11.2.11

MPB4 faz shows, hoje e amanhã, no Lapinha, e passa em revista momentos marcantes da carreira



Da iniciativa de jovens politizados, integrantes do Centro
Popular de Cultura (CPC), da União Nacional dos Estudantes (UNE), surgiu, em meados de 1964, o MPB4 (foto acima), de nome sugerido pelo jornalista e escritor Sérgio Porto e que se tornou, ao longo dos anos plúmbeos do regime militar no país, um marco de resistência, até mesmo com shows interrompidos, "sem mais aquela", pelo arbítrio fardado. Juntavam-se, no ano supralembrado, o niteroiense Aquiles Rique Reis, o benjamim da formação, estudante secundarista, Magro Waghabi, de Itaocara, e Milton Lima dos Santos, o Miltinho, de Campos, terceiranistas de Engenharia na UFF, e Ruy Faria, de Cambuci, recém-graduado em Direito, para brilhar, de palavra em  palavra, na lida vocal com atuação enfaticamente pautada pela canção de protesto, como "Apesar de Você" e "Construção". Músicas de Chico Buarque que, como outras - "Quem Te Viu, Quem Te Vê", "Roda Viva", Ela Desatinou" e "A Volta do Malandro", por exemplo -, pela fina sintonia de ideias e objetivos, marcaram uma longa contiguidade artística entre este e aqueles, a ponto de o compositor carioca, nascido no Catete, ter sido considerado. "o quinto elemento do quarteto". Também de outras fontes provêm, entre outras, canções emblemáticas da notável trajetória descrita pelo conjunto em tantos anos de palco e estúdio: "Cordão da Saideira", de Edu Lobo, "Tereza Tristeza", de Chico Buarque; "Amigo É pra Essas Coisas", de Aldir Blanc e Sílvio da Silva Jr.; "Pesadelo", de Maurício Tapajós e Paulo César Pinheiro; "O Cafona", de Marcos e Paulo Sérgio Valle"; e "Cicatrizes", de Miltinho e Paulo César Pinheiro.

        Com a saída de Ruy Faria (que, pouco depois, em 2005, gravou o CD "Só pra Chatear", em duo com Carlinhos Vergueiro, e hoje é um advogado atuante), ingressou no conjunto, como a primeira voz, Dalmo Medeiros, formado em Comunicação e História, sobrinho de Cauby Peixoto e ex-Céu da Boca. Além da agenda profissional comum, por causa dos compromissos do MPB4, os três remanescentes da composição original também desenvolvem atividades paralelas: Miltinho fazendo arranjos vocais e instrumentais; Aquiles, ex-presidente, no início dos anos 80, do Sindicato dos Músicos do Rio de Janeiro,  lançou o livro "O Gogó de Aquiles", pela editora A Girafa, em 2004, e escreve, semanalmente, para diversos jornais, trazendo a sua abalizada consideração a discos recém-lançados; e Magro, que conheci pessoalmente, há uns três anos, em Conservatória, distrito seresteiro de Valença onde morou e teve um bar musical, o Chez Maricotinha, é apresentador de um programa, "Vozes da Música", cujo "link" está em disponibilidade no site oficial do MPB4, e contiua exercendo com brilho o "métier" de arranjador vocal. O MPB4 faz dois shows nesta sexta e neste sábado,11 e 12 de fevereiro, no Lapinha (Av. Mem de Sá, 82 - sobrado - Lapa - tel.: 2507-3435), às 22h30.
 
Um abraço,

       Gerdal
Pós-escrito: nos "links" abaixo, 1) ouve-se a gravação de "De Palavra em Palavra", de Maurício Tapajós, Miltinho e Paulo César Pinheiro; 2) Roberta Sá e o MPB4 cantam "Cicatrizes"; 3) outra gravação do MPB4 ilustrada por imagens, "Tereza Tristeza"; 4) Chico Buarque e o MPB4, em antigas imagens em preto e branco de um programa da série "Ensaio", cantando "Apesar de Você".

 
        http://www.youtube.com/watch?v=EhlEKBgs2DE ("De Palavra em Palavra")
 
        http://www.youtube.com/watch?v=sdvIz9FCjlM ("Cicatrizes")
 
        http://www.youtube.com/watch?v=jIJ7rgBOsdc (" Tereza Tristeza")
      
        http://www.youtube.com/watch?v=xbH2E1XfscA ("Apesar de Você")

Nenhum comentário: