

(Republico aqui um belo artigo que o meu amigo, o Professor Marco Aurélio Nogueira escreveu em seu blog ( que está aí do lado entre os meus preferidos) sobre Lúcio Flávio Pinto , nosso querido companheiro de estrada que acabou de lançar um livro e comemora os 20 anos de seu Jornal Pessoal)
Lúcio Flávio Pinto, Gramsci e o Jornal Pessoal
Estudei com Lúcio Flávio Pinto na Escola de Sociologia e Política de São Paulo nos primeiros anos da década de 1970. Foi lá que nos conhecemos e nos tornamos amigos.
Para que se dimensione bem o fato, foi com ele que li pela primeira vez os Cadernos de Gramsci. Viramos dias e noites discutindo as notas sobre jornalismo e revistas culturais que integravam Os intelectuais e a organização da cultura e agora estão no volume 2 da edição brasileira dos Cadernos do Cárcere (Rio, Editora Civilização Brasileira), organizada e traduzida por Carlos Nelson Coutinho e Luiz Sérgio Henriques. As notas de Gramsci funcionavam, para nós, como fermento teórico e político para editar a revista Di...fusão, que fazíamos no centro acadêmico da escola junto com Reginaldo Forti, Cláudio Kahns, Bruno Liberati, Raul Mateos Castells, Leon Cakof, Vera Lúcia Caldas, um agregado de gente boa, plural e politicamente diferenciada, que se unia na amizade e na vontade de estudar e combater a ditadura militar.
Lúcio vinha de Belém, trabalhava no Estado de S. Paulo, o Estadão. Era um motor em termos de idéias e criatividade. Mas não parava de pensar na Amazônia, sua causa apaixonada, sua razão de ser como intelectual e jornalista. Terminou o curso e voltou para Belém, como correspondente do Estadão. Tornou-se rapidamente uma referência internacional na área, um dos mais importantes e consistentes – se não o maior de todos – analistas das aventuras e desventuras amazônicas. Permaneceu combativo como poucos, sem fazer qualquer concessão aos poderosos. Seu jornalismo independente, de denúncia e opinião, só fez crescer. Quando as portas dos grandes jornais da região (O Liberal, Diário do Pará) começaram a se fechar para ele, deu um basta e foi fazer o Jornal Pessoal, um quinzenário sobre a Amazônia, custeado, redigido e distribuído a ferro e fogo por ele mesmo quase sem interrupção há 21 anos, com uma tiragem de 2 mil exemplares.
É algo de altíssimo nível, que deve ser conhecido e divulgado. Ainda não tem uma webpage, mas pode ser conseguido pelo email jornal@amazon.com.br ou pelo telefone (91) 3241-7626.
No início de abril deste ano, Lúcio Flávio publicou seu 10° livro, igualmente dedicado ao Pará e à Amazônia, mas desta vez tendo como eixo a experiência do próprio Jornal Pessoal. Através do livro, ele “tenta contar capítulos da história recente do Pará que jamais teriam sido registrados se não existisse este jornal”. É jornalismo a quente, feito no calor da hora, no momento mesmo em que os fatos aconteceram. Um exemplo de jornalismo verdadeiramente independente, que cumpre “sua missão mais nobre: ser uma auditagem do poder”.
Lendo as reportagens e os textos vibrantes que estão no livro, fica fácil perceber porque Lúcio Flávio Pinto incomoda tanto a elite da região, a ponto de ser vítima constante de perseguições e processos judiciários estapafúrdios. Coisa que, de resto, jamais o abateu ou o intimidou. Ao contrário, o animou a afiar e apurar sempre mais a pena, alçando vôo para além do Pará.
Não por acaso, o livro se chama Contra o Poder. 20 anos de Jornal Pessoal: uma paixão amazônica. É excelente. Pode (e deve) ser comprado através do email do próprio JP ou pelo endereço Rua Aristides Lobo, 871, Cep 66053-020, Belém-PA.
Fiquei curiosa... Mas complicado ter que pedir lá de Belém, né... merece um site, nem que seja um blog... Dê um toque... fica aqui a minha curiosidade!
ResponderExcluirQuerida Clarice, escreva para o Lúcio e explica que a gente agora está na era da internet. Eu já falei isso pra ele, mas por enquanto temos que ler na versão impressa ou PDF (não sei se ele está a usar esta ferramenta)
ResponderExcluirVocê tem toda razão, ele merece um site. Lúcio é um sábio, conhece tudo sobre a Região Norte, Amazônia e por aí. É um ótimo contato para uma entrevista daquelas quentes.
bjs pra você minha repórter preferida,
No mínimo foram uns 10.000 que morreram na Revolta dos Cabanos neste Pará no séc. XIX, matados pelo Governo, pelo Império, pelo Estado - o serviço a tal ser, Leviatã, não vinga, nem brota. Pessoal sim, com muito orgulho, sr. Lúcio.
ResponderExcluirQuerido amigo Bruno. Só agora estou lendo os posts. Sou um ceguinho internauta. Muito obrigado pelas palavras generosas de todos. Informo que, last but not least, tenho um site. É o www.jornalpessoal.com.br. Apareçam. Grande abraço. Lúcio
ResponderExcluirsou apaixonada pelo JP, ele e fonte de espiração para min. Cada vez que compro uma edição pensso esta contribuindo para sua existencia e isso mim motiva!Lucio adimiro sua coragem e quero ser como vc quando crescer!!!
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