31.7.15

Cartum da Expulsão do Paraíso

Do fundo do baú: um cartunzinho que mais uma vez brinca com a expulsão do Paraíso.

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30.7.15

Cartum: Quixote e o neoliberalismo

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29.7.15

Torre de Babel - empreiteiras globais

Do fundo do baú: um cartunzinho sobre a Torre de Babel
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28.7.15

Cartum: orígens do Cinema

Do fundo do baú - cartunzinho pra iniciar a semana




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26.7.15

Caricatura: Mick Jagger

Hoje é aniversário do cara: Mick Jagger
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Cartum: Quixote e a modernidade

Do fundo do baú, um cartunzinho "quixotesco"
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25.7.15

Cartum homérico

Do fundo do baú: cartunzinho "se berber, não dirija, nem leia..."
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24.7.15

O documentário "Vilanova Artigas - o Arquiteto e a Luz" continua mais uma semana em cartaz



Notícia boa, o documentário Vilanova Artigas - O Arquiteto e a Luz ganhou mais uma semana em cartaz!Essa é a última chance de quem não viu! Confiram as salas e horários dessa semana clicando na imagem para ampliar e VER melhor.
É grátis.
Eu fui ver, na semana que passou e escrevi o seguinte:
Cheguei do cinema agora. Consegui assistir, comovido, no último dia, ao documentário "Vilanova Artigas - O Arquiteto e a Luz". Filme importante, diria necessário: aula de arquitetura - urbanismo, de história, que resgata a importância do trabalho dessa figura magnífica de artista-pensador que propunha, desenhava e praticava uma arquitetura aberta, voltada para , na falta de uma palavra definitiva- o "habitar social", mesmo em seus projetos de menor envergadura.
Deveria passar nas escolas secundárias, nas escolas técnicas, e ser matéria obrigatória dos cursos de arquitetura desse país.
Quero agora falar do filme: Muito bem realizado, é a prova, antes de mais nada, do carinho e do respeito de Rosa Artigas (filha) e de Laura Artigas (neta) para com o gênio que tinham dentro de casa. Elas foram cavoucar arquivos de jornais, trechos de filmes de época, fotos, projetos, traços, rabiscos, cartas, documentos oficiais, buscaram amigos, grandes arquitetos, gravaram depoimentos, tudo que estava relacionado com o trabalho desse homem singular que, sem dúvida ajudou a revolucionar a arquitetura moderna brasileira .
Fizeram uma exposição brilhante de sua trajetória. É muito bom ver Marco Artigas Forti (neto) explicando a obra do avô enquanto visita a "casinha" que ele havia construído para morar com Virgínia (esposa de Artigas) nos seus primeiros tempos em São Paulo. Curti ver o sociólogo Reginaldo Forti (genro), lembrando da dedicação do sogro, estudando em meio a livros e artigos, nos momentos em que foi obrigado a "defender sua tese de doutorado" dentro do prédio que ele projetou (A FAU-USP).
Não posso esquecer aqui do nome de Pedro Gorski, que junto com Laura dirigiu um filme - uma obra, que no recorte biográfico, resgatou um pedaço de nossa História, com muita competência técnica e sensibilidade. E gostaria de aplaudir aqui também a trilha sonora, muito bonita, que ajudou o fluir das imagens.
E já que estou falando em beleza, quero dizer aqui que expuseram muito bem os ângulos das obras filmadas e a luz que nelas jorra .
Gostei também de rever Virgínia na tela grande - nas fotos antigas dela, linda, sorridente. Ela que foi esposa e companheira "política" do arquiteto. Ela também artista - que decerto deve ter contribuído em muito com as cores da obra que ele edificou.
Obs: Se um dia voltar a SP quero morar no Edifício Louveira - fiquei apaixonado! Baixou até um desejo de ir ao Morumba assistir a um clássico, só que disfarçado, pois sou Palestra nas terras dos bandeirantes.

Mais um cartum sensacional de João Zero para alegrar o dia: Teste de DNA?

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Caricatura de Amy Winehouse

Ontem eu deveria ter lembrado que era dia de lembrar Amy. Aqui vai uma caricatura dela que postei neste blog, quando ela ainda estava viva e eu esqueci de botar as tatoos dela.
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23.7.15

Cartum sobre Tatoo

Cartunzinho reciclado
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19.7.15

Lançamento de Livro e bate-papo no Midrash: Tema "Diários da patinete", cidades multi culturais, humor

Vai rolar um bate-papo bacana amanhã, dia 20 de julho, a partir das 19,30 horas, no Midrash Centro Cultural. Fica na Rua General Venâncio Flores, 184, no Leblon.
O bate-papo vai girar em torno do tema viver e refletir com humor nas cidades modernas - multiculturais, objeto do livro "Diários da Patinete: Sem um Pé em Nova Iorque", de Lidia V. Santos, que eu tive a honra e prazer de ilustrar.
Na conversa , entra também a jornalista e escritora norte-americana Julia Michaels, que escreveu um livro sobre sua experiência sui generis no Rio ("Solteira no Rio de Janeiro"). A mediação do papo será feita pela Professora da PUC-RJ, Clarisse Fukelman.


Todos lá!
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18.7.15

Cartum - Estilos : CUBISTA

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17.7.15

Billie Holiday - No fio da navalha, a essência visceral do jazz


( O texto que rola abaixo é de Jorge Sanglard (*)


Billie Holiday (7/4/1915 - 17/7/1959) foi a maior cantora de jazz de todos os tempos. Lady Day chegou a ser chamada de ‘Lester Young do jazz vocal’, numa referência ao grande expoente do sax tenor. E não é para menos, pois ninguém no canto jazzístico foi mais influente e deixou uma contribuição tão significativa quanto Billie. Os 100 anos de seu nascimento estão sendo comemorados desde 7 de abril de 2015 e os 56 anos de sua morte serão celebrados neste 17 de julho. E são momentos de reflexão sobre seu papel no universo do jazz moderno.
Sua voz, carregada de emoção, marcou uma inovação determinante no universo do jazz ao insinuar uma interpretação impregnada de lirismo e de sensualidade. A concepção do fraseado de Billie foi única e insuperável. E seu domínio sobre o que cantava foi completo. Nenhuma cantora, até hoje, conseguiu viver a música com a intensidade de Billie. O prazer e a dor, a sofisticação e a marginalização, os grandes clubes e a prisão, a sedução e a melancolia, a suavidade e a exasperação, o sucesso e a discriminação acentuaram os contornos que tornaram o mito Billie Holiday indestrutível.
A droga, a bebida, a prostituição, o racismo e a violência do cotidiano forjaram cicatrizes vivas em Billie e se tornaram determinantes no mosaico que compôs sua trajetória ao longo de 44 anos de vida. Uma vida pessoal sombria e uma performance cultuada como cantora maior do jazz marcaram a ascensão e a queda de Billie Holiday de forma dramática. À medida em que conquistava projeção como artista completa, Billie mergulhava fundo na autodestruição via álcool e droga. Billie lutou contra tudo e contra (quase) todos. Mas não resistiu à pressão que a cercou durante sua meteórica passagem pela vida norte-americana por quase quatro décadas e meia. 
O jazz teve em Billie Holiday uma matriz inspiradora inigualável e uma permanente fonte de influências, além de uma cantora que provocou inovações e deixou um rastro invejável. Qualquer referência sobre Billie Holiday é um convite para ouvir seu canto único. Mesmo o mais desavisado, certamente, será seduzido por sua voz docemente amarga e por sua capacidade de viver a música com uma intensidade apaixonante e apaixonada.
Seu canto continua mais vivo que nunca e, graças às amplas possibilidades tecnológicas oferecidas pela remasterização digital, Billie Holiday vem tendo grande parte de suas interpretrações essenciais resgatadas. Assim, preciosidades gravadas a partir de meados da década 1930 até fins dos anos 50 estão em catálogo e vêm sendo relançadas. Hoje, já se encontra uma grande quantidade de CDs e de LPs traçando um amplo painel da trajetória da cantora mais visceral dos Estados Unidos. Nascida Eleanor Fagan Gough, teve o nome Billie escolhido pela mãe, Sadie, numa homenagem à atriz Billie Dove, e o sobrenome Holiday veio do pai, Clarence Holiday, músico que tocava com Fletcher Henderson.
Billie teve uma adolescência em meio à barra pesada e chegou a ganhar uns trocados fazendo serviços domésticos num bordel até fins dos anos 20, quando sua mãe levou-a para Nova York. Aí se envolveu novamente em um bordel e após algumas complicações passou a cantar no Harlem, até que em 1933 impressionou John Hammond e este conseguiu que Benny Goodman a ouvisse. Daí para a primeira gravação, foi um passo. E um passo decisivo para a carreira meteórica de Billie Holiday.
Hammond ouviu Billie cantando no Nonette Moore, um bar clandestino que existia na West 133rd Street. Aos 17 anos, ela era uma desconhecida e, segundo o próprio Hammond, “cantava como se tivesse conhecimento da vida”.
A Sony (Columbia) é a detentora de jóias como a primeira gravação da cantora, em 27 de novembro de 1933, em Nova York, a canção “Your mother’s son-in-law”, com Benny Goodman e sua orquestra trazendo nada mais nada menos que Goodman (clarineta), Charlie Teagarden e Shirley Clay (trompetes), Jack Teagarden (trombone), Art Karle (sax tenor), Buck Washington (piano), Dick McDonogan (guitarra), Artie Bernstein )baixo) e Gene Krupa (bateria).
Esta e outras 152 canções com Billie Holiday, gravadas de 1933 a 1942, integram a coleção “The Quintessential Billie Holiday”, composta de nove volumes e que, no Brasil, foi lançada a partir de 1987. Todas as faixas foram remasterizadas digitalmente dos tapes analógicos originais.
As gravações desta fase trazem Lady Day acompanhada por pequenas formações, muitas delas lideradas pelo pianista Teddy Wilson. Cobras do primeiro time do jazz participam destas primorosas seções: Ben Webster (sax tenor), Roy Eldridge (trompete), Johnny Hodges (sax alto), Harry Carney (clarineta), Lester Young (sax tenor), Freddie Green (guitarra), Jo Jones (bateria), Benny Carter (sax alto), Harry Edson (trompete), Don Byas (sax tenor), Kenny Clarke (bateria), entre outros.
Billie também cantou com Fletcher Henderson, com Jimmie Lunceford, com o grande Count Basie e até com os ‘brancos’ de Artie Shaw. Mas, em 1939, optou por cantar no Greewich Village, no sofisticado Café Society, e na década de 40 consolidou sua reputação como maior cantora de jazz de seu tempo. O fundamental era como Billie Holiday cantava e não o que cantava.
Ao aliar técnica, flexibilidade e impacto vocal, Billie se credenciou a ser um divisor de águas no canto jazzístico e a influenciar uma legião de cantoras, permanecendo insuperável, principalmente, por sua extraordinária capacidade de transformar tudo o que cantava em música visceral e da melhor qualidade.
Poucas cantoras conseguiram, depois de Billie, articular o fraseado jazzístico com o sentido e a precisão de um instrumento como ela. Este aprimoramento de estilo foi conquistado não sem muita dor. Afinal, Billie Holiday sempre cantou o que vivenciou. E toda sua exploração de nuances e sua sutileza interpretativa conviveram no fio da navalha com a turbulência que marcou sua vida e com a rejeição explícita ao racismo.
Todo o sentimento de Billie está expresso em suas gravações e toda a atmosfera que envolvia sua vida pode ser sentida na carne em qualquer canção que tenha passado por sua voz. A sensibilidade em Billie Holiday aflora com impacto fulminante e seduz de cara. Na verdade, Billie acentuava o despojamento e o lirismo. O conceito de arte ganha contornos definitivos quando se ouve Billie Holiday devorar e cantar deliciosamente a essência do jazz.




Mas outras preciosidades gravadas por Lady Day pela Columbia também podem ser encontradas no mercado. Em “Billie, Ella, Lena, Sarah”, estão reunidas em 12 faixas Billie Holiday, Ella Fitzgerald, Lena Horne e Sarah Vaughn. E em “Lady in Satin”, a cantora está ao lado de Ray Ellis e sua orquestra, em gravações de fevereiro de 1958, em Nova York. 
A Blue Note, representada no Brasil pela EMI, também resgatou gravações de junho de 1942, em Los Angeles, de abril de 1951, em Nova York, e de janeiro de 1954, em Koln, na Alemanha, e lançou o CD intitulado “Billie’s Blues”, em 1988, contando com as participações de Red Mitchell (baixo), Buddy De Franco (clarineta) e Red Norvo (vibrafone), entre outros. Com gravações ao vivo e em estúdio, este disco tem o mérito de trazer Billie cantando alguns blues da pesada.
A Verve, por sua vez, resgatou gravações da década de 50, com Billie dominando tudo o que cantava, mesmo com a voz não tendo a força de antes. A maturidade prevalecia, apesar das marcas provocadas pela droga, pela bebida, pelo racismo; enfim, por toda a dor que cercou sua vida.
Em “Billie Holiday – The Silver Collection”, 14 faixas de 1956 e 1957, gravadas em Los Angeles, mostram a cantora junto a formações de pequeno porte onde despontam Ben Webster, Harry ‘Sweets’ Edison, Jimmy Rowles e Barney Kessel. Mesmo sendo uma coletânea, a música desta compilação é de grande valor artístico.
The Billie Holiday Songbook” traz 14 canções gravadas entre 1952 e 58, com a cantora cercada de feras como Kenny Burrell (guitarra), Oscar Peterson (piano), Freddie Green (guitarra), Ray Brown (baixo), Roy Eldridge (trompete), Coleman Hawkins (sax tenor), Al Cohn (sax tenor), Harry ‘Sweets’ Edison (trompete), Barney Kessel (guitarra), entre outros. Aqui, o que conta é a alma de Billie Holiday dando mostras de vitalidade incomum e sustentando um corpo dilacerado, desesperançado e autodestruído. A colheita pessoal de Billie Holiday pode ter sido amarga, mas o fruto de sua criação musical foi doce e sedutor como nenhum outro. Billie não só transformava tudo o que cantava, imprimindo sua marca incomparável e inconfundível, como abriu o caminho para as gerações que beberam na sua fonte inesgotável. Por isso, o prazer toma conta de quem a ouve.
E “Last Recording” marca a associação entre Ray Ellis, sua orquestra e Billie Holiday, em Nova York, em 3, 4 e 11 de março de 1959, portanto, quatro meses antes de sua morte aos 44 anos, em 17 de julho. São 12 faixas devastadoras e arrepiantes pela intensidade emocional com que Billie fez questão de se expressar.
Passados 100 anos de seu nascimento e 56 anos de sua morte, o canto de Billie permanece envolvente, como nos dias em que a dor, o prazer e a emoção caminhavam lado a lado em permanente desafio à lâmina da navalha, que marcou profundamente a trajetória de Billie Holiday.
A própia cantora nunca escondeu o tormento que marcou o início de sua vida. Em “Hear me talkin’ to ya”, de Nat Hentoff e Nat Shapiro, ela afirma: “Um dia eu e minha mãe estávamos com tanta fome que mal conseguíamos respirar. Fazia um frio infernal. Eu saí pela porta e andei da 145th Street até a 133rd, descendo a Seventh Avenue, parando em todos os lugares tentando conseguir emprego. Por fim, fiquei tão desesperada que parei no Log Cabin Club, dirigido por Jerry Preston. Eu disse a ele que queria uma bebida. Não tinha um níquel. Pedi gin (esta foi minha primeira bebida – não sabia a diferença entre gin e vinho) e tomei um gole.
- Pedi a Preston um emprego, disse a ele que era dançarina. Ele me disse para dançar. Eu tentei. Ele disse que eu fedia. Eu disse a ele que sabia cantar. Ele disse: cante. Num canto do bar havia um sujeito tocando piano. Ele atacou ‘Trav’lin’ e eu cantei. Os fregueses pararam de beber. Eles se viraram e olharam. O pianista, Dick Wilson, passou para ‘Body and soul’. Nossa, você precisava ter visto aquelas pessoas – todas começaram a chorar. Preston se aproximou, sacudiu a cabeça e disse: Garota, você venceu!”.
Foi assim que tudo começou. A partir daí, Billie Holiday mergulhou fundo e pagou um preço alto por sua ousadia.
(*)Jorge Sanglard é jornalista e pesquisador. Escreve em jornais no Brasil e em Portugal
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Lançamento da "Revista do Livro da Biblioteca Nacional" - 23/julho/2015


Vai ser no dia 23 de julho (quinta-feira), o lançamento da Revista do Livro da Biblioteca Nacional.
O evento vai contar com um debate: "O Papel das bibliotecas no século XXI". Vai rolar a partir das 16 horas, no Auditório Machado de Assis, na Rua México, s/nº -( acesso pelo jardim da Biblioteca Nacional) - Centro/ Rio de Janeiro.
Todos lá!
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15.7.15

Caricatura de Sylvia Plath

Da boca do forno: Caricatura de Sylvia Plath 1932-1963).
Hoje terei que ir mais devagar, digo, com delicadeza, pois o assunto é complicado, afinal trata-se de uma autora (poetisa, contista, novelista) que teve uma vida curta, tumultuada e um final triste, aos 30 anos de idade, cujos detalhes não cabe aqui repetir.
Agora só aumento minha dívida de leitura poética, mas no caso de Plath eu li, temeroso pela vida dela, seu livro "A redoma de Vidro" ("The Bell Jar", lançado na Inglaterra sob o pseudônimo de Victoria Lucas em 1963), publicado no Brasil pela Editora Globo, em 1991 (Tradução de Lya Luft, prefácio de Marília Pacheco Fiorillo ( a quem devo algumas informações e dicas preciosas) e ilustração de capa de Donna Muir).
O que torna esse livro assustador é que foi publicado exatamente um mês antes do suicídio de sua autora no inverno londrino.
Não sei nada de sua poesia - passei batido por "The Colossus and Other Poems", publicado em 1960 e elogiado entusiasticamente pelo seu professor (num curso de curta duração) o poeta Robert Lowell. Nada sei de seus "Collected Poems" que lhe garantiram um póstumo prêmio Pulittzer em 1982. Nunca li "Ariel", "Crossing the Waters" ou "Winter Trees". De suas "short stories "Johny Panic and the Bible of Dreams" eu nem passei perto. Nem de sua tese "The Magic Mirror", na qual analisa uma obsessão minha: "Os Irmãos Karamazov" de Dostoiévski, e segundo Fiorillo, desenvolve o tema do "duplo" que já havia estudado também em Poe e Hoffmann.(outra obsessão que cultivo)
Sua prefaciadora brasileira afirmou que considera Plath, praticamente como uma "autora póstuma" apesar de ter publicado seus primeiros poemas no começo da década de 60. (lutava desesperadamente para emplacar eseus escritos na Harper's, The Observer,The New Statesman e na prestigiada New Yorker - era rejeitada em editoras grandes que depois correram atrás do prejuízo quando ela se matou). Disse a esse respeito: …"converteu-se num daqueles casos de culto póstumo, em que a obra só conquista o direito de atenção graças ao último gesto trágico".
Triste quando ocorre um fenômeno desse, em que a biografia se apodera de forma tirânica da força de uma obra. Mas devo confessar que deve ser difícil se afastar da vida atormentada de uma autora como Sylvia Plath, linda de morrer e tão faminta de vida, apesar de sua excelência literária quando toda a sua obra está impregnada de gritantes detalhes autobiográficos e desgraças.

De "A redoma de vidro" guardo a mesma impressão de certos críticos que o viram como uma espécie de "Apanhador no Campo de Centeio" feminino. Só que muito mais barra pesada. ( É bom lembrar que J.D. Salinger é um dos autores preferidos dela , ao lado de Virginia Woolf- coquetel perigoso!).
Existem de fato coincidências nas trajetórias de Holden Caulfield e da personagem Esther Greenwood ( alter-ego de Sylvia em "A redoma de vidro"- o sobrenome acho que era do registro de solteira da avó dela). No entanto, o desencanto de Caulfield é café pequeno diante da delirante suicida Esther. Há uma sensação de perigo iminente que a ameaça ( coisa que foi notada pelo inglês A. Alvarez em "Deus Selvagem - um estudo sobre o suicídio").
Dizem que o tema da "morte" e a "desagregação" estão presentes em quase tudo que escreveu. No entanto, creio que uma interpretação apenas psicológica da obra de Sylvia Plath reduz demais a compreensão de sua obra. Acredito que uma atitude correta diante de Sylvia Plath deveria partir de uma posição de não encará-la como uma coitadinha. Foi uma moça de classe-média que ascendeu social e culturalmente e com muita garra ela escreveu…escreveu… escreveu, muitas vezes de forma obsessiva, uma poesia tida como "confessional" ( e sua prosa também atravessada de suas intimidares) surfando nos altos e baixos das marés de depressão e uma euforia que a equilibrava e a levava para um outro espaço - de uma escrita paralela à sua história familiar complicada (ódio que tinha do pai, problemas com a mãe), não muito longe das traições, da separação conjugal, da internação psiquiátrica com terapia de eletrochoque e oscambaus…

Curiosamente seus biógrafos notaram que havia uma grande vontade de alcançar um tipo especial de fama, aquela notoriedade do "pop-star", por isso a citação frequente de Marilyn Monroe em seus escritos (uma baita identificação) Teve gente que a acusou de arrastar seu bem estabelecido marido Edward James Hughes (conhecido nos meios literários como Ted Hughes /1930-1998- poeta e autor de livros infantis) por caminhos tortuosos à procura de uma notoriedade do mundo da indústria do estrelato (da moda, dos fashionistas - um Olimpo sob neon, que lá no norte é chamado de "star system"- da mesma forma como Monroe procurou se escorar na figura de Arthur Miller para brilhar nos meios intelectuais desse "mundo feito de maldade e ilusão".
Não se pode deixar de falar sobre o tremendo "karma" que pairou sobre essas relações conjugais e essa família.
Hughes enquanto Sylvia dourava a pílula de seu suicídio, vivia um tórrido caso amoroso com uma alemã de nome Assia Wevill, que já estava em seu terceiro casamento.
Isso aqui já está virando fofoca, cáspite! Em todo caso temos que ir em frente: Assia (também linda de morrer) tinha uma história um pouco diferente de Sylvia, mas do mesmo modo complicada no seu passado: era uma refugiada, uma sobrevivente filha de pai judeu russo e mãe alemã. Ela ainda criança teve que fugir da Alemanha por causa da besta nazista. Viveu um tempo na Palestina com seus pais. Lá não se deram bem, e tentaram arrumar um casamento da bela filha para conseguir um passaporte e sair rapidinho dali. Conseguiram se transferir para Londres, de um modo que não sacrificou o destino da moça, mas essa é outra história.

Ocorre que a bela Assia foi considerada pelas fofoqueiras de plantão como o pivô da separação de Plath e Hughes. Ele viveu com ela uma espécie de casamento meio esquisito e passados três anos do suicídio de Sylvia, o tal do "karma" se fez presente com seu manto trágico na vida desse contador de histórias infantis. Hughes, o homem que escrevia histórias para crianças se deparou com o horror novamente. Não só com a negação da vida por parte de uma companheira sua: agora foi Assia, que aos 42 anos, seguiu o triste exemplo de Sylvia e buscou a morte com o mesmo "modus operandi", e pior, levou junto, para o vale das sombras, sua filha de quatro anos Alexandra Tatiana Elise ("Shura"). Os detalhes desta história macabra estão em um livro cujo título é “A Lover of Unreason – The Life and Tragic Death of Assia Wevill, Ted Hughes´ Doomed Love”, escrito pelos jornalistas Yehuda Koren e Eilat Negev. Uma boa resenha desse livro está no portal Cronópios (link http://cronopios.com.br/site/resenhas.asp?id=1890)
Mas a desgraça não acabou aí, muito mais tarde, em 2009 foi o filho de Sylvia e Hughes, Nicholas que aos 42 anos também, cometeu o suicídio no Alasca, onde trabalhava em pesquisas na área de biologia. Ele não era casado, nem tinha filhos. A causa apontada para tal ato foi uma depressão profunda.
Apesar de todo o peso desse "post" recomendo a leitura de "A redoma de vidro", nesse livro há um aspecto interessante, que parece estar impregnado na poesia de Plath, as metamorfoses da morte, vista com uma alucinada tentativa de vida, "uma regeneração", "ressurreição" (no poema Lady Lazarus), voltando como utopia da perfeição , o retorno ao obscuro, úmido e aconchegante útero materno, (no poema "Dark House"). Como a bem-aventurança da dissolução do eu, a regressão ao estado mineral,( em "Colossus"). São palavras de Fiorillo, ela mostra que sob qualquer dessas máscaras, sempre está o mesmo tema tratado com "implacável curiosidade".
Para terminar, segue um trecho de "A redoma de vidro", no momento de sua grande crise perto de uma internação: "Mesmo sabendo que devia estar agradecida à senhora Guinea, eu não conseguia sentir coisa alguma. Se ela tivesse me dado uma passagem para a Europa, ou para um cruzeiro ao redor do mundo, não teria feito nenhuma diferença para mim, porque onde que que eu estivesse - fosse no convés de um navio ou num café em Paris ou em Bangcoc - estaria na mesma redoma fria de vidro, cozinhando meu próprio azedume" (pg 170). Pode-se dizer que ela era habitada também por um implacável humor.
(Obs: Vou consertar alguns erros na edição, senão essa caricatura não vai para o ar)
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14.7.15

Caricaturas de Gertrude Stein e Alice B. Toklas


Da boca do forno: Caricaturas da escritora Gertrude Stein (1874- 1946) e sua companheira Alice B. Toklas (1977-1967), que emprestou seu nome a uma das obras mais citadas de Stein cujo título é "Autobiografia de Alice B. Toklas". Neste livro ela "retratou" aqueles anos loucos do começo do século XX até os anos 30, nos quais uma galeria de artistas vanguardistas de todos os matizes (quase digo matisses) tentavam um lugar ao sol nas pracinhas de Paris. Aproveitou e também por tabela (ou por espelho) e traçou ali sua autobiografia, onde dizem as más línguas não poupou elogios à sua figura.
Não conheço nada dela, a não ser a série de retratos que Picasso fez tendo sua figura como modelo. Segundo reza a lenda, digitada na wikipedia, ela não curtia muito esses retratos e dizia que não estavam em nada parecidos com ela ( eu também concordo), ao que o gênio espanhol retrucava: "Mas certamente vai parecer ,Gertrude, certamente..."
De fato, quando você procura por Gertrude Stein no Google, a primeira imagem que pinta é a do "detestado" retrato de Miss Stein, que ela , apesar de não curtir, deixava sempre pendurado na parede de sua casa, que era o centro da vida intelectual daquela época.
Dizem que sua escrita poética tinha algo a ver com a pintura (ela amava os pintores) que rolava nessa época - algo próximo do surrealismo, algo perto do dadaismo…muitas repetições intencionais, quase prosa etc e tal. Só lendo.
Tentei fazer uma caricatura dela o mais próximo possível a partir de uma síntese de suas fotos de várias épocas. Não podia deixá-la longe de sua parceira de toda vida, a jovem Alice B. Toklas, que parece também escreveu um livro cujo título é "O livro de cozinha de Alice B. Toklas"(tem tradução em português). Nesse livro, Toklas também dá um drible na literatura e por meio de um manual de culinária, no meio de pratos saborosos devorados pela vanguarda, conta sua vida ( que já tinha emprestado à Miss Stein) naquele mundo de arte que freqüentava também e muito a cozinha da casa onde moravam , na Rue de Fleurus, nº 27.
Pronto, minha amigas já podem começar a pancadaria.
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13.7.15

Homenagem a Emmanoel Cavalcanti - 50 anos dedicados ao Cinema Nacional


Emmanoel Cavalcanti, o fabuloso "Cavaca" , grande ator do Cinema Brasileiro (atuou trambém no teatro das grandes companhias, escreveu poesia e letras de canções, contou muitas histórias e ajudou a dirigir filmes da maior importância do Cinema brasileiro) vai ser homenageado no Restaurante Lamas, no dia 23 (quinta-feira) a partir das 19 horas.
Na ocasião vai ser lançado seu livro "Rezas na Areia".
Todo mundo lá!
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Caricatura de Dorothy Parker


Da boca do forno: Caricatura da escritora e poetisa norte-americana Dorothy Parker (1893-1967).
Desta vez vou me preparar para apanhar das minhas amigas. Não li nenhum livro dela. Só sei que ela gostava de um franjinha e que escreveu alguns contos reunidos em uma coletânea chamada "Big Loira e outras histórias de Nova York" que foi publicada aqui no Brasil pela Companhia das Letras. Nada sei de sua poesia.
Soube que era figura que circulava no meio das rodas da boemia literária dos anos 20-30 (da era do jazz), e que era admirada por Scott Fitzgerald.
Achei, no site da editora brasileira, uma frase de Alexander Woollcott que parece definir sua escrita : "Dorothy é uma mistura de Chapeuzinho Vermelho com lady Macbeth."
Outros críticos dizem que além de ser grande escritora, ela era engraçada e espirituosa. Na minha pesquisa iconográfica sempre a encontro no meio de muita gente, tomando sua bebidinha, rindo. Vou procurar ler urgentemente "Big Loira".
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11.7.15

10.7.15

Caricatura de Ezra Pound

Nem tão da boca do forno assim: Caricatura do polêmico e gigantesco poeta (e teórico) Ezra Pound (Ezra Weston Loomis Pound - 1885-1972)
Quem sou eu para falar desse cara? Se falar muita besteira, corrijo na edição depois.

Eu era um garoto que amava os Beatles e os Rolling Stones quando conheci esse autor. Foi quando encontrei o "ABC da Literatura" numa edição antiga da Cultrix (organização e tradução de Augusto de Campos que contou com a colaboração de José Paulo Paes) Esse livro que foi publicado originalmente em inglês, em 1934, - na verdade, é uma espécie de manual de instrução. Na essência se compõe de aulas de como pensar a poesia e entender a literatura, dá uma variedade exemplos e procura estimular a reflexão crítica. Confesso que não me lembro muito bem daquela divisão que ele faz entre inventores, mestres e diluidores, bons escritores, os "Belles Lettres", os lançadores de modas…
O que posso falar da poesia dele? No mucho. Sei que é uma das figuras máximas do modernismo americano. Experimentei começar ler os seus "Cantos" (que foram publicados entre 1917/1949) e confesso que não estou preparado ainda para continuar essa leitura
Dizem que "Cantos" é uma tentativa de criar algo similar à Divina Comédia - obra gigantesca que escreveu e reescreveu até sua morte, em 1972.
Sabe-se dele, coitado - que devido à sua radicalidade, acabou se convertendo ao fascismo, principalmente de extração italiana. Durante a época sombria da História encarnada na segunda Grande Guerra, chegou a proferir discursos políticos a favor do fascismo na rádio de Mussolini, contra os aliados. Em 1945 foi preso e libertado, depois de uma campanha feita por intelectuais. Repatriado, enfrentou uma internação num Hospital psiquiátrico de Washington e um processo no qual era acusado de traição à pátria. Saiu da internação depois de 13 anos, e retornou à Itália, lá acabando seus dias.
Sua obra é variada, um conjunto enorme de ensaios, poemas e até foram publicadas suas participações na Radio Roma em 1941-1943. Escreveu um livro que tem por título "Camões" e fala da obra do nosso mais ilustre poeta lusitano. (Para escrever sobre ele usei como fonte dados da Wikepedia). O exemplar do seu livro "ABC da Literatura" também se encontra perdido no meio das camadas geológicas das minhas estantes. A caricatura que apresento já é da fase terminal de Pound.
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9.7.15

Caricatura de Scott Fitzgerald

Da boca do forno: Caricatura de Scott Fitzgerald (Francis Scott Key Fitzgerald /1896-1940). Tenho algumas coisas para falar dele, mas vou deixar pra mais tarde. Assim boto do Hemingway na conversa, por tabela - pois fiquei devendo ontem. O tempo anda curto demais...
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Novo cartum sensacional de João Zero: da série "Ciclovia"

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8.7.15

Caricaturas de Hemingway


Nem tão da boca do forno assim: A partir de hoje publico caricaturas de três monstros sagrados da literatura norte-americana. (talvez mais do que três, vamos ver como anda a carruagem).
Começo por três versões de Ernest Hemingway (1899-1961) que dizem trabalhou muito bem (quando jovem) no filme "Meia noite em Paris" de Woody Allen. Volto a escrever alguma coisa a respeito dele aqui mais tarde.
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6.7.15

Caricaturas de Bandeira, João Cabral e Mário de Andrade


Nem tão da boca do forno assim: Caricaturas de três grandes da poesia brasileira: Da esquerda para a direita, Manuel Bandeira (1886 -1968), João Cabral de Melo Neto (1920-1999) e Mario de Andrade ( 1893-1945).
Este último, a gente está careca de saber que fez de tudo no território da escrita, (crônica, conto, rapsódia, etnografia, pesquisa musical) e até música. Dizem que arranhava bem as teclas de um piano ( tinha formação clássica) e traçava uma pauta musical com facilidade. Soube pela TV, que ele deixou registrada apenas uma de suas criações musicais , de forma bem acanhada.

Do Bandeira li muita coisa (tenho a obra completa da Aguilar), do Seu João Cabral, nem tanto- me arrastei na lama e quase me afoguei no "Cão sem Plumas" e agonizei em cada passagem do grande latifúndio de "Morte e Vida Severina".
Do Mario li quase tudo, sou fã de carteirinha e cheguei a estudar e escrever muito a respeito dele na minha dissertação de mestrado. Essa maçaroca de texto teve que ser descartada do corpo da dissertação para que ela não atingisse as mil páginas que prometia em meu projeto maluco de botar toda a trajetória da cultura brasileira - principalmente a literatura e seus intelectuais "participantes" num arco que ia do começo da República até a explosão do movimento do Cinema novo. Marinheiro de primeira viagem é isso aí...Bom dia!
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5.7.15

Mais Cartum inspirado de João Zero para alegrar o domingo

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3.7.15

Ilustração para ensaio de Benedito Nunes " O animal e o primitivo: Os Outros de nossa cultura"


Só para dar um tempo nas caricaturas (hoje encerramos os três autores argentinos - quem sabe um dia publicaremos outros e retomaremos na segunda-feira com três autores americanos)

Aqui vai a ilustração que fiz para ensaio de Benedito Nunes, "O animal e o primitivo: os Outros de nossa cultura", publicado na revista "História Ciências Saúde - Manguinhos" (Volume 14. Suplemento Dezembro 2007).

Este desenho foi feito com nanquim, na mesma linha e sob influência dos que fiz para o livro de Harold Bloom, "Anjos Caídos" publicado Editora Objetiva- Tradução do mestre Antonio Nogueira Machado)

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2.7.15

Caricatura de Cortázar

Nem tão da boca do forno assim: Caricatura de Julio Cortázar (1914-1984)
Não vou falar muito dele, apenas que fui capturado por sua escrita ao ler seu livro de contos" Bestiario". Depois dele nunca mais consegui ver a realidade como uma coisa única, he he.

Abaixo segue uma frase de um livro de conversas com o escritor e um trecho do conto "El perseguidor". Junto vão algumas coisas que escrevi faz muito tempo, neste meu blog.

"Quando vou escrever um conto, sinto hoje, como há quarenta anos, o mesmo tremor de alegria, como uma espécie de amor."

(Trecho de Conversas com Cortázar de Ernesto González Bermejo - Jorge Zahar Editor- Tradução de Luís Carlos Cabral e Prefácio de Eric Nepomuceno)

De El perseguidor:


"-Bueno, de acuerdo, pero le voy contar lo del métro a Bruno.El otro dia mi di bien cuenta de lo que pasaba. Me puse a pensar em mi vieja, después en Lan y los chicos, y claro, al momento me parecía que estaba caminando por mi barrio, y veía las caras de los muchachos, los de aquel tiempo. No era pensar, me parece que ya te dicho muchas veces que yo no pienso nunca; estoy como parado en una esquina viendo pasar lo que pienso, pero no pienso lo que veo.¿Te das cuenta? Jim dice que todos somos iguales, que en general (asi dice) uno no piensa por su cuenta. Pongamos que sea así, la cuestión es que yo había tomado el métro en la estación Saint-Michel y en seguida me puse a pensar en Lan y los chicos , y ver el barrio. Apenas me senté me puse a pensar en ellos. Pero al mismo tiempo me daba cuenta de que estaba en el métro, y vi que al cabo de un minuto más llegábamos a Odéon, y que la gente entravay salia. Entonces segui pensando en Lan y vi a mi vieja cuando volvía de hacer compras, y empecé a verlos a todos, a estar com ellos de uma manera hermosíssima, como hacia mucho que no sentia. Los recuerdos son siempre un asco, pero esta vez me gustaba pensar en los chicos y verlos. Si me pongo a contarte todo lo que vi no vas a creer porque tendría para rato. Y eso que ahorraria detalles. Por ejemplo, para decirte una sola cosa, veía a Lan con un vestido verde que se ponía cuando iba al Club 33 donde yo tocaba com Hemp. (NR:o vibrafonista LionelHampton) Veía el vestido con unas cintas, un moño, una especie de adorno al costado y un vuello...No al mismo tiempo, sino que en realidad me estaba paseando alrededor del vestido de Lan y lo miraba despacito. Y después miré la cara de Lan y la do los chicos, y despéus me acordé de Mike que vivia en la pieza de al lado, y cómo Mike me había contado la historia de unos caballos selvajes en Colorado, y él que trabajava en un rancho y hablaba sacando pecho como los domadores de caballos...
- Johnny - ha dicho Dédée desde su rincón.
-Fijate que solamente te cuento un pedacito de todo lo que estaba pensando y viendo. ¿Quanto hará que te estoy contando este pedacito?
"


(E o papo continua até o saxofonista Johnny mostrar a Bruno que no pequeno tempo que ele viajou no metrô de Paris, ele na verdade "viajou" por muitos outros lugares - ele pensou em muitas situações em detalhes etc- o que levaria horas para contar . É a velha questão do tempo que cabe no tempo real marcado pelos relógios que ele odeia) Este trecho está no conto El Perseguidor de Julio Cortázar e está no livro "Las Armas Secretas" - Editora Catedra Letras Hispánicas (Edição de Susana Jakfalkvi)

Nota da Redação: Este conto, um dos "mais realistas"de Cortázar é uma homenagem explícita a Charlie Parker e sua "elasticidad retardada" definição bacana para a linguagem rítmica dele, segundo uma nota deste livro. Em síntese, como Parker conseguia tocar daquela maneira com todas aquelas notas quase não entrando no tempo real, mas finalmente conseguindo realizar a proeza de encaixar tudo - a sua mágica irrepetível.
Desconfio que este conto foi a base , ou digamos, a inspiração para o filme "Round midnight"(feito em 1986) de Bertrand Tavernier que fez o roteiro com David Rayfiel, embora não tenha sido creditada a Cortázar- no caso da idéia mãe, houve uma fabulosa coincidência de temas.



No filme disseram que o roteirista e diretor procuraram contar um pedaço da vida de Lester Young misturada com a de Bud Powell. O curioso é que este filme dizem que foi baseado na vida de um sujeito (vivido na tela por Francis Borler) que se chamava Francis Paudras (falecido em 1997), ele é o Bruno da vez; o cara que tenta salvar o jazzman terminal. O bacana deste filme é que o saxofonista em questão (Dale Turner) é representado pelo grande Dexter Gordon nos últimos dias de sua estada neste planeta ( cuja vida parece também é retratada na mistura com os dois anteriores e mais a figura de Charlie Parker (que está oculto - será o grande outro?).
Enfim, de qualquer forma está alí representado o jazzman viciado, que resiste a tudo e que tem uma cuca fabulosa e um som pra lá de Bagdá. Na verdade o filme é uma grande "jam-session"- até Herbie Hancock faz uma ponta nele. Vale a pena ser visto.
Depois, para completar a rodada em torno da meia noite, assista ao sensacional "Bird" de Clint Eastwood. Esse é de cortar o coração e aumentar o volume do DVD. Cuidado com os vizinhos! Respeite o direito deles dormirem em paz.

Obs: Cortázar inspirou também Antonioni com seu conto "Las babas del diablo" que resultou no antológico filme "Blow-Up" (aqui levou o título fraquinho "Depois daquele beijo").
Godard também não resistiu ao charme de Cortázar, com seu "Week End a francesa", bebeu nas águas do escritor argentino (registrado na embaixada da Argentina em Bruxelas ) ao adaptar o conto "A Auto-estrada do sul".
Nota final que nada tem a ver com a história: A Wikipédia informa que Dexter Gordon já tinha aparecido em outros filmes , especialmente em "The Connection" de 1960 (filme que teve a trilha sonora composta por ele). Recebeu uma indicação para o Oscar justamente por sua grande atuação em "Round Midnight". Faleceu 4 anos depois das filmagens em abril de 1990, aos 67 anos de idade. Pois é, muitos artistas morrem cedo.

1.7.15

Caricatura de Bioy Casares


Da boca do forno: Caricatura de Adolfo Bioy Casares (1914-1999)

Dependendo do ponto de vista, Bioy Casares é difícil de caricaturar.

De frente é uma pessoa, mudando um pouco de ângulo é outra. Mais jovem, como todos nós, teve uma aparência, mais velho adquiriu uma série de outros traços que não lembram o retrato do autor quando jovem. Procurei fazer uma síntese .

Dele, tentei ler "A invenção de Morel", por indicação do meu querido amigo, o premiado escritor Antonio Fernando Borges. Confesso que me esforcei, mas não consegui entrar no clima do livro.

Existem livros que são assim mesmo, exigem que a gente adquira alguma bagagem para depois poder viajar neles.
Bioy, permitam-me que o trate com alguma intimidade, apesar de minha vasta ignorância sobre sua obra, é tido como escritor que trata do "fantástico", de histórias policiais de mistério e de ficção científica.

Foi grande amigo e parceiro de Borges, que lhe emprestou grande fama e casou com uma de suas musas, Silvina Ocampo.
Escreveu outros livros que não li, e juro que tentarei ler, depois de enfrentar novamente "A invenção de Morel".

Entre suas novelas estão:
" Plan de evasión (1945)
El sueño de los héroes (1954)
Diario de la guerra del cerdo (1969)
Dormir al sol (1973)
La aventura de un fotógrafo en La Plata (1985)
Un campeón desparejo (1993)
De un mundo a otro (1998)


Entre os contos:

La trama celeste (1948)
Historia prodigiosa (1956)
Guirnalda con amores (1959)
El lado de la sombra (1962)
El gran serafín (1967)
El héroe de las mujeres (1978)
Historias desaforadas (1986)
Una muñeca rusa (1990)
Una magia modesta (1997)


Ensaios:
La otra aventura (1968)
Memoria sobre la pampa y los gauchos (1970)
Diccionario del argentino exquisito (1971), Diccionario de palabras que no deberíamos utilizar.
De jardines ajenos: libro abierto (1997), (recopilación de fraseses, poemas, y miscelánea diversa, editada en colaboración con Daniel Martino)
De las cosas maravillosas (1999)


Livros de memórias:
Unos días en el Brasil (1991), en una edición de apenas 300 ejemplares fuera de comercio. En el año 2010 fue editada comercialmente por la editorial La Compañía (Buenos Aires).
Memorias (1994), editado por Marcelo Pichon Riviere y Cristina Castro Cranwell.
Descanso de caminantes (2001), libro póstumo, editado por Daniel Martino.
Borges (2006), libro póstumo, selección del diario del autor donde aparecen referencias a Jorge Luis Borges, preparado por Bioy Casares en colaboración con Daniel Martino y editado por éste.


Livros que escreveu com Borges:
Seis problemas para don Isidro Parodi (1942)
Dos fantasías memorables (1946)
Un modelo para la muerte (1946)
Cuentos breves y extraordinarios (1955)
Libro del Cielo y del Infierno (1960)
Crónicas de Bustos Domecq (1967)
Nuevos cuentos de Bustos Domecq (1977)


Escreveu outros que não citei aqui, mas acho que botei os mais importantes.
(Fonte Wikipedia)


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