17.10.07

Günter Grass quase cai em desgrass(ça)



D
esculpem o trocadilho, mas o velho Günter além de ser um baita escritor, é um homem que sabe se promover pacas. Mas descontando o marketing pessoal, temos que entender um fato curioso: o homem é um ser que se confessa, dia mais, dia menos. Menos, muito menos é claro, políticos de forma geral e especuladores financeiros. E Günter (com suas tremas trêmulas) um dia confessou que foi soldado do exército alemão. Foi um tremendo reboliço na Alemanha. O autor do magnífico "O tambor"(que virou também um belo filme) quase caiu em desgraça. Expôs sua ferida. Um furúnculo que deve ter incomodado por todos esses anos sua consciência.
Nazista de carteirinha o foi o bom Heidegger, e já era adulto , Grass era garoto, e surfou na onda do "Grande Ditador" e escondeu por toda sua vida de crítico da pesada de tudo que passasse pela sua frente. Faz pouco tempo confessou esse seu vacilo na sua autobiografia.
Numa esquina de Olinda D. Helder confessou que foi integralista, Vinicius de Moraes parece que também entrou nessa. Claro que nem o cardeal nem o poetinha vislumbravam que essa ideologia de camisa verde no Brasil , camisas negras histriônicas na Itália e cáqui ou chumbo grosso na Germânia iria descambar para o irracionalismo nos fins por meio de um pesado uso da razão técnica no extermínio dos inimigos - leia-se judeus, comunistas, homossexuais, ciganos, velhos e doentes. Os campos foram fábricas bem planejadas de cadáveres. O carrasco ia para casa depois de um dia de trabalho, beijava seus filhos, punhas os guris para dormir contando uma bela história de fadas e depois ia ouvir Mozart comendo seu chucrute com batata na manteiga.
Vamos dar um desconto para o velho de guerra Günter Grass, ele fez 80 anos ontem e é um grande mestre não só nas teclinhas, manda ver também no desenho.
Depois desse tremendo nariz de cera, posso dizer que foi lançada no Brasil agora mesmo a tal autobiografia em que ele se confessa e conta muita história boa também. Trata-se do livro "Nas Peles da Cebola- memórias" publicado pela Editora Record. Para homenagear o dito cujo , aqui do lado está uma caricatura que fiz dele. Só não me lembro para que matéria foi. São mais de 15 mil desenhos, nunca mais vou lembrar.

4 comentários:

CFagundes disse...

Oi Liberati, parabéns pelo novo blog!

LIBERATI disse...

Caro C. Fagundes, fico contente com sua visita e honrado com seus parabéns. Valeu, volte sempre!
Um abraço

Anônimo disse...

Quase 'caiu em desgraça'? conversa de marqueteiro!

ele tinha doze anos qdo entrou p/ a Juventude Hitlerista; na época era como entrar no clube do bairro (por cá, Carlos Lacerda foi comuna de carteirinha e já não era adolescente);
no fim do ano retrasado este livro foi lançado em terras germânicas - c/ uma belíssima capa: um cebolão em cores pastéis - e entre um e outro debate sobre sua "vergonhosa participação juvenil" vendeu o livro às pencas, deu para reformar a casa à beira do lago.

É um excelente escritor. Além de "O Tambor", o do peixe em que ele pôs receitas-poéticas... c/ ilustras próprias (ao menos na edição original).

Günter, c/ 'trema-trêmula', é 'Guinter'. Gosto da idéia da cebola como representante da vida: cheia de voltas, doce e ardente.

Bom amanhã.

Anônimo disse...

cheia de camadas a cebola, camadas que nos faz chorar quando mais delas descascamos. Nesta época o campeão é o Gandhi, fazendo a revolução na base do jejum. Mahatma. Grande Alma.