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Do fundo do baú: Hoje encerro a série de caricaturas dos principais líderes que fizeram a Revolução Russa (claro que existiram outros, mas esses que caricaturei se destacaram como os que deram os rumos fundamentais ao movimento).
O personagem mais complexo, sem dúvida, foi o ex-seminarista georgiano Joseph Vissarionovich Djugashvili, um baixinho do barulho (tinha 1metro e 68 de altura), também conhecido como Stalin (que quer dizer "homem de aço"em russo).
Um sujeito de carne e osso que os comunistas de boa parte do mundo, por um certo tempo, chamaram de "Guia Genial dos Povos",“Pai dos Povos”,”O maior Gênio da História”, o “Mestre e Amigo de Todos os Trabalhadores”, o “Sol Nascente da Humanidade”, a “Força Viva do Socialismo” e que boa parte do povo russo identificava simplesmente como "Paizinho".
É essa a caricatura dele que trago hoje para finalizar a série.
Sei que é um terreno minado falar desse personagem, acusado de grandes crimes, e além disso, de ser um dos artífices do totalitarismo. Falar nele toca em muitas feridas ainda abertas.
Não é à toa, ele governou com mão de ferro a URSS durante três décadas e atravessou o mar revolto da história que marcou o século XX, transformando um país semi-feudal numa potência nuclear, articulando a sobrevivência do regime soviético com um sistema burocrático monstruoso (herdado do czarismo), intrigas cruéis, deportações para campos de trabalho forçado na Sibéria, processos arbitrários, assassinatos, fuzilamentos, envenenamentos e manobras internacionais rocambolescas. O pior, fez tudo isso com uma habilidade de equilibrista chinês de pratos (quebrando vários é claro). O peso de seus crimes é algo hoje reconhecido como imperdoável, mas ele contraditoriamente proporcionou alguns triunfos.
Sua maior conquista foi, sem dúvida, a vitória sobre o nazismo (junto com os Aliados: Estados Unidos e Inglaterra - a França estava ocupada), claro que à custa de milhões de vidas, tanto dos soldados do Exército Vermelho que liberaram meia Europa, como do povo que enfrentou a fome, o frio e o fogo da artilharia nazi . Um povo que teve suas cidades arrasadas, um país que teve seu parque industrial desmontado e voltado para uma economia estritamente de guerra. Mas ouso imaginar como o historiador Hobsbawn, que se não fosse essa vitória, não existiria o sistema democrático liberal que hoje impera no mundo. Pior, talvez , a parte que não teria sido destruída , poderia ter se transformado num cenário distópico, higiênico (no pior sentido) e controlado exibido na série "O Homem do Castelo Alto" de Philip K. Dick. Um mundo parte "nazificado", parte entregue ao Império nipônico...
Se eu fosse escrever sobre ele aqui, seria um "textão" e levaria um mês catando milho no teclado do computador para não chegar a algo significativo.
Prefiro contar uma pequena história: Estava no começo da leitura de dois livros que tinham sido lançados a partir do ano 2000, que tentavam ampliar a biografia de Stalin, avançando para além daquela tornada clássica, escrita por Isaac Deutscher, publicada aqui no Brasil em 2 volumes, cujo título era "Stalin - a história de uma Tirania".
Tais livros imaginava-se, tinham uma vantagem, pois seus autores alcançaram acesso aos documentos que tinham sido liberados no fim da década de 90 do século passado sobre o período "Stalin". Entusiasmado, me encontrava no meio da tarefa de escrever uma grande resenha sobre o tema, quando fui atingido por um "passaralho". (Qualquer dia boto aqui o genial verbete humorístico "passaralho" feito por um dos geniais companheiros de redação - no estilo do Dicionário Aurélio).
De repente fiquei boiando com aqueles enormes livros e um monte de anotações na calmaria que aguarda os desempregados… Mas não desisti da tarefa, com uma certa teimosia, como precisava manter a mente ocupada e mostrar meu trabalho (tanto de desenho como de texto), criei um blog e lá fiz uma resenha que me custou muitas noites em que queimei minhas pestanas , procurando analisar aquelas biografias disponíveis.
Acredito que a leitura dessa longa "matéria" seria útil para mapear o terreno de quem busca algum entendimento sobre essa figura tão sombria, e participar um pouco da aventura daqueles que tentaram desvendar esse personagem polêmico e contraditório, do qual, por muito tempo se soube tão pouco.
(Após esta série de caricaturas vou postar novamente a ampla resenha sobre as biografias de Stalin. Espero que tenham a paciência de ler)
23.10.17
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