9.10.07

Salinger diante de um sucesso desejado e incômodo


(Continuação de resenha publicada em 1990)
Mapeada a crise, Ian Hamilton chega ao ano de 1951 quando sai "O Apanhador no Campo de Centeio", que não é em termos imediatos, um sucesso de livraria. O comportamento de J.D. Salinger às vésperas do lançamento chega a ser exdrúxulo, insiste para que nenhum resumo do livro seja distribuído à imprensa, não quer anúncios nem sua foto na capa. Apesar desses caprichos, o livro é um sucesso de crítica. Mas Salinger não seria Salinger se gostasse da acolhida calorosa dos resenhadores. Talvez não tivesse lido ainda a opinião de William Faulkner, que saudava "O Apanhador" como "a melhor obra da atual geração" porque expressava "completamente" o que elemesmo tentara transmitir e porque Holden Caufield era o melhor exemplo da tragédia da juventude quando tenta "fazer parte da raça humana" e não encontra "raça humana nenhuma".
O sucesso comercial do romance começa desenhar-se em 1952, mas incomoda Salinger. No ano seguinte ele resolve abandonar Nova Iorque. Vai morar em Cornish, onde completa outros livros de sua carreira, e onde permanece recluso até hoje. Antes de esconder-se na fortaleza que mandou construir em Cornish que segundo Warren French talvez tentasse reproduzir o castelo de Muzot, onde Rilke, seu poeta preferido, escreveu as "Elegias de Duino", Salinger costumava encontrar com os habitantes da pequena cidade. Numa dessas reuniões teve um romance com a filha de um crítico de arte inglês, Claire Douglas, com a qual acabou se casando, depois de um período difícil em que a disputou com um estudante de Harvard.
Parece ter sido durante esse match que escreveu "Franny ", história "de uma jovem estudante tensa" e inteligente, que passa "um muito louco final de semana de futebol com o namorado universitário da Ivy League". Essa história dá continuidade à saga da família Glass, que se inicia no conto dos "peixe-banana" e vai render outras narrativas de sucesso como "Pra cima com a viga moçada", "Zooey", que ele vai juntar à "Franny" (no livro Franny & Zooey) e "Seymour, uma introdução". Este último, um papo-cabeça que começa com uma narrativa engraçada. O fino da arte de escrever.

6 comentários:

Anônimo disse...

ZOO...Ei! ZOO...Ei! cacilda, deu tilt, não dá para ler... it's impossible to read... I'll back... voltarei! :((

LIBERATI disse...

My dear is "Franny and Zooey"(Zuí) uma pequena jóia salingeriana.Mãe de todas as tentativas de filmar uma família maluquinha americana ( claro que o a discordância total do criador de uma família sui generis de nome Glass- quer coisa mais transparente e quebradiça?) desde os Tannenbauns (es asi que se escribe?) até "A pequena miss Sunshine" Volte logo.
bjs
Bruno

Anônimo disse...

eu li 'O Apanhador...' há séculos; gostei , lembro que li direto; me parece um ritual a ser cumprido a leitura. ´
No final da história de Merlim e Viviane, o sujeito que levantou a mesa redonda, fica preso. parece a história do louva deus que a esposa come a cabeça dele contada ho-je pelo Fausto Wolff. Merlin ressuscita?

Anônimo disse...

Não diga, Liber! Estava a falar em inglês: zu...í, zu...í. Trocadilho tbm é humor.

Agora, pergunte ao ZE como se conjuga no presente do indicativo, na primeira pessoa do singular, o verbo ZOAR. :D

Entendo o significado de Glass no contexto como sendo algo transparente, incapaz de camuflar-se em suas vicissitudes e idiossincrasias.
Não necessariam/t 'quebradiço', posto que tal tipo familiar vinga até hoje em terras d'América, sejam os Tannenbauns-Hammer ou mocinhas 'Sunset'.

Bom dia a todos!

LIBERATI disse...

Mon Dieu, vocês me deixam sem fôlego no comentário. Volto mais tarde para levar um papo.
abração

Anônimo disse...

só 'tava falando que a Viviane esposa do Merlin louva-deus comeu a cabeça dele quando no final da história ele fica preso: como bem se mostrou no filme 'Excalibur'. IHS também é assassinado por Jeusalém. Zoo.