15.5.10

Ilustração do fundo do baú : "Estatísticas"


Esta foi feita em 1983 também. É uma ilustração grande, de 6 colunas, como se chamava antigamente. O boneco foi feito em bico de pena e o quadro estatístico com caneta de fluxo contínuo. Clique em cima da imagem para ver melhor os detalhes.

14.5.10

Ilustração do fundo do baú: "Vodka"


Esta foi feita em 1983, um bico de pena com detalhes trabalhados com caneta de fluxo contínuo. Clique na imagem para ampliar e ver melhor os detalhes.

Antonio Adolfo e Carol Saboya Lá e Cá/ Here and There


(Recebi por e-mail um texto do meu amigo querido Antonio Adolfo que fala de seu novo CD e de otras cositas mais- vou botar ele na íntegra assim como os links)

Caríssimos amigos.
Há 33 anos eu lançava o LP Feito em casa, considerado por muitos como pioneiro no disco independente.
Na verdade, desde 1977, acostumei-me a me auto produzir em discos e não me arrependo. Criamos um núcleo de apoio aos auto produtores (músicos que lançavam discos independentes) e, hoje, podemos dizer que 90 por cento dos títulos lançados são dessa forma. Não fosse o apoio dos músicos e amigos, nada disso seria possível. Ultimamente passei a contar com terceiros para distribuir, e eu ficava só com a tarefa da produção.
Pela primeira vez, faço uma produção e assumo a distribuição mundial de um disco, que acabo de lançar: Antonio Adolfo e Carol Saboya Lá e Cá/Here and There. É isso mesmo, minha vida tem sido meio lá e cá, com idas e vindas entre Exterior e Brasil. E a música do disco também é lá e cá, seja na ginga do samba jazz, seja no repertório, em tudo... Resumindo, creio que não haveria título mais apropriado.
Preciso, mais uma vez, contar com o apoio dos amigos, e quero me colocar à disposição dos colegas músicos para informações – assim como sempre fiz – sobre como aproveitar a tecnologia, muito mais avançada de hoje, e lançar um disco mundo afora, com lojinha virtual, venda de downloads e até mesmo o que passa a se transformar em coisa do passado: a venda física de CDs. Sempre, no entanto, respeitando os direitos autorais. Nada de lesar os titulares de direitos em prol de uma “democratização de acesso à cultura”.
Portanto, mesmo sendo eu suspeito para comentar sobre a qualidade (ou não) do disco, posso dizer que foi feito com a participação de super craques, como Serginho Trombone. Leo Amuedo, Jorge Helder, Rafael Barata... Não vou me estender, pois as informações podem ser obtidas nos links abaixo.
Vale a pena dar uma conferida e ouvir e, se puderem dar uma força, fazer um download ou mesmo comprar o disco propriamente dito.
Abs e muito obrigado pela sua atenção
Antonio Adolfo
http://www.antonioadolfo.com
  
Além do site acima, que conta com nossa historia, críticas etc...., e inclusive com a lojinha virtual que criei, o disco pode ser encontrado nos prinicipais sites (todos com final .com): Cdbaby, Itunes, Emusic, Amazon, ...., e para compra do CD físico, no Brasil: http://www.saladesom.com.br

O disco está recebendo críticas muito boas (dá pra conferir no meu site, acima) e começa a entrar na parada de execução da World Music e do Jazz.)

13.5.10

Dica do Gerdal: Márcio Thadeu, neste 13 de maio, em show no Bar do Tom - um canto negro de expressão e boniteza


Com muito prazer, passo o recado do show, marcado para as 21h30, que o querido e cavalheiresco amigo Márcio Thadeu (foto acima) fará nesta quinta-feira, 13 de maio, no Bar do Tom (Rua Adalberto Ferreira, 32 - Leblon - tel.: 2274-4022). Mais um show de um caminho percorrido pelo artista com qualidade e acerto, para divulgar as faixas do CD de estreia, "Negro Canto", gravado em 2007, um dos últimos trabalhos como arranjador de Willians Pereira, violonista e compositor precocemente falecido no final desse mesmo ano. Assim como Renato Braz em São Paulo, o carioca Márcio é "avis rara" num universo de revelações da MPB quase tomado por mulheres, realçando na sua bela voz e interpretação joias autorais de compositores afrodescendentes, como Cartola e Lupicínio Rodrigues, e mostrando por que, pelo seu valor e aplicação, tem fôlego de estúdio e ribalta para encantar o ouvinte/espectador por diversos discos e numerosas apresentações ao longo da carreira. 
         Dudu Viana (piano e direção musical), Bruno Repsold (baixo), Renato Endrigo (bateria) e Cássio (sax e flauta) são os competentes rapazes que abrem o show com temas afro-americanos e, pouco depois, por sambas de grande expressão, novos e antigos, acompanham a grata presença de Márcio Thadeu, que, ainda no seu disco, tem, especialmente, no dolente "Tempo Falso", de Gisa Nogueira, um momento felicíssimo na interpretação. Nos "links" do YouTube, abaixo, ele canta "Intacto", de Jair Oliveira, adornado pelo talento do cataguasense Dudu Viana ao teclado, e, em seguida, em excerto de show realizado, no ano passado, no Cais Cultural, na Praça Mauá, lembra Benito di Paula em "Retalhos de Cetim" e Geraldo Pereira em "Sem Compromisso". 
       
     
http://www.youtube.com/watch?v=R8zKxk49pO4&NR=1
 
             
http://www.youtube.com/watch?v=IF9xMnh2lkI

Filósofo Sandaum e a Seleção

Ilustração do fundo do baú : "Presépio"


Este bico de pena (com caneta de fluxo contínuo também) é de 23 de dezembro 1983 - pertinho do Natal.
(Clique na imagem para ampliar e ver melhor os detalhes)

Emiliano Castro apresenta Kanimambo nesta quinta em Sampa


(Chegou por e-mail o convite(flyer acima) e texto(abaixo) do amigo Emiliano Castro)

"Quando a gente está na sala e o cheiro da cozinha começa a provocar demais a
gente se anima e chega junto pra dar uma bicadinha, né?
Pelo menos quando estamos em sala amiga.

Este é o caso:

Em poucos dias entrarei no estúdio muito bem acompanhado para gravar meu
primeiro disco autoral, *Kanimambo.*
Muuuita estória envolvida, muita gratidão pra todos os lados.
Vai ser prato principal e já está ficando cheiroso!

Antes disso, antes de servir a mesa pra todos, porque vocês não chegam junto
e vêm dar uma bicadinha na panela?

Pra provocar, adianto que a produção musical é do enorme Paulo Bellinati.

Mais requintes e a receita completa estão no flyer anexo.

O nome do show e do disco é *Kanimambo* que em changana, uma língua de
Moçambique, quer dizer "obrigado" e com este convite eu começo também a
divulgar o tamanho da gratidão que tenho às inúmeras pessoas que vêm me
ajudando a montar este cardápio tão especial.

É 5a feira agora."

Visitem a nossa cozinha!

http://myspace.com/emiliano7cordas

http://myspace.com/candongueirofino

Dica do Gerdal: Fhernanda faz show comemorativo nesta quinta no Lapinha - velas acesas para sopro renovador de vida e de carreira



"Marajó/deitar os olhos sobre o mar azul/deixar o sol tornar o corpo bem moreno/eu tô gostando de andar por aí/e haja natureza/Fortaleza/Canoa Quebrada inteira é uma beleza/Porto Seguro, Rio de Janeiro/mês de fevereiro/tudo é carnaval..."    
 
        Prezados amigos,
 
        Revelada no festival MPB 80, da TV Globo, com a composição "Devassa", de Solange Böeke e Wania Andrade, a talentosa Fhernanda (agora apondo o Fernandes do RG ao nome artístico original, já acrescido do "h" da numerologia) faz nesta quinta-feira, 13 de maio, no Lapinha (Av. Mem de Sá, 82 - Lapa - tel.: 2507-3435), a partir das 20h30, o show "Mudança dos Ventos", simultaneamente antecipador de novo CD - "Eu Sou Assim", a ser lançado no final deste ano - e retrospectivo dos seus 30 anos de carreira. Portanto, um motivo de festa ao qual se junta outro: o seu aniversário, comemorado nesse mesmo dia. De pais que se conheceram na casa de Ari Barroso, essa carioca nascida em bairro patrimonial do samba, Vila Isabel, e crescida ao som da seresta só poderia mesmo enveredar pela atividade musical, uma opção ainda muito influenciada na infância por um presente especial do pai, violonista: o elepê "Chega de Saudade", de João Gilberto. Do final dos anos 80 ao início dos anos 90, Fhernanda Fernandes (foto acima) morou por quatro anos em Paris, onde lançou com sucesso "Gosto de Hortelã", que fora gravado ao vivo, no Teatro Ipanema, em show cuja direção musical coube a uma de suas parceiras e também arranjadora, Irinéa Maria. Na esteira do tento europeu inspirado pelo aplauso de público e crítica a esse disco (em que sobressaem as maravilhas de cenários da sua "aquarela brasileira", "Marajó, dos versos supradestacados, precioso cartão-postal musical da lavra partilhada com Sarah Benchimol), Fhernanda fez diversas apresentações no Velho Continente, dividindo ainda palcos, em festivais de jazz, com artistas do quilate internacional do pianista francês Michel Legrand, da trovadora argentina Mercedes Sosa e do trompetista norte-americano Wynton Marsalis. Ela foi gravada por grandes nomes da MPB,  entre os quais Nelson Gonçalves, Emílio Santiago e Rosa Maria, assim como, com o seu grave singular e de muita personalidade, deu brilho à interpretação de outros grandes nomes, como Fátima Guedes, de quem fez belo registro em "Pelo Cansaço".      
        Além de "Marajó - também gravada com beleza pela cantora Anna Condeixa (ex-Anna di Paulo) -, no primeiro dos "links" abaixo, Fhernanda Fernandes é vista em três outros momentos: cantando "Pura Magia" e "Espera Só", da parceria com Luly Linhares, e "Gosto de Hortelã", feita com Isolda, irmã e parceira de um promissor cantor e compositor prematuramente falecido (em 1977, aos 22 anos) em acidente automobilístico, Mílton Carlos.
       
     

http://www.youtube.com/watch?v=ZB5Zx_O72A0
 
           
http://www.youtube.com/watch?v=MtdBBeQQcFc&feature=related
 
          
http://www.youtube.com/watch?v=ANBLnpH9t30&NR=1
 
          
http://www.youtube.com/watch?v=vrl6Eif9_zk&feature=related

11.5.10

O Filósofo Sandaum e a Seleção do Dunga

Ilustração do fundo do baú: "Bar do Calçadão"


Esta é de 1979, caramba como o tempo passa! O desenho original é grande e fica reduzido quando formatado no blogue. Clique na imagem para ampliar e ver melhor os detalhes.

10.5.10

Vizinha Chavista cai na macarronada!


Minha vizinha chavista voltou a me ligar, pelo interfone. Disse que andou sumida por causa de uma crise de meia idade (falou que sempre tem meia idade,isto é: a idade dela dividida por dois ).
-Pois é, querido, tive um lance "tipo Crepúsculo", como se dizia no século passado.
Me arranjei aí, por uns tempos com um vampirinho meia boca e agora tudo acabou. É que ele andou me traindo com uma (ex)amiga, uma loura oxigenada que jogava biriba na pracinha. Mas ele se danou depois de comer um filé à Osvaldo Aranha carregado no alho (preparado pela loura fatal)ha ha ha... Capotou com uma indigestão digna de um filme de Tarantino. Agora respousa na sua tão querida eternidade.
Te liguei, porque estou triste com o fim da novela Viver a Vida - que está na última semana. Bote lá no seu "grogue"
(ela implica em chamar meu blogue por esse nome, que no fundo quer dizer tonto - acho que ela está zoando comigo).
- Por que a senhora está triste- pelo que sei não apreciava essa novela? Perguntei.
- Ah, meu filho, porque, com o final da novela do Maneco, não poderei assistir mais o CSI-Las Vegas que passa no mesmo horário na TV Record. É que eu botava na novela num televisor sem som e no outro eu via a série CSI, que apesar, de ter muitos episódios repetidos, sempre era uma coisa interessante de se ver. E tem mais, como as investigações do CSI são muito complicadas a gente sempre acaba perdendo um detalhe, quando não dorme no meio, ha ha ha. Só não gostava de ver na hora da necropsia, os cadáveres sempre estão muito descompostos (eu não creio que ela queria dizer decompostos), ô coisa nojenta de ver!!!!
- Mas a senhora pode ver a próxima novela no mesmo esquema, não pode?
- Nãaao, meu filho! Passione ( no título da nova novela das 9) é coisa séria! Silvio de Abreu deve chegar com aquela velha historinha paulista, mezzo alici, mezzo mozzarella, com imagens da Itália, Tony Ramos lembrando Al Pacino com uns quilinhos a mais, Irene Ravache sempre bem em qualquer papel e a Fernandona, um monumento da arte dramática!... Enfim, um elenco danado de bom, pena que não me lembro de todos os nomes. Bem, o que importa é que deve ser uma bela macarronada, com muito molho, vinho tinto e uma morte no meio. Depois uma investigação durante toda a trama com a gente participando. Você acha que vou perder? Uma pena que terei que desligar a TV que passa o CSI. Não posso acompanhar duas investigações ao mesmo tempo. CSI que me perdoe, que mude de horário se quiser que eu assista! Queria aproveitar e pedir desculpas ao Maneco por causa das minhas observações críticas, mas essa novela resolveu "acontecer" somente na última semana! Tenha paciência! E olhe que tive muita!...Maneco é um gênio, mas desta vez abusou da lentidão. Devia fazer cinema francês da década de 60. Você me conhece e sabe que sou maluca por novela, mas essa parecia que não estava aí, muitas cenas à mesa e poucas "à cama".
No entanto, as notícias que tive dessa novela - é que o formato deu certo do ponto de vista comercial. Coisas do capitalismo audiovisual, um "imbroglio" que fez a TV Globo sair no lucro, apesar de ter uma "audiência" diminuta na TV no "horário real" . Eles encheram a burra de dinheiro com "merchandising", meu filho! As aparências e números enganam. "Cáspite", toda hora tinha um produto no meio dos diálgos, era banco, produto pra cabelo, maquiagem, lá sei eu, um monte de propagandas subliminares! Dizem que esse resultado ruim na TV se deve ao desempenho de outras mídias que facilitam ver a novela em outros horários e em outros "veículos", portal da emissora, Youtube, celular, aparelhos de TV-móvel (eu nem sei o que é isso, Dio mio!). Mas essa semana eu vou ver a novela com som, e vou desligar o CSI. Tá de bom tamanho? Ciao...

E desligou na minha cara... Como vocês perceberam ela já está meio "italianizada". Pior, nem falou sobre os planos para expandir o chavismo no continente.

Cartum Pré-histórico - "Taxi"

Dica do Gerdal: Mariana Baltar destaca faixas do novo CD em apresentação que fará nesta segunda na Modern Sound (grátis)


Iniciada no disco, no final de 2006, com o ótimo "Uma Dama Também Quer Se Divertir" - CD de título extraído da letra de "Samba da Zona", de Joyce -, Mariana Baltar, natural de Copacabana, é uma das mais gratas revelações da MPB brotadas recentemente na cena carioca. Um "début" fonográfico muito bem recebido pela crítica, o qual, no entanto, não surpreendeu o público que, antes disso, por quatro anos, comparecera à febre das noites de sábado no Carioca da Gema, embaladas por muito samba bom, onde ela foi soberana como atração regular. Lá, já se evidenciava o seu grande valor como cantora - ex-corista de shows de Daúde, Jorge Ben Jor e Zeca Pagodinho -, o que se acentua agora em novo CD, que ela lança nesta segunda-feira, 10 de maio, às 19h, na Modern Sound ("flyer" acima), com entrada franca. Nele, ela amplia e aprimora a sonoridade cortejada pela sua voz, gravando jovens compositores harmonicamente arrojados, como Edu Kneip e Thiago Amud ("Sonâmbulos", de ambos), sem se descuidar da tradição, bem servida na primeira e na última faixas, por exemplo, por composições de um mestre do ofício, Nei Lopes, ambas pinçadas de um elepê-referência, "Negro Mesmo", que ele gravou em 1983 - uma em parceria com Cláudio Jorge ("Tia Eulália na Xiba") e a outra com Wilson Moreira ("Jongo do Irmão Café"). Nos "links" abaixo, em que Mariana Baltar, professora do ramo, mostra que também nasceu para bailar, vaporosa ao som do samba como uma Ginger Rogers tropical, temos a satisfação de ouvi-la nas seguintes músicas: 1) "Pressentimento", de Élton Medeiros e Hermínio Bello de Carvalho; 2) "Jura", do "passarinheiro" Sinhô; cantada em companhia de Pedro Amorim; 3) "Maldita Cancela", do novo CD, de autoria de Délcio Carvalho e Osório Peixoto; 4) "Samba da Zona", de Joyce; 5) "O Pistom do Barriquinha", um daqueles sambas gostosamente descritivos de Billy Blanco, inédito até a gravação de Mariana no CD anterior.
                              
 
             
http://www.youtube.com/watch?v=GzF5Va9Ml4c    
 
             
http://www.nme.com/awards/video/id/yBbkdf3Uq6g/search/carlos%20bolacha

 
            
http://www.nme.com/awards/video/id/n23Tf4OCU9k/search/escancara
 
             
http://www.youtube.com/watch?v=8XTCJqYP3oA

             
http://blogdoviamundo.wordpress.com/2010/03/23/a-cantora-mariana-baltar-fala-sobre-o-novo-album/
             

9.5.10

Ilustração do fundo do baú: "Dúvida cruel"


Bico de pena sobre papel Schoeler Hammer rústico.
(Clique na imagem para ampliar e ver melhor)

7.5.10

Monges

Dica do Gerdal: Anselmo Mazzoni toca em trio nesta sexta na Lagoa - útil paisagem para os dedos noturnos de um pianista social


Finalista com seu belo "Troglodita 171", entre concorrentes de peso, no Chorando no Rio (um memorável festival de choro realizado na Sala Cecília Meireles em 2002, coordenado por Adonis Karan e apresentado por Ricardo Cravo Albin), o pianista, compositor e maestro Anselmo Mazzoni (foto acima e "link" abaixo) é uma figura bastante conhecida da noite carioca, vivendo com intensidade, em décadas pregressas, o clima boêmio dos pianos-bares no Rio, como o Chiko`s Bar, onde marcou forte presença. Em 1971, teve um ainda aspirante ao estrelato Emílio Santiago como "crooner" de seu conjunto de baile e, em 1997, animou, no Rio Palace Hotel, em Copacabana, concorrido e elegante coquetel em intenção dos 90 anos de Braguinha, tocando clássicos desse compositor da chamada era de ouro da MPB. Aliás, essa é uma circunstância que, reiterada em sua agenda de trabalho, sugere a vocação social de seu piano, um portador costumeiro de "happy hours" com boa música levada a ambientes distintos, como jantares dançantes, reuniões de aposentados, desfiles de moda etc. Um músico experiente, versátil e de fôlego qualitativo que também deu à tevê apreciável contribuição, como pianista e arranjador de um programa de grande audiência na extinta Tupi - "A Grande Chance", sob o comando do controvertido Flávio Cavalcanti - e, mais adiante nos anos e na carreira, por largo período, na TV Educativa do Rio de Janeiro, hoje TV Brasil, acompanhando numerosos artistas numa grade de atrações então bastante voltada para a difusão do melhor da MPB, da qual fizeram parte os programas "Lira do Povo" e "Água Viva", produzidos e apresentados por Hermínio Bello de Carvalho.
      Dando expansão natural a essa vocação social e até mesmo romântica de seu piano, (re)aproximando corações e mentes, repasso do amigo Anselmo o seguinte recado: ele toca nesta sexta, 7 de maio, a partir das 21h, no Parque dos Patins, na Lagoa Rodrigo de Freitas, bem acompanhado por Miro Ribeiro, ao contrabaixo, e por Moacyr Neves, à bateria. Dele recomendo o DVD "A Bossa de Anselmo Mazzoni", com participação especial de Luís Carlos Mièle, Zeca do Trombone, Tinho Martins e Marcos Szpilman, fruto de outras tantas "happy hours" ao piano da Casa de Cultura da Universidade Estácio de Sá, abertas a canjas de artistas e até de "mortais comuns", o que, curiosamente, naquele ambiente, propiciou a um outro amigo, "nordestino carioca", Chico Salles, o descobrimento em si mesmo de um bom cantor de forró, já que nele o ótimo compositor do gênero - e de sambas de embalo para blocos no carnaval - estava feito. 
 
       http://www.youtube.com/watch?v=4WND0aFCCT0

Homenagem do Gerdal: Manoel da Conceição ("in memoriam"): um violão de fundo sempre em primeiro plano na tevê



"Andam comentando por aí/coisas que eu não posso acreditar..."

 
     Prezados amigos,
 
     Só me lembro "meio" vagamente...e, no caso, de um programa diário da antiga TV Educativa a que só pude assistir poucas vezes - creio que já nos anos 90 -, apresentado com a irreverência e a inteligência saltitantes na personalidade do finado arquiteto, jornalista, escritor, boêmio e letrista Marcos Vasconcellos - coautor com o violonista, artista plástico e também arquiteto Carlos Alberto Pingarilho do emblemático "Samba da Pergunta", de 1966, em fase já politizada da bossa nova. Marcos comandava um círculo de bate-papo, com convidados diferentes cada noite e de setores variados da vida social, política e cultural do Rio, e também na memória, sem o esmaecimento trazido pelos anos, ficou-me clara, da imagem do estúdio da emissora, entre todos os participantes do programa, animando, como fundo, a conversação, a figura serena de um violonista de mãos cheias - e que mãos grandes e grandes mãos! -, sempre "na dele", quase só tocando: Manoel da Conceição. Conhecido como Mão de Vaca pela maneira de tocar - fazendo vibrar as cordas com o polegar, mas mantendo os demais dedos da mão direita fechados -, esse autodidata carioca, nascido em São Cristóvão, iniciou-se no palco, em 1953, na orquestra alatinada de Ruy Rey, e, no disco, em 1956, com o dez-polegadas "Eu Toco e Ela Dança". No ano seguinte, fazia sucesso com o samba "Dizem por Aí" (de versos iniciais acima destacados), composto com o ritmista Alberto Paz e gravado com sucesso por Lúcio Alves. De 1955 a 1959, acompanhou Angela Maria e, de 1959 a 1961, a divina Elizeth Cardoso, para a qual Mão de Vaca valia "por uma orquestra inteira" e do qual gravou, em 1960, no elepê "A Meiga Elizeth", um delicioso samba (na parceria com Augusto Mesquita), "Tentação do Inconveniente". Também Radamés Gnatalli se encantou pelo violão e pelo "ouvido extraordinário" do músico, que, de 1961 a 1969, acompanhou Chico Anísio em shows variados que mesclavam humor e música. Esteve várias vezes no Peru, na Colômbia e na Argentina, entre outros países, e realçou, nos anos 70, a gravação de elepês de Lecy Brandão, Martinho da Vila, Antônio Carlos e Jocafi e Maria Creusa, entre outros, sem deixar de gravar um ótimo seu, "Batucada do Mané" (capa reproduzida abaixo), de 1975, com produção de Rildo Hora. Nesse ano, já colaborava com a Rádio MEC, onde permaneceu até 1992 e pôde apresentar um programa próprio, "Manoel da Conceição sem Couvert", em que tocava violão e contava episódios marcantes da sua longa carreira de instrumentista. 
     Morto em 1996, Mão de Vaca, nascido em 1930, completaria  80 anos em 19 de dezembro deste 2010. Ainda me lembro de vê-lo em outras atrações da TV E, hoje TV Brasil, acompanhando vários artistas e também fazendo fundo com as suas cordas e os seus acordes para outros bate-papos musicais em imagens da emissora. Um fundo musical que, pela competência, pelo brilho e pelo magnetismo da figura do violonista, sempre roubava a atenção do espectador e se tornava igualmente atraente na atração veiculada. A ele, nestas linhas, a minha estima permanente e a minha grata recordação.

6.5.10

Mais uma bacalhoada do filósofo Sandaum

Do fundo do baú Ilustração "Desafio acústico contra elétrico"


No modo "xilogravura de paulista" ilustração grande que tive que reduzir para entrar no blogue. Clique na imagem para ampliar e ver melhor os detalhes.

Dica do Gerdal: Clarisse Grova e Irinéa Maria em show nesta quinta no Leblon - um retrato do Rio pela lente subjetiva da canção


Presenças marcantes e vitoriosas em vários festivais de música popular pelo Brasil, Clarisse Grova (cantora, compositora e violonista) e Irinéa Maria (compositora, violonista e arranjadora que, recentemente, ajuntou o Ribeiro, do RG, ao nome artístico) obtiveram, em outubro do ano passado, no pequenino Miraí de Ataulfo Alves, um resultado expressivo com a escolha de Clarisse como melhor intérprete do primeiro festival de samba e culinária de botequim lá realizado. Reluziu, como de hábito, na voz dela, a composição "Cem Anos da Minha Querida Portela", de Irinéa e Paulo César Feital, em escolha feita por júri presidido por Armando Aguiar, o Mamão, autor de "Tristeza Pé no Chão", um dos primeiros sucessos de Clara Nunes. Elas fazem nesta quinta-feira, 6 de maio, a partir das 21h, no bar do Hotel Panorama ("flyer" acima), no Leblon, um show simpático, talhado para um "dopo lavoro" em que amigos se reveem com leveza d`alma e descontração. Por meio de canções referentes ao Rio de Janeiro, essas duas cariocas afagam o ego municipal, recentemente abalado por intempérie chuvosa, e compõem um retrato cantado da cidade pela telessubjetiva de compositores variados. 
          Nos "links" seguintes: (1) Irinéa acompanha Luanda Jones, sua filha, cantora e compositora residente no Canadá, em "Disseram Que Eu Voltei Americanizada", de Luiz Peixoto e Vicente Paiva; (2) da própria Irinéa, em parceria com a constante Sueli Correa, Luanda (também com o apoio instrumental de Rodrigo Villa, ao baixo, e Cassius Tepherson, à percussão) canta um delicado e envolvente "Chorinho"; (3) com o amigo baixista Jimmy Santacruz aparecendo inicialmente ao fundo e tendo ao lado, no palco, Abel Silva, Clarisse canta "Mundo Delirante", deste e de Sueli Costa, pelo projeto É Poesia e É Canção; (4) um "sambossa", "Clara Carioca", na voz de Clarisse.
                        
             
        
http://www.youtube.com/watch?v=EW6ABroXoVU
 
        
http://www.youtube.com/watch?v=7FaZvW15D4g&NR=1
 
        
http://www.youtube.com/watch?v=RJcwFiIQysc&feature=related

 
        
http://www.univision.com/uv/video/Clarisse-Grova---Clara-Carioca---Uma-Hom/id/361513540
 
         
http://www.gazotube.com/RJcwFiIQysc.html

5.5.10

Marceu Vieira, Tuninho Galante e Mariana Baltar no Café Pequeno


Recebi por e-mail o recado de Tuninho Galante falando de um show bacana que vai rolar nesta quarta-feira - o texto segue abaixo:
"Eu e meu parceiro Marceu Vieira faremos o último show da temporada Edição do Autor, voz e violão, nesta quarta-feira, às 18;30, no Teatro Café Pequeno.
A convidada desta vez será a excelente Mariana Baltar.
Apresentamos músicas de nosso CD Edição do Autor, que lançaremos depois da Copa do Mundo, além de outras músicas que fazem parte do repertório construido ao londo de 10 anos de parceria.
Para comemorar a saideira, todo mundo é lista amiga (paga apenas R$ 10, 00).
O Teatro Café Pequeno fica na rua Ataulfo de Paiva, 239, no Leblon. O telefone é 2294 4480."
CLIQUE AQUI E VEJA NOSSO CONVITE ESPECIAL PRA VOCÊ!

Agenda VivaMúsica!


A Agenda VivaMúsica! de maio já está em vários pontos culturais da cidade com a programação do que há de melhor na música erudita. Você pode acessar seu conteúdo também no seguinte link http://www.vivamusica.com.br/index2.php?option=com_flippingbook&view=book&id=12
A ilustração da capa foi feita por este blogueiro que vos fala.

Dica do Gerdal: Christina Paz canta belos sambas de Guadalupe da Vila, nesta quarta, no Bixiga, ao som supimpa do Cochichando


Carioca de Vila Isabel, mas radicada em Sampa desde 2002, a amiga Christina Paz apresenta, nesta quarta, 5 de maio, a partir das 21h, no Café Piupiu ("flyer" acima), situado no Bixiga, o show "Cantar pra Viver", entoando um repertório atraente e fonograficamente inédito de outro carioca do bairro de Noel, o seu tio, já falecido, Guadalupe da Vila. Na verdade, fonograficamente inédito por enquanto, já que ela ultima preparativos para lançamento em breve do seu segundo CD, em que virá a lume fração expressiva do samba bem matizado desse compositor que integrou a Velha Guarda da Unidos de Vila Isabel. Dele, a propósito, Christina, licenciada em Música pela Uni-Rio e pela UFRJ e professora de canto há muitos anos, pôde apresentar o samba "Por Amor" ("link" abaixo) em Alvinópolis (MG), com o qual foi vencedora, em julho do ano passado, de festival de música local. A acompanhá-la no suprarreferido show, além do baterista César Machado, produtor e arranjador desse CD em fase de finalização, o excelente Cochichando - João Poleto (flauta e sax), André Hosoi (bandolim e guitarra), Ildo Silva (cavaquinho), Ricardo Valverde (pandeiro) e Paulo Ramos (sete-cordas) -, oriundo de uma concorrida paragem paulistana do samba e do choro, a Vila Madalena. Em 2007, o conjunto ganhou o Prêmio Ney Mesquita, outorgado pela Cooperativa de Música do Estado de São Paulo, e, em outro "link" abaixo, de André Hosoi, pode-se ouvir o Cochichando executando uma grande composição, "Baião da Areia". 
  
http://www.myspace.com/grupocochichando
 
 

http://www.youtube.com/watch?v=jdCe8QAaPSw
  (Christina Paz: "Por Amor")
 


http://www.youtube.com/watch?v=sgVkNneH-qc&feature=related
   (Cochichando: "Baião da Areia") 
 ***   

Pós-escrito: Ney Mesquita foi um grande cantor paulistano, também ator de cinema e teatro, falecido prematuramente ("fora do combinado", como diria Rolando Boldrin), em 2004, aos 35 anos. Em sua intenção, adiciono o "link" seguinte, em que canta fala de teor poético, musicada pelo pianista e compositor Lincoln Antônio, da também finada Stela do Patrocínio, que viveu os últimos 30 anos de vida como interna da Colônia Juliano Moreira, no Rio.
 
http://www.youtube.com/watch?v=DDp_qYRg87E 

4.5.10

Do fundo do baú - Ilustração : "Um barquinho e um guitarrão"


Esta ilustração no seu formato original é muito grande, quando é "postada" há uma redução, vamos dizer, "mecânica" imediata. Para ver melhor, então, clique na imagem para ampliar.

Dica do Gerdal: Jadir de Castro - um gênio da nossa batucada e do samba bem temperado com ziriguidum e telecoteco




"A onda vai, vai,vai/e balança e balança, mas não cai..." E na crista dessa onda, coetânea à bossa nova e conhecida como samba de balanço, na companhia de Ed Lincoln, João Roberto Kelly, Orlandivo, Luiz Bandeira e até mesmo de um cantor e ritmista uruguaio, Humberto Garín, entre outros, estava o hoje já bem "surfado" baterista e percussionista Jadir de Castro (fotos acima), nascido em Campos dos Goytacazes, no Norte Fluminense, criador desse famoso "Samba do Ziriguidum", apreciado por artistas diversos, como Osvaldinho do Acordeom e Baby do Brasil (ex-Baby Consuelo) - esta em "link"  abaixo. A exemplo de outra inspirada e curiosa figura da polirritmia nacional com a sua tamba, Pedro Sorongo (que, na minha adolescência, vi várias vezes lá em casa, no Bairro de Fátima, visitando o meu pai, um velho amigo que conhecera o autor de "Sorongaio" ainda porteiro da Rádio Tamoio (PRB-7), nos anos 40), Jadir de Castro criou batidas, como o samba cruzado e a macumbossa, e instrumentos, como o "katriburim" (híbrido de bongô e tamborim) e o tumbombo (tumbadora disposta na vertical e acionada por pedal gêmeo), ao qual deu grande destaque no raríssimo e interessantíssimo elepê "Gênio da Batucada" (capa reproduzida acima), de 1965, da etiqueta Caravelle. Com carreira iniciada aos 14 anos, em orquestra radiofônica, Jadir de Castro, antes de se notabilizar por sua injeção de telecoteco no samba tradicional, morou muitos anos no exterior, atuando nos EUA, na Europa e na Ásia, sendo o homem que, em 1956, toca bongô em cena em que Brigitte Bardot aparece dançando no então polêmico "E Deus Criou a Mulher", filme de Roger Vadim, marido da estrela na ocasião e dela descobridor (em mais de um sentido). 
        "Essa nega sem sandália quer sambar...", no samba "Pourquoi?", com coautoria de outra figura curiosa da MPB, o gaúcho Caco Velho, e recentemente regravado no CD "Miss Balanço" por Clara Moreno, é mais um sucesso da batucada fantástica de Jadir de Castro, cujos sambas apresentam amiúde um quê afrancesado nas letras ou nos títulos, como "Venez Ici, Mademoiselle", "Baratin", "Belisket" e "Arrive le Batuque", este feito com João Melo, recém-falecido, o mesmo baiano criado em Sergipe e da parceria de "Sambou, Sambou", com João Donato. Sob o heterônimo Adriana Partimpim, usado na sua lida fonográfica com o público infantil, a gaúcha Adriana Calcanhoto gravou "Lição de Baião", também conhecida por "Leçon de Baion" ("link" abaixo), outra composição de Jadir, um mago da expressão timbrística que, em janeiro deste ano, lançou, no auditório da Rádio Nacional, o livro "Ciências Rítmicas e Memórias de Jadir Teixeira de Castro", importante registro pessoal da sua vivência no meio musical e, em particular, do seu envolvimento criativo e inovador na seara do som e do ritmo. Esse livro pode ser encontrado no SindiMusi (Sindicato dos Músicos Profissionais do Estado do Rio de Janeiro) pelo telefone 2532-1219.   
        Um bom dia a todos. Muito grato pela atenção a esta modesta lembrança que faço da importância do Jadir.
 

http://www.univision.com/uv/video/Baby-do-Brasil---Samba-do-Ziriguidum/id/3477221456

 
    

http://www.youtube.com/watch?v=wnHsJ6xjQ_s

3.5.10

De olho do Clássico- À sombra do Vulcão - Lowry solta seus demônios



(Este textículo faz parte do meu projeto particular de encarar meus livros difíceis)
Terminei de ler, depois de um grande enfrentamento noturno, "À sombra do Vulcão"( publicado pela Editora Siciliano com tradução de Leonardo Fróes). Trata-se simplesmente da obra mítica - o estranho romance, que o também estranho Malcolm Lowry (1909-1957) publicou em 1947 e que é considerada uma das melhores obras literárias do século XX. A história desse livro daria um enredo para um outro livro, só que de aventuras, pois Lowry, para escrevê-lo, passou por poucas e boas. Teve que enfrentar as fúrias, a perda , a rejeição, muita maluquice . Demonstrou uma invejável persistência, ou o que alguns críticos chamam de obsessão, que o levou ao imenso trabalho de reescrever o que havia perdido, ou sido rejeitado várias vezes. (Reza a lenda que fez vários esboços, que primeira versão da obra foi recusada por todos os editores que procurou na época, e uma das versões quase sucumbiu a um incêndio de uma cabana, onde o excêntrico escritor resolveu morar com sua corajosa segunda mulher, Margerie Bonner).

Antes de ler "À Sombra do Vulcão", eu tinha assistido sua adaptação para o cinema, que John Huston fez em 1984 . Lembro que fiquei impressionado com a atmosfera carregada de morte e fatalismo do filme. Não era para menos , a obra se passa no dia dos mortos, que no México é celebrada com uma baita festa. Crianças saboreando caveirinhas de açúcar, homens se embededando, mas que tem com substrato a realidade dramática do país - uma espécie de paraíso danado onde se projeta a delirante solidão de seu personagem principal: O Cônsul (britânico) Geoffrey Firmin. Claro que depois da leitura , vi que apesar do mesmo tema, o filme é algo totalmente diferente, o livro em sua complexa arquitetura não caberia em poucas horas do registro num rolo de celulóide. Está para ser escrito o roteiro que consiga ser fiel a esse livro. Se o modo de narrar do filme tomasse, mesmo que homeopáticamente um tiquinho da fragmentação do livro, o espectador sairia com náuseas, assim como algumas pessoas sairam do cinema depois de ter assistido a um filme em 3D com óculos mal ajustados. Depois de um exemplo maluco deste, é melhor mudar de assunto, - e a melhor maneira de virar a página é dizer que essa de ficar comparando filme com livro é uma furada.

Uma observação se faz necessária ao leitor da edição brasileira: Evite ler de cara a introdução de Stephen Spender, pois ele adianta tudo de essencial que vai acontecer no livro ( a figura acaba estragando o prazer da leitura, entende?). Apesar da excelência de sua análise da desconstrução de Lowry , em especial a comparação com a estética de crise do homem moderno expressas nas obras de James Joyce (Ulisses, Finnegans Wake) e Eliot ( The Waste land). Na verdade, esse ensaio deveria ser lido depois do leitor atravessar a multifacetada história do Cônsul, seguindo as palavras do próprio Lowry - (não sei por que a editora não incorporou esse texto crítico , como uma espécie de posfácio).

"À sombra do Vulcão" poderia ser definido grosseiramente, como um monumental porre - uma saideira atravessada por mitologia, filosofia, crítica política, Guerra Civil Espanhola, memórias, citações, muito cinema, cortes modernistas à maneira das colagens de jornais e anúncios dos quadros de Picasso, Braque e companhia bela, momentos de grande confusão mental e de uma lucidez radical e suicida como afirma Spender na apresentação acima referida. O crítico também ressalta que "À Sombra do Vulcão" talvez seja a melhor descrição de um bêbado na ficção." Não procure uma ordem nessa travessia, deixe-se levar pelo fluxo da consciência alterada pelo escritor, no final vai ter um grande painel do Inferno de Dante só que pintado por Jackson Pollock.( que também bebia pra cachorro)
Existem várias maneiras de interpretar a crise "existencial" do Cônsul, algumas delas caindo no caminho fácil de encontrar paralelos autobiográficos - o que é por demais evidente. Lowry também tomava todas, era um exagerado! Morou no México e foi expuso junto com sua segunda mulher e teve uma primeira esposa - que deve ter servido de modelo para a "Yvone" do livro. Essa mulher abandonou Lowry por causa dos seus excessos no uso da bebida. O alcoolismo parece ser uma marca de alguns escritores de sua época - mas não me lembro de nenhum que tenha escrito um livro tendo por objeto um de seus pifões.

Como saída do atalho autobiográfico que pouco explica, creio que é necessária uma construção mais sofisticada para decifrar as ruínas de Lowry. Uma cuidadosa escavação que leve em conta os porquês da renúncia do mundo - e o que significa estar sóbrio diante dele. Não sei por que me lembrei do Estrangeiro de Camus e sua recusa...nessa novela a culpa era do sol. E o grande símbolo mexicano é o sol, a bola de fogo que tanto encanta como queima as asas dos que se aventuram a voar muito alto- as alegorias que lembram a queda. Pois é, temos que levar em conta também a idéia de sombra (que está no título)- a mente que se torna sombria mesmo com o sol a pino, as camadas de lavas do vulcão - na verdade dois vulcões o Popocatepetl e o Ixtaccihuatl - a metáfora (entre muitas) doz vulcões interiores, aparentemente extintos e ferozes. Malcolm Lowry partiu desta para melhor com apenas 47 anos de idade, um de seus biógrafos fala de morte acidental. Ele se extinguiu, mas o vulcão de sua obra continua a explodir e jorrar sua lava enigmática. Porém não se pode deixar de fora o possível efeito do mescal (ou mezcal), como fonte de um rearticulação do personagem , ou do autor em relação ao mundo. Esse rude destilado do agave azul parece levar à uma espécie de Weltanschauung tropical.

Bem chega de gracinhas, à leitura macacada!
(Existe uma nova publicação de À Sombra do Vulcão" pela LP&M Editores com a mesma introdução de Stephen Spender. Sei também da existência de duas biografias de Malcolm Lowry : a recente "Perseguido por los demonios: Vida de Malcolm Lowry" de Gordon Bowker publicado pelas Editoras Fondo de Cultura Económica e Fondo Argentina e o livro de Douglas Day , "Malcolm Lowry - una biografia", também publicado pela Fondo de Cultura Económica- desde 1983- este eu tenho mas não empresto pra ninguém)

Dica do Gerdal: Teo Lima lança CD nesta segunda na Modern Sound - o samba em Djavan por uma baqueta de brilho internacional



De um alagoano para outro alagoano, ganha a MPB um CD de extensão até mesmo internacional - "Teo Lima`s Quartet - Djavan Também É Samba" ("flyer" acima e "link" abaixo) -, feito com elevada competência, arranjos inventivos e aprumo rítmico. Nascidos em Maceió, ambos se relacionam musicalmente desde o início dos anos 70, num contato amiudado, mais adiante, no mesmo decênio, com a inclusão de Teo Lima no Sururu de Capote (ainda formado, entre outros, por Sizão Machado, ao baixo, e Luiz Avellar, hoje em Portugal, ao teclado), conjunto que passou a acompanhar o compositor de "Nereci". Iniciado na cognição da música pelo som do clarinete e do trompete, egresso primeiramente de banda de rock e ligado a projetos e movimentos sociais e profissionais - como a Casa do Músico -, Teo Lima é um dos nossos mais conceituados bateristas, tocando, por exemplo, no show "Saudades do Brasil", de Elis Regina, no Canecão, em 1980, e acompanhando Gal Costa, por vários meses, em cidades do Japão, onde sempre é recebido calorosamente. Há 17 anos, esse ex-jurado de bateria em desfiles de escolas de samba do Grupo Especial toca com Ivan Lins, também colaborando na direção musical de discos e shows deste, e grava bastante com Jorge Aragão e Martinho da Vila. Como produtor, destacam-se, mormente, com a sua assinatura, os CDs "Meia-Noite", de Edu Lobo, e "Aquarela do Brasil", o primeiro da norte-americana Dionne Warwick só com repertório aqui brotado e abrilhantado pela participação especial de, entre outros, Chico Buarque, Dori Caymmi, Eliane Estêvão e Batacotô, grupo do qual foi fundador, em 1994, e com o qual se apresentou, no mesmo ano, no Festival de Jazz de Santa Monica, nos EUA. Teo, que, em janeiro deste ano, foi capa da revista "Modern Drummer" - a qual destacou o número assombroso com que sua prestigiada baqueta participou de gravações -, lança nesta segunda, na Modern Sound, a partir das 19h, o referido CD "djavaneado", que contou com a valiosa colaboração de Marco Brito (outro do Batacotô), ao teclado, Leo Amuedo, à guitarra, e Demerval Felipe (Bororó), ao baixo. 

http://www.myspace.com/teolimadrummer
 
 http://www.youtube.com/watch?v=2sUHMWyN3HI

Dica do Gerdal:Márcio Faraco, Edu Krieger e Pierre Aderne - Sarau Fora de Casa, nesta segunda, em Botafogo





Com prazer, repasso acima (com "flyer" e fotos anexadas) recado do amigo Pierre Aderne, jovem e inspirado cantor, compositor, violonista e cavaquinhista ligado ao criativo coletivo Doces Cariocas, sobre um ótimo encontro musical que terá, no pequeno palco do Cinemathèque, em Botafogo (Rua Voluntários da Pátria, 53, pertinho da estação de metrô), nesta segunda, 3 de maio, a partir das 21h, com os igualmente talentosos Edu Krieger e Márcio Faraco (este um gaúcho residente em Paris há muitos anos e com excelentes CDs já lançados, nem todos encontrados no Brasil). Faço coro com o também simpático Pierre: vamos lá segunda?
***

Obs.: acrescento os "links" seguintes: 1) Pierre Aderne e Alexia Bomtempo (também presente ao sarau) cantando a envolvente bossa de "Quanto Tempo" (Pierre Aderne, Alexia Bomtempo, Marcelo e Mu Carvalho); 2) Edu Krieger e Monique Kessous cantando "A Lua É Testemunha" (Edu Krieger); 3) Márcio Faraco, em especial para a francesa TV5, cantando "Um Rio", faixa-título do mais recente CD. 


http://www.youtube.com/watch?v=sYdUMjBdalc&feature=related
 
         
http://www.youtube.com/watch?v=eS-VFEdsUk4&feature=related

 
          
http://www.youtube.com/watch?v=3nVQJLNyH_M&feature=related 
 
         
http://www.myspace.com/marciofaraco
 
         
http://www.myspace.com/edukriege



  

2.5.10

Do fundo do baú: Ilustração de crônica do Veríssimo


Esta ilustração foi feita com ecoline e lápis de cor sobre papel Schoeler Hammer. Foi uma das oportunidades que tive de ilustrar uma crônica do Veríssimo, cujo título era "Pequeno guia de bares e restaurantes".
(Clique na imagem para ampliar e ver melhor)

1.5.10

Do fundo do baú - Ilustração: "Lanchinho"


Esta ilustração é grande, portanto fica pequena quando colocamos no blogue. Para ver melhor, favor clicar na imagem que ela amplia.

30.4.10

Do fundo do baú - Ilustação- Aquarela:"Mulheres no meio do abstrato"


Aquarela e lápis de cor sobre papel Canson branco.

29.4.10

Lançamento de livro sobre Nabuco hoje em Sampa


Meu amigo, o Professor Marco Aurélio Nogueira lança hoje em Sampa seu livro "O Encontro de Joaquim Nabuco com a Política - As desventuras do liberalismo"(flyer acima). O evento vai rolar no Instituto Fernando Henriaque Cardoso, a partir das 16 horas. O endereço: Rua Formosa, 367, 6º andar - Centro de Sampa.
(Clique na imagem para ampliar e ler melhor as informações)

Dica do Gerdal: Helio Delmiro toca nesta quinta no Lapinha - "o cara" numa fila de mestria instrumental da MPB


  Orgulho das cordas brasileiras e executante de improvisos que sensibilizam até o menos jazzístico dos mortais, o virtuose carioca Helio Delmiro apresenta-se em show nesta quinta-feira, 29 de abril, no Lapinha, às 21h30 ("flyer" acima). Nascido no Méier, já aos 14 anos tocava em bailes do subúrbio carioca, integrou o Fórmula 7 (com Luizão Maia e Márcio Montarroyos, entre outros) e, mais tarde, na segunda metade dos anos 60, atuou no quarteto do saxofonista Victor Assis Brazil. Em 1978, quando foi considerado um dos cinco melhores guitarristas do mundo pela "Down Beat", arrebatou a diva Sarah Vaughan ao participar, com a sua guitarra prodigiosa, do elepê "O Som Brasileiro de Sarah Vaughan", dose repetida, dois anos depois, ainda com ela, no "Exclusivamente Brasil", desta vez com destaque na capa. Ao seu lado, no palco, Elis Regina continha ganas de cantar para que o público não perdesse a lembrança de um solo maravilhoso que estava ouvindo, pois, como já havia observado o crítico José Domingos Raffaelli, extático à audição de "Hélio Delmiro in Concert - Romã", lançado na Sala Cecília Meireles, em 1991, "um músico dessa estatura não se vê por aí todos os dias". 
            João Pernambuco, Garoto, Bola Sete, Laurindo de Almeida, Luiz Bonfá, Baden Powell, Manoel da Conceição, Rosinha de Valença... Tantos imortais saudosos nesse setor instrumental da MPB, não é mesmo? E lá vêm Yamandu, Alessandro Penezzi, Daniel Santiago, Gabriel Improta, Rogério Caetano, Marcelo Menezes (Macarrão), Bruno Mangueira, Bisdré...A fila anda, portanto, e muito bem, ainda puxada, felizmente, por este elo de excelência entre gerações e grande referência para os mais novos que é Helio Delmiro. "O cara", como certamente estes diriam, tocando, em uníssono "free".
             *** 
Pós-escrito: nos "links" abaixo, Helio Delmiro faz solo em "Ponteio", de Edu Lobo e José Carlos Capinam; "Rapaz de Bem", de Johnny Alf, na companhia especialíssima do sax de Roberto Sion (também Victor Cabral, à bateria, e Sidiel Vieira, ao contrabaixo); e "Marceneiro Paulo", de lavra própria, feita em homenagem a um avô. 

http://www.youtube.com/watch?v=tvxm5oEFIiQ 


          

http://www.youtube.com/watch?v=-N9I61u7Jm4&feature=related
 
         

http://www.youtube.com/watch?v=D9pFEkHV0ys

Do fundo do baú - Ilustração: "Godard e Je vous Salue Marie"


Esta ilustração foi feita na época do lançamento do filme, faz parte de uma HQ que fiz e cuja última cena era esta. Não me perguntem onde foi parar o resto da HQ.
(Clique na imagem para ver melhor)

Ligiana canta de amor e mar nesta quinta em Sampa


(Recebi por e-mail do meu amigo Emiliano Castro os dados de um show de Ligiana que vai rolar nesta quinta em Sampa)
Ligiana
"de amor e mar"
Ligiana. voz e mestra de cerimônia
Marcel Martins. cavaco de 5 cordas e coro
Emiliano Castro. violão de 7, cavaco e coro
Alfredo Bello. baixo acústico e coro
Douglas Alonso. bateria e couros

dia 29/abril, 5a feira
às 22h
na Casa das Caldeiras, av. Francisco Matarazzo, 2000
R$ 20,00
Meio samba, meio mediterrânea, meio barroca, meio bossa, meio choro, meio 70, meio câmara, meio...
Já ouviu?
Até a festa!

28.4.10

Do fundo do baú: Ilustração : "Roda da morte e vida severina"


Esta foi parar na então Bíblia das Artes Graficas, a Graphis. É feita numa técnica chamada "xilogravura de paulista" na qual se usa nanquim e guache num processo que já expliquei aqui neste blogue ou em outro - não me lembro.
Clique na imagem para ampliar e ler melhor.