31.8.10

Gerdal indica: Villa-Lobos in Jazz lança elogiado DVD, nesta terça, no Centro - o legado nacionalista do maestro em surpreendente expressão



"Você é, sem dúvida, o Denzil Best brasileiro": desse modo, encantado e tomado de agradável surpresa, o veterano José Domingos Raffaelli referiu-se ao baterista Otávio Garcia após ouvir o DVD do Villa-Lobos in Jazz, de que este participa. A honrosa alusão do respeitado crítico musical ao finado baterista norte-americano do bebop é, na verdade, apenas parte de um elogio dirigido a todos do conjunto - ainda fortalecido pelo talento do guitarrista Felipe Poli, do contrabaixista Ozias Gonçalves (ex-colega de Otávio e do violonista Zé Neto em outro conjunto, o Descendo a Rua) e do gaúcho Fernando Corona, ao piano -, com "interpretações ótimas e interação notável". Pelo importante e duradouro Música no Museu - projeto com patrocínio de várias empresas, em vários estados -, o Villa-Lobos in Jazz, após shows recentes de lançamento do referido DVD em Aracaju e Maceió, apresenta-se nesta terça-feira, 31 de agosto, às 18h, no Centro Cultural da Justiça Federal ("flyer" acima),  e, motivado por fundamentos esquecidos da nossa formação musical, como as cantigas de roda, leva para a fruição do público, com a liberdade do improviso e a sedução do balanço, todo um universo de elementos eruditos e populares que notabilizou a obra de Villa-Lobos, nutrida, especialmente, dessa informação de base do folclore nacional recolhida pelo nosso maestro número um em diversas andanças pelo país. Isso, no primeiro dos "links" abaixo, é manifesto pelo amigo Otávio, em entrevista para a Globonews, ao passo que, nos "links" seguintes, podem-se ouvir "As Bachianas", "Samba-lelê" e, como um samba suingado, a "Ária da Quarta Corda", de Bach. Papa fina com entrada franca. 
       ***
   

 http://video.globo.com/Videos/Player/Noticias/0,,GIM1292092-7823-VILLA+LOBOS+IN+JAZZ+RESGATA+CANTIGAS+DA+INFANCIA+QUE+INFLUENCIARAM+O+MAESTRO,00.html
 
http://www.youtube.com/watch?v=3FmQnvk_WaQ
 
http://www.youtube.com/watch?v=dazGMmYd2Ds
 
http://www.youtube.com/watch?v=OKSAG3wpfnY

Flagras literários

30.8.10

Programe-se: Lançamento de O Moderno em revistas na Folha Seca


Parece que o dia 31 de agosto foi reservado pelas histórias do jornalismo. É que nesse mesmo dia, a partir das 18,30 horas será lançado na Livraria Folha Seca, o livro O Moderno em revistas, publicado pela Editora Garamond.A obra foi organizada por Cláudia Oliveira, Monica Pimenta Velloso e Vera Lins.
A livraria Folha Seca fica na Rua do Ouvidor, nº37 - Centro
(clique na imagem para ampliar e ler melhor)

Programe-se: Lançamento de Memórias de um Secretário- Pautas e Fontes


O ansiado lançamento do livro de Alfredo Herkenhoff vai ser amanhã - dia 31 de agosto. O título é Memórias de um Secretário - Pautas e Fontes e conta histórias do Jornal do Brasil.
O livro de Herkenhoff tem 430 páginas e será lançado a partir das 18 horas no restaurante anexo ao Capela (que é um um dos locais históricos prediletos de jornalistas, que lá entre um bom prato e outro, discutem suas reportagens, fotos, pautas, ilustrações, charges, o destino do jornalismo e do país) O restaurante fica na Avenida Mem de Sá , nº 98 na Lapa.
Todos lá!

Poema de um Zé Iluminado


Faz pouco tempo ouvi na Rádio BandNews pela voz de Juca de Oliveira, um poema muito engraçado e "dissonante" cujo título era "Ai Se Sêsse. Confesso que o nome do autor eu não consegui ouvir direito. Mas procurei na Santa Internet e descobri que é da autoria de Zé da Luz (retrato aí do lado), um paraibano inspiradíssimo, cujo nome na verdade é Severino de Andrade Silva, nascido em Itabaina em 1904 e falecido em 1965.
Descobri também que esse poema foi lido ou cantado por Lirinha do Cordel do Fogo Encantado. Diz a lenda que Zé da Luz compôs esse poema para provocar aqueles que, contra a cultura popular, defendiam o uso do português-de-salão para expressar o que vai dentro do coração do poeta.
Lá vai ele então: (só tem graça ser for lido em voz alta, por favor)
Ai Se Sêsse
Se um dia nois se gostasse

Se um dia nois se queresse

Se nois dois se empareasse

Se juntim nois dois vivesse

Se juntim nois dois morasse

Se juntim nois dois drumisse

Se juntim nois dois morresse

Se pro céu nois assubisse

Mas porém acontecesse de São Pedro não abrisse

a porta do céu e fosse te dizer qualquer tulice

E se eu me arriminasse

E tu cum eu insistisse pra que eu me arresolvesse

E a minha faca puxasse

E o bucho do céu furasse

Tarvês que nois dois ficasse

Tarvês que nois dois caisse

E o céu furado arriasse e as virgi toda fugisse

29.8.10

28.8.10

Flagras literários

Ferreira Gullar em alguma parte


Recebi pelo correio o convite acima que veio dentro de um envelope branco com endereço escrito à mão com uma bonita letra. No lugar do remetente um selo da Editora José Olympio, que é uma das editoras que mais curto.
É que o nosso maior poeta vivo, o grande Ferreira Gullar vai lançar um livro - Em alguma parte alguma,
O evento vai rolar no dia primeiro de setembro depois das 19 horas na Livraria Travessa - Shopping Leblon na Avenidaa Afrânio de Melo Franco, 290 - loja 205 A
(Clique no convite acima para ver melhor)
Todos lá!

27.8.10

Gerdal indica: Paula Faour apresenta seu novo CD, nesta sexta, no Espaço Rio Carioca - ela conhece o caminho da delicadeza musical



"Do You Know the Way to San Jose?" e "Samba de Verão" numa única faixa, espelho das demais, sem que se ouça, como num "pot-pourri", primeiro uma canção e depois a outra, mas, sim, uma combinação das duas que parece resultar numa terceira composição, um híbrido de sabor renovado: mais ou menos assim e com muita competência e delicadeza, a pianista e arranjadora Paula Faour, revelação do piano jazzístico carioca, empreende um belo passeio musical pela afinidade melódico-harmônica entre os homenageados, o também carioca Marcos Valle e o norte-americano Burt Bacharach. Um disco envolvente do princípio ao fim, em que o toque suave e elegante de Paula, de certo modo, dá continuidade ao CD anterior, "Cool Bossa Struttin`" - de 2003 e produzido por Arnaldo DeSouteiro -, que a projetou, de início, no mercado japonês do disco antes do lançamento nacional. 
         Irmã da atriz e autora teatral Carla Faour e prima de Rodrigo Faour, destacado jornalista e pesquisador de MPB, Paula Faour apresenta-se nesta sexta, 27 de agosto, a partir das 20h30, no Espaço Rio Carioca ("flyer" acima), em Laranjeiras, mostrando outras gemas dos compositores citados, como "Seu Encanto", "What The World Needs Now Is Love", "Preciso Aprender a Ser Só" e "Promises, Promises", de acordo com essa concepção avançada de arranjo em que eles, pelas fusões adotadas, parecem tornar-se um só ou até mesmo não ser mais nenhum dos dois, sem que a obra de ambos se descaracterize. Pelo contrário. Paula, também professora de piano formada pela Escola Nacional de Música da Universidade Federal do Rio de Janeiro, sabe o que faz e, com dedos sedosos ao teclado, percorre o caminho - o seu caminho - que leva o ouvinte a um lugar de beleza e bem-estar instrumental.
***
            Pós-escrito: nos "links" abaixo, 1) Paula Faour toca "Piano ao Entardecer", música feita para ela por Sivuca (que ela, como pianista, acompanhou por alguns anos em muitos shows); 2) juntamente com Carlos Malta (flauta), Jessé Sadoc (trompete), Sérgio Barroso (contrabaixo) e César Machado (bateria) executa o Burt Bacharach e o Marcos Valle inicialmente lembrados no texto acima; 3) com os seus colegas do Quinteto Sivuca e mais Nicolas Krassik, violinista francês radicado no Rio, em participação especial, apresenta "Nilopolitano", de Dominguinhos.
 
       http://www.youtube.com/watch?v=PbYOPNVIyIs       
 
       http://www.youtube.com/watch?v=RCIPSCuVPnc&feature=related
 
       http://www.youtube.com/watch?v=tuSvJ-TFRpg&feature=related
 
       http://www.myspace.com/paulafaour

Micro Teatro: Sexo


Uma mulher e um homem no palco - luz sobre eles, o resto é penumbra

Mulher - Como chegamos até aqui?

Homem - Pagando impostos, ora! Pelo menos é o que me parece.

Mulher- (Senta numa cadeira e liga um aparelho de TV) .
(Uma luz sai do aparelho, mas nenhum som).

Homem- Sabe que eu também gosto de ver, sou louco por imagens. Gostaria de ver seu sexo!

Mulher- ( levanta da cadeira onde havia se sentado)- Não costumo exibir minha genitália assim sem mais nem menos - nem que me pagassem.

Homem
- Nem que pagassem bem? Sua noção de moral por acaso não tem um preço? Um precinho?

Mulher- Não tem preço. Não está à venda. Que gosto teria o senhor em examinar meu sexo? Isso o excita?

Homem
- Sim, me excito. A visão do seu sexo me daria um imenso prazer.

Mulher- Quer dizer que o senhor se satisfaz só em olhar?

Homem- Não, gosto de tocar também, gosto de cheirar, de beijar...de...

Mulher
- Não precisa continuar eu compreendo o quer chegar.

Homem
- A senhora não tem desejos?

Mulher- Tenho, mas gosto da atmosfera romântica, tenho prazer no clima da sedução , tenho fantasias e depois têm que ter simpatia também, sem falar na paixão pelo homem que vai ver meu sexo e me tocar...

Homem- É essa nossa diferença, eu sou objetivo e a senhora subjetiva., cheia de intermediações entre o desejo e o ato...Assim como as outras mulheres e os outros homens,,,nos encontramos em momentos que não conseguimos explicar, nos enganamos quando pensamos que nos amamos... Os homens penetram as mulheres que se deixam penetrar numa atmosfera que os leva a tentar se fundir e o gozo é um momento tão fugaz...Isso tudo é muito estranho...Nem sei como a espécie conseguiu se reproduzir?

Mulher- É na tentativa de superar esse estranhamento que surge algo que nenhum de nós está preparado para enfrentar.

Homem- O que, o amor? O que a leva a pensar que é o amor que surgirá de fato de eu a desejar? Do fato de eu a possuir? Ou melhor, o que a faz supor que o amor é que me faz escolher você?

Mulher
- É uma aposta. Se isso de fato existisse. Ás vezes penso que o estranhamento está em nós, conosco mesmo. Nós não nos entendemos nesse mundo.

Homem- O que a leva a pensar assim?

Mulher
- Foi uma coisa que veio à minha cabeça. Uma imagem, uma pose. Existem autores que gostam de climas assim, e creio que o autor desse texto tem essa filiação...

Homem- Quer dizer que ele acha o mundo um lugar estranho onde estranhos os seres que o habitam tentam tornar mais estranho ainda?

Mulher
- Isso, dizem que faz o maior sucesso. Dizer as coisas pela metade. É arte autoral, além do moderno, é uma sacada de que somos seres solitários e únicos. Somos aparentemente da mesma espécie, mas não nos entenderemos nunca, temos um mistério que nunca revelamos e não entendemos. Não entendemos o que estamos fazendo aqui neste mundo...essas coisas.

Homem
- Entendo! Quer dizer não entendo!... Uma vez uma mulher me revelou que aquele homem com o qual ela estava casada há 15 anos se transformara num ser totalmente estranho para ela. Que paradoxo! Quanto mais ela o conheceu, mais o estranhou...estava vivendo o fim da relação...

Mulher- E o senhor, o que disse?

Homem- Nada, fiquei com pena dele. E dela também...

Mulher- Viu? É isso, é esse sentimento de estranhamento que o autor quer trazer para o primeiro plano!

Homem- Continuo gostando de imagens. Quanto custa a visão do seu sexo?

Mulher- Já disse que não mostrarei nada. Pense bem, é uma idéia muito mais excitante o senhor imaginar meu sexo. Use sua imaginação!

Homem- A senhora quer dizer que a imagem engana?

Mulher
- Por algum tempo. Ela seduz a princípio, mas depois se dilui no meio de milhares de outras imagens e ...o que importa são os sentimentos, algo que supera o fato brutalmente material...

Homem
- Quer ver o meu sexo?

Mulher
- Prefiro ver televisão...
(caminha até um ponto onde está uma TV e liga o aparelho. A mulher se contorce como se estivesse tendo um orgasmo)

Homem- A senhora me surpeendeu e me humilhou, fui trocado por um aparelho de TV.

Mulher- Chega dessa pantomina. Quem vai fazer o supermercado esta semana?

Homem- Eu é que não sou! Fiz a semana passada?

Mulher- Então vou ter que mudar a hora da manicure. Não quero estragar minhas unhas.

Homem- Estou com fome...

Mulher- O jantar está na geladeira, esquente no microondas...

Homem- E você, não vai comer nada?

Mulher- Não, preciso emagrecer. Talvez tome um suco...

(Fecha o pano - na platéia ouvem-se vaias)

Flagras literários

26.8.10

25.8.10

Programe-se: Rubem Grilo e sua arte na Bahia


Um dos maiores artistas brasileiros contemporâneos expõe seu trabalho de xilogravura intitulado "Rubem Grilo Xilo Gráfico 1985 - 2010" na Caixa Cultural Salvador - Rua Carlos Gomes, 57 - Centro.
A visitação começa no dia 3 de setembro e vai até 10 de outubro - horários de Terça a Domingo , das 9 às 18 horas, com entrada franca.
É uma rara oportunidade do soteropolitano ver de perto essa obra impressionante e talvez conversar com seu autor, gente da melhor qualidade.

Flagras literários

Homenagem do Gerdal: Dóris Monteiro - bossa com charme em dó, em ré-mi-fá, em sol-lá-si




"Roubou meu bem/fiz o bobão/roubou meu bem com seu orgulho tão fugaz/ficou com ele/rolou com ele/acreditando que estava me passando para trás/vejam vocês, eu tinha tudo pra morrer de humilhação/mas esperei porque, no fim, vence quem tem mais condição..."

        Não fosse a sorte de estourar, em 1951, no seu primeiro 78 rpm, com a gravação do samba-canção "Se Você Se Importasse", de Peterpan (cunhado de Emilinha Borba), a carreira de Dóris Monteiro (fotos acima, numa delas com Alaíde Costa) teria sido abortada por uma crítica de Sílvio Túlio Cardoso em sua conceituada e influente página no jornal "O Globo". Não levando fé naquela voz miúda, embora sempre bem colocada, da cantora, ele recomendou que ela, então com 17 anos, prosseguisse seus estudos no Pedro II e tentasse a sorte na vida em outra atividade. Curiosamente, nas voltas que o mundo dá, o mesmo Túlio, quatro anos depois, retratando-se do seu erro de avaliação, deu a Dóris, em cerimônia no Teatro Municipal, uma medalha de ouro por "Eu e o Meu Coração", de A. Botelho e Inaldo Vilharim, uma composição tida como moderna para a época. Era, então, um período em que ela, como observa o jornalista e pesquisador Rodrigo Faour, já operava uma transformação na sua relação profissional com a música, vivendo ao microfone a transição do samba-canção para a bossa nova, da qual também é considerada por muitos precursora pelo jogadinho da interpretação, no que, aliás, teve no seu amigo Billy Blanco - autor de um de seus cartões de visita, "Mocinho Bonito", de 1956 - um grande incentivador.
        Em 1955, lançou em outro relevante 78 rpm um incipiente Antonio Carlos Jobim em parceria com Dolores Duran, "Se É por Falta de Adeus", disco que, no entanto, frequentaria por meses a parada de sucessos da ocasião pelo lado oposto, o da gravação do samba-canção "Dó-Ré-Mi", com arranjo de Jobim e composto por um amigo notívago, fabricante de sabonete, Fernando César, a cuja inspiração ela dedicaria todo um dez-polegadas, "Confidências", de 1956, em que também se destacou a valsa "Cigarro sem Batom". Caso a tivesse conhecido antes das suas linhas desfavoráveis a Dóris, Sílvio Túlio Cardoso poderia ter-se fiado no faro artístico da dona Jurema, que, clarividente, ao ouvir, no apartamento ao lado do seu, a então adolescente cantar "Caminhemos", de Herivelto Martins, aconselhou a faxineira que fazia a limpeza no referido imóvel - e mãe da mocinha - a inscrevê-la no "Papel Carbono", histórico programa de calouros de Renato Murce na Rádio Nacional. De família humilde e conservadora, mas dobrando, sobretudo, a resistência do pai - porteiro desse mesmo prédio da Rua Carvalho de Mendonça, em Copacabana, onde moravam -, Dóris, à custa do talento, "foi, cantou e venceu", imitando a popular cantora francesa Lucienne Delyle (então em evidência com "Boléro") e abrindo para si a sonhada porta da fama no meio radiofônico, ajudada, inicialmente, pelo cantor Orlando Correia, que a levou para rápida passagem pela emissora Guanabara, e, mais adiante, após muito "infernizado" por ela, pelo também saudoso Alcides Gerardi (intérprete do samba de sucesso "Tem Bobo pra Tudo"). O gaúcho Alcides morava nas proximidades do prédio de Dóris e, como contratado da Rádio Tupi, a segunda em audiência, indicou-a para um teste na emissora (onde ficou por oito anos), ela que, ainda menor de idade, com alvará do Juizado e acompanhada da mãe extremosa e sempre atenta às "tentações do inconveniente"  - "uma longa trança de um lado, a mãe do outro", diziam -, iniciou-se na noite carioca como "crooner" da boate do Copacabana Palace.
        "Eu vou de cara/mas também vou de coroa/de pilantra e de poeta/traço a reta que me leva à vida boa..." Assim, gravando, por exemplo, Alberto Land ("De Pilantra e de Poeta"), João Donato e João Mello ("Sambou, Sambou"), Maurício Tapajós e Hermínio Bello de Carvalho ("Mudando de Conversa"), Carlos Imperial e Angelo Antônio ("Garota do Pasquim", em homenagem a Leila Diniz), Sílvio César ("O Que Eu Gosto de Você"), Sídney Miller ("Alô, Fevereiro") e Luiz Reis e Haroldo Barbosa ("Fiz o Bobão", dos versos em epígrafe), Dóris Monteiro consolidou um estilo de interpretação - reforçado por quatro elepês em duo com Miltinho, na Odeon, entre 1970 e 1973 - em que ouvi-la significava deliciar-se com o seu charme e a graça personalíssima do seu balanço. Teve, ainda em 1953, atuação elogiada e premiada como atriz no cinema em "Agulha no Palheiro", de Alex Viany, cantando a música-tema feita pelo pianista César Cruz (pai de Cláudio Cruz, presidente do bloco Embaixadores da Folia) e pelo letrista Vargas Júnior, ao qual se seguiriam outros sete longas nacionais - como "Rua sem Sol", em 1954, do mesmo Alex Viany; "De Vento em Popa", em 1957, de Carlos Manga, e "Tudo É Música", de Luiz de Barros, no mesmo ano. 
       *** 
Pós-escrito: nos "links" abaixo, 1) Dóris, em cena do filme "A Carrocinha", de 1955, estrelado por Mazzaropi, canta "Céu sem Luar", do maestro Henrique Simonetti, com letra do ator e jornalista Randal Juliano; 2) em imagens do "Canal Memória", também entrevistada pela artista plástica Pinky Wainer (filha de Danuza Leão e Samuel Wainer), canta "Mocinho Bonito", "Dó-Ré-Mi" e "Palhaçada", esta de Luiz Reis e Haroldo Barbosa; 3) canta "É Isso Aí", de Sidney Miller"; 4) dá o seu recado gracioso em "Comunicação", do carioca versátil Hélio Matheus e Edinho, um sucesso de Vanusa, paulista de Cruzeiro, que defendeu a composição em prestigiado festival de música popular de 1969.             
  
           http://www.youtube.com/watch?v=5maoXBfEMXw
 
           http://www.youtube.com/watch?v=1RqsdkOT03Y&feature=related
         
            http://www.youtube.com/watch?v=BM-zJxgJU20&NR=1 
        
            http://www.youtube.com/watch?v=90RVaYFo5Zo&feature=related  

O Som de Noel Rosa dia 26 de agosto na Casa Rosa -(Grátis)


Marcia Lisboa & Banda vão dar um show chamado "O Som de Noel Rosa- O Poeta da Vila" com suas canções históricas , no dia 26 de agosto na Casa Rosa - Sesc Tijuca -Rua Barão de Mesquita, 539
Meu amigo Rui Carvalho vai dar uma canja cantando "O Gago apaixonado"
Todos lá!

24.8.10

Gerdal Indica: Nonato Buzar, entre amigos, faz show comemorativo, nesta terça, em Copacabana - o carango dos anos dá mais uma volta pela vida



Copacabana veste azul, ou, pelo menos, o Lido, com a presença de Nonato Buzar (foto acima) nesta terça-feira, 24 de agosto, a partir das 21h, no bar do Hotel Ouro Verde (flyer" acima), situado nessa parte do bairro, onde o cantor, compositor e violonista sopra velas por um novo ano de vida em show comemorativo aberto ao público interessado. "Vesti Azul" é hit que remete ao final da década de 60 e, em particular, ao "samba jovem" (com andamento diferenciado, inserção de guitarras elétricas nos arranjos, marcação de palmas e inspirado especialmente em gravações de Chriz Montez sob a batuta de Herb Alpert, do Tijuana Brass) bolado por um sempre "de olho no lance" Carlos Imperial, o que pouco depois foi renominado de pilantragem, pois essa era uma gíria que andava de boca em boca no círculo formado por este e pelos demais envolvidos por essa onda musical, entre eles os arranjadores César Camargo Mariano e Orlando Silveira. Na parceria com o capixaba Imperial, o maranhense Nonato Buzar - ambos, no entanto, sustentando a leveza notívaga do ser carioca - cometeria outro hit, "Carango", em que, mais uma vez, a voz de Wilson Simonal, também presente no "kick-off"  do movimento, seria marcante e definidora desse momento musical paralelo à Tropicália. Na Polydor, em rumo fonográfico diverso ao tomado pelo controvertido parceiro - que gravaria dois elepês do gênero pela Odeon e RCA, num deles com a gozação da "pilantrália" -, Nonato produziria elepê com a Turma da Pilantragem - incluindo participação de excelentes instrumentistas, como Antonio Adolfo (piano e arranjo instrumental), Severino Filho (arranjo vocal), Juarez Araújo, Bijou e Ion Muniz (saxes), Durval Ferreira (violão), Marcio Montarroyos (pistom), Sérgio Barroso (baixo) e Raul de Souza (trombone) - e se destacaria, no limiar dos anos 70, pelo sucesso contínuo em trilhas de novelas da TV Globo, como "Verão Vermelho", "O Homem Que Deve Morrer" (com Torquato Neto) e "Irmãos Coragem" - esta com letra feita, de madrugada, em casa de Nonato, para melodia dele já pronta, por um sonolento Paulinho Tapajós, música que horas depois, ainda pela manhã, passaria pelo crivo de Boni, então o todo-poderoso da programação da emissora, para se tornar a abertura dos capítulos. Detalhe: letra feita na base da adivinhação, pois Nonato, que fizera Paulinho sair de casa à uma da manhã para ir à casa dele (chegando ás duas), com essa finalidade, dormia, e seu parceiro não tinha nenhuma informação de sinopse, apenas o título da novela - e o que este sugeria..   
       No mês passado, Nonato Buzar revisitou a Itapecuru-Mirim natal e declarou a uma FM local que pretende voltar a morar lá, onde ainda tem vários amigos. Desejoso de ver "acontecer" a música do seu estado em larga escala no país, ressaltando nomes como César Nascimento, Carlinhos Veloz, Josias Sobrinho, César Teixeira e Nosly (parceiro constante), disse que a pureza itapecuruense aliada à beleza carioca e à nobreza parisiense (viveu na capital francesa entre 1972 e 1976, gravando em 1975 o elepê "Via Paris") resultariam para ele, nesse amálgama, na melhor cidade do mundo. Ao Rio de Janeiro, por exemplo, dedicou, com letra de Chico Anísio, um magnífico samba de motivação retrô, "Rio Antigo", que, certamente, não ficará de fora das músicas do aniversariante que serão lembradas logo mais, em show a que comparecerão, entre outros, velhos amigos desse Raimundo bem rimado no vasto mundo da MPB, como Roberto Menescal, Danilo Caymmi, Carlinhos Vergueiro, Paulo Silvino (com quem Nonato divide seu primeiro registro em disco, de título algo irônico, "Guerra à Bossa") e o já lembrado Paulinho Tapajós, irmão de Dorinha Tapajós, uma das vozes do coro da Turma da Pilantragem e cedo desaparecida.
       ***             
             
Pós-escrito: Nonato Buzar nasceu em 26 de agosto de 1932 e, no primeiro "link", canta, no palco do Teatro Artur Azevedo, em São Luís, "Voz da América", canção feita com Tibério Gaspar; no segundo e no terceiro "links", "Rio Antigo", por, respectivamente, Alcione e Nanne Reis; no quarto "link", como curiosidade, um sucesso de mesmo título, "Rio Antigo", maxixe composto por Altamiro Carrilho, apresentado no clipe pelo sobrinho Maurício Carrilho e tocado pelo pai deste, Álvaro Carrilho (flauta), Zé da Velha (trombone), Silvério Pontes (trompete) e Valdir Silva (cavaquinho); no quinto e no sexto "links", Simonal canta "Vesti Azul" e "Carango"; por último, de Nonato e Paulo Sérgio Valle, "Dez pras Seis", tema feito para a novela "Minha Doce Namorada", levada ao ar em 1971 pela TV Globo.                   
 
 
         http://www.youtube.com/watch?v=HGZ3tAd1Q7c&feature=related 
              
         http://www.youtube.com/watch?v=L7FTKZyCkVM&NR=1
 
         http://www.youtube.com/watch?v=X7wbRIb2sGE&feature=related
       
        http://www.youtube.com/watch?v=xzxW9mKEqcM
 
http://www.youtube.com/watch?v=x-ERg-LljA4

 
        http://www.youtube.com/watch?v=y7IQ_ltKjmk
       
        http://www.youtube.com/watch?v=LiXRHQzPFFM

Flagras literários

Camisa Preta na Lapa é com o Nani e o Guidacci


Os lendários artistas do traço Nani e Guidacci lançam o álbum Camisa Preta, no dia 25 de agosto, das 19 às 22 horas, no Espaço Lapa Café - avenida Gomes Freire, 453/457 na Lapa
A história é do Nani e o desenho é do Guidacci- Trata-se também do álbum de estreia da Ygarapé no territórios dos adultos.
(mais esclarecimentos veja o flyer acima - clique nele para ampliar e ler melhor)

Gerdal indica: Marcos Ozzellin e seu primeiro CD - o menos que é mais em receita alternativa de boa expressão do samba


Reencaminho, abaixo, a palavra abalizada do niteroiense Aquiles Rique Reis em sua apreciação do CD de estreia desta grata revelação de intérprete que é Marcos Ozzellin (foto acima). Também tenho o disco e o recomendo. O texto do experiente componente do MPB4 foi publicado no último domingo, como de hábito, em sua coluna nos seguintes jornais: "Diário do Comércio" (SP), "Meio Norte" (Teresina), "Jornal de Cidade" (Poços de Caldas), "A Gazeta" (Cuiabá) e "Brazilian Voice" (periódico destinado a brasileiros residentes em toda a Costa Oeste dos EUA).
       Nos "links" seguintes, vemos Marcos cantando "Vatapá", de Caymmi, e "Canto de Ossanha", de Baden e Vinicius.
      
***       
 
http://www.youtube.com/watch?v=ZA7UePCS84k 

http://www.youtube.com/watch?v=HBQ-ysq2kTI&feature=related
 
http://www.myspace.com/cantormarcosozzellin

 
Receita para ouvir samba
Samba bom tem de ter ritmistas que criem alvoroço e façam a cabrocha gastar a sola da sandália; tem de ter surdo de marcação, caixa e repinique; tem de ter cavaco, banjo e violão de sete. Certo? Sim, mas não obrigatoriamente.
Quer confirmar isso? Ouça o CD O samba transcendental de Marcos Ozzellin (selo JSR). Minimalismo: lá estão presentes em todas as catorze faixas uma percussão leve, um violão seguro e a voz afinada do intérprete. Não há mágicas nos arranjos nem seduções dançantes. Há, sim, um apelo à audição de melodias e de letras que marcaram o repertório do samba brasileiro.
Com produção e arranjos de Arnaldo Souteiro, a seleção permite a Marcos Ozzellin demonstrar ser um bom sambista. Paulista de São Bernardo do Campo, ele despontou mesmo foi na nova Lapa Carioca, reduto do pessoal que ama o samba, desde o mais tradicional até o que é composto por novos compositores que por ali brotam cheios de qualidade.
Tudo começa com “Sambou, Sambou” (João Donato e João Mello), uma bela sacada, pois este bom samba andava meio esquecido. O violão suingado de Geraldo Martins e o tamborim de Wilson Chaplin (que parece ser tocado com o dedo, tão leve é sua baqueta) se encarregam de valorizar a melodia e os versos. E a voz agradável de Marcos se sai muito bem. Suas divisões equivalem a uma chave que lhe abre as portas do mundo dos grandes do samba.
Para tocar “Treze de Ouro”, o bem-humorado samba de Herivelto Martins e Marino Pinto, o violão agora está nas mãos de Rodrigo Lima e a percussão continua com a categoria de Wilson Chaplin. A letra, cheia de gracejos da melhor qualidade, serve para o cantor bem dividir os versos e comprovar sua boa dicção.
E vem um clássico de Dorival Caymmi, “O Dengo Que a Nega Tem”. Rodrigo continua ao violão e Chaplin na percussão. O canto de Ozzellin sai fácil, bom de ouvir. Só que, ao alterar uma nota da melodia do refrão (“É dengo, é dengo, é dengo, meu bem/ É dengo o que a nega tem”), ele tira um pouco do sabor da obra do mestre. Não fica claro se tal mudança resulta de desatenção ou é, digamos, uma “licença melódica”. 
“Deixa” tem o surdo tocado por Souteiro acrescido à percussão. Começa lento, só com o violão dedilhado. Marcos canta suavemente, até que há uma modulação e o ritmo acelera, o que dá ainda mais nuança a esse que é um dos mais belos sambas da dupla Baden e Vinícius.
Ithamara Koorax participa de “Bocochê”, outro grande samba de Baden e Vinícius. O desenho do violão tocado Rodrigo Lima é criativo, o que enseja a Ithamara e a Marcos darem mais emoções aos versos. Uma modulação permite que o encontro deles se torne ainda mais vigoroso.
José Roberto Bertrami participa com seu teclado em “Como Será o Ano 2000?” (Padeirinho da Mangueira). Outros ótimos sambas vêm. A saideira é com “Saudações”, de Egberto Gismonti e Paulo César Pinheiro.
Finda a audição, aquilo de menos ser mais faz mais do que sentido, torna-se receita alternativa para se ouvir samba.
Aquiles Rique Reis, músico e vocalista do MPB4.

23.8.10

Flagras literários


(Clique na imagem para poder ver melhor)

22.8.10

Microteatro : para onde vamos?


Uma mulher e um homem no palco - luz sobre eles, o resto é penumbra

Mulher - Como chegamos até aqui?

Homem - Pagando impostos, ora! Pelo menos é o que me parece. Mas hoje alimento muitas dúvidas, além de dívidas...

Mulher - O senhor me parece sempre angustiado, preso à realidade, creio que seria bom sonhar, ser poético de vez em quando.

Homem- Sou materialista, não nego. Sonhar não paga o meu dentista. A senhora já teve uma dor de dente?

Mulher- Não estou aqui para piadas. Defendo apenas a possibilidade de uma vida menos sórdida.

Homem
- O mundo pode ser um cárcere. Já pensou nisto? Nosso corpo a carcaça material em decomposição que carregamos e que imaginamos ser nossa pessoa... a modernidade nos jogou atrás de grades, não temos alternativas de liberação reais, estamos condenados a estabelecer relações degradadas com nossos semelhantes...

Mulher- O senhor está sendo fatalista, brutalmente preso à realidade das sensações...seria ridículo pensar que se porta como um existencialista de quinta!

Homem- Senhora, a modernidade nos jogou atrás de grades, não temos alternativas de liberação reais, estamos condenados a estabelecer relações degradadas com nossos semelhantes...vivemos numa época do fim das utopias, temos o deus do mercado a nos punir. Ou entramos no shopping ou ficamos na sarjeta.

Mulher- Não consegui alcançar o degrau de seu pensamento. Sonhar não seria já uma libertação, melhor dizendo a possiblidade de sonhar...

Homem
- Sonhar é fugir, os sonhos são mentirosos, são trapaceiros, imitam a realidade e nos fazem perder a perspectiva...Se eu sonhasse, alimentaria o desejo de fugir deste sistema.

Mulher- Como fugir? Temos que enfrentar a realidade, criar um caminho, se opor...

Homem - A senhora tem razão, fugir seria uma tolice. Só me transformaria num turista de um mundo insólito. Hóspede de um hotel de escravos, de certo modo um novo tipo de cárcere...Mas isto mostra que meu ponto de vista está certo, Sonhar não é possível...

Mulher- Então o senhor concordará que a liberdade é algo que se alcança apenas quando se age de forma coletiva.

Homem- Não acredito nas masssas. No fundo temo as massas, elas são facilmente inflamadas, manipuladas. A elas podemos creditar o episódio Hitler e outros crimes da história...

Mulher- O senhor não me contaminará com seu pessimismo.

Homem- Muitos amigos meus, otimistas, morreram defendendo um mundo melhor, mas o mundo ficou pior, cheio de bugigangas tecnológicas. Tenho saudades das velhas utopias...

Mulher- Então o senhor sonha...inutilmente, mas sonha com um mundo que já foi melhor em seus sonhos...

Homem- O problema é que hoje este mundo evaporou, sou livre para comprar. Outros nem isso. São sujeitos monetários sem dinheiro,,,

Diretor- Xi, o texto ficou muito intelectualizado e apocalíptico. Onde está o autor?...

Autor
- Senhor diretor , creio que o senhor deveria ter lido o texto antes de encenar...

Produtor- Senhor autor , o diretor tem razão, seu texto não apresenta uma saída...

Autor - (grita desesperado) : - É por alí (aponta para uma seta acesa que se salienta na escuridão do teatro - nela está escrito "Saída" - "Exit").

Flagras literários

21.8.10

Flagras literários

Companhia Estadual de Jazz no Sofitel sábado


Companhia Estadual de Jazz no Bar Horse's Neck
(Hotel Sofitel).
Sábado 21 de agosto, às 21h.
 
A Companhia Estadual de Jazz (CEJ) é um quarteto que toca samba-jazz e que às vezes também atende pelo apelido de "Samba-Jazzificator System" . O grupo conta com a seguinte escalação:  Sergio Fayne no piano, Fernando Clark na guitarra, Chico Pessanha na bateria e Reinaldo no contrabaixo. Esta formação tem um repertório basicamente brasileiro (que até pode incluir algo de John Coltrane, mas desde que tenha um jeitão de João Donato).
 
Bar Horse's Neck - Av. Atlântica , 4240 - Hotel Sofitel .
Sábado 21 de agosto - 21h. - R$20,00.
Tel: 2525-1206

20.8.10

Gerdal indica: Elton Medeiros, 80 anos, inspira homenagem em grande estilo, nesta sexta, no Bola Preta - bem que mereceu




"...hoje ele mudou/já não é mais aquele sujeito pacato/é mais conhecido por Unha de Gato/que ao morro voltou/é mais um marginal"

  Grande samba, esse dos versos acima, em que o personagem Benedito Pereira perfaz uma trajetória oposta à de Pedro dos Santos em "Pedro do Pedregulho", de Geraldo Pereira, em outro samba magistral: Pedro indo da delinquência à regeneração; Benedito, da pacatez à transgressão. Composto com Antônio Valente, "Unha de Gato" - que inspirou a criação de um grupo de samba e choro de Niterói, do cavaquinhista Daniel Scisinio - é uma das maravilhas da lavra de Elton Medeiros (foto acima), em cujo RG (Elto Antonio de Medeiros) parece faltar o "ene artístico" que "sobra" no nome real de um dos seus mais celebrados parceiros, Cartola (Angenor de Oliveira no RG), com o qual divide a autoria de, por exemplo, duas preciosidades: "Peito Vazio" e "O Sol Nascerá", esta com cerca de 60 gravações. Elton, filho de ranchista e, no futebol, um raro torcedor do Olaria, nasceu na Glória, criou-se em Brás de Pina, onde fundou o bloco - depois escola de samba já extinta - Tupi de Brás de Pina -, e, até notabilizar-se pelo uso rítmico da caixinha de fósforos (que "afinava" pela retirada de três ou quatro palitos, deixando-a minimamente aberta para bater, num procedimento e tipo de execução diferentes dos adotados por Cyro Monteiro), já havia tocado diversos instrumentos, como o sax e o trombone (aprendidos no colégio interno João Alfredo, em Vila Isabel), este um instrumento que exercitou animando bailes de gafieira. Em 1963, no Zicartola, famoso restaurante de Cartola e Dona Zica, de curta mas intensa existência, conheceu Paulinho da Viola, seu parceiro mais constante, com quem, entre outros sambistas, dois anos depois, se projetaria, para público amplo, no musical "Rosa de Ouro", vindo da ala de compositores da escola de samba Aprendizes de Lucas, que, mais tarde, no mesmo bairro, agregada à Unidos do Capela, contou com ele na formação de uma nova escola e sua de coração, a Unidos de Lucas. 
        "...vou buscar aquele amor tão meu/sair andando a perguntar/qual o caminho por onde ele foi/e por onde foi irei também/até o coração achar/que simplesmente não achou/e aí, então, vou entender/ que, ao buscar, eu me perdi/de tudo aquilo que eu sou". Outro grande samba, com letra excepcional de Hermínio Bello de Carvalho para outro traço marcante do pendor musical de Elton Medeiros: a sua capacidade de criar lindas e envolventes melodias, sobretudo as de expansão mais intimista no disco, como nessa "Folhas no Ar". Formado em administração de empresas pela Faculdade de Ciências Políticas e Econômicas do Rio de Janeiro e homem de convicção, contrário ao que entende como folclorização do sambista - "tem gente que imagina que, para fazer samba, é preciso frequentar botequim", observa -, Elton Medeiros será homenageado, em grande estilo, pelo talentoso compositor e bandolinista Pedro Amorim e três ótimas formações instrumentais nesta sexta, 20 de agosto, a partir das 21h30, na nova sede do tradicional Bola Preta ("flyer" acima). Ecos ainda do seu recém-chegado octogenário, no dia 22 de julho último. A esse velho amigo do meu pai (que faz 81 no próximo dia 26), dos tempos de batente na Rádio Roquette-Pinto nos anos 60, também me associo - encantado que estou, há tantos anos, com a sua obra - nos parabéns retrospectivos, dedicando-lhe estas modestas linhas de destaque como homenagem. 
        ***
 
Pós-escrito: nos "links" abaixo, 1) Zé Kéti, em imagens do programa "Ensaio", da TV Cultura, da capital paulista, recorda o primoroso samba "Mascarada", dele com Elton Medeiros; 2) o próprio Elton, acompanhado ao violão pelo parceiro Eduardo Gudin, canta "Pressentimento (outra linda parceria com Hermínio Bello de Carvalho), "Minha Confissão" (só dele) e Estrela (dele com Gudin, na melodia, e letra de Roberto Riberti); 3) a cantora Verônica Sabino, ex-Céu da Boca e filha do escritor Fernando Sabino, dá o seu recado cheio de beleza em "Peito Vazio", da tabelinha autoral de Elton com Cartola.              

http://www.youtube.com/watch?v=X_BYC1opLhI
  
http://www.youtube.com/watch?v=KEVHsCJO4aM
 
  

http://www.youtube.com/watch?v=eOOYwegFJr4&feature=related

No Blog do Guina a primeira foto do passado e do futuro


Meu amigo, o grande fotógrafo Agnaldo Ramos publica um blog que trabalha com Fotografia História. Além de craque do fotojornalismo (que se destacou num time de feras do old JB) ele é escritor e sociólogo. Vale a pena abrir os olhos e ver esse novo blog. O link é http://www.afotohistoricanobrasil.blogspot.com/
Dá-lhe Guina!

Flagras literários

19.8.10

Flagras literários

Gerdal indica: Geraldo Azevedo é grande atração desta quinta, na Lapa, com Thaís Villela, em show "sambacana" de Micheline Cardoso


No início dos anos 70, ainda adolescente, tive a satisfação de ver adentrar o apartamento em que eu morava com a família, no Bairro de Fátima, dois músicos cabeludos, talentosos, cada qual com o seu violão, que, pouco depois, ao longo da noite e até o início da madrugada, encheriam a sala de música bonita e inédita, deles próprios, com vistas a um elepê conjunto que queriam gravar - aliás, de fato, gravado pela Copacabana, em 1972, sem, no entanto, a divulgação adequada. Desconhecidos, então, do grande público, eram Geraldo Azevedo e Alceu Valença - pernambucanos de Petrolina e São Bento do Una, respectivamente -, que chegavam com o amigo Marco Versiani (publicitário e letrista, parceiro, entre outros, de Dom Salvador, Maurício Einhorn, Lisa Ono e do falecido Helvius Vilela), e me lembro que, até o referido registro em disco, composições como "Talismã" e "Novena" não me saíam da mente, tal o encantamento com que eu as ouvira, com o meu pai, Geraldo José, também presente e atento. Anos depois, em 1974, meu pai, na sua atividade de sonoplasta, trabalhando em filme de Sérgio Ricardo, "A Noite do Espantalho", reencontraria Alceu, protagonista, e Geraldo Azevedo, também no elenco. A partir daí, para minha satisfação ampliada, a trajetória de ambos torna-se bem conhecida por quem curte a nossa música popular, graças ao sucesso que já obtiveram com sucessivos discos e shows, até mesmo no exterior, e, fundamentalmente, canções, como "Anunciação", de Alceu, e "Dia Branco", de Geraldo e Renato Rocha, cada um, agora, seguindo a sua estrela-guia. 
       
Lembrei-me desse episódio familiar para afirmar a minha admiração pelo trabalho desses artistas e, particularmente, recomendar a participação especialíssima de Geraldo Azevedo, nesta quinta-feira, 19 de agosto, no Espaço Imaginário (Av. Gomes Freire, 453/457 - Lapa - "flyer" acima), às 20h, no show que Micheline Cardoso, revelação do "samba plugado" - isto é, conectado com o bom gosto -, vem fazendo, regularmente, nesse endereço. Também presente ao show, como convidada, outra cantora, da nova geração do samba mais ligada na tradição, a morena Thaís Villela, filha do experiente locutor Arildes Cardoso.
       
***
Nos "links" abaixo, 1) ainda bem moço "pra tanta alegria", no programa de Hebe Camargo, Fagner mostra "Dona da Minha Cabeça", de Geraldo Azevedo e Fausto Nilo; 2) numa colagem de imagens, a voz de Geraldo Azevedo em "Moça Bonita", parceria com José Carlos Capinam; 3) Thaís Villela, no bar do Hotel Sofitel, "levando" trechos de vários sambas; 4) numa interpretação em clipe, a voz de Micheline Cardoso conduz a bom paradeiro o "Samba sem Destino", dela e do tecladista e arranjador Luiz Antonio Gomes, do conjunto Banana-mix; 5) Geraldo Azevedo e Micheline Cardoso cantam "Caravana", de Geraldo Azevedo e Alceu Valença (uma daquelas que pude ouvir, em casa, antes do elepê de 1972)  e "Táxi Lunar", de Geraldo Azevedo, Alceu Valença e Zé Ramalho.   
       *** 
         

http://www.youtube.com/watch?v=rgjttAHn0y0&feature=related
           
         

http://www.youtube.com/watch?v=f2KKwQm16DE&feature=related
 
         

http://www.youtube.com/watch?v=GePFRAGrf80&NR=1
 
         

http://www.youtube.com/watch?v=HUe4aVOjnmI 
 
         

http://www.youtube.com/watch?v=1TS8AoBSB-8&feature=related

18.8.10

Gerdal indica: Tomás Improta recebe Carlos Malta, nesta quarta, no Lapinha: encontro de virtuoses em mais uma etapa do Bossanovíssima!




Defendendo, em grande estilo, a "gaita" da sobrevivência com a exuberância do sax e da flauta, no seu sopro internacionalmente apreciado, o virtuose Carlos Malta (foto acima) dá largas à improvisação nesta quarta, 18 de agosto, a partir das 20h30, no Lapinha (Av. Mem de Sá, 82 - sobrado - tel.: 2507-3235), tocando com outro virtuose, o pianista Tomás Improta (foto acima), ex-Doces Bárbaros e filho do pianista e renomado crítico de música clássica Eurico Nogueira Lima e da pianista erudita Ivy Improta. Com o seu valoroso quarteto - ainda formado por Tony Botelho (baixo), Dado (sax e flauta) e Victor Bertrami (bateria) -, Tomás, pai do destacado violonista Gabriel Improta, dá continuidade ao Bossanovíssima!, antes levado a efeito no TribOz, também na Lapa, uma série de bossa "free" que revaloriza "standards" e acentua o frescor de novos temas. 
        Assim, egresso, como o baterista Márcio Bahia, o contrabaixista Itiberê Swarg e o pianista Jovino Santos Neto, do grupo de instrumentistas que, por anos a fio, colaborou com o mago da experimentação Hermeto Pascoal, o carioca Carlos Malta, autodeclarado cantor de banheiro com ganas de soltar a voz em disco próprio de carreira, está, portanto, no Bossanovíssima!, muito à vontade, "à la Donato", para proporcionar, logo mais, aos presentes momentos de enlevo, no exercício lúdico da sua criatividade ritmicamente "nordestinada". A "mudernidade" do seu pife não engana: é firme na execução da brasilidade e não pifa na universalidade da intenção.
        *** 
 
Pós-escrito: nos "links" abaixo, 1) Tomás Improta, entre outros músicos, acompanha o violonista e compositor Jorge Bonfá, sobrinho-neto de Luiz Bonfá, em "Suburbana" (de Jorge Bonfá); 2) dois virtuoses, Carlos Malta, à flauta, e Ricardo Herz, este radicado na França, ao violino, tocando "Feira de Mangaio", de Sivuca e Glorinha Gadelha; 3) mais um grande músico em ação com Malta, o pianista e ex-médico homeopata Leandro Braga.             

 
   http://il.youtube.com/watch?v=CWi0if9vd8E&feature=related
 
   http://www.youtube.com/watch?v=AbIsfDwd8dU
 
   http://www.youtube.com/watch?v=Mt5PsFtRyvI&NR=1

Flagras literários

As histórias das canções de Paulo César Pinheiro


Vai ser hoje, dia 18 de agosto, o lançamento do livro Histórias das Minhas Canções, de Paulo César Pinheiro, na ABL (Academia Brasileira de Letras).
Av. Presidente Wilson, nº 203 - térreo
Todos lá!

17.8.10

Programe-se: Show "Tangos e outras delícias de Sérgio Sampaio" com Juliano Gauche e Duo Zebedeu


(Recebi, muito contente, o flyer e material de divulgação de CD que lembra meu saudoso amigo Sérgio Sampaio, um gênio que veio de Cachoeiro e invadiu as praias do Rio de Janeiro e as ruas de Sampa botando seu bloco na rua com furor e criou uma obra única, incomparável. Atenção: - o texto é do release e não esqueça de clicar no flyer para ampliar e ler melhor)

Depois de dois anos na estrada apresentando o espetáculo “Tangos e outras Delícias de Sérgio Sampaio”, Juliano Gauche e o Duo Zebedeu, formado por Fábio do Carmo e Júlio Santos, entraram em estúdio para reproduzir em disco doze canções de autoria do compositor cachoeirense, Sérgio Sampaio. Entre essa dúzia de canções está Hoje Não, música inédita, que empresta o nome ao disco. Sérgio é o autor do mega sucesso Eu quero Botar meu Bloco na Rua, lançado no início dos anos 70, até hoje executada nas rádios e conhecida por boa parte dos brasileiros. O “Bloco” recentemente foi sublimado pela Revista Rolling Stones entre as 100 melhores e mais importante músicas do cancioneiro brasileiro. Mas Sampaio é mais que isso, além de ser uma espécie de antítese magra e boêmia de seu conterrâneo Roberto Carlos, ele é um compositor singular, sem semelhanças com quem quer que seja. Influenciador e parceiro de Raul Seixas, mas bem mais perto do samba-canção que do rock; Influenciado por Orestes Barbosa, Silvio Caldas e Lupicínio, a ácida atemporalidade autobiográfica de sua obra indica outros caminhos bem mais tortuosos que o de serestas e boleros. O disco, com direção artística e produção de João Moraes, organizado pela Patuléia Produções, foi gravado em Setembro de 2009, mixado e masterizado em Outubro por Éber Pinheiro. O miolo das intenções desse álbum é a valorização das canções levada às últimas conseqüências. Na contra-mão das tendências sampleatórias e descoladas, Hoje Não é um disco simples e clássico; dois violões de cordas de nylon e uma voz. Juliano Gauche e o Duo Zebedeu interpretam as composições de Sérgio Sampaio, urgentes, intimistas, viscerais. Como se estivessem sentados à mesa de nossas casas em uma noite boa e farta.
 
Saiba mais e veja algumas imagens e informações sobre o CD “Hoje Não”:
http://www.myspace.com/tangoseoutrasdelciasdesergiosampaio  
http://www.youtube.com/watch?v=anXjixP_UTU
http://www.youtube.com/watch?v=sC3cEnSB-3g (Que Loucura)
www.myspace.com/velhobandido
www.hojenao.com.br/hojenao
 http://www.youtube.com/watch?v=HUVdqLv6vNs&feature=related
Serviço:
Juliano Gauche & Duo Zebedeu apresentam o show “Tangos e outras delícias de Sérgio Sampaio”
Clube Noir - Rua Augusta, 331 - Consolação – SP
Dias 19 e 26 de agosto de 2010, Quintas-Feiras, 22h

Couvert Artístico: R$ 10,00 – Aceita Cartões
Duração: 90 min. - 150 lugares
Classificação: Livre – Acesso Universal
Informações: 3255 8448 ou 3257 8129
Produção: Sil Ramalhete – Realização: Patuléia Filmes e Eventos
Apoio: Sylvio Passos, Raul Rock Club & O AUTOR NA PRAÇA.
Imprensa: Edson Lima – 9586 5577 – imprensa@oautornapraca.com.br

Lançamentos da Folha Seca


(Clique no flyer para ampliar e ler melhor)

Homenagem do Gerdal: Waldir Calmon - o pianista-referência de um Rio de Janeiro romântico e feito para dançar







 "Vou-me embora pro passado/que o passado é bom demais!.../os homens lá do passado/só andam tudo tinindo/de linho Diagonal/tem Alvarenga e Ranchinho/tem Jararaca e Ratinho/aprontando a gozação/tem assustado a vermute/ao som de Waldir Calmon..."
(do longo poema "Vou-me Embora pro Passado", do paraibano Jessier Quirino)

    
 
       Expressão musical, no topo da carreira, nos anos 50, de um Rio de Janeiro bem menos populoso, romântico e ainda ameno, o pianista Waldir Calmon (desenho e fotos acima), mineiro de Rio Novo, festejaria uma centena de verões no ano vindouro - era de 30 de janeiro de 1911. Tentou, a princípio, ao chegar à antiga capital da República, em 1936, a sorte como cantor, indicado pelo amigo Benedicto Lacerda para apresentações nas Rádios Guanabara e Transmissora, mas, pouco depois, trocaria acertadamente essa veleidade pelo piano, sendo dele, ainda como Waldir Gomes, o acompanhamento nesse instrumento da gravação original de Ataulfo Alves para "Leva Meu Samba", em 1941.Três anos depois, formou o seu primeiro conjunto, Gentlemen da Melodia (foto acima), com o qual tocou na boate Meia-Noite, do Copacabana Palace; animou, a convite de Eva Todor e Luís Iglesias, intervalos de espetáculos nos Teatros Rival e Serrador e marcou presença no Cassino Atlântico, em Santos. De lá foi para São Paulo, onde se tornou atração da boate Marabá, regressando dessa capital, em 1947, para atuar na então recém-criada Night and Day, quando os cassinos já estavam fechados em consequência do "choque de ordem" do governo Dutra. Oito anos mais tarde, deixando essa boate de neon cole-porteriano, criaria, no Leme, uma própria, referência das luas cariocas (motivadora do sacudido "Samba no Arpège", dele e do pernambucano Luiz Bandeira, e de uma de suas séries de elepês, "Uma Noite no Arpège - 1, 2 e 3") e rival de uma bem próxima, Drink, do também pianista Djalma Ferreira, situada nesse mesmo bairro praieiro, que dá título a gostoso samba de Roberto Nascimento, Armando Cavalcante e Vítor Freire, gravado por Johnny Alf ("Leme, a capital da madrugada...")  Em 1968, veio o canto de cisne do Arpège, pelo qual passaram, entre outros artistas de renome, João Gilberto, Tom Jobim e Ari Barroso, onde Vinicius conheceu Baden Powell e, em 1966, Chico Buarque fez um dos seus primeiros shows, ao lado de Odete Lara e do MPB4.
       Waldir Calmon foi, nos anos 50, pioneiro na gravação de discos de 10 e 12 polegadas com faixas únicas de "pot-pourri" (em um dos lados das bolachas), ininterruptas, próprias para a animação de festas domiciliares, extensão em microssulco dos concorridos shows dançantes que fazia em boates, clubes e até mesmo bailes de formatura. Também ajudou, nesses idos, a difusão do solovox (teclado acoplado ao piano, precursor do sintetizador), tocando no primeiro deles a chegar ao Brasil. Ele, que gravou "Rock Around the Clock" em ritmo de samba, lançou, em 1956, pelo selo Rádio, o elepê "Samba, Alegria do Brasil", que virou marco da discografia nacional porque dele saiu o registro de "Na Cadência do Samba" (Que Bonito É!"), um gol de placa do compositor Luiz Bandeira (que também passou pela Meia-Noite e seria "crooner" da Drink), inesquecível tema do futebol nas edições do cinejornal Canal 100, do "bon vivant" Carlinhos Niemeyer. Também marco da nossa discografia tornou-se outra das séries gravadas por Waldir Calmon, a Feito para Dançar - do primeiro ao duodécimo album -, ainda pelo selo Rádio, vendendo como banana na feira e mesclando destaques dos "hit parades" nacional e internacional. Trabalhando com pequenos conjuntos e grandes orquestras, de acordo com a solicitação do momento, ele teve em sua companhia grandes músicos, como os bateristas Édson Machado (que começou no Arpège) e Mílton Banana (que, antes de tocar com Waldir, era percussionista), o guitarrista Paulo Nunes e os percussionistas Rubens Bassini e Eddie Mandarino. Nos anos 70, passou pela churrascaria Roda-Viva, na Urca, e pelas cervejarias Bierklause, no Lido, e Canecão, em Botafogo, nesta por sete anos, com sua orquestra de baile, antes e depois do show principal. Bebia apenas água e refrigerante, mas fumava muito, morrendo de infarto do miocárdio em 1982. Um músico que, segundo Sérgio Porto, impressionava pela técnica, pelo virtuosismo, pela versatilidade e pela capacidade de adaptação a todos os ritmos dançantes, "tão verdadeiro num mambo, numa guaracha ou num foxtrote".                           ..
    ***l    
 
Pós-escrito: 1) em duas das fotos acima, vemos Waldir Calmon apoiado em uma das suas paixões, o automóvel, sendo proprietário de vários, e ensaiando com Angela Maria para a gravação do elepê "Quando os Astros Se Encontram, de 1958, pela Copacabana. Amboa eram os maiores vendedores de discos da gravadora na ocasião;
                  2) nos "links" abaixo, 1) Waldir Calmon em raro registro dos anos 50, na TV Tupi, tocando piano e solovox com o seu conjunto (como o filme era orginalmente mudo, foi animado musicalmente pela gravação de "Samba no Arpège", de 1957); 2) ele e seu conjunto no longa-metragem "Hoje o Galo Sou Eu", de Aloísio T. de Carvalho, tocando o "Concerto Número Um", de Tchaikovsky, a "Polonaise", de Chopin, "Samba no Arpège" e acompanhando Neusa Maria em "Nova Ilusão", de Zé Menezes e Luís Bittencourt; 3) imagens do futebol embaladas pela famosa gravação utilizada pelo Canal 100; 4) como curiosidade, Márcia Calmon cantando "Pedacinhos do Céu", de Waldir Azevedo com letra de Miguel Lima (ela é criadora e mantenedora de um site em memória do pai), acompanhada pelo violão do marido, o internacional Tranka, maestro e realizador de numerosos shows no Brasil e no exterior, o qual, nos anos 70, tocou com Harry Belafonte, o rei do calypso, em turnê mundial.
  
         http://www.youtube.com/watch?v=7JHHK2ktWG4&NR=1
 
         http://www.youtube.com/watch?v=hfUIeYJSPrw&feature=related
 
         http://www.youtube.com/watch?v=5uCPo6p97Pw&NR=1
      
         http://www.youtube.com/watch?v=P_adT8JxrEI

Flagras Literários

16.8.10

15.8.10

Gerdal Indica: Alberto Rosenblit apresenta seu novo CD neste domingo em show no Teatro Café Pequeno - a inspiração de bem com a canção


Ouvindo um dos audiocassetes que Alberto Rosenblit (foto acima) fazia em casa e distribuía por aí, o músico Roger Henri, por causa do que lhe caiu nas mãos, chamou-o para trabalhar na TV Globo na composição de vinhetas. Foi o "abre-te sésamo" de cobiçada porta profissional para esse talentoso pianista, flautista, compositor e arranjador, também formado em engenharia pela PUC, que, passando ainda por uma etapa na emissora como assistente de Wagner Tiso nas minisséries "Meu Marido" e "O Sorriso do Lagarto", tornar-se-ia um dos mais laboriosos produtores musicais do país, atividade, de fato, iniciada - com trabalho todo próprio - na extinta TV Manchete, em "Floradas na Serra", baseada em clássico de Dinah Silveira de Queiroz. Até o convite do produtor niteroiense Roger Henri, em fins dos anos 80, Alberto já se fizera conhecido como músico acompanhante e diretor musical de Simone, Nara Leão, Joanna e Sá e Guarabyra, entre outros, e, em "rewind" ainda mais avançado, por sua participação em festivais estudantis e em grupos, como a Banda de Lá e o Desbundeto, logo rebatizado de Céu da Boca. Nessa ocasião, conheceu o igualmente talentoso Mario Adnet, cuja centelha autoral o fascinava, e, com a amizade e a afinidade melódico-harmônica, surgiu o primeiro disco de ambos (foto de capa abaixo), um dos melhores instrumentais de 1979 para a crítica especializada. Na TV Globo, a lida marcante de Alberto está presente, especialmente, entre tantas demandas consumadas, na abertura do "Você Decide", no tema do programa de Jô Soares, gravado com metais em estúdio, e, quanto a minisséries, inteiramente autorais, nas trilhas de "Incidente em Antares", com base em romance de Érico Veríssimo, e "Presença de Anita", com base em outro romance, escrito por Mário Donato.
        Alberto Rosenblit é filho da pianista Clara Rosenblit e, com ela, teve a sua primeira instrução musical, seguida de aulas com vários professores de nomeada, entre os quais Wilma Graça, Esther Scliar, Odette Ernest Dias, Ian Guest e Mário Tavares (este ministrando aulas de arranjo durante curso de verão em Teresópolis, na Pró-Arte). Como desdobramento natural da sua obra na tevê vestindo imagens com temas apropriados, à luz do, não raro, "lusco-fusco" da orientação de um diretor de novela, por exemplo, ele, em 2001, lançou um magnífico CD, "Trilhas Brasileiras", esteticamente delicado, autorreferenciado e sinfônico, com estro repousado em cama instrumental "king size" de grande orquestra, no qual se destacam temas seus, como "Vargem Grande" (para a Mata Atlântica, "uma paixão"); "Na Rua Sol Maior" (para Wilma Graça); "Os Meninos" (para os filhos); "Happy End" (tributo ao cinema, "outra paixão"); "Domingo" (para a mãe); "Gershwiniana" (para o amigo e excepcional trombonista Vittor Santos, produtor artístico do CD); e o jobiniano "De Bem com a Vida" (belíssimo e modestamente dedicado a si mesmo, em faixa de abertura com título sacado pela esposa, a quem dedicou "Blue Window").
        Neste domingo, 15 de agosto, no Teatro Municipal Café Pequeno (Av. Ataulfo de Paiva, 269 - Leblon - tel.: 2294-4480), às 18h, o amigo Rosenblit, um rematado boa-praça, faz show que dá destaque ao recém-lançado "De Bem com a Vida" (pegando carona no anterior, agora com letra), que conta, entre outras, com parcerias de Costa Netto, Joyce, Luiz Fernando Gonçalves e Paulinho Tapajós) e com a voz de Ivan Lins, Leila Pinheiro, Lenine, Zélia Duncan e Mônica Vasconcelos, por exemplo. O show de hoje ("flyer" acima), como o de ontem, é abrilhantando pela participação especial de Marianna Leporace e Cláudio Nucci. Um disco recomendado, sobretudo, para quem, musicalmente, tem vida própria - isto é, autonomia de gosto - e está de bem com a própria vida. 
       

Flagras Literários

14.8.10

Gerdal indica: (dá tempo ainda): Bandeira Brasil reedita seu pagode de sucesso em Botafogo, a partir deste sábado, e chama pra roda Noca da Portela




 
Compositor surgido, como outros, da sombra de famosa tamarineira, na quadra do Cacique de Ramos, para o reconhecimento popular, Alcemir Gomes Bastos, o Bandeira Brasil (foto acima), inicia neste sábado, 14 de agosto, no Boteco Fala Sério (Rua Arnaldo Quintela, 87 - Botafogo - tel.: 2541-2442), das 12h às 20h, o Pagode do Bandeira, reeditando aquela série de rodas de samba que também comandava e ocorria, na década de 80, no mesmo bairro, ao lado do Canecão. Gravado com sucesso por Zeca Pagodinho e Beth Carvalho, o batalhador Bandeira também se destaca como um empreendedor pela valorização da cultura popular, em particular o chamado samba de raiz, por, ainda, outras iniciativas de relevo, como o Bonde do Samba, nesta com batucada itinerante no tradicional meio de transporte que liga o Centro do Rio às elevações de Santa Teresa, animação que tem continuidade no Largo das Neves.              
         Bandeira é parceiro de craques como Nelson Cavaquinho, Geraldo Babão, Delcio Carvalho, Arlindo Cruz, Wilson Moreira e Monarco, por exemplo, tem ótimo CD já lançado, "A Cor do Samba", e o seu pagode de agora ("espaço democrático em que os compositores da minha geração e os mais novos podem mostrar suas obras", como afirma), regularmente, além do sábado, será realizado na sexta, tendo o magnífico violão de João de Aquino como atração no próximo dia 20 no Fala Sério, quando a boa música instrumental também marcará presença, incluindo o choro. Acompanhado pelo conjunto Palpite Feliz, Bandeira lembra hoje sambas seus, como "Tamarineira", feito com Zeca Pagodinho e gravado por este, e, depois, Noca da Portela, convidado especial, canta sucessos da sua fieira autoral, como o belíssimo "Vendaval da Vida" ("Vou sorrindo/pelo meu interior, chorando..."), da parceria com Delcio Carvalho e de memorável gravação por Aroldo Santos. Aos comensais, além de itens costumeiros da gastronomia de boteco, um apetitoso cozido consta entre os pratos do dia.
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Pós-escrito: nas fotos acima, Bandeira Brasil aparece ao lado de Beto sem Braço (também parceiro dele), já falecido e um dos autores (com Aluízio Machado) de "Bumbum-paticumbum-prugurundum", samba-enredo do campeonato do Império Serrano conquistado na passarela em 1982, e de Paulo Sete-Cordas (com barba), violonista, arranjador e produtor, nome de proa na atualidade fonográfica do samba.