume Dumará. A série que ora estreia no Canal Brasil, com posteriores reprises de suas entrevistas, acena com atrativos extras bem interessantes ("flyer" acima) e é constituída, nesta primeira temporada, de seis programas, sempre em primeira fruição às quartas e na chamada hora grande. Rodrigo conduz, em suma, na calada da noite, uma atração "da pesada", divertida e reveladora, para ser vista, especialmente, de olhos arregalados e boquiaberto.    

Dica do Gerdal: Reginaldo Bessa, nesta quarta, em show comemorativo no Vinicius - samba atemporal pelo braço de um amigo violão



Curiosamente nascido no Bairro Imperial no feriado da Independência Nacional, em setembro de 1937, o cantor e compositor Reginaldo Bessa (foto acima) retorna nesta quarta-feira, 24 de fevereiro, a Ipanema, levado pelo braço do amigo violão, para um show comemorativo no Vinicius (Rua Vinicius de Moraes, 39 - tel.: 2523-4757), às 22h30. É do romântico Reginaldo, aliás, na parceria com Nei Lopes, a autoria de um dos sambas mais encantadores que já ouvi, que muito me sensibiliza a cada audição, de título shakespeariano: "Sonho de uma Noite de Verão". Adversários no "desfile principal" da passarela do samba, o salgueirense Nei e o portelense Reginaldo, nos anos 70, ainda se juntariam para a criação de, entre outras belezas, uma homenagem singela e de bom requebrado à escola de Madureira: "Azul Portela", gravação hoje rara da sumida cantora Sônia Lemos, irmã do saudoso poeta Tite de Lemos. 
       "O Tempo", relançado em CD de Claudette Soares - remasterização de elepê dos anos 70 da cantora -, é um samba-canção de primorosa feitura, defendido por Reginaldo num festival da TV Globo e que se tornaria uma das principais lembranças extraídas do seu balaio autoral. Saltando nos anos até 1993, nesse inspirado carioca - também premiado criador de "jingles" e produtor de discos exemplares do Época de Ouro e do baiano Batatinha, entre muitos outros artistas - teria origem um grande sucesso de Alcione, "Qualquer Dia Desses". Morando e trabalhando em Buenos Aires entre 1962 e 1964, Reginaldo teve a chance de fazer, pela CBS local, um dos primeiros discos de bossa nova lançados no exterior, "Amor en Bossa Nova", e, em 27 de abril de 2008, apresentou-se no Teatro Colón de Mar del Plata, acompanhado pela Banda Municipal dessa cidade. (Há registro disso no YouTube.
       Ao lado de Eristom Gonçalves (baixo), Celso Guima (bateria) e dos filhos Leonardo Bessa (cavaquinho), Débora e Beatriz Bessa (cantoras e percussionistas), o carioca Reginaldo - que teve passagem marcante pelos festivais de música dos anos 60 e prepara a gravação de um CD de inéditas - festeja no Vinicius 50 anos de composições, a primeira das quais, "Sombras de Amor", gravada na Copacabana Discos pela cantora Valéria. Uma hoje longínqua parceria dele com Steve Bernard, tecladista romeno que chegou ao Rio em 1952 e, não muito depois, se destacaria entre nós com um conjunto próprio que ficou famoso na animação de bailes. "O tempo não para no porto, não apita na curva, não espera ninguém....", mas também deixa doces recordações entre as marcas do que se foi.

Dica do Gerdal: Marlene Xavier canta nesta quarta em Botafogo - caminhos cruzados com o "mainstream" da bossa


Cantora conhecida e bem aplaudida na noite carioca, com bom CD já lançado de gemas bossa-novistas, Marlene Xavier é mais uma das atrações musicais de qualidade do Espaço Cultural Maurice Valansi - Rua Martins Ferreira, 48, em Botafogo -, apresentando-se nesta quarta, 24 de fevereiro, a partir das 20h30 ("flyer" acima). Em 2001, por ocasião do lançamento do livro "Caminhos Cruzados - A Vida e a Música de Newton Mendonça", fez show, juntamente com os violonistas Jorge Mello e Rogério Guimarães (co-autores da obra, lançada pela Mauad, com o jornalista Marcelo Câmara), em que, pela primeira vez, mostraram-se canções de autoria exclusiva desse parceiro ipanemense de Tom Jobim em clássicos como "Desafinado", "Samba de uma Nota Só", "Discussão" e "Meditação", também pianista e morto prematuramente em 1960, aos 33 anos. Nos "links" abaixo, ainda dele e de Jobim, pode-se ouvir Marlene entoando "Foi a Noite", além de "Água de Beber", de Jobim e Vinicius, acompanhada por Chiquinho Neto, ao piano, Jimmy Santacruz, ao contrabaixo acústico, e João Cortez, à bateria. 
  
      
        www.youtube.com/watch?v=j4QqiKijK58
 
        www.youtube.com/watch?v=iBU2vdNNv9g&NR=1   

 

23.2.10

Do fundo do baú: Ilustração & Caricatura do Jaguar


Dizem que o Jaguar tem amnésia alcoólica e eu tenho amnésia sem álcool na cuca mesmo, e não tenho a mínima idéia das razões que me levaram a fazer esta ilustração. Só me recordo que era para um texto do Jaguar falando de um desenho que ele tinha feito e que na hora H foi perdido, ou algo parecido. Em algum momento do futuro lembrarei da história toda, pois sou um otimista incorrigível. Outro dia comendo uma azeitona senti que quebrei algo dentro de minha boca - então disse:- Xi , quebrei o caroço da azeitona!
Que nada, era um dente que tinha sofrido uma fratura grave.

22.2.10

Ana Maria Machado está no White Ravens


Li no blogue da Editora Cosac Naify que a escritora Ana Maria Machado está no White Ravens 2010. O White Ravens é um catálogo que apresenta o resultado de uma seleção das melhores obras que contemplam o público infantil e juvenil nesse planetinha azul.
Para mais informações viaje no site da editora, que tem links com a Internationale Jugendbibliothek, a maior biblioteca para crianças e jovens do mundo.
Para a acessar a Editora clique em http://editora.cosacnaify.com.br/blog/

Mais um brinde: Um cartum de João Zero

21.2.10

Homenagem ao mago Joel


Obrigado Joel, por ajudar o Botafogo a ganhar esse título. Mais uma vez a estrela solitária brilha.

Valeu Palmeiras: Levanta, sacode a poeira e dá a volta por cima

Valeu Fogão! É Campeão! É Campeão!

Do fundo do baú - Ilustração - TV, Cara e Caretas

19.2.10

Do fundo do baú - Caricatura de Wilson Martins

Dica do Gerdal: Liz Rosa, revelação potiguar, é elogiada atração desta sexta no TribOz


Proveniente, como Roberta Sá, da mesma Natal do folclorista Câmara Cascudo e tão potiguar quanto outras, estas bem rodadas, na arte de cantar, como Ademilde Fonseca e Glorinha Oliveira, sem esquecer, por exemplo, a visceralmente saudosa Núbia Lafayette, a revelação Liz Rosa apresenta-se nesta sexta, 19 de fevereiro, em show no aconchegante TribOz ("flyer" acima), a partir das 21h. Morando no Rio há pouco, ela, que também gosta de se exercitar no jazz e canta profissionalmente desde os 16 anos, vem precedida de fartos elogios na imprensa da capital norte-rio-grandense, onde pôde mostrar o seu valor em importantes projetos musicais lá consumados, como A Obra de Paulinho da Viola, A MPB no Cinema Nacional e O Futebol e a MPB. Entre os cariocas, já conquistou um admirador de peso, Hélio Delmiro. Programa simpático, portanto, e bem recomendado para apreciadores de música benfeita e bem mostrada, um prato sempre bem servido na referida e diferenciada casa da Lapa. 
  www.myspace.com/cantoralizrosa  
 
A tempo: outro bom programa, no dia seguinte, 20 de fevereiro, no mesmo TribOz, também a partir das 21h: show com o pianista, compositor e arranjador Marcos Ariel.

18.2.10

Sem palavras

15.2.10

Variações Sinatra


O Sonhado Show
Sabe aquela anedota que fala da relação entre o carioca e o Sinatra?
Você já deve saber, mas tem muita gente que não sabe, então vou contá-la e juro que tentarei resumí-la o máximo possível.
Dizem que o carioca, muito antigamente- tinha um caráter danado e esta narrativa mostra na prática, como funciona essa particularidade que habitava o nativo do Rio de Janeiro.
Existiu uma época - quando Sinatra estava no auge e o Brasil além de dizer: -Que pena que a televisão não seja a cores - suspirava e alimentava a grande expectativa de que Sinatra viesse fazer um show no Brasil. Diz a fantasia desse pequeno conto popularesco, que depois de muito batalhar, os fãs conseguiram demover o "blue eyes" de seu trono móvel - entre Las Vegas e Nova York e um dia Sinatra resolveu:
- Vou cantar no Brasil.
O palco, é claro, foi o Rio de Janeiro - que era uma cidade maravilhosa , onde havia paz no morro e no asfalto e a atividade econômica não havia sido comprada ainda pelos novos bandeirantes.
Tudo arranjado, o show de Sinatra no Maracanã aconteceu de forma sensacional : lotação esgotada - lágrimas de felicidade enquanto ele cantava todo o seu repertório maravilhoso. Só para se ter uma idéia da grandiosidade do evento, o bis demorou mais de uma hora. Os jornais, as rádios, as TVs em preto e branco (o que fazer?) ficaram meses curtindo esse momento maravilhoso. Sinatra não só cantou. Foi ao morro , jogou no bicho, pegou o trem da Central, visitou a Quinta da Boa Vista, inaugurou escola no subúrbio, desfilou na Rio Branco, mergulhou na princesinha do mar, deu um cocktail na pérgula do Copa. As colunas sociais deitaram e rolaram: era Sinatra para todo lado.
Dois anos se passaram depois desse fuzuê e Sinatra com saudades do calor humano dos cariocas, resolveu voltar ao Rio para um novo show.
Desceu do seu avião particular, pegou a limousine que o esperava no aeroporto e depois de tomar um uísque com muito gelo no Hotel, resolveu dar uma volta pelo bairro com seus guarda-costas.
Saiu andando tranquilamente pelas ruas de Copacabana, e achou estranho que ninguém o havia notado ainda - mesmo com o destaque de seu descabido terno naquele calor de 40 graus (apesar de estar sem gravata) e da movimentação ostensiva de sua equipe de segurança. Foi aí que alguém ouviu um carioca dizer para o outro quando os dois perceberam de longe, o cantor avançando com um sorriso aberto para eles:
- Meu irmão, vamos mudar de calçada que lá vem aquele chato do Sinatra!
Afirmam os cronistas que naquele tempo a coisa era assim. Celebridade aqui não tinha vez, se tinha era uma só e depois virava um ser incômodo, uma coisa que deveria ser evitada.

O karaokê do filipino doido
Tenho a maior curiosidade de conhecer de perto as Filipinas, esse fabuloso arquipélago que têm cerca de 7107 ilhas. Na verdade são vários os motivos que me levam a ter um certo fascínio por essa república peculiar . Talvez por uma obtusidade etnocêntrica, não consegui, por muito tempo entender bem, um lugar neste planetinha azul, que tinha uma população com traços acentuadamente orientais e falava uma mistura de espanhol com inglês. Outra coisa que não entendia era a força de um movimento muçulmando no interior de um povo majoritariamente católico.
A Wikipédia me explicou tudo.
Disse que no século XIV houve uma corrente migratória que trouxe o reino madjapahit e introduziu os ensinamentos de Maomé na região. Só que logo a seguir, no século XVI o arquipélago foi "descoberto" pelo Ocidente, levado pelas mãos precisas do navegador português Fernão Magalhães que nessa época trabalhava para a Espanha. Os espanhóis, a partir de 1571 ficaram no poder por trezentos anos. Depois rolou uma luta pela independência e para não fugir à moda do século, uma revolução. Mas, coisa curiosíssima, em 1898 os Estados Unidos "adquiriram" as Filipinas, não sei em qual tipo de negociação.Segundo Santa Barbara Tchuman( *) essa interferência (que durou 48 anos) é o começo da expansão norte-americana à qual se junta a participação na guerra de libertação de Cuba ao lado dos rebeldes patriotas chamados mambizes e depois tomando o poder por 4 anos e mais a anexação do Hawaii. É do imperialismo americano, na fase embrionária, defendido pelos Democratas, porque os Republicanos queriam mesmo é a consolidação do poder no território americano (entre muros) tomado dos índios e acho também arrancado dos mexicanos - a ensoladara Califórnia Dreams em 1848. O que importa é que numa dessas pelejas pela independência dos filipinos contra a Espanha - surgiu uma figura de nome interessante - um guerrilheiro chamado Aguinaldo. Posso dizer que minha atração pelas Filipinas aumentou, depois que soube da resistência heróica de Aguinaldo. Até então, os Aguinaldos, para mim, eram cantores ou escreviam novelas - nunca os imaginei metidos em guerra de guerrilhas, lutando bravamente nas selvas das Filipinas no final do século XIX, muito tempo antes de virarem cenário para filmes de guerra do Vietnam, como em Apocalypse Now.
Mas minha curiosidade se misturou ao espanto que foi marcado por aquele ritiual de autoflalgelação pública que alguns fiéis executavam por ocasião da Semana Santa, tendo como apoteose a crucificação, de verdade, de um cidadão fanático, que se oferece para ser o Cristo da vez. Cravos a furar carnes - as mãos e os pés pregados na cruz, e aquela triste figura de crucificado de filme de quinta sendo levantado no meio da multidão em transe, o sangue jorrando pelas chagas...Durante muitos anos, assisti a esse espetáculo bárbaro na TV. Acho que nesse samba do filipino doido isso se misturou com a exótica figura da belíssima Imelda Marcos(nos seus bons tempos, por supuesto, off course e otras cositas más) com sua famosa coleção de milhares de sapatos. A biografia dessa mulher daria (se é que não deu) um romance de realismo fantástico digno de um García Márquez: nascida Imelda Remedios Visitación Romuáldez Trinidad, consquistou o título de miss Manila nos anos 50 e o coração do esperto político Ferdinand Marcos, com quem casou em 1954.
Mais tarde, com a eleição de seu marido para presidir o país, se transformou quase que numa rainha, por mais de 20 anos ( entre 1965 e 1986). Durante seu longo governo, Marcos enfrentou uma oposição no mínimo surrealista - uma guerrilha maoísta e um movimento separatista muçulmano. A família Marcos, enfim, creio que meio exausta de tanto exercer o poder, saiu da História para curtir a vida no Hawaí, isso apesar de ter vencido as eleições de 1986- dizem as más línguas que na base da fraude.
E eis que agora em pleno século XXI , leio uma notícia que relaciona o nosso "querido chato" Sinatra da primeira história com a minha fascinante República Filipina e me espanta ainda mais. É que numa série de assassinatos , pelos menos 6 calouros pararam definitivamente de cantar a música "My Way" nos karaokês do arquipélago . A coisa chegou a tal ponto que o grande sucesso de Frank Sinatra chegou a ser retirado das casas noturnas que oferecem esse tipo de entretenimento interativo. A coisa acontecia mais ou menos assim: o cara se entusiasmava com a letra da música, que fala da superação diante dos problemas por parte de homens de meia idade, o que enche de coragem o "cantor" que se encontra geralmente mamado", o que o faz exagerar no dueto que comete ao acompanhar Sinatra. Daí, um engraçadinho faz uma piada , ou um mais mamado se aborrece com o alarido, e o pau come na casa de Noca. Esta foi a conclusão de um expert da Universidade local em questões envolvendo a cultura popular. As más línguas dizem que isso é coisa de pobre. Em todo caso, evite mais uma vez o Sinatra, não por que ele é o chato da anedota carioca, mas porque você pode se tornar um, e com grande probabilidade de virar um chato abatido a balas .
(*)Do livro A Torre do Orgulho - Um retrato do mundo antes da Grande Guerra (1890-1914) da escritora, mistura de historiadora e jornalista , Barbara W. Tuchman

14.2.10

Conto de Carnaval : E aí, animada?



(Um conto de Carnaval da minha querida amiga Regina Zappa)

Duas da tarde, sol a pino, uma preguiça de dar gosto. Este ano ela demorou a entrar no clima. Parecia um domingo qualquer, sem vestígios da folia que se anunciava generosa da janela do conjugado, onde vivia. Lá embaixo, na rua, os primeiros foliões seguiam apressados, represando a euforia que iria se derramar na segunda cerveja, perto dali, num bloco qualquer. Divertido olhar a rua. Dava uma sensação de coisa que está para acontecer.
Este ano o carnaval ia ser da pesada. Tinha um pressentimento. Era o ano da serpente, seu ano. Além disso, o horóscopo de fevereiro prometia para os librianos do segundo decanato muitas alegrias no amor e surpresas no final do mês. E este ano, o carnaval caía no dia 20. Saiu da janela e foi guardar o alicate, a tesoura e a toalhinha onde limpava as unhas e jogava as cutículas das clientes. Jogou tudo dentro da gaveta, por cima do guarda-pó branco e dos esmaltes coloridos. Não, não receberia mais ninguém. Hoje não queria nem pensar em trabalho.
Ligou o ventilador bege, meio enferrujado, que ficava na mesa de cabeceira. É, o calor ia aumentar. Tirou da geladeira uma das três cervejas que tinha comprado na véspera e botou no congelador. Tinha também uma garrafa de vodca. Sobrou do Natal na casa da cunhada. Foi o presente que ganhou do amigo oculto, mas tinha resolvido na mesma noite que só abriria no Carnaval. Ligou a televisão para ir esquentando. Ouvia a voz dos repórteres, que ora descreviam fantasias hilárias de carnavalescos que se divertiam solitários ou em grupos pelo centro da cidade, ora mostravam a preparação para o desfile do Grupo Especial das escolas de samba.
De costas para a TV e com uma vontade ainda contida de mexer o corpo, sambar, rebolar mesmo, ela abriu o armário para escolher a fantasia. Desta vez, sem pudores. Ia botar uma roupa que mostrasse aquele corpão que ela não tinha. A batucada entrava ainda distante pela janela e mais perto pela televisão. Escolheu um shortinho de látex vermelho que só usava em casa, e uma blusinha branca, sem manga, enrolada na barriga e amarrada debaixo do peito. Sem sutiã. Olhou-se no espelho, empinou a bunda e suspendeu ainda mais o micro shortinho atrás. Queria mostrar tudo. Huuum, bem Salgueiro!
Já eram quatro da tarde quando acabou de se pintar – muito azul no olho e vermelho na boca. A televisão agora mostrava blocos e Carnaval de rua em todo o Brasil. Com um requebrado discreto ela foi até a cozinha, tomou dois dedos de vodca e abriu a cerveja. Encheu o copo de espuma e sentou-se na cama, procurando acertar o canal que mostrasse mais animação. Sacudia os ombros e virava a cabeça para lá e para cá. Depois da segunda vodca, não se conteve. Dançava solta no meio do apartamento, rebolava, cantava. De tempos em tempos corria até a janela para ver o movimento. Numa dessas vezes, o frio embolou na sua barriga quando escutou de longe a batucada do melhor bloco de Copacabana que ia passar bem ali na sua frente.
A batucada foi chegando, cada vez mais forte, entrando pela janela, abraçando sua cama, possuindo o ventilador, seduzindo a geladeira e a televisão. Ela jogava beijos da janela, requebrava com toda força, pulava e agitava os braços. Lembrou do confete ainda a tempo de jogar janela afora e tocou o bloco com a outra ponta da serpentina. Ah, a folia, enfim... Correu, abriu outra cerveja que já suava antes mesmo de sair do congelador. Saudava seus companheiros de alegria com o copo na mão e dava gritinhos cada vez que recebia de volta um beijo. Ah, Carnaval...
O bloco foi se afastando. Ela virou-se para a TV e botou o som na maior altura. Agora era frevo que comia solto em Olinda. Todo mundo pulando junto. Uma loucura! Ria alto e tentava acompanhar os passos com um guarda-chuva velho que saltou de um canto da sala. O tempo ia passando feito uma flecha colorida.
A noite trouxe para seu quarto os bailes de gala. Travestis, mulheres seminuas, homens suados e lindos. Com a garrafa de vodca pela metade, o chão salpicado de confete e tocos de serpentina, ela rolava na cama cantando baixinho as marchinhas de Carnaval que conhecia e as que não conhecia. Um borrão de imagens divertidas ainda prendia sua atenção quando olhou a hora – três da manhã!
Cansada, tonta de tanta folia, pulou da cama e foi jogar uma água no rosto. Precisava dormir agora, descansar. Amanhã tem mais.

Problema de som. O que? Problema de som...O QUE?


Até agora em Sampa, desfilaram a Águia de Ouro e a Tom Maior .
Zero hora e quarenta minutos e até agora, o som da transmissão do Globo está muito ruim - quase não dá para ouvir o que os narradores dizem , a voz deles está muito baixa, o barulho das Escolas esconde o que está sendo dito e mesmo quando dá para entender, faltam informações sobre quem é quem - há uma distância entre imagem e som...Parece que não existe muita coordenação na parada. O pessoal da "esquina do samba" está num papo animado, na telinha, mas é sobre o que, mesmo? Falta Biotônico na mesa. Espero que no desfile do Rio essa coisa não se repita.
Gostei da forma de apresentação das Escolas, mostrando o bairro , a quadra, alguns personagens, isso ficou bacana.

13.2.10

Bloco do Foucault sai da arqueologia e cai no samba rasgado


Neste ano vou sair no Bloco do Foucault. O Samba que leva o bloco pelas ruas imprevisíveis da imaginação carnavalesca tem por título "A Ordem do Discurso - Vigia que eu puno!". Na genealogia do cavaco teremos Bigodão - o famoso Friedrich; no pandeiro o nosso maravilhoso metafísico Shopenhauer, chamado também de Shope, ou Chopp (dependendo do degrau alcoólico do mesmo) e abrindo o berro no gogó, Derri, que disse que nesse ano dá um dó maior de arrebentar a boca do balão. Com esse calor, toda bebida é bem vinda, só não vale mijar no muro- apesar de ser humano, demasiado humano! É que também existe (sem prova se falso ou verdadeiro) o Bloco do Tudo que entra Sai, dado a uma prática escatológica que deixa nossas ruas intransitáveis, "odoriferamente" falando - é claro.

Promoção da Livraria Folha Seca encerrando o ano Paula Brito




Rodrigo Ferrari continua agitando lá na Livraria Folha Seca (ponto de encontro de grandes figuras do jornalismo, da literatura, da música e das artes)Desta vez mandou por e-mail, o comunicado de uma promoção bacana, que reproduzo abaixo:
2009 foi um ano muito importante, em que homenageamos nosso querido Francisco de Paula Brito - o iniciador do movimento editorial brasileiro.
Comemorando a data confeccionamos um lindo postal.
Para ganhar o seu basta entrar na Folha Seca, encostar no balcão e dizer:
-Eu conheço o Paula Brito!
Mas para tornar o fato ainda mais especial, nosso querido
Cássio Loredano, autor do desenho do postal,
numerou e autografou 100 deles, que serão vendidos a R$ 10,00 cada.
Você, que admira os desenhos do Cássio, a figura do grande Paula Brito
e também as iniciativas da Folha Seca, não pode perder essa!
***
LIVRARIA FOLHA SECA
37 rua do Ouvidor 37
Centro, Rio – 21 2224.4159
folhaseca@livrariafolhaseca.com.br
Horário de funcionamento: de 2ª a 6ª das 10h às 19h e sábados das 10h às 15h 
Não funcionaremos no Carnaval, voltaremos ao horário normal na quinta-feira após a quarta de cinzas.
2010: ano Nássara na Livraria Folha Seca

NR: A caricatura que ilustra este post é da autoria de Cássio Loredano e representa a figura de Paula Brito

12.2.10

Ilustração : Baixo elétrico

Homenagem do Gerdal: Uma lembrança de Roberto Roberti, compositor inscrito na pauta do carnaval de todos os tempos - "Música, maestro!"



"Ai, ai, ai, Isaura,
          hoje eu não posso ficar.
          Se eu cair em teus braços,
          não há despertador que me faça acordar..."
          ("Isaura", samba de 1945, composto por Roberto Roberti e Herivelto Martins)
  
 
        Irrequieto, atento aos fatos, observador dos costumes, sempre com uma caneta na mão e uma ideia na cabeça para uma música - especialmente samba ou marcha de carnaval -, como já o descreveu Mário Lago, seu parceiro na clássica "Aurora", o tijucano Roberto Roberti (foto acima) completaria 95 anos no dia 9 de agosto deste 2010. Com Mário Lago faria ainda, por exemplo, a marcha "Eu Quero Ver É a Pé", mas, sobretudo, na companhia de Arlindo Marques Jr. - um jornalista letrista como Orestes Barbosa -, desfrutaria da parceria mais constante. De ambos, entre outros, são os sucessos "Abre a Janela" ("abre a janela, formosa mulher/e vem dizer adeus a quem te adora/apesar de te amar como sempre amei/na hora da orgia eu vou embora..."), de 1938, e "O Homem sem Mulher Não Vale Nada ("saí de casa disposto a procurar/ aquela que há de ser a minha amada/pois o meu coração é que me faz recordar/que o homem sem mulher não vale nada"), do ano seguinte, ambos gravados por Orlando Silva; "Nós, Os Carecas", de 1942, pelo conjunto Anjos do Inferno, e "Sistema Nervoso" (também na parceria com Wilson Batista), gravado por Orlando Correia em 1953..
          De um encontro casual com o humorista Jorge Murad (que por muito tempo teve um programa líder de audiência no rádio, "Pensão do Salomão"), resultou a marcha "Até Papai", também composta com Arlindo Marques Jr., gravada pela dupla Joel e Gaúcho (a mesma do registro original de "Aurora") e bastante cantada no carnaval de 1941. Também o foram a marcha "Que Passo É Esse, Adolfo?", feita com Haroldo Lobo para o carnaval do mesmo ano e gravada por Aracy de Almeida, e o samba "Eu Não Posso Ver Mulher", em companhia de Oswaldo Santiago, ainda em 1941, com gravação de Francisco Alves. Tirante o antes chamado tríduo momesco, esse desassossego criativo de Roberto Roberti fluiria para desaguadouros rítmicos menos agitados e alegres, como nos compassos romanticamente envolventes de um belo fox-canção, "Dos Meus Braços Tu Não Sairás", um dos maiores sucessos interpretados pelo "Metralha", o cantor Nelson Gonçalves.        
          No início dos anos 90, tive a satisfação de conversar com Roberto Roberti, pela manhã, em meios de semana, por várias vezes, ao telefone, quando ele, por exemplo, contava-me histórias das suas músicas, sem que eu, no entanto, por causa do meu horário de trabalho, pudesse conhecê-lo pessoalmente. Eram ocasiões em que ele ligava para o meu pai para avisar que viria ao Rio, vindo do sítio onde morava, em Conrado - distrito de Miguel Pereira -, e ambos, à tarde, ao longo de dois anos, encontravam-se no Centro do Rio para um bate-papo descontraído num bar ou numa leiteria, ocasiões ainda em que Roberto Roberti costumava passar na UBC (União Brasileira de Compositores) para cuidar de um ou outro interesse profissional e rever amigos na entidade. Uma amizade de contato amiudado por dois anos, nascida em Conrado, na casa de Roberto Roberti, vizinho de um tio meu, irmão do meu pai, que o apresentou a ele. Por várias vezes, meu pai esteve lá, nessa paragem fluminense, onde, ainda na casa de Roberti, passou momentos muito agradáveis e divertidos, dos quais até resultaram três marchinhas inéditas dele com o meu velho, que as tem gravadas em audiocassete na voz do próprio anfitrião. Como diz Mário Lago em depoimento dado em raríssimo programa de tevê feito em 1992 com Roberto Roberti pela antiga TV E - da série "Em Algum Lugar do Passado" -, a palavra "inquietação" foi feita esperando que ele nascesse, pois em tudo Roberto Roberti, morto em 16 de agosto de 2004, detectava um motivo para composição. Como neste outro sucesso dele, de 1939, com letra de Arlindo Marques Jr. e gravação de Dircinha Batista: "Música, maestro!/quero ver o meu amor dançar/que bom, ioiô/que bom, iaiá/tá na hora do baile começar/música, maestro!/não deixe o samba esfriar..."

11.2.10

Viva Mandela!!!


No dia 11 de fevereiro de 1990 Nelson Mandela saia da prisão e se abria uma nova etapa na luta para se derrotar o racismo na história da África do Sul .
Ele ficou preso durante 27 anos. Um exemplo de tenacidade - uma esperança ainda para este mundo injusto. Viva Mandela!!!

Do fundo do baú - Ilustração : "Rede"

10.2.10

Qualé Dunga?


Fico a me perguntar: Por que o Dunga não convocou o Ronaldinho Gaúcho? Tudo indica que essa decisão terá por consequência a eliminação da possibilidade de uma futura convocação para a Copa do Mundo que vai se realizar na África do Sul.
Acredito que Dunga perdeu uma grande oportunidade de mostrar sua generosidade e grandeza com um craque. Não que eu queira desmerecer quem entrou nessa lista de convocados, mas o que questiono é a base dessa rejeição -da exclusão de um dos maiores jogadores do mundo - até reconhecido com pompa pela FIFA, em outra oportunidade, e que atualmente voltou a encantar o mundo com suas grandiosas atuações, e quem sabe futuramente poderá até voltar ao pódio, entre os melhores.
Existem uns gaiatos que insistem em dizer que o Dunga não perdoou aquele drible que tomou do Ronaldinho num jogo do passado.
Não creio nisso, pelo que se sabe da história do atual técnico da Seleção Brasileira, ele não é afeito a essas coisas baixas. Foi um grande jogador, um guerreiro em campo, campeão de mundo e tem se revelado um bom treinador. Alguma coisa permanece oculta nessa "marcação" com o Ronaldinho e suspeito que não seja fruto de uma avaliação objetiva.
Vai ser difícil torcer para um time que representa o nosso futebol e excluiu um de seus melhores valores.

Cine Esquema Novo no CCBB


Com um dia de atraso, boto no ar notícia que veio por e-mail e que reproduzo aqui:
 O CineEsquemaNovo - Festival de Cinema de Porto Alegre
traz para o Rio de Janeiro com o patrocínio do Banco do Brasil a
Zona Livre - Mostra Internacional de Cinema,
que de 09 a 28 de fevereiro ocupa as salas do
Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) na capital carioca.


Este é um projeto que começou na edição 2009 do festival,
com a Mostra Zona Livre integrada à sua programação.
Agora, novamente com a curadoria convidada de
Davi Pretto e Bruno Carboni, da Tokyo Filmes,
ampliamos a ideia com muitos (muitos mesmo) filmes inéditos no Brasil.

Além das obras em si, merecem destaques os debates online e offline
com diretores dos longas selecionados.

As conversas online acontecem via Skype,
dentro da sala de cinema e projetadas na tela,
com a escocesa Marianna Palka (diretora de Good Dick),
com Richard Schenkman (diretor de Man from Earth) e com
Harmony Korine, apresentando seu novo "Trash Humpers".

Offline, o diretor norte-americano Cory McAbee (de "American Astronaut" e
"Stingray Sam", ambos na mostra) visita o Rio e conversa com o público
nos últimos dias da programação. O Debate Zona Livre,
com os curadores e convidados, também acontece ao vivo no CCBB.
Ingressos a R$ 6, meia-entrada R$ 3

***
Para maiores informações o Zona Livre também tem um Blog, um Twitter, um Flickr com imagens dos filmes e inserções no Youtube.
Imagino que tudo isso pode ser acessado com uma consulta ao Google.
Boa sorte, guris e gurias! E da próxima vez mandem as informações com um dia de antecedência, pelo menos.

 



 

Do fundo do baú - Ilustração : "Leite sacudido"

9.2.10

Dica do Gerdal: Luiza Dionizio lança seu primeiro CD nesta terça no CCC- a devoção ao samba de raiz por uma imperiana de fé



"Não desfazendo das demais escolas/com seus poetas espalhando amor/tudo que me baila na memória/tem o verde-e-branco em sua cor/...não cito nomes pra não cometer engano/estou falando do Império Serrano."
Seguindo a palavra de ordem já dada pela sambista Geovana no ótimo "Pisa Nesse Chão com Força", que essa tijucana criada na Rocinha e filha de senegaleses fez e gravou com sucesso no início dos anos 70 - com regravação de Jair Rodrigues -, outra negra de indubitável valor dá passos firmes e decididos no terreirão multipiso que o samba ocupa na MPB. Revelada para público amplo pelo Carioca da Gema, como atração fixa da casa, Luiza Dionizio (foto abaixo), nascida e criada na Vila da Penha, mostra a pujança e consistência do seu caminhar lançando o CD "Devoção", um disco que já tardava entre os dos jovens artistas de muito bom nível florescidos nas noites de uma culturalmente rediviva Lapa. Valeu a pena esperar, pois é produção da melhor qualidade, com destaque especial para os arranjos de Paulão Sete Cordas. Aficionada do Império Serrano, escola da chamada raiz do samba no Rio de janeiro, Luiza, coerentemente, levou para o seu CD de estreia esse samba mais autêntico que, na sua voz rica de expressão e vigor, tão bem defende, ainda robustecido pelas diversas rodas do gênero espalhadas pela cidade e que nela moldaram uma personalidade artística. 
     Um bela ode de Delcio Carvalho à escola da Serrinha - "Jardim das Oliveiras", dos versos supralembrados - transmite, por sinal, a tônica das faixas desse magnífico trabalho de Luiza Dionizio, que, nesta terça-feira, 9 de fevereiro, às 21h, vai lançá-lo no Centro Cultural Carioca (Rua do Teatro, 37, nas imediações do João Caetano). Pensando bem, trata-se de uma grande pedida para logo mais, com audição prévia, abaixo, pelo "link" do MySpace. Um disco e uma cantora muito bem-vindos. 
www.myspace.com/luizadionizio1