Na sequência da memória dos 100 anos da Revolução Russa,aproveito para republicar uma longa "resenha" que fala de algumas biografias de um dos personagens mais complexos e polêmicos desse movimento que surpreendeu e determinou parte significativa da História do século XX. (Vai ser publicado um capítulo por dia).
As verdades sobre Stalin - O mito e as interpretações
Capitulo I - Stalin um baixinho do barulho!
Lenin se tornaria Stalin ou Trotski, se vivesse mais tempo. Essa afirmação curiosa de Isaac Deutscher define o quadro da encruzilhada em que se encontrava a revolução que acabara de ser deflagrada e a raiz da luta que seria travada no final da década de vinte.Na perspectiva de Lenin, Moscou seria apenas uma etapa da implantação do socialismo”, cujo endereço de chegada era Berlim. A grosso modo, pode-se dizer que Trotski representava a radicalização dessa visão com sua idéia de “revolução permanente”.Stalin por sua vez representava a posição de defesa e consolidação do território conquistado sem a expansão de suas fronteiras. Ele venceu a parada, implantou a via do socialismo em um só país e comandou por três décadas o contraditório processo histórico de construção de uma estrutura política, econômica e social totalmente nova num bloco de nações que cobria uma vastíssima região do globo. Durante seu domínio esse “país” saiu do estágio semi-feudal e se projetou como uma potência nuclear. Enfrentou a blitzkieg do exército nazista na segunda Guerra mundial a um custo de 20 milhões de mortes do seu lado, mas venceu Hitler que não viveu para ver os soldados do Exército Vermelho cravando a bandeira com a foice e o martelo no coração de Berlim. E como butim desse conflito expandiu o domínio soviético a um conjunto expressivo de países do leste Europeu.
Logo após a morte de Stalin, quando em 1956 Nikita Kruschev denunciou seus fabulosos crimes no 20º Congresso do Partido Comunista da URSS, o mundo comunista caiu na real: afinal o “Pai dos Povos”,”O maior Gênio da História”, o “Mestre e Amigo de Todos os Trabalhadores”, o “Sol Nascente da Humanidade”, a “Força Viva do Socialismo” era um assassino?! Mesmo com o desmonte do culto da personalidade, ainda assim, por muito tempo pairou uma nuvem de sigilo sobre esse baixinho atarracado de 1.68m que gravou seu nome numa época sombria- o que o tornou um dos personagens mais enigmáticos da história do século vinte.
Isso explica a voracidade com que os pesquisadores cairam sobre os papéis que vieram a luz com a abertura, em 1991, dos arquivos com os documentos “ultra-secretos” da chamada cortina de ferro. O resultado foi uma enxurrada de biografias. Duas obras dessa novíssima onda chegaram às praias brasileiras: ”Stálin- a corte do Czar Vermelho” do historiador e jornalista inglês Simon Sebag Montefiore e ”Um Stálin desconhecido” dos gêmeos Medvedev. Aproveitando a maré vermelha, até “Stalin- Uma Biografia Política”, excelente, apesar de ter sido escrita por Isaac Deutscher em 1948 foi reeditada com nova tradução.
(continua amanhã)
23.10.17
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