27.10.08

Dica do Gerdal: Imperial nas Livrarias - na terça


Compondo com Ataulfo Alves um dos maiores sucessos da cantora Clara Nunes, "Você Passa, Eu Acho Graça", numa das mais inusitadas parcerias da MPB, o controvertido Carlos Imperial tem sua biografia, cheia de peripécias, lançada em livro escrito pelo amigo gente-fina Denílson Monteiro, que há pouco auxiliou Nélson Motta em outro livro do gênero sobre o também controvertido Tim Maia. Ainda como extra, no comecinho da carreira, por sua disposição de participar de qualquer tipo de cena, Imperial, na Atlântida, chamou a atenção do diretor Watson Macedo, que o dirigiu na chanchada "O Petróleo É Nosso", em 1954, e viu nele uma espécie de "topa-tudo". E de certo modo tal expressão caracterizaria o percurso desse gordo capixaba, "viciado em mulheres e Coca-Cola", no sentido da atuação multimídia, não raro causando sensação por onde passava com jogadas de efeito bem articuladas. Quer se goste dele ou não, Imperial era, de fato, um cara muito inteligente, bom de sacadas, que está na origem de muitas carreiras de cantores de sucesso, produzindo discos, shows ou apresentando programas na tevê. Ainda adolescente, lá em casa, numa vila em Botafogo, lembro-me de vê-lo por duas vezes conversando com o meu pai sobre a sonoplastia de um filme que ele produzira, com direção de Braz Chediak, a paródia "Banana Mecânica". Chamou-me a atenção, em ambas as ocasiões, o apego dele a uma cadela vira-lata, Fresca, da qual estava freqüentemente acompanhado e que, certa vez, motivou um tumulto na porta de um cinema, pois ele insistia em entrar com ela numa "avant-première". "Falem mal, mas falem de mim" era um dos seus lemas, o de um tipo que sabia atrair para si a vaia autopromocional, que sempre dava pano pra manga na imprensa - ele mesmo colunista do "Ultima Hora", com suas famosas "lebres", por muito tempo -, um marqueteiro nato. Uma curiosa e poliédrica figura de comunicação, de vários admiradores e desafetos, também lembrado pela irreverência de um histórico "cartão de Natal". Alguém cuja trajetória Denílson, com o seu livro, ajudará a compreender, assim como, por extensão, uma outra fisionomia sociocultural e artística de um "republicano" Rio de Janeiro nesses "idos imperiais".
O lançamento de "Dez! Nota Dez!" ocorrerá nesta terça-feira, 28 de outubro, a partir das 19h, na Saraiva Megastore - terceiro andar do Shopping Rio Sul, em Botafogo ("flyer" acima). Um bom dia a todos.

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