20.5.10

Dica do Gerdal: Dôdo Ferreira toca em trio, nesta quinta, no auditório da Finep: um "dum-dum" em tempo de balanço


Adotando no nome artístico um curioso circunflexo adverso a um dos nossos ditames ortográficos - o de não se acentuarem paroxítonas terminadas pelas vogais "a", "e" e "o" -, o amigo Dôdo Ferreira toca nesta quinta-feira, 20 de maio, às 18h30, no auditório do Espaço Cultural Finep, na Praia do Flamengo, 200 ("flyer" acima), muito bem acompanhado pelo pianista e acordeonista Gabriel Geszti e pelo baterista João Cortez, dando início à execução do projeto Música Experimental. Há pouco tempo, tive a satisfação de reencontrar, por acaso, num vagão do metrô, o Dôdo, que estava, salvo engano, a caminho do teatro onde tocaria durante um musical em cartaz na cidade. Aliás, um tipo de atração do entretenimento cultural em que esse contrabaixista, compositor e arranjador boa-praça e espirituoso já atuou várias vezes, trazendo-me à lembrança, ainda com o Geszti e mais o baterista Oscar Bolão, a sua participação, em 2003, na animação musical de "Vamos Brincar de Amor em Cabo Frio", reencenação por Stella Miranda de peça de sucesso do falecido Sérgio Viotti, montada primeiramente em 1965 e com "score" original de João Roberto Kelly - um compositor hoje muito pouco lembrado por suas bem-sucedidas trilhas para musicais no teatro e, especialmente, tevê, como "My Fair Show" e "Times Square". 
         Variedade parece ser a palavra-chave para a compreensão do exercício profissional do também musicoterapeuta Dôdo, pois já tocou com muitos artistas esteticamente heterogêneos entre si, em leque amplo de trabalho muito bem realizado do erudito ao popular. Ele, como já pôde afirmar em tom de blague, cava o "dim-dim" da sobrevivência com o "dum-dum" das suas apresentações, e esta onomatopeia do som do contrabaixo dá título ao seu segundo CD, lançado em 2007 pela Delira Música, no qual a influência do jazz ou do blues de Charles Mingus, Duke Ellington, Horace Silver e B. B. King está presente, juntamente com a matriz rítmica nacional. Tocando com Marco Tommaso (piano), Pedro Strasser (bateria) e Daniel Garcia (sopros), Dôdo tem nessa produção, com todas as faixas compostas e arranjadas por ele, uma obra de referências pessoais marcantes (dedicando, por exemplo, "O Incrível Hulk" ao amigo e colega de instrumento prematuramente falecido Maurício Almeida), após longo período desde o primeiro CD solo, "Farofa Blues", de 1993.   
       
 

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