31.5.08

Minha vizinha Chavista ressuscita e faz a crítica final da novela Duas Caras


Foi neste sábado, dia de fazer feira, arrumar a casa e ver as modas, acordar TARDE!
Dim-dom...Dim-dom.... Tocou a campainha do meu apartamento logo cedinho, minha mulher para variar orava pelo bem estar do universo e nesse afazer não pode ser interrompida.
Cheio de sono fui trôpego até o olho mágico para tentar ver quem perturbava meus sonhos mais lindos. Vi um vulto escuro que me apavorou. Parecia um fantasma...
Dim-dom, Dim-dom....
-Quem é? Perguntei intrigado.
-Soy yo, compañero!
Reconheci a voz inconfundível da minha vizinha chavista. (ela deu agora para falar em portunhol)
Procurei a chave na mesinha da sala...no meio de desenhos, canetas de nanquim, recados de todos os tipos, rolos de durex, tickets de supermercado e uma calcuradora Texas... Achei o chaveiro que tem como penduricalho um plástico imitando uma camisa do Botafogo. Estava úmido pelas últimas lágrimas da derrota para o Corinthians...
Mal abri a porta e tomei um novo susto - minha vizinha estava de burca!
-O que é isso Dona.... (sempre esqueço o nome dela)
- É para fugir da dengue, não estranhe o cheiro - é perfume de citronela, estou me defumando em casa com velas de citronela e andiroba. Não estranhe esta raquete- é elétrica, funciona a pilha, comprei num camelô da Uruguaiana, é ótima pra matar mosquisto. Eles morrem tostadinhos. Mas não foi para lhe dar explicações que vim aqui.
- Tá certa! Então por que foi que a senhora veio bater na porta do meu apartamento nessa hora tão temprana?
- É que quero que você escreva no seu grogue (ela nunca vai aprender que eu escrevo um blogue) a minha crítica definitiva da novela Duas Caras. Tem uma caneta?
Lá fui eu de novo cavoucar a minha mesinha a procura de alguma coisa que escrevesse e um papel em branco. (Obs: casa de desenhista em geral quase não tem lápis com ponta e caneta com tinta)
- Fala, Dona....(acho que nunca vou saber o nome dela)
-Escreva aí! - "Crítica definitiva , curta e grossa da novela Duas Caras, que termina hoje e que teve a coragem de botar na sala de estar das famílias brasileiras o cotidiano de uma favela atípica do Rio de Janeiro":- Foi o maior barraco! E não é uma metáfora, não.Todos os personagens armaram literalmente barracos o tempo todo: O Juvenal Antena, a Dona Branca , proprietária e viuva do reitor da Universidade Pessoas de Moraes, a destrambelhada da Célia Mara, a maluca da Sylvia , a Maria Louca , etc, etc etc...Enfim, o sujeito mais comportado da novela foi o Ferraço com uma interpretação magnífica do Dalton (ela tem mania de falar dos atores como se tivesse a maior intimidade com eles). Ele teve uma atuação digna de Victor Mature. Com uma só expressão conseguiu comunicar todos os estados de alma de seu personagem Um gênio da síntese.
Tenho dito! E ponha também no seu grogue estas reflexões - Foi aí que tirou de dentro da burca um papel onde estava ecrito "Teoria da novela". E se mandou para seu refúgio anti-aedes aegypt (é assim que se escreve?)
Eu fiquei ali, com minhas olheiras, com minha perplexidade olhando aquele papel que me revelou a insustentável leveza do ser de minha vizinha chavista...(publico qualquer dia aqui)
Agora, deixem-me dormir...ZZZZZ
(De noite, fui conferir o último capítulo de Duas Caras e prometi a mim mesmo que nunca mais vejo novela)

4 comentários:

ze disse...

o sujeito fez no princípio todo tipo de maldade possível e no fim é o herói ?? fazem da maldade, virtude. ver a mãe um dia apenas não vale como penitência! eu não vi a novela.

LIBERATI disse...

Caro Zé, publicarei em breve a "Teoria da Novela" da minha vizinha chavista, é ela que entende de novela, bebeu muitos mojitos com Gloria Magadan
grande abraço

ze disse...

A Saramandaia marcou pelo que tinha de irreal, mítico mesmo. A imagem no Anima Mundi último, foi tudo mítico : o folclore todo. A frase : ' A voz do povo é a voz de Deus' significa que o Folk-lore é a Verdade. Povo versus Capital.

LIBERATI disse...

Saramandaia foi uma ótima novela, quando tinha gente que tinha algo a dizer. Saudades de Dias Gomes, de Vianinha (este último criou "A grande Família" - o melhor produto de humor da TV) Hoje botam no ar um produto ideológico conservador bastante explícito. Certas vezes concordo com minha vizinha chavista. Ainda vou publicar a "Teoria da Novela"dela, onde ela decifra o modelo.
grande abraço