31.10.11

Representação



Amanheceu,
No claro, nada concebeu,
Aquietou-se.
 
Anoiteceu,
No escuro, nada percebeu,
Assanhou-se.
 
- Abriram as cortinas e o palco todo iluminado estava vazio.
Os atores representavam bêbados no bar de esquina!

Sécarneiro
(NR: Sécarneiro é poeta e sociólogo de mão cheia)

Magritte in tasca


Nosso querido amigo Gerdal (que escreve textos saborosos sobre a produção musical brasileira que alimenta este blogue) voltou de suas merecidíssimas férias, tempo que como bom flâneur utilizou para percorrer as ruas de Paris e também foi visitar Bruxelas. De lá me trouxe generosamente um presente sensacional que comprou no Museu Magritte - trata-se de "Magritte in tasca" (uma espécie de Magritte de bolso- eu diria: e que bolso!) - um livro com reproduções em cores de 400 obras do mestre do surrealismo, com texto introdutório de Robert Hughes.
É Magritte que não acaba mais.
Agora vocês me desculpem, mas vou viajar sem sair de casa - abri na página 1 onde uma pedra observa o mar através de uma janela...só faltou ele escrever - Esta não é uma pedra.

28.10.11

Billie Hollyday - A vida no fio da navalha



(Publicamos aqui o texto maravilhoso de Jorge Sanglard (cuidadosamente ampliado), por ocasião da comemoração dos 96 anos de nascimento de Billie Holiday e os 52 anos de sua morte. O original foi publicado no jornal As Artes Entre As Letras, no Porto, Portugal, em 26/10/2011)

Billie Holiday (1915 – 1959)
A vida no fio da navalha
Billie Holiday (7/4/1915 — 17/7/1959) foi a maior cantora de jazz de todos os tempos. Lady Day chegou a ser chamada de ‘Lester Young do jazz vocal’, numa referência ao grande expoente do sax tenor. E não é para menos, pois ninguém no canto jazzístico foi mais influente e deixou uma contribuição tão significativa quanto Billie. Os 96 anos de seu nascimento, em abril, e os 52 anos de sua morte, em julho, são momentos de reflexão sobre seu papel no universo do jazz moderno.
Sua voz, carregada de emoção, marcou uma inovação determinante no universo do jazz ao insinuar uma interpretação impregnada de lirismo e de sensualidade. A concepção do fraseado de Billie foi única e insuperável. E seu domínio sobre o que cantava foi completo. Nenhuma cantora, até hoje, conseguiu viver a música com a intensidade de Billie. O prazer e a dor, a sofisticação e a marginalização, os grandes clubes e a prisão, a sedução e a melancolia, a suavidade e a exasperação, o sucesso e a discriminação acentuaram os contornos que tornaram o mito Billie Holiday indestrutível.
A droga, a bebida, a prostituição, o racismo e a violência do cotidiano forjaram cicatrizes vivas em Billie e se tornaram determinantes no mosaico que compôs sua trajetória ao longo de 44 anos de vida. Uma vida pessoal sombria e uma performance cultuada como cantora maior do jazz marcaram a ascensão e a queda de Billie Holiday de forma dramática. À medida em que conquistava projeção como artista completa, Billie mergulhava fundo na autodestruição via álcool e droga. Billie lutou contra tudo e contra (quase) todos. Mas não resistiu à pressão que a cercou durante sua meteórica passagem pela vida norte-americana por quase quatro décadas e meia.
O jazz teve em Billie Holiday uma matriz inspiradora inigualável e uma permanente fonte de influências, além de uma cantora que provocou inovações e deixou um rastro invejável. Qualquer referência sobre Billie Holiday é um convite para ouvir seu canto único. Mesmo o mais desavisado, certamente, será seduzido por sua voz docemente amarga e por sua capacidade de viver a música com uma intensidade apaixonante e apaixonada.
Interpretações essenciais
Seu canto continua mais vivo que nunca e, graças às amplas possibilidades tecnológicas oferecidas pela remasterização digital, Billie Holiday vem tendo grande parte de suas interpretações essenciais resgatadas. Assim, preciosidades gravadas a partir de meados da década 1930 até fins dos anos 50 estão em catálogo e vêm sendo relançadas. Hoje, já se encontra uma grande quantidade de CDs e de LPs traçando um amplo painel da trajetória da cantora mais visceral dos Estados Unidos. Nascida Eleanor Fagan Gough, teve o nome Billie escolhido pela mãe, Sadie, numa homenagem à atriz Billie Dove, e o sobrenome Holiday veio do pai, Clarence Holiday, músico que tocava com Fletcher Henderson.
Billie teve uma adolescência em meio à barra pesada e chegou a ganhar uns trocados fazendo serviços domésticos num bordel até fins dos anos 1920, quando sua mãe levou-a para Nova York. Aí se envolveu novamente em um bordel e após algumas complicações passou a cantar no Harlem, até que em 1933 impressionou John Hammond e este conseguiu que Benny Goodman a ouvisse. Daí para a primeira gravação foi um passo. E um passo decisivo para a carreira meteórica de Billie Holiday. Hammond ouviu Billie cantando no Nonette Moore, um bar clandestino que existia na West 133rd Street. Aos 17 anos, ela era uma desconhecida e, segundo o próprio Hammond, “cantava como se tivesse conhecimento da vida”.
A Sony (Columbia) é a detentora de jóias como a primeira gravação da cantora, em 27 de novembro de 1933, em Nova York, a canção “Your mother’s son-in-law”, com Benny Goodman e sua orquestra trazendo nada mais nada menos que Goodman (clarineta), Charlie Teagarden e Shirley Clay (trompetes), Jack Teagarden (trombone), Art Karle (sax tenor), Buck Washington (piano), Dick McDonogan (guitarra), Artie Bernstein (baixo) e Gene Krupa (bateria).
Esta e outras 152 canções com Billie Holiday, gravadas de 1933 a 1942, integram a coleção “The Quintessential Billie Holiday”, composta de nove volumes e que, no Brasil, foi lançada a partir de 1987. Todas as faixas foram remasterizadas digitalmente dos tapes analógicos originais.
As gravações desta fase trazem Lady Day acompanhada por pequenas formações, muitas delas lideradas pelo pianista Teddy Wilson. Cobras do primeiro time do jazz participam dessas primorosas seções: Ben Webster (sax tenor), Roy Eldridge (trompete), Johnny Hodges (sax alto), Harry Carney (clarineta), Lester Young (sax tenor), Freddie Green (guitarra), Jo Jones (bateria), Benny Carter (sax alto), Harry Edson (trompete), Don Byas (sax tenor), Kenny Clarke (bateria), entre outros.
Billie também cantou com Fletcher Henderson, com Jimmie Lunceford, com o grande Count Basie e até com os ‘brancos’ de Artie Shaw. Mas, em 1939, optou por cantar no Greewich Village, no sofisticado Café Society, e na década de 40 consolidou sua reputação como maior cantora de jazz de seu tempo. O fundamental era como Billie Holiday cantava e não o que cantava.
Ao aliar técnica, flexibilidade e impacto vocal, Billie se credenciou a ser um divisor de águas no canto jazzístico e a influenciar uma legião de cantoras, permanecendo insuperável, principalmente, por sua extraordinária capacidade de transformar tudo o que cantava em música visceral e da melhor qualidade.
Sempre cantou o que vivenciou
Poucas cantoras conseguiram, depois de Billie, articular o fraseado jazzístico com o sentido e a precisão de um instrumento como ela. Este aprimoramento de estilo foi conquistado não sem muita dor. Afinal, Billie Holiday sempre cantou o que vivenciou. E toda sua exploração de nuances e sua sutileza interpretativa conviveram no fio da navalha com a turbulência que marcou sua vida e com a rejeição explícita ao racismo.
Todo o sentimento de Billie está expresso em suas gravações e toda a atmosfera que envolvia sua vida pode ser sentida na carne em qualquer canção que tenha passado por sua voz. A sensibilidade em Billie Holiday aflora com impacto fulminante e seduz de cara. Na verdade, Billie acentuava o despojamento e o lirismo. O conceito de arte ganha contornos definitivos quando se ouve Billie Holiday devorar e cantar deliciosamente a essência do jazz.
Mas outras preciosidades gravadas por Lady Day pela Columbia também podem ser encontradas no mercado. Em “Billie, Ella, Lena, Sarah”, estão reunidas em 12 faixas Billie Holiday, Ella Fitzgerald, Lena Horne e Sarah Vaughn. E em “Lady in Satin”, a cantora está ao lado de Ray Ellis e sua orquestra, em gravações de fevereiro de 1958, em Nova York.
A Blue Note, representada no Brasil pela EMI, também resgatou gravações de junho de 1942, em Los Angeles, de abril de 1951, em Nova York, e de janeiro de 1954, em Koln, na Alemanha, e lançou o CD intitulado “Billie’s Blues”, em 1988, contando com as participações de Red Mitchell (baixo), Buddy De Franco (clarineta) e Red Norvo (vibrafone), entre outros. Com gravações ao vivo e em estúdio, este disco tem o mérito de trazer Billie cantando alguns blues da pesada.
A Verve, por sua vez, resgatou gravações da década de 1950 com Billie dominando tudo o que cantava, mesmo com a voz não tendo a força de antes. A maturidade prevalecia, apesar das marcas provocadas pela droga, pela bebida, pelo racismo; enfim, por toda a dor que cercou sua vida.
Em “Billie Holiday – The Silver Collection”, 14 faixas de 1956 e 1957, gravadas em Los Angeles, mostram a cantora junto a formações de pequeno porte onde despontam Ben Webster, Harry ‘Sweets’ Edison, Jimmy Rowles e Barney Kessel. Mesmo sendo uma coletânea, a música desta compilação é de grande valor artístico.
“The Billie Holiday Songbook” traz 14 canções gravadas entre 1952 e 1958, com a cantora cercada de feras como Kenny Burrell (guitarra), Oscar Peterson (piano), Freddie Green (guitarra), Ray Brown (baixo), Roy Eldridge (trompete), Coleman Hawkins (sax tenor), Al Cohn (sax tenor), Harry ‘Sweets’ Edison (trompete), Barney Kessel (guitarra), entre outros.
Aqui, o que conta é a alma de Billie Holiday dando mostras de vitalidade incomum e sustentando um corpo dilacerado, desesperançado e autodestruído. A colheita pessoal de Billie Holiday pode ter sido amarga, mas o fruto de sua criação musical foi doce e sedutor como nenhum outro. Billie não só transformava tudo o que cantava, imprimindo sua marca incomparável e inconfundível, como abriu o caminho para as gerações que beberam na sua fonte inesgotável. Por isso, o prazer toma conta de quem a ouve.
E “Last Recording” marca a associação entre Ray Ellis, sua orquestra e Billie Holiday, em Nova York, em 3, 4 e 11 de março de 1959, portanto, quatro meses antes de sua morte aos 44 anos, em 17 de julho. São 12 faixas devastadoras e arrepiantes pela intensidade emocional com que Billie fez questão de se expressar.
Passados 96 anos de seu nascimento e os 52 anos de sua morte, o canto de Billie permanece envolvente, como nos dias em que a dor, o prazer e a emoção caminhavam lado a lado em permanente desafio à lâmina da navalha, que marcou profundamente a trajetória de Billie Holiday.
A própria cantora nunca escondeu o tormento que marcou o início de sua vida. Em “Hear me talkin’ to ya”, de Nat Hentoff e Nat Shapiro, ela afirma: “Um dia eu e minha mãe estávamos com tanta fome que mal conseguíamos respirar. Fazia um frio infernal. Eu saí pela porta e andei da 145th Street até a 133rd, descendo a Seventh Avenue, parando em todos os lugares tentando conseguir emprego. Por fim, fiquei tão desesperada que parei no Log Cabin Club, dirigido por Jerry Preston. Eu disse a ele que queria uma bebida. Não tinha um níquel. Pedi gin (esta foi minha primeira bebida – não sabia a diferença entre gin e vinho) e tomei um gole.
- Pedi a Preston um emprego, disse a ele que era dançarina. Ele me disse para dançar. Eu tentei. Ele disse que eu fedia. Eu disse a ele que sabia cantar. Ele disse: cante. Num canto do bar havia um sujeito tocando piano. Ele atacou ‘Trav’lin’ e eu cantei. Os fregueses pararam de beber. Eles se viraram e olharam. O pianista, Dick Wilson, passou para ‘Body and soul’. Nossa, você precisava ter visto aquelas pessoas – todas começaram a chorar. Preston se aproximou, sacudiu a cabeça e disse: Garota, você venceu!”.
Foi assim que tudo começou. A partir daí, Billie Holiday mergulhou fundo e pagou um preço alto por sua ousadia.
* * *
Jorge Sanglard é jornalista, pesquisador e produtor cultural. Escreve em jornais de Portugal e do Brasil.
E-mail: jorgesanglard@yahoo.com.br

Programe-se: Dia 3 de novembro - Lançamento de 4 livros na área de Moda e Design na Livraria da Vila -Higienópolis


O lançamento destes quatro livros vai rolar na Livraria da Vila - Higienópolis, a partir das 18.30 hs do dia 3 de novembro.
(Clique na imagem para ampliar e ver melhor)

26.10.11

Programe-se: Companhia Estadual de Jazz nesta sexta- dia 28 no TribOz



"Existem jovens velhos e velhos jovens. Minha música foi atravessando modismos porque é baseada no jazz, que não tem idade."
- João Donato, num depoimento a Leonardo Lichote (O Globo, 1/10/2011)
Nós, da Companhia Estadual de Jazz (CEJ) assinamos embaixo e tocamos um repertório que tem tudo a ver com isso : vai de João Donato e Eumir Deodato a Miles e Dizzy Gillespie, de Moacir Santos e Edu Lobo a Horace Silver e John Coltrane... Podem acontecer misturas de Villa-Lobos com Tim Maia, Tom Jobim com Jimi Hendrix e Henry Mancini com Bob Marley. Tudo é possível.

Nesta sexta-feira -  28 de outubro, às 21h. : Companhia Estadual de Jazz (CEJ)
no TribOz
, o segredo mais bem guardado da Off-Lapa!

TribOz - Centro Cultural Brasil-Austrália
www.triboz-rio.com
Rua Conde de Lages, 19 - Off-Lapa
Estacionamento rotativo na Rua Conde de Lages, 44 (R$ 5,00)
Informações e reservas: (21) 2210 0366 - 9291 5942
Couvert: R$20,00

23.10.11

Lembrando os Mutantes - Qualquer Bobagem



Esta música é sensacional, tem uma ironia, uma hesitação, uma gagueira (que lembra o The Who - My generation) que ainda hoje me comove. Mutantes para sempre, sempre mutantes!

22.10.11

Programe-se:Lançamento do livro "A poesia é para Comer"


Dia 26 de outubro, quarta, às 19h30, no Café do teatro Tom Jobim, no Jardim Botânico, será lançado este lindo livro (foto aí em cima), organizado pela escritora portuguesa Ana Vidal. O primeiro teve clássicos portugueses, sempre com poemas ligados de alguma forma à comida.
Este tem tambem brasileiros e terá um poema selecionado de minha amiga Elizabeth Lorenzotti.
 

18.10.11

Programe-se: Exposição imperdível de Flávio-Shiró


O grande artista Flávio-Shiró apresentará suas obras recentes numa fabulosa exposição que vai ser inaugurada no dia 25 de outubro, terça-feira, das 18 às 22 horas.
A Exposição permanecerá aberta até 19 de novembro de 2011/ De segunda a sexta-feira das 12 às 20 horas/ aos sábados das 14 às 18 horas

Na Galeria GUSTAVO REBELLO ARTE
Avenida Atlântica, 1702/lj. 8
22021 001  Rio de Janeiro  RJ 
++5521 25486163 -
21 98071500 
http://www.gustavorebelloarte.com.br/
www.flavioshiro.com 

17.10.11

Manu Santos faz show de lançamento do seu primeiro CD nesta segunda no Centro Cultural Carioca



Estou em Paris e permaneço na França por quase duas semanas, passando ainda pela Bélgica. Antes, porém, do voo da Air France, com o intuito de ajudar, como faço, sempre de bom grado, a divulgação do que há de bom na MPB, chamo a atenção de vocês para o show da jovem e querida amiga Manu Santos, carioca de Bangu e um talento do canto popular revelado, em 2007, no Carioca da Gema, por meio do II Concurso Jovens Bambas do Velho Samba, dele covencedora com a também ótima "mineiroca' (carioca criada e residente em BH) Aline Calixto. Na madrugada de domingo passado, sintonizando o simpático programa que Oswaldo Sargentelli Filho apresenta na Rádio Nacional, tive a surpresa, muito agradável, de ouvir a Manu conversar longamente com o apresentador, falar da sua promissora carreira e ouvir faixas do seu recentíssimo CD, "Nossa Alegria", do selo Sala de Som, produzido com muito bom gosto por André Agra e Rodrigo Santiago. Tal repertório, bem escolhido e bem apresentado nos arranjos do André, poderá ser apreciado na próxima segunda-feira, 17 de outubro, no Centro Cultural Carioca (Rua do Teatro, 37 - Centro - ao lado do João Caetano - tel.: 2252-6468), a partir das 20h ("flyer" acima). Manu é dez e, certamente, quem lá estiver verá no palco uma presença encantadora, mostrando que não é "inventada" nem está nessa vida de artista por mero acaso. É do ramo.
        Um bom dia a todos. Muito grato pela gentil atenção de sempre. Até a volta!
 
        Um abraço,
 
        Gerdal
 
Pós-escrito: 1) antes do show da Manu, no mesmo Centro Cultural Carioca, neste sábado, 15 de outubro, às 23h, mais uma excelente cantora, Elisa Addor (também revelada no Carioca da Gema, na primeira edição do referido concurso, em 2006, covencedora com Makley Matos), se apresenta, mesclando clássicos da MPB com canções do seu primeiro CD, também recentíssimo e de muito bom nível. Trata-se de um baile-show que ela e os músicos acompanhantes animam e têm por título Novos Tempos, sintomático da renovação de grande valor que, clara com água, se processa na MPB. Ironicamente, só a mídia de massa é que não percebe;
                  2) outro artista da melhor qualidade, o cantor Márcio Thadeu, realiza, no próximo dia 27, uma quinta-feira, às 20h, no Bar do Tom (Rua Adalberto Ferreira, 32 - Leblon - tel.: 2274-4022), o show de lançamento do seu "Negro Canto II", um CD que reúne apenas Cartola e Geraldo Pereira no repertório, com arranjos envolventes e até mesmo surpreendentes para músicas consagradas desses catedráticos do samba;
                  3) De novo, em destaque, o belo canto de Manu Santos, ilustrado nos "links" musicais seguintes: 1) "Mistura", de João Roberto Kelly, em que ela canta acompanhada pelo próprio compositor ao teclado, além de Jimmy Santacruz, ao baixo, Adílson Werneck, à bateria, e Ronaldo Jr., à percussão; 2) "Doce de Coco", de Jacob do Bandolim e Hermínio Bello de Carvalho, em show na Sala Baden Powell; 3) "Ijexá", do baiano Edil Pacheco; 4) "Maria, Maria", de Milton Nascimento e Fernando Brant.
 
        http://www.youtube.com/watch?v=hPn1JSMFP14
("Mistura")
 
        http://www.youtube.com/watch?v=7129GbWaMnU ("Doce de Coco")
 
        http://www.youtube.com/watch?v=gpy5bIVPJlk&feature=related ("Ijexá")
 
        http://www.youtube.com/watch?v=BI2_t5oqbwA&feature=related ("Maria, Maria")

11.10.11

Hermínio Bello de Carvalho faz lançamento virtual de livro revelador da sua correspondência com Carlos Drummond de Andrade



Poeta, letrista, produtor musical, animador da cena carioca de espetáculos, diretor de shows; um homem da cultura, fundamentalmente: Hermínio Bello de Carvalho. E da nossa cultura popular, sobretudo, com a qual tanto tem contribuído ao longo dos anos de lira e lida, até mesmo em cargo de gestão, como em longos e bem-vindos idos na Funarte. Nessa instituição, levou avante grandes iniciativas, como o projeto Almirante, de recuperação de arquivos e gravação de discos não comerciais; o Lúcio Rangel, de monografias de MPB; e o Projeto Pixinguinha, com shows de alcance nacional, inspirado no Seis e Meia, uma criação de Albino Pinheiro que Hermínio organizou, algo que, no gênero, já tinha sido observado em Paris. Um carioca do subúrbio, que se achava cria de Olaria, mas se redescobriu de Ramos - como o ouvi comentar, não faz muito, em programa da TV Brasil (ex-TV E) -; vale dizer, por toda a sua reconhecida importância para a MPB, um cacique de Ramos e de outro chão de esmeraldas, onde pisou Pixinguinha, desse bairro morador por muitos anos, amigo patrimonial e parceiro em belezas como os choros "De Mal a Pior", gravado por Nara Leão, e "Fala Baixinho", com que Ademilde Fonseca obteve o oitavo lugar II Festival Internacional da Canção (FIC), da TV Globo, em 1967.
         Hermínio, cujo pai, pedicuro, tratou dos pés e das mãos de Carmen Miranda e Carmen Costa, está escrevendo um livro sobre cantoras brasileiras, um aspecto, sem dúvida, de forte coloração em todo o seu vário e rico relacionamento no meio musical. Afinal, possibilitou à fantástica valenciana Clementina de Jesus, uma empregada doméstica que conhecera na Taberna da Glória, a merecida projeção, em 1965, no Teatro Jovem, em Botafogo, por meio de show que idealizou e produziu, "Rosa de Ouro", histórico também, entre outras razões, por ter devolvido às luzes da ribalta uma então esquecida Aracy Cortes, cartaz, décadas antes, do palco iluminado do teatro de revista, que vicejava na Praça Tiradentes. Recentemente, por outra voz guia da canção brasileira, a de Áurea Martins, teve todo um CD consagrado ao seu estro, o que, em 1982, em plena vigência do elepê, ocorrera com Alaíde Costa e seu trinado prenhe de sutilezas nas faixas de "Águas Vivas". Dele li há dias, disponível na rede, um belo e detalhado relato da sua convivência amistosa e profissional com uma baiana, ex-jogadora de basquete (que conhecera, em chalé situado em São Bernardo do Campo, levado por um amigo da Odeon, dono da casa, Moacyr Machado), a cantora Simone, da qual foi produtor de discos e shows, até mesmo no exterior, fundamentais a ela, nos anos 70, para a conquista do estrelato. Esse, portanto, um título que está por vir, cujas páginas geram, desde já, no aficionado da nossa música popular, agradável expectativa. Há outro livro, no entanto, o "Áporo Itabirano", já à venda nas boas casas do ramo, em cuja seção de epistolografia, destaca-se a sua aproximação com outro poeta, totêmico nas estrofes nacionais, Carlos Drummond de Andrade. Isso é revelado, nas imagens do último "link", abaixo, pela boa palavra do próprio Hermínio, nele feito um mar alastrada.
        ***
Pós-escrito: antes do "link" literário, alguns "links" musicais que patenteiam a maiúscula participação de Hermínio como letrista na MPB, em companhia de diferentes melodistas: 1) "Samba da Partida" (com Baden Powell), no canto de Sílvia Maria, paulistana que foi casada com o pianista Adílson Godoy e agora retoma a carreira, após longa interrupção, com o recém-lançado CD "Ave Rara"; 2) Hermínio e Simone em "Fora de Hora" (parceria dele com Eduardo Marques, hoje radicado, com a sua Luciana, em Conservatória); 3) "Pressentimento" (com Élton Medeiros), com a divina Elizeth Cardoso; 4) "Cobras e Lagartos" (com Sueli Costa), na voz de Áurea Martins; 5) "Folhas no Ar", mais uma pepita lavrada com Élton Medeiros, no canto de Virgínia Rosa; 6) "Mudando de Conversa", de apelo carioquíssimo, feito com Maurício Tapajós e mostrado em duo por Ana Costa e Leila Pinheiro; 7) excerto do "Água Viva" - programa que Hermínio apresentou na TV E -, em que ele ouve a cantora Isaurinha Garcia, sobrinha de Pancetti, falando de passarinhos.     
       
http://www.youtube.com/watch?v=A08cmLGtcRg ("Samba da Partida")
      
http://www.youtube.com/watch?v=r9iIdRuWMO8 ("Fora de Hora")
      
http://www.youtube.com/watch?v=ZPYIzZPzuPo ("Pressentimento")
      
http://www.youtube.com/watch?v=k3E1HiCYRWE ("Cobras e Lagartos")
      
http://www.youtube.com/watch?v=p9xuauIxoPE ("Folhas no Ar")
       http://www.youtube.com/watch?v=_Yvu7m5c2XE ("Mudando de Conversa")

      
http://www.youtube.com/watch?v=fxrBYorT0MA
(trecho de "Água Viva" - Hermínio e Isaurinha Garcia)
 

LANÇAMENTO VIRTUAL DO LIVRO 
"ÁPORO ITABIRANO, EPISTOLOGRAFIA À BEIRA DO ACASO" -

http://www.youtube.com/watch?v=awOW4BZcmEU&feature=player_embedded

EDITADO PELA IMPRENSA OFICIAL DE SÃO PAULO EM 2011. 
CARTAS TROCADAS ENTRE CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE E HERMÍNIO BELLO DE CARVALHO.

Paula Faour, em quarteto, mostra a proximidade musical entre Marcos Valle e Burt Bacharach ao público do Valadares Jazz Festival




Com muita satisfação, repasso abaixo (com "flyer" acima), após os "links" musicais, o comunicado de apresentação, no dia 19 do corrente mês, em festival de jazz em Governador Valadares, desta moça adorável, além de ótima musicista, que é a Paula Faour(foto acima), prima do jornalista, pesquisador e produtor musical Rodrigo Faour.
    Logo em seguida, em três excertos do YouTube, um pouco do muito de bom gosto de que os mineiros da referida cidade desfrutarão com Paula Faour e seus colegas de quarteto. O carioca Marcos Valle e o norte-americano Burt Bacharach são os compositores homenageados no belo e mais recente CD da pianista. De ambos, em imagens gravadas em festival de jazz de Nova Friburgo (RJ)o, realizado há poucos meses, ouvem-se com ela e o conjunto: 1) "Do You Know The Way To San José?"/"Samba de Verão"; 2)"Pigmaleão 70"; 3)"Campina Grande"/"Promises/Promises". As nacionais receberam letra de Paulo Sérgio Valle, e as estrangeiras de Hal David.        

      http://www.youtube.com/watch?v=ji6ER0uZFHk
("Do You Know The Way To San José?"/"Samba de Verão")   

      http://www.youtube.com/watch?v=vBbHKZ28sVk&feature=related
("Pigmaleão 70")  

      http://www.youtube.com/watch?v=X-Xf2jeqBUM&feature=related
("Campina Grande"/"Promises, Promises") 

  A pianista Paula Faour e trio participarão do Valadares Jazz Festival no dia 19 de outubro (quarta-feira), às 20h no teatro Atiaia, em Governador Valadares.
Paula Faour e a música de Marcos Valle e Burt Bacharach é o título do mais recente trabalho da pianista, o qual foi lançado pela Biscoito Fino, recebendo elogiosas críticas de mídia e público. Este CD contou com as participações do próprio Marcos Valle, Roberto Menescal, Gilson Peranzzetta, Sergio Barrozo, Carlos Malta e outros.

Para o concerto no festival, a pianista apresentará as músicas deste CD na formação de quarteto: piano - Paula Faour, contrabaixo - Sérgio Barrozo, bateria - Paulo DIniz e saxofone - Idriss Boudrioua. 

Este projeto teve a intenção de juntar a obra dos dois compositores (Valle e Bacharach), mostrando a riqueza e a genialidade dos mesmos. O ineditismo deste trabalho está nos arranjos, em que a pianista faz a interseção de pérolas musicais, como "Preciso aprender a ser só/ A House is not a home", "Samba de verão/ Do you know the way to San José", "Promises, promises/ Campina Grande", "I say a litle prayer/ Samba de verão II" e outros. Além disso, o repertório contará com músicas dos homenageados do festival - Guinga e Charles Mingus.
O  concerto tem aproximadamente uma hora e quinze minutos de duração.




10.10.11

Programe-se: Mariana Baltar no CCC



No próximo dia 13, Mariana Baltar retorna ao Centro Cultural Carioca no show Pra dançar até o sapato furar!, relembrando as noites dançantes que comandou por cinco anos no palco do local do qual foi uma das fundadoras. A cantora reverencia diversos compositores, cantando sambas, maxixes, forrós, frevos e algumas das inesquecíveis marchinhas de carnaval. É pra dançar até o sapato furar!
Acompanham Mariana os músicos Marcílio Lopes – bandolim; Jayme Vignoli – cavaquinho; Josimar Carneiro – violão; André Boxexa - bateria / percussão; e Magno Júlio – percussão.
 
Datas : 13 de outubro (quinta-feira)
Horário: 20h30
Local: Centro Cultural Carioca
Endereço: Rua do Teatro, 37 – Praça Tiradentes
Abertura do CCC: 19h
Reservas: 2252-6468 e 2242-9642
Couvert: R$ 20,00
Lotação: 200 pessoas
Censura: 18 anos
Mais sobre Mariana Baltar nos seguintes links
www.marianabaltar.com.br
www.myspace.com/marianabaltar
 

9.10.11

Coluna do LAM mudou de endereço


A coluna do meu amigo, jornalista Luiz Antonio Mello, o LAM mudou de endereço, agora pode ser acessada no seguinte link http://www.colunadolam.blogspot.com/

Programe-se: Show no CCBB no centro do Rio de Janeiro com Música India/Brasil


A banda Music India Brasil vai se apresentar nos 12, 15 e 16 de Outubro às 14 horas no Centro Cultural Banco do Brasil no centro do Rio de Janeiro.
Musicos: Paramatma, Sandro, Jaffer e Kiko
Todo mundo lá!

8.10.11

Carlos Dafé e seu suingue nota dez agitam o Catete, neste sábado, em show que inicia série no Cariocando



Criado numa família musical, filho de pai chorão, Carlos Dafé (foto acima) é um compositor e multi-instrumentista que tem sucessos na voz de Nana Caymmi - como os incrementados sambas "Passarela" e "Acorda Que Eu Quero Ver" -, além de outros gravados por ele, como "Pra Que Vou Recordar o Que Chorei", que também tem ótima interpretação de Emílio Santiago. Na longa estrada sonora já percorrida, é dez a suingueira característica desse carioca de Vila Isabel, que prepara CD, para lançamento próximo, com participação especial de Jorge Aragão e Zeca Baleiro, por exemplo, entre cujas faixas destaca-se um delicioso ijexá, "Ana Foliana", composto com Heitorzinho dos Prazeres. O amigo Dafé é ex-integrante do excelente grupo instrumental Dom Salvador e Abolição, nos anos 60, e, neste sábado, 8 de outubro, no Cariocando (Rua Silveira Martins, 139  - tel.: 2557-3646 - Catete), dá o pontapé inicial em uma série de shows, Eles sem Mídia, com artistas variados, dois sábados por mês. Uma iniciativa do jornalista Paulo Marinho, colaborando com a programação da casa.   
         ***
 
Pós-escrito: nos "links" seguintes, composições de Dafé: 1) Alcione agita em "Acorda Que Eu Queo Ver"; 2) Cris Aflalo ralenta em "Passarela", acompanhada pelo violão de Luiz Waack; 3) o próprio Dafé em gravação de "Pra Que Vou Recordar O Que Chorei"; 4) ele, de novo, em "Lá Vem Ela". 


           http://www.youtube.com/watch?v=BprQdmS_IqE
("Acorda Que Eu Quero Ver")

           http://www.youtube.com/watch?v=ECEGAFb9NU0
("Passarela")

           http://www.youtube.com/watch?v=E9khKwmA-E4&feature=related
("Pra Que Vou Recordar O Que Chorei")

           http://www.youtube.com/watch?v=Oykr5C3-XJY
("Lá Vem Ela") 

7.10.11

Luiza Dionizio canta nesta sexta no Carioca da Gema: o samba em feitio de devoção



 "Não desfazendo das demais escolas/com seus poetas espelhando amor/tudo que me baila na memória/tem o verde-e-branco em sua cor/...não cito nomes pra não cometer engano/estou falando do Império Serrano."
 
                  Seguindo a palavra de ordem já dada pela sambista Geovana no ótimo "Pisa Nesse Chão com Força" -, que essa tijucana criada na Rocinha e filha de senegaleses fez e gravou com sucesso no início dos anos 70, com regravação de Jair Rodrigues -, outra negra de indubitável valor dá passos firmes e decididos no terreirão multipiso que o samba ocupa na MPB. Revelada para público amplo no Carioca da Gema, como atração fixa da casa, Luíza Dionízio (foto acima), nascida e criada na Vila da Penha, confirmou a pujança e consistência do seu caminhar ao lançar, no início do ano passado, o disco "Devoção" (foto de capa abaixo), que até "demorô" a chegar entre os dos jovens artistas, como ela, de muito bom nível florescidos numa Lapa culturalmente reenluarada. Valeu a pena esperar, pois é produção da melhor qualidade, com destaque para os arranjos de Paulão Sete Cordas. Aficionada do Império Serrano, escola da chamada raiz no Rio de Janeiro, Luiza, coerentemente, levou para o CD de estreia esse apelo mais castiço do samba que, na sua voz rica de expressão e vigor, tão bem defende, robustecido ainda pelas diversas rodas do gênero espalhadas pela cidade e que na cantora moldaram uma personalidade artística.
           Uma bela ode do campista Delcio Carvalho à escola da Serrinha - "Jardim das Oliveiras", dos versos supralembrados - transmite a referida tônica das faixas desse magnífico trabalho de Luiza Dionizio, que, nesta sexta, 7 de outubro, a partir das 23h30, anima mais uma noite concorrida do Carioca da Gema (Av. Mem de Sá, 79 - tel.: 2221-0043). Antes de Luiza, em show preliminar, às 21h30, outra cantora-revelação do samba na Lapa, a gaúcha Nina Wirti, acompanhada pelo conjunto Seis por Meia Dúzia.
          Um bom dia a todos. Grato pela atenção à dica.

          Um abraço,

          Gerdal

Pós-escrito: nos "links" seguintes, na interpretação marcante de Luiza Dionizio: 1) "Pensando bem ", de João de Aquino e Martinho da Vila; 2) "Estação Derradeira", de Chico Buarque; 3) "Oxum Ololá", de Raimundo Santa Rosa; 4) "Conceição da Praia", de Luiz Carlos Máximo.

 
         http://www.youtube.com/watch?v=0CBERSuPd4U
("Pensando Bem")

         http://www.youtube.com/watch?v=97DcTXKwTeg
("Estação Derradeira")

         http://www.youtube.com/watch?v=G7N2GBw99lE&feature=relmfu
("Oxum Ololá")

        http://www.youtube.com/watch?v=EHGr8oTsQP4&feature=relmfu ("Conceição da Praia")        

6.10.11

Thania Machado e o Terreiro de Breque toda quinta de outubro no Elite: o samba e seu dom de movimentar o salão


 
Dona de invejável contralto e, também por isso, uma voz poderosa na defesa da boa MPB, Thania Machado inicia, neste 6 de outubro - sempre nas quintas deste mês -, a partir das 20h30, uma série de apresentações que promete chacoalhar o salão da tradicional Gafieira Elite (Rua Frei Caneca, 4 - Centro - tel.: 2232-3217) com um bailão de samba, acompanhada pelo conjunto Terreiro de Breque. Ela - com recente "h" incorporado ao prenome - é afilhada artística de Dona Ivone Lara - com a qual  já se apresentou no Carioca da Gema - e, creio, além de composições dessa majestade nonagenária da Serrinha, cantará o veio de outros baluartes, como Nelson Sargento, Nelson Cavaquinho e Zé Kéti. O recado de Thania é sempre da melhor qualidade e transmitido com o vigor e a firmeza de quem, mais do que preparo universitário (formação em piano clássico, canto e teatro), conta com o aval da noite na carreira, por tantas casas já percorridas, e até mesmo com o aval da folia, pois, por vários anos, puxou sambas no ipanemense Simpatia É Quase Amor. Uma grande artista da voz e da interpretação ainda sem o reconhecimento merecido, especialmente no disco.
   ***
Pós-escrito: nos dois primeiros "links" abaixo, Thania, na informalidade do Samba UNE, canta "Agoniza, mas Não Morre", de Nelson Sargento, e "Minha Festa", de Nelson Cavaquinho e Guilherme de Brito. No terceiro "link", a moçada do Terreiro de Breque lembra uma referência do samba paulistano, Geraldo Filme, em "Silêncio no Bexiga". 
             
 
       http://www.youtube.com/watch?NR=1&v=OamKOb7wHZ4
("Agoniza, Mas Não Morre")

       http://www.youtube.com/watch?v=rMBPOTcBf3M&feature=related ("Minha Festa")

       http://www.youtube.com/watch?v=9GPfiRQ4ldk ("Silêncio no Bexiga")

5.10.11

Um site para o eterno Nássara


Foi inventado pelo grande pesquisador e escritor Carlos Didier.
Clique no seguinte link https://sites.google.com/site/antonionassara/

"No Compasso da História": com apresentação de Joyce, série faz retrato cantado da identidade nacional




Para quem perdeu no domingo passado, a chance é hoje, 5 de outubro - também às 20h, no canal 14 da NET - de ver mais um dos 15 episódios previstos para o desenrolar de "No Compasso da História", em que fatos relativos a todo o processo de construção da identidade brasileira são musicalmente ilustrados. Produzida pela MultiRio (Empresa Municipal de Multimeios Ltda.) e conduzida pela cantora e compositora Joyce, essa série conta com a participação de vários artistas da MPB e depoimentos de jornalistas e personalidades, de acordo com o tema da vez. Como a própria apresentadora já observou, a ideia é utilizar a música como uma ponte lúdico-crítica para o acompanhamento de fatos marcantes da História do Brasil, especialmente entre alunos e professores, para os quais a bem-vinda iniciativa, em particular, se volta. O cantor, compositor e violonista Sérgio Santos e a cantora Ana Martins, filha de Joyce, estão presentes no episódio reapresentado nesta quarta, o qual ressalta, no século XVIII, o ouro em Minas Gerais e o conjunto de implicações suscitado pela ambição dos colonizadores em cenário de maioria negra e escravizada.
        ***
Pós-escrito: nos "links" seguintes, 1) "trailer" de "No Compasso da História"; 2) Joyce em "Devagar com a Louça", de Luiz Reis e Haroldo Barbosa, faixa do CD "Samba Jazz & Outras Bossas", compartilhado com o baterista Tutty Moreno; 3) Joyce numa dela, "Banana", acompanhada por uma orquestra de sopro; 4) cantando, dela e de João Donato, "E Vamos Lá", em duo com Ana Martins; 5) uma bonita composição, "Dois", de Daniel Basílio e Antonia Adnet, filha de Mário Adnet, por ela mesma. A moça tem presença constante, ao violão, ao longo de "No Compasso da História"; 6) o mineiro Sérgio Santos em registro fonográfico de "Ganga-Zumbi", dele e de Paulo Cesar Pinheiro.
       
                       
         http://www.youtube.com/watch?v=C_uU_EsImbE ("No Compasso da História" - "trailer")

         http://www.youtube.com/watch?v=Ct6K2gHmAqM
("Devagar com a Louça")
        
         http://www.youtube.com/watch?v=6No4ki9viBQ ("Banana")
       
         http://www.youtube.com/watch?v=1piSBWiwitQ ("E Vamos Lá")

         http://www.youtube.com/watch?v=ridSbmYLsnA ("Dois")  

         http://www.youtube.com/watch?v=Loegb24cFZg ("Ganga-Zumbi")       

4.10.11

Programe-se:CUT E TATU FILMES convidam para o lançamento de dois documentários no dia 10 de outubro: 1ª CONCLAT - 1981 e LULA RELEMBRA A 1ª CONCLAT -



CUT E TATU FILMES convidam para o lançamento de dois documentários no dia 10 de outubro: 1ª CONCLAT - 1981 e LULA RELEMBRA A 1ª CONCLAT - 2011
1ª. CONCLAT - Conferência Nacional da Classe Trabalhadora - 29 minutos
Praia Grande, litoral paulista, agosto de 1981: milhares de trabalhadores e trabalhadoras da cidade e do campo reúnem-se pela primeira vez, durante a ditatura militar, par discutirem organizadamente a situação política, econômica e social do Brasil, bem como reivindicações trabalhistas e a criação de uma central sindical única. Depoimentos, discussões e divergências entre os sindicalistas são intercalados com imagens de participantes vindos de diversos rincões do Brasil, sendo que muitos pela primeira vez interagem com o mar. Um documentário histórico sobre a 1a. Conferência Nacional da Classe Trabalhadora - CONCLAT, que registrou para as futuras gerações o enfrentamento pacífico daqueles homens e mulheres, opositores ao regime de exceção.
***
30 anos depois Lula relembra a 1ª CONCLAT - 42 minutos
Três décadas após a 1a. Conferência Nacional da Classe Trabalhadora, Lula, um dos seus principais protagonistas, assiste, pela primeira vez, ao filme que desconhecia. Suas expressões faciais, as manifestações de surpresa, os comentários e o depoimento fazem desse registro um documento histórico emocionante e tão relevante quanto às imagens captadas na Praia Grande.
***
Direção: Adrian Cooper

CINEMATECA BRASILEIRA/ SEGUNDA-FEIRA/ 10 DE OUTUBRO. 20 HORAS
Largo Senador Raul Cardoso, 207 - Vila Clementino
- Fone: (11) 3512-6111

Desenho: Homem-defumado



Este é da série "Steinbergueanas"- Nanquim sobre papel de envelope reciclado cinza claro.

Fafá Lemos: samba com pizzicato, temperado na bossa, em saborosa receita de violino popular





 
"Fui convidado para ir a um samba/lá no Morro do Arrelia/me apresentaram ao dono da casa/era um tal de Malaquia/ele me disse: "em sua homenagem,/já mandei preparar um prato"/eu fiquei indignado quando me disseram que comi carne de gato/
          Eu não gostei do papel do Malaquia/bem que eu desconfiei com tanta carne que havia/malandro não dá mancada/eu vou pôr as minhas mãos à obra/vou convidá-lo para uma peixada/mas vai ser de carne de cobra/ (no breque) surucucu, cascavel
"
          

         

         Nos discos de Rafael Lemos Jr., o saudoso Fafá Lemos (foto acima), ele, em uma ou outra faixa, embalado por um violino travesso, mandava uma letra chistosa - como a do ótimo samba "Carne de Gato",  dos versos acima -, cantando macio, com bossa e com classe. Antes, romântico, pela Musidisc, também cantara no aveludado original de "Duas Contas", do genial Garoto (com raríssima letra deste), com o qual e mais o gaúcho Romeu Seibel, o Chiquinho do Acordeom, formaria um conjunto, o Trio Surdina (foto acima), identificado, em 1952, com uma nova vestimenta harmônica para a canção popular, de alinhavo jazzístico, e surgido, no programa "Música em Surdina", no fim de noite da Rádio Nacional, por iniciativa do diretor artístico da emissora, Paulo Tapajós. Se alegre e buliçoso no sincopado, seu arco e flexa, em contraste, também emitia a nota plangente, melancólica, como na belíssima gravação da valsa "Tudo Cabe num Beijo", em seu derradeiro elepê, de 1989, pelo Estúdio Eldorado, produzido por Zuza Homem de Mello e feito em duo com outra saudade, esta em forma de piano, a também carioca Carolina Cardoso de Menezes, autora da melodia lembrada. Um disco primoroso, de feitura inspirada em jantar oferecido por Carolina em seu apartamento no Rio a jornalistas especializados (como já escreveu um dos presentes, também saudoso, Aramis Millarch), no qual o versátil Fafá talvez se aproximasse mais em si, retrospectivamente, daquela criança de formação erudita que, aos nove anos, tocaria Vivaldi acompanhado de orquestra no Teatro Municipal e, mais adiante, do rapaz que, aos dezenove, integraria, por curto período, a Orquestra Sinfônica Brasileira   
          Diferentemente do violão e da flauta, com suas figuras de proa, o violino, antes de Fafá, era aqui um instrumento de tope erudito e sem lastro solista no sentimento popular aflorado em canção. Poucos no ramo, além dele - como Tobias Troisi, Eduardo Patané e Irany Pinto -, nos anos 50, por exemplo, quando também se apresentou com Carmen Miranda nos EUA, destacaram-se no disco por um trabalho próprio a tocar (n)o coração do cidadão comum, distanciado de salas de concerto e fruições camerísticas. Ainda naquela década, Fafá seria diretor artístico da RCA Victor e dono de uma boate na Rua Rodolfo Dantas, em Copacabana - "um buraco na parede", como ironizava, à maneira norte-americana, de tão pequena -, até, a partir de 1961, domiciliar-se por muitos anos nos EUA, o que já fazia o amigo guitarrista Laurindo de Almeida, com quem, por sinal, ainda no comecinho dos anos 50, lá estivera a trabalho. Em 18 de outubro de 2004, praticamente em surdina, sem que se lhe destinasse relevo, ainda que póstumo, na imprensa, silenciavam de vez aquele vibrato e aquele pizzicato tão particularmente utilizados por ele em tempo de samba e hoje referências de estilo dos excelentes Nicolas Krassik - que gravou em seu primeiro CD o choro "Fafá em Hollywood", de Fafá - e Ricardo Herz, violinistas também devotados a uma expressão popular e marcante do instrumento. No último 19 de fevereiro, esse nosso Grappelli tropical teria completado 90 anos.
         ***
Pós-escrito: 1) nos "links" seguintes, Fafá canta outro samba chistoso, "Saturado", da autoria de Berico e Franco Ferreira; 2) toca "Cigano no Baião", de Garoto, gravado em 1952; 3) toca, com Luiz Bonfá, "A Voz do Morro", de Zé Kéti; 4) canta mais um samba engraçado, "Time Perna de Pau", de Vicente Amar, gravado em 1956; 5) toca "Chão de Estrelas", de Sílvio Caldas e Orestes Barbosa; 6) toca e canta "Duas Contas", de Garoto, na cultuada gravação do Trio Surdina; 7) exercita-se em bolero famoso, dos anos 40, "Acércate Más";    
                   2) ainda acima, duas fotos de capas da discografia de Fafá: a do elepê "Bonfafá", gravado em 1958 com Luiz Bonfá, e a do já citado com Carolina Cardoso de Menezes. 
              

          http://www.youtube.com/watch?v=yg1d4FiMjpU&feature=related
("Saturado")

          http://www.youtube.com/watch?v=efwuv5-uKs0 ("Cigano no Baião")

          http://www.youtube.com/watch?v=yNiPVfwqa5g&feature=related ("A Voz do Morro")

          http://www.youtube.com/watch?v=gQhUp9ifb3U&feature=related ("Time Perna de Pau")

          http://www.youtube.com/watch?v=N6jkHNau3IA ("Chão de Estrelas")

          http://www.youtube.com/watch?v=N6jkHNau3IA ("Duas Contas")

         http://www.youtube.com/watch?v=vj_extxsxIw&feature=related ("Acércate Más")  

2.10.11

"Na Rotina dos Bares" neste domingo no Sesc Ginástico: fim de temporada de musical sobre o Rio antigo e a sua face boêmia



Para aqueles, como eu, que ainda não assistiram ao musical "Na Rotina dos Bares", já em final de temporada no Teatro Sesc Ginástico, no Centro, hoje, 2 de outubro, às 19h, é a última chance. Em 1976, por causa de obra do metrô, o desconsolo de um frequentador do velho Lamas, vivido pelo tarimbado Antônio Pedro, com o fechamento do bar, no Largo do Machado - depois reaberto na Rua Marquês de Abrantes, no Flamengo -, motiva, ao longo da peça, uma viagem afetivo-retrospectiva até 1930, em que parte da história da antiga capital da República é reconstituída pela nossa música popular, que suscita ou ilustra a evocação de outros bares e boêmios destacados. Acima, repasso o "flyer" dessa atração, que, faz algum tempo, recebi da amiga Yvy Zelaya, que escreve um livro de grande valor quanto à memória do samba carioca.
 Retificação     
Preciso fazer uma retificação de título e autoria de choro constante de "link" musical que inseri, na dica de ontem, sobre show de Ademilde Fonseca e Sonia Delfino com condução a cargo de Ricardo Cravo Albin no Sesc Tijuca. Com base em página na internet, que me pareceu confiável, dedicada ao ótimo compositor e maestro Hervé Cordovil, informei equivocadamente tratar-se dele a autoria de "Insconstitucionalissimamente", polissílabo pelo qual é informalmente conhecido "História Difícil". A própria rainha do chorinho, com quem conversei após a apresentação, fez-me esse esclarecimento do título real da composição e de quem a criou de fato, Pereira Costa (no selo do disco também aparecendo o nome de Vítor Santos, homônimo de um excepcional trombonista e arranjador da atualidade). Ao Hervé (autor, por exemplo, de "Uma Loura", mais atraente ainda na voz de Dick Farney), que há muito admiro, pretendo dedicar, em breve, uma das singelas homenagens que presto, com minhas linhas de memória. Um compositor hoje muito pouco citado.
      ***

Pós-escrito: nos "links" seguintes, 1) um vídeo-release de "Na Rotina dos Bares", embalado pelas vozes de Chico Anísio e Mussum, que cantam "Rio Antigo", um sucesso da cantora Alcione que tem letra do próprio Chico e melodia de um conterrâneo dela, Nonato Buzar; 2) "Memórias do Café Nice", de Artúlio Reis e Monalisa, com Nelson Gonçalves, uma das músicas ouvidas na peça suprarreferida, com direção musical de Fábio Nin, do conjunto Tira-Poeira. Tem mesmo título de livro lançado em 1969 pelo jornalista, comediógrafo e compositor pernambucano Nestor de Holanda, também autor de saborosas páginas de humor, como em "A Ignorância ao Alcance de Todos"; 3) "Na Rotina dos Bares" é título extraído de letra de Vinicius de Moraes para "Onde Anda Você?", com melodia do oftalmologista baiano Hermano Silva. Canta a paraense Arlete Sylvia, também escritora, há muito radicada em Brasília; 4) repito o também suprarreferido choro gravado por Ademilde Fonseca, "História Difícil", e o dedico à jovem e promissora cantora Thaís Villela, que há pouco dele fez uma cativante interpretação em show no Rio Scenarium, ainda desconhecendo, como eu desconhecia, o criador dessa preciosidade do "nonsense" na MPB.
     

       http://www.youtube.com/watch?v=GqNXPqQD1BY
(imagens relativas ao musical "Na Rotina dos Bares")  

       http://www.youtube.com/watch?v=LST1_U4ty3w ("Memórias do Café Nice")

       http://www.youtube.com/watch?v=3lqMh_33Xz8
("Onde Anda Você?") 

      http://www.youtube.com/watch?v=f4kLfWnLdlI
("História Difícil")

1.10.11

Ademilde Fonseca e Sonia Delfino, tia e sobrinha, participam, neste sábado, de "talk show" com Ricardo Cravo Albin no Sesc Tijuca





 
Em 1942, superando um "autopreconceito", como já afirmou em entrevista - o da ideia então predominante de à mulher casada caber apenas o tradicional papel de cuidar da casa e dos filhos -, a potiguar Ademilde Fonseca (fotos acima), com 21 anos, já vivendo no Rio com o marido, o músico Naldimar Gedeão Delfim, pôde aqui desabrochar profissionalmente para o canto popular, um dom que, em Natal, já era apreciado em família e entre seresteiros próximos. Também naquele ano, em um amigo "meio malcriadão, mas de gargalhada gostosa", Benedito Lacerda, ela teve um arrimo fundamental para chegar ao disco (a gravação, na Columbia, de "Tico-Tico no Fubá", de Zequinha de Abreu, música que aprendera, ainda em Natal, com um amigo de infância), pois, ao acompanhá-la com o seu regional numa festa, o notável flautista percebeu estar diante de um patrimônio da MPB, que ele cognominou de a rainha do choro. De fato, causava estupefação toda aquela técnica, afinação, com relevo nos agudos, e clareza de dicção a serviço de um tipo de composição até então só tocado e de andamento costumeiramente ágil. Outro brado retumbante do sucesso, também internacional, seria ouvido na carreira dela, oito anos depois, com a gravação de "Brasileirinho", de Waldir Azevedo, firmando-a no gênero, com o registro letrado de muitos outros choros famosos - como "Apanhei-te Cavaquinho" e "Odeon", de Ernesto Nazareth -, e no estrelato das nossas intérpretes, luzindo, ademais, por causa de número elevado de discos vendidos. Daí em diante, entre os muitos momentos marcantes por que passou, está a presença de Ademilde, no II Festival Internacional da Canção (FIC), em 1967, defendendo um maravilha composta por Pixinguinha, "Fala Baixinho", de versos assinados por Hermínio Bello de Carvalho. Como no famoso choro-batucada do portelense Alvaiade e Zé Maria, também levado ao fonograma por Ademilde, o que vinha de bom ela traçava muito bem.
         Juntamente com a sobrinha, também cantora, Sonia Delfino (foto acima) - do balançado "tuplec-tuplim" de "Bolinha de Sabão", de Orlandivo e Adílson Azevedo, em 1963 -, Ademilde participa de uma interessante atração, no Sesc Tijuca (Rua Barão de Mesquita, 539 - tel.: 3238-2164), neste sábado, primeiro de outubro, às 18h: um "talk show" conduzido pelo produtor e animador cultural Ricardo Cravo Albin, um baiano na certidão, mas carioca de coração.
 ***       

Pós-escrito: no último dos "links", Sonia Delfino, no Vinicius, com um "medley" bossa-novista que abrange "Sábado em Copacabana", de Dorival Caymmi e Carlos Guinle, "Garota de Ipanema", de Tom e Vinicius, e "Corcovado", que Tom Jobim fez naquele sempre musicalmente valorizado apê da Rua Nascimento e Silva, 107, em Ipanema. Antes desse "link", ouve-se Ademilde Fonseca em cinco outros, a saber: 1) "Rio Antigo", maxixe de Altamiro Carrilho gravado por ela em 1955, com letra de Augusto Mesquita; 2) "Inconstitucionalissimamente", de título tão grande quanto a importância do seu autor, o viçosense Hervé Cordovil, na MPB; 3) o baião "Delicado", de Waldir Azevedo, com letra de Ari Vieira, 4) "Urubu Malandro", choro do clarinetista niteroiense Lourival (Louro) de Carvalho com letra de Braguinha; 5) "Tico-Tico no Fubá".           


         http://www.youtube.com/watch?v=IzHpVxOq9AQ&NR=1
("Rio Antigo") 

         http://www.youtube.com/watch?v=f4kLfWnLdlI
("Inconstitucionalissimamente") 
        
         http://www.youtube.com/watch?v=QpaZDn06eZc&feature=related ("Delicado")

         http://www.youtube.com/watch?v=9_dH1gzvsWU
("Urubu Malandro")

         http://www.youtube.com/watch?v=S_oIegY5L5U
("Tico-Tico no Fubá")

         http://www.youtube.com/watch?v=ev6eFqOE6Yk&feature=related
("Sábado em Copacabana", "Garota de Ipanema" e "Corcovado")