28.6.08

Há 94 anos estourava a Primeira Grande Guerra Mundial


Temos que lembrar. Hoje , há 94 anos atrás, um assassinato, um erro de cálculo político, ampliaria um conflito local e mergulharia o mundo na catastrófica Primeira Guerra Mundial. Interessante notar que Bismarck percebeu a eletricidade no ar ao dizer algum tempo antes uma profética frase: "alguma infeliz bobagem nos Balcãs" seria o estopim de uma nova guerra na Europa. Não deu outra. Na verdade o assassinato serviu apenas de pretexto, pois planos militares já estavam prontos quase uma década antes, de acordo com a historiadora Barbara Tuchman em seu magnífico e premiado livro "Canhões de Agosto" (levou o Pulitzer de 1963).
Tudo começou no dia 28 de junho de 1914 em Saravejo (Bósnia-Herzegovina) quando Arquiduque e Príncipe Herdeiro do Império Austro-Húngaro , Franz Ferdinand foi assassinado num atentado a tiros cometido por Gavrilo Princip, um jovem sérvio que pertencia à organização ultranacionalista chamada "Mão Negra" que se opunha com ações diretas (atentados com bombas e com pistolas) à influência do Império na região dos Balcãs . (Nesse atentado ele matou também Sofia, a Duquesa de Hohenberg , esposa do Príncipe- casada num tipo de casamento chamado morganático- quando um nobre casa com uma plebéia)
O curioso é que Franz Ferndinand estava na Bósnia para fazer uma visita de inspeção, inaugurar um museu e era passageiro de um dos carros da comitiva que foi atacada com bombas durante seu percurso, que saiu do acampamento militar de Philipovic e nada foi feito para retirá-lo imediatamente do local dada a gravidade da situação. Consta do relato da crônica de sua morte, que o Príncipe ficou muito chateado e disse que não tinha ido àquele local para ser recebido com bombas. Quando tomou a decisão de sair do local, num vacilo de seu motorista que pegou um caminho errado, acabou dando de cara com um dos conspiradores que armado de uma pistola semi-automática FN Herstal modelo 1910 de calibre 7.65×17 mm, mandou chumbo grosso para cima do calhambeque imperial . Outra coisa interessante é que Gravrilo que baleou o Arquiduque e sua mulher, parece que pensava que teria alvejado outra pessoa. Esse estudante apesar de ter carregado a culpa "histórica" pelo começo da Primeira Grande Guerra,na verdade, fez parte de uma conspiração maior que contou com outros seis "elementos" que não entendiam necas de armas e mais, algumas potências e serviços secretos estavam envolvidos no imbloglio.
O Império Austo-Húngaro então delcarou guerra à Sérvia pois considerou uma ofensa o encaminhamento que foi dado à questão do assasssinato. A ampliação da guerra se deu quase que espontâneamente, os chefes de Estado tentaram recuar, "mas o impulso dos planos e programas militares arrastou-os para a frente"(Tuchmann) E a frente significava a frente de batalha.
Foi a primeira guerra moderna e que quando começou todo mundo esperava que demorasse somente alguns meses. Durou quatro longos anos (de 1914 a 1918) envolveu vários países, todas as grandes potências (Inglaterra, França e Rússia contra Itália, Alemanha e Império Austro-Húngaro) com um saldo de mais de 10 milhões de mortos, um número não determinado de mutilados e feridos.
Eric Hobsbawn começa seu livro sobre o Século XX ("Era dos Extremos- O breve Século XX") relatando a visita que em 28 de junho de 1992 o então presidente da França François Mitterrand fez a Sarajevo que estava naquele momento no centro de uma guerra terrível que assolou os Balcãs na década de 90 (que iria custar o preço de 150 mil vidas de acordo com o autor) para tentar lembrar aquela data fatítica que mergulhou meia Europa num atoleiro de sangue num passado mais remoto. Era um heróico ato político do presidente francês que estava doente (morreria de câncer três anos depois). Para decepção de Mitterrand e de Hobsbawn o fato tinha sido esquecido, como se diz atualmente, a mídia não repercutiu, enfim: ninguém deu bola para o seu ato. O que levou o autor a afirmar desconsolado que "A destruição do passado- ou melhor, dos mecanismos sociais que vinculam nossa experiência pessoal à das gerações passadas - é um dos fenômenos mais característicos e lúgubres do final do século XX. Quase todos os jovens de hoje crescem numa espécie de presente contínuo, sem qualquer relação orgânica com o passado público da época em que vivem"
Pois é, aí está a lembrança da lambança de 1914. Hoje testemunhamos a terrível guerra do Iraque e outros conflitos menores que espocam no mundo e parece que ninguém se importa. Disse alguém, que é sempre fácil começar uma guerra, o difícil e terminá-la. Hoje as guerras são mais complexas, não só tecnológicamente falando, envolvem várias facetas, econômicas, políticas, religiosas. Mas parece que prevalece os interesses do Complexo-militar-industrial. Guerras são necessárias para a economia de quem produz armas. E essa guerra do Iraque, não é só estratégica , definir um poder numa região, mas fundamentalmente tomar conta do Posto de Gasolina. Quem vai reconstruir o país derrotado e destruído? Uma grande corporação. Do outro lado, a guerra interessa para aprofundar o fundamentalismo. Enfim uma confusão dos diabos...é melhor parar por aqui. Escutei o som de uma rajada de metralhadora no morro aqui do lado. Sai de baixo!
A foto que ilustra este texto foi retirado do site http://www.worldwaronecolorphotos.com/

5 comentários:

Anônimo disse...
Este comentário foi removido por um administrador do blog.
Anônimo disse...
Este comentário foi removido por um administrador do blog.
LIBERATI disse...

Tive que retirar dois comentários,que não eram propriamente comentários, mas uma espécie de propaganda de um tipo de loteria. Esses caras entram num assunto tão sério para fazer esse tipo de propaganda. Este mundo está perdido!

ze disse...

pois é. muita gente votou e comemorou a vitória no referendum sobre a venda de armas : o povo quer tiro, morte, em coliseus muitos, venda de arma. mais de 60% da população aceitou e referendou a venda de armas. por quê não batermos no Mugabe?

LIBERATI disse...

Caro Zé, a não ser você, ninguém se interessou por este pequeno artigo que é uma lembrança da "marcha da insensatez" que começou em 1914, uma guerra Mundial.Armas se monstraram ser um bom negócio nesta guerra. Era uma guerra de massa, que exigia como disse Hobsbawn, uma produção de armas em massa, um passo para armas de destruição em massa. Armas hoje são um negócio imenso. Um complexo militar industrial. Não mudou só a escala, hoje existem centenas de pequenas guerras acontecendo no planeta. Ninguém dá a mínima. Parece ser um negócio de doidos, mas é um negócio que não é um negócio de doidos, é lucrativo. A morte dá lucro. Este mundo está perdido enquanto caminhar por esta vereda!
Grande abraço