30.6.15

Hoje: Lançamento do livro de projetos "Vilanova Artigas" com palestra de Paulo Mendes da Rocha.



Lançamento do livro "Vilanova Artigas" - hoje, dia 1 de julho - quarta-feira, a partir das 20 horas. No Instituto Cultural Itaú - Avenida Paulista, nº 149 - / próximo à Estação "Brigadeiro" do Metrô.


Com autoria de Rosa Artigas e coautoria de Marco Artigas, o livro Vilanova Artigas oferece pistas para a trajetória do arquiteto que lhe dá nome, por meio da publicação de 43 projetos, realizados por ele, incluindo os não executados feitos para o concurso do Plano Piloto de Brasília e a proposta de reurbanização do Vale de Anhangabaú. A partir de fotografias atuais e antigas, além de desenhos originais feitos pela mão do próprio arquiteto, a obra remonta o percurso de João Batista Vilanova Artigas.


Nascido em Curitiba e radicado em São Paulo, ele deixou a sua marca em grandes obras que guardam a memória de sua passagem pela capital paulista. Entre elas, o Edifício Louveira, no bairro de Higienópolis; e o Estádio do São Paulo Futebol Clube no bairro do Morumbi (1952). Ainda se destaca o prédio da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU-USP). No livro, somente os dois planos urbanísticos, o concurso do Plano Piloto de Brasília e a proposta de reurbanização do Vale de Anhangabaú, não foram executados e integram a seleção apresentada.


As obras foram organizadas por tipo de programa – casas, apartamentos, escolas, edifícios comerciais e institucionais, conjuntos habitacionais, planos e equipamentos urbanos – dispostas em ordem cronológica dentro de cada tema. A forma como os projetos estão apresentados possibilita revelar com mais clareza os pontos de inflexão, as continuidades e as retomadas de caminhos a partir da análise de objetos construídos em condições semelhantes quanto a dimensões, ao uso, aos meios técnicos e à relação com o entorno construído, considerados na obra de um único arquiteto.


NO LANÇAMENTO O LIVRO TERÁ PREÇO PROMOCIONAL DE de R$ 100,00.

Todos lá!
Clique na imagem para ampliar e VER melhor

Caricatura de Borges


Nem tão da boca do forno assim: Caricatura de Jorge Luis Borges (Jorge Francisco Isidoro Luis Borges Acevedo- 1899-1986). Esse monstro sagrado, creio yo que dispensa apresentações. Escreveu poesia, mas o que brilhou mais foi sua prosa de dar nó na cabeça.

Miudinho, escreveu enormes livros pequenos, textos curtos, um pouco contos, um pouco ensaios, filosofia, mentiras sinceras, enigmas, espelhos, labirintos, tigres e algumas obsessões entram num redemunho do capeta. Tudo ali compactado em pequenas doses homeopáticas.

Alguns títulos: "Ficções"(1944), "O Aleph" (1949), "O Fazedor" (mistura de poesia e ensaio), "O informe de Brodie" (1970), "O livro de Areia" (1975), "Inquisições" (1025), "História da Eternidade"(1936), "História Universal da Infâmia"(1935), "O livro dos seres imaginários"(1068), "Atlas"(1985).

Foi publicado aquí nas nossas praias, um trabalho peagófico dele, um "Curso de Literatura Inglesa", pela editora Martins Fontes, em 2002.

Existe também uma publicação sua chamada "Nova Antologia Pessoal" editada pela Difel em 1986, misturando vários de seus escritos preferidos.

Os poemas de "Elogio da Sombra" e o ensaio autobiográfico "Perfis", datados de 1970, foram publicados aqui no Brasil pela Editora Globo em data indefinida.

Com Alícia Jurado, cometeu o livro "Buda, que veio a público pela Editora Bertand Brasil em 1977.

Escreveu também livros em parceria com Adolfo Bioy Casares. Dizem que os dois se divertiam muito enquanto faziam isto.

Um dos contos dele que mais me intrigou, talvez o mais "realista", mas cheio de brechas e suspeitas foi "Emma Zunz". Está em "O Aleph", e é um dos que imagino, não seduziram tanto a crítica, o que é sem dúvida uma grande cilada, pois tudo ali é escorregadio. Falam muito de "O Aleph", "Pierre Menard, autor do Quixote", "O Jardim de Caminhos que se bifurcam", "A Biblioteca de Babel"... e vai por aí.

Se um dia fosse escrever sobre Borges, o que acho algo de todo impossível, embora já esteja escrevendo essas mal digitadas linhas, começaria por tentar decifrar o mistério de Emma Zunz.
De qualquer forma, seus pequenos livros devem ser sempre lidos e relidos. Sempre vai existir alguma coisa que escapou na primeira, na segunda, na terceira…na infinita leitura.
Clique na imagem para ampliar e VER melhor

29.6.15

Exposição da revista "Ímã" continua em Vitória


A feliz notícia da continuação da exposição sobre a revista Ímã foi publicada na capa do Caderno de cultura Pensar do Jornal A Gazeta, de Vitória (Espírito Santo) - edição de sábado, 27 de junho, que nas suas páginas centrais (6 e 7) exibiu matéria cujo título foi Magnetismo cultural em revista.

A exposição Revista "ÍMÃ- 30 anos" que reúne capas, poemas e outros materiais que entraram na história da revista , continua até o dia 15 de julho de 2015.

Local: Arquivo Público do Espírito Santo - Rua 7 de Setembro - Cidade Alta - Vitória.
Fiquei muito contente, porque na na capa do Caderno Pensar foi utilizada uma ilustração ( a do Samurai poeta) que fiz para a capa de um dos números dessa histórica revista de poesia.

NR:Clique na imagem para ampliar e VER melhor

28.6.15

Arte do novo CD - "Tema", de Antonio Adolfo

Saiu do forno o CD "Tema"- novo álbum instrumental de Antonio Adolfo.
Tive a honra e o prazer de ilustrar a capa e a contracapa desse projeto. O design de todo o álbum foi realizado por Julia Liberati.
Aqui estão apenas algumas fases da elaboração das ilustrações.
As ilustrações foram feitas por meio de pintura em acrílico sobre cartão texturizado como tela.

Este CD, lançado inicialmente nos Estados Unidos, chegou enfim às nossas praias e pode ser adquirido através do site da gravadora Rob Digital, veja no link: http://www.robdigital.com.br
(Lá estão também outras obras de Antonio Adolfo)
Viva!!!!

NR: Clique nas imagens para ampliar e VER melhor

27.6.15

Carmen Miranda, ícone imortal



Carmen Miranda, ícone imortal


Seis décadas depois de se encantar a pequena notável permanece como símbolo de brasilidade



Por Jorge Sanglard
Jornalista e pesquisador. Escreve em jornasis no Brasil e em Portugal


Carmen Miranda (09/02/1909 – 05/08/1955), a “Pequena Notável” foi um dos ícones culturais do século XX. E teria completado 106 anos, em 9 de fevereiro de 2013, se não tivesse se encantado em 1955, há 60 anos. Seu legado artístico permanece instigante, neste início de século XXI, como um ímã a atrair a atenção nos quatro cantos do planeta. Celebrações marcaram o centenário de seu nascimento em 2009 tanto no Brasil quanto em Portugal e nos Estados Unidos e continuam a reverenciar seu talento artístico, quando se celebra seis décadas de sua morte. A brasilidade de Carmen Miranda já despontava em suas primeiras gravações e seu vigor e versatilidade pulsavam desde os primeiros passos no samba e nas marchas carnavalescas. Sua influência cultural rompeu barreiras, enfrentou desafios e superou preconceitos.

Carmen vivenciou e cantou as coisas e os ritmos do Brasil como poucos no século XX. Seus turbantes e balangandãs ganharam o mundo e sua atitude ajudou a mudar o comportamento de muitos. Já em meados de 1930, a promissora cantora revelava ao jornal O País: “Procuro apenas dar expressão ao meu sentimento, à minha alma”.

Nascida em Várzea da Ovelha, pequena aldeia de Marco de Canavezes, no distrito do Porto, no norte de Portugal, Carmen Miranda (Maria do Carmo Miranda da Cunha) chegou ao Rio de Janeiro, no Brasil, aos 10 meses, trazida pela mãe, Maria Emília Miranda da Cunha, e a irmã mais velha, Olinda, ao encontro do pai, José Maria Pinto da Cunha, já no país há três meses trabalhando como barbeiro e sócio de um patrício dono do salão. Além de Olinda (1907), que também nasceu em Portugal, Carmen teve os irmãos Mario (1912), Cecília (1913), Aurora (1915) e Oscar (1917), nascidos e criados no Rio de Janeiro.

Aos 17 anos, Carmen realizava apresentações em festas familiares e participava, como figurante, em algumas filmagens. Até que, em 1929, o deputado baiano Aníbal Duarte apresentou a promissora cantora ao compositor, também baiano, Josué de Barros, que trabalhava na Rádio Sociedade Professor Roquete Pinto, e, depois de encontrá-la numa festa no Instituto Nacional de Música, convidou Carmen para cantar na emissora, o que aconteceria em 10 de março de 1929. Sua intenção de ouvir a voz da nova cantora em disco motivou a apresentação ao diretor da Brunswick, em 1929, onde Carmen gravou, provavelmente em setembro, pela primeira vez, os sambas “Não vá sim’bora” e “Se o samba é moda”, de autoria do próprio Josué.
O encontro musical entre Carmen Miranda e Josué de Barros foi definitivo na trajetória da cantora e os primeiros passos dessa desbravadora de caminhos podem ser conferidos por inteiro no CD “Raridades”, lançado em março de 2007. O saudoso pesquisador Leon Barg, um incansável em garimpar preciosidades da Música Popular Brasileira, pelo selo Revivendo, reverenciou a memória da cantora Carmen Miranda e a memória musical brasileira com o lançamento do CD “Raridades”, trazendo 21 faixas remasterizadas de antigos fonogramas em 78 rpm para o digital. Trata-se de um disco de importância histórica inquestionável e que ajuda a resgatar a integridade das performances musicais de Carmen Miranda, conferindo às gravações a qualidade de reprodução que elas merecem.



“Sou filha de Portugal, mas o meu coração é brasileiro”


Em entrevista a R. Magalhães Júnior para a revista Vida Doméstica, em julho de 1930, a cantora revelaria: “Sou filha de Portugal, mas o meu coração é brasileiro, que se assim não fosse eu não compreenderia tão bem a música desta maravilhosa terra”. Entre 1929 e 1934, Carmen Miranda construiu seu prestígio no Brasil.
A partir de 1935, já na Odeon, consolidaria sua fama cantando grandes sucessos, como “Camisa listada” (samba-choro de Assis Valente), “No tabuleiro da bahiana” (batuque de Ary Barroso, com o regional de Luperce Miranda e participação de Luiz Barbosa), “O que é que a bahiana tem” (samba típico baiano, de Dorival Caymmi, com participação do autor e de regional), “Adeus batucada” (samba do juizforano Synval Silva) e muito mais, conquistando o mundo da música. Na Odeon, a cantora gavou 129 músicas, em 65 discos.

Seja nas rádios Mayrink Veiga, Tupi, e de volta à Mayrink Veiga, seja nos cassinos Copacabana Palace e Cassino da Urca, ou em shows e excursões pelo país e pelo exterior, Carmen lutou muito para se projetar. Até ganhar ampla notoriedade, quando embarcou no transatlântico Uruguay, em 4 de maio de 1939, acompanhada pelo Bando da Lua, para os Estados Unidos, onde esbanjou talento e versatilidade na música e no cinema. Carmen Miranda, ao chegar em Nova York, em 17 de maio de 1939, declararia à imprensa: “Vocês verão principalmente que sou cantora e tenho ritmo”. Nos Estados Unidos, trabalhou incessantemente até se consagrar como uma estrela internacional de primeira grandeza.

Consagração que o pesquisador José Silas Xavier aponta como decisiva para que Ruy Castro, biógrafo de Carmen Miranda, a elegesse como “a mulher mais famosa do Brasil no Século XX”. O livro “Carmen” (Companhia das Letras), de Ruy Castro, lançado em 2005, conquistou o Prêmio Jabuti de livro do ano de não-ficção em 2006.
A estréia da cantora, em Nova York, com o Bando da Lua, aconteceu em 16 de junho de 1939 e, em 26 de dezembro, já gravava seus primeiros discos pela Decca norte-americana. De passagem pelo Brasil, em 15 de julho de 1940, segundo apontou o saudoso pesquisador Abel Cardoso Júnior, a cantora teria uma fria recepção num espetáculo beneficente no Cassino da Urca, no Rio de Janeiro, “acusada de se ter americanizado”. Mas, em 12 de setembro, voltaria ao palco do mesmo cassino e seria aplaudida entusiasticamente pelo público. Entre 2 a 27 de setembro do mesmo ano, Carmen gravaria suas últimas músicas no Brasil, quase todas rebatendo as críticas de sua pretensa “americanização”. De volta aos Estados Unidos, em 3 de outubro de 1940, marcaria presença no rádio, televisão, teatros, cassinos e casas noturnas e ainda atuaria em 13 filmes em Hollywood, entre 1941 a 1953, consolidando ainda mais o seu prestígio.


“Samba é samba. É preciso haver pandeiro, tamborim, cuíca e violão. De outro jeito, não é música brasileira”.



Carmen Miranda nunca esqueceu suas raízes e, em 13 de novembro de 1948, em pleno auge do sucesso, nos Estados Unidos, afirmaria: “Samba é samba. É preciso haver pandeiro, tamborim, cuíca e violão. De outro jeito, não é música brasileira”.

Mesmo ausente durante 14 anos do país, o retorno de Carmen Miranda ao Brasil, em dezembro de 1954, foi marcado por homenagens. Em abril de 1955, voltaria aos Estados Unidos, onde faleceu em 5 de agosto, aos 46 anos, portanto há seis décadas, em sua casa, em Beverly Hills, Los Angeles, vitimada por um colapso cardíaco, logo após filmar com Jimmy Durante para um programa de televisão norte-americano. O corpo de Carmen Miranda, transladado para o Brasil, foi velado na Câmara Municipal e sepultado no Rio de Janeiro, em 13 de agosto de 1955. Durante o trajeto, foi acompanhado por uma multidão calculada em meio milhão de admiradores, segundo Ricardo Cravo Albin no Dicionário Houaiss Ilustrado da MPB, e saudado pelos carrilhões da antiga Mesbla, que executaram o refrão do samba “Adeus batucada”, do compositor juiz-forano e seu amigo Synval Silva.
Os pertences da cantora foram doados pelos familiares ao Museu Carmen Miranda, em 1956, mas o museu somente foi inaugurado, em 5 de agosto de 1976, no Rio de Janeiro.

As 21 faixas remasterizadas do CD “Raridades” ressaltam tanto a qualidade do trabalho de transposição dos antigos fonogramas em 78 rpm para o digital, realizado pela Revivendo, quanto o cuidado com a apresentação de cada uma das músicas, a cargo do pesquisador José Silas Xavier, um profundo conhecedor do universo e dos bastidores da MPB.

As duas primeiras faixas, “Não vá sim’bora” e “Se o samba é moda”, de autoria do baiano Josué de Barros (1888 – 1959), foram gravadas em 1929 pela extinta Brunswick e são as únicas deste CD editadas anteriormente em LP pela própria Revivendo, no disco “Carmen Miranda – Cartão de Visita”. Estas também são as duas primeiras gravações da cantora. As demais 19 faixas foram gravadas por Carmen Miranda na Victor, entre 1930 e 1934 e, à exceção da canção “Sapatinho da Vida” (editada num CD fabricado na Comunidade Econômica Européia em 1995 e intitulado “Carmen Miranda – South American Way”), nunca saíram em LP ou em CD. Ganham, agora, a versão digital e lançam um novo feixe de luz sobre a obra musical da cantora. Levada pelo violonista e compositor Josué de Barros, seu descobridor e padrinho, para gravar na recém-inaugurada Brunswick, em 1929, Carmen Miranda deixou registradas suas duas faixas inaugurais, mas como o disco não saía, segundo aponta José Silas Xavier, o próprio Josué procurou Rogério Guimarães (1899 – 1980), diretor artístico da Victor, que também estava iniciando no Brasil, e acertou a ida de Carmen para a nova gravadora, “com a condição de interpretar música brasileira e não tangos, como vinha fazendo em algumas apresentações”. Em 22 de junho de 1930, também em entrevista ao jornal O País, a cantora afirmaria: “Não canto sem estar perfeitamente identificada com o espírito da música e da sua letra”. Na verdade, Carmen Miranda cantou o samba e as marchinhas do Brasil e seu corpo cantava com ela, como disse o saudoso Abel Cardoso Júnior (1938 – 2003). Na Victor, entre 1929 e 1935, a cantora gravaria 77 discos e 150 músicas.

Assim, o CD “Raridades” traz algumas gravações deste período de ouro para Carmen Miranda na música brasileira. O samba-canção “Mamãe não quer”, de Américo de Carvalho, que acabou não tendo muita divulgação por ser o lado B de “Taí” (Pra você gostar de mim), o mega-sucesso de Joubert de Carvalho nos carnavais de 1930 e 1931, revela o lado brejeiro da cantora. “O meu amor tem”, de André Filho (1906 – 1974), aborda a malandragem como tema e, na época, a revista Phono-Arte, especializada em crítica musical, destacou a “presteza, vivacidade e clareza de dicção” de Carmen Miranda nesta gravação. Em 22 de junho de 1930, o jornal O País publicaria uma entrevista com Carmen Miranda, considerando-a “a maior cantora popular brasileira”.
Também de Joubert de Carvalho (1900 – 1977) é a música “Neguinho”, com um humor malicioso, apontada também pela revista Phono-Arte, de 30 de junho de 1930, como exemplo de uma Carmen Miranda “toda sentimento e carinho”. O samba “O desprezo é minha arma”, de Naylor A. de Sá Rego (1906 – 1971), o Ioiô, traz a cantora acompanhada pelos Diabos do Céu. Segundo o pesquisador Silas Xavier, este conjunto de estúdio foi organizado por ninguém menos que o mestre Pixinguinha (1897 – 1973) e, na maioria das vezes, tinha seus arranjos e sua direção musical nas gravações, como é o caso desta. Na ausência de Pixinguinha, revela Silas, a direção passava para o bandolinista e contrabaixista João Martins, um português de Cabo Verde e grande músico, que, eventualmente, fazia arranjos para os Diabos do Céu e também para o Grupo da Velha Guarda, outra formação organizada por Pixinguinha para acompanhar as gravações na Victor.

A faixa “Se você quer” é uma parceria entre Joubert de Carvalho e Olegário Mariano (1889 – 1958), conhecido como “O Poeta das Cigarras”, eleito por concurso como o “Príncipe dos Poetas”, em substituição a Alberto de Oliveira (1857 – 1937), e foi também membro da Academia Brasileira de Letras. A marchinha “Por ti estou presa” é uma raridade ainda mais especial, ressalta Silas Xavier, por ter a própria Carmen Miranda como autora da música em parceria com Josué de Barros, como letrista. Esta gravação foi realizada no estúdio da Victor em São Paulo, inaugurado em maio de 1930.
Também realizada no estúdio da Victor, em São Paulo, a gravação de “Quero ficar mais um pouquinho”, outra pérola de Joubert de Carvalho, mereceu elogios do crítico Cruz Cordeiro, da revista Phono-Arte, de 28 de fevereiro de 1931, ressaltando “seu ritmo muito nosso e bem carnavalesco”.
E o samba “O castigo hás de encontrar”, de Raimundo Sátiro de Melo (1900 – 1957), expressa a mais fina ironia. Sátiro de Melo era paraense, filho de um mestre de banda, com quem aprendeu a tocar diversos instrumentos, e ganhou prestígio no Rio de Janeiro como orquestrador e por passar para a pauta composições de autores que não liam nem escreviam música. Foi um dos fundadores da UBC e morreu quase obscuramente no Rio de Janeiro.

A faixa “Foi ele, foi ela” é uma parceria entre os mineiros Joubert de Carvalho e o compositor, cantor e radialista, Paulo Roberto, pseudônimo do médico José Marques Gomes (1905 – 1973). E a voz masculina que acompanha Carmen Miranda é de Castro Barbosa. O pesquisador José Silas Xavier destaca uma curiosidade em grande parte das músicas gravadas na Victor em junho de 1931, como esta: “Trazem sempre a mesma instrumentação nos arranjos, sem no entanto a identificação do arranjador. Como é o caso das gravações de “Faceira” e de “Bahia”, com Sílvio Caldas, de “Gira” e “Benzinho”, também com Carmen Miranda” e não incluídas neste CD, e do maxixe de Pixinguinha “Levanta meu nego”, com a orquestra de J. Thomaz”. Silas aponta com certeza que “os arranjos não são de J. Thomaz, que não lia nem escrevia música” e afirma que o arranjador utilizou piano, banjo, tuba, trombone, bateria, dois ou três saxofones e dois pistões.

“Não tens razão” tem como autor João Freitas Ferreira (1911 – 2006), o Jonjoca, compositor, cantor, radialista e político (era vereador no Rio de Janeiro por ocasião da morte de Carmen Miranda), tendo gravado cerca de 150 músicas, algumas em parceria com Castro Barbosa. Segundo o saudoso pesquisador Abel Cardoso Júnior, autor da biografia “Carmen Miranda, a cantora do Brasil”, Jonjoca seria o baterista nesta faixa. Um dos violões é de Rogério Guimarães e o arranjo ainda inclui um pistão e um coro.

Joubert de Carvalho é o autor de outra marchinha de Carnaval “Tem gente aí”, onde Carmen canta acompanhada pela orquestra dirigida pelo maestro J.C. Rondon (Joaquim Corrêa Rondon), também arranjador e pianista.
O pesquisador Silas Xavier adverte que o samba, e não marcha como consta no selo, “Adeus! Adeus!”, de André Filho, foi gravado em São Paulo, em 16 de dezembro de 1930, e só lançado em janeiro de 1932. Com destaque para a flauta de Atílio Grany, é o outro lado do zamba “Ya canta el gallo” gravado, em 26 de novembro de 1931, por Carmen Miranda cantando em espanhol e acompanhada pela Orchestra Typica Fernandez. Este zamba não integra o CD.

Joubert de Carvalho assina, para o Carnaval de 1932, outra marcha: “É de trampolim”, trazendo no coro que acompanha Carmen Miranda duas vozes masculinas, sendo uma de Sílvio Caldas. Neste ano, foi realizado o primeiro Baile Oficial do Teatro Municipal do Rio de Janeiro. A faixa “De quem eu gosto”, de Randoval Montenegro”, foi apontada pela revista Phono-Arte como um fox-trot “à la brasileira” e Rogério Guimarães é o violonista em destaque, acompanhando a Orquestra Victor Brasileira. E a cantora é acompanhada pelo Grupo do Canhoto, do violonista Rogério Guimarães, o Canhoto, em “Para um samba de cadência”, também de Randoval Montenegro. Em agosto de 1933, Carmen Miranda assinaria contrato de dois anos com a Rádio Mayrink Veiga, tornando-se a primeira cantora do rádio brasileiro a celebrar um contrato, já que o usual na época era o cachê por apresentação.

Ary Barroso (1903 – 1964) assina a marchinha de Carnaval “Por especial favor”, lançada em abril de 1934, sem conquistar grande divulgação, pois foi o lado B de um dos grandes sambas do compositor mineiro: “Na batucada da vida”. Acompanhando Carmen Miranda, os Diabos do Céu, de Pixinguinha, tanto no lado A quanto no lado B, este integrando o CD.
Marcando forte presença neste CD, o compositor Joubert de Carvalho é o autor das faixas “Um pouquinho de amor” e “Sapatinho da vida”, gravadas no mesmo dia por Carmen Miranda, também acompanhada pelos Diabos do Céu, sob a direção de Pixinguinha, e lançadas no mesmo disco, conforme o registro da gravação.
Encerra o CD a marchinha que fez sucesso no Carnaval de 1935 “Tome mais um chope”, de Antonio Gabriel Nássara (1910 – 1996), grande caricaturista, jornalista e compositor carioca. Neste ano, Carmen Miranda trocaria a Victor pela Odeon. Na gravação, de 1934, ainda pela Victor, a cantora mais uma vez está acompanhada pelos Diabos do Céu, com direção de Pixinguinha, e um coro de duas vozes masculinas e uma feminina. Nássara aborda o famoso ponto de encontro de boêmios, compositores e intérpretes da música brasileira na “época de ouro”, o tradicional Café Nice, que marcou o Rio de Janeiro entre 1928 e 1954, na famosa esquina da Avenida Rio Branco com rua Bittencourt Silva.
NR: Clique nas imageens para ampliar e VER melhor

26.6.15

Caricatura de Proust

Nem tão da boca do forno assim: Caricatura de Marcel Proust (1871-1922) (Valentin Louis Georges Eugène Marcel Proust) Alguém disse uma vez que para ler todo Proust seria preciso quebrar as duas pernas. E não é para menos, sua obra magna "Em busca do Tempo Perdido" foi publicada em sete partes (não sei em quantos volumes) entre 1913 e 1927. E olhe que ele não escreveu somente esse "livro" interminável, andou publicando outros textos menores. Confesso que nunca me arrisquei a ler Proust, por uma ironia- porque nunca tive tempo para poder perder. Uma pena, porque acabei perdendo meu tempo a ler muita porcaria por aí. Por isso, hoje não posso falar nada sobre ele - apenas exclamar: E dizer que tudo começou com um "biscoitinho"! Ah, uma curiosidade: ele morreu cedo, no mesmo ano em que rolou a Semana de Arte Moderna (que balançou o coreto em fevereiro). Proust partiu desta para melhor por causa de uma bronquite, no dia 18 de novembro de 1922 , com 51 anos de idade. Imagine se tivesse uma grande saúde! NR: Clique na imagem para ampliar e VER melhor

25.6.15

Caricatura de Flaubert

Da boca do forno: Caricatura de Gustave Flaubert (1821-1880). Não tenho muito a dizer sobre ele, pois só li e mal "Madame Bovary"(1857). Sei que com esse romance ele escandalizou a sociedade francesa de sua época. Por isso foi censurado e acabou num tribunal, no qual ganhou a causa. O que curti mesmo (além do prazer da leitura desse livro) foi a frase dele - quando perguntaram quem era afinal aquela Madame sonhadora e insatisfeita- ele respondeu: "Madame Bovary sou eu". Deixou aí uma bela piscina para a teoria se esbaldar. Só para constar Flaubert escreveu também entre outros livros: "Salambô" (1862)"A Educação Sentimental"(1869), Trois Contes 1877), ("Um coração simples", "La Légende de Saint Julien l'Hospitalier" e "Hérodias") e deixou um romance inacabado, "Bouvard et Pécuchet" publicado em1881. * Atenção daqui para frente existe um SPOILER do livro "Istambul" de Orhan Pamuk/// No livro "Istambul", de Orhan Pamuk, a mãe dele fala umas coisas muito engraçadas sobre a condição do artista e principalmente do artista na periferia. Ela discute com o autor e diz: "Veja o caso de Flaubert: ele morou na casa da mãe a vida inteira!"...eu não quero que você passe a vida inteira vivendo comigo na mesma casa. Aquilo foi na França. Lá, quando eles dizem que alguém é um grande artista, até a água pára de correr. Já aqui um pintor que larga os estudos e passa a vida morando com a mãe acaba bêbado ou num hospício" (pg 380 - Edição da Companhia das Letras - 2003). Nota: Pamuk naquela altura da discussão com sua mãe queria largar tudo ( a faculdade de Arquitetura) e ser pintor - nem pensava ainda em ser o fabuloso escritor que conhecemos hoje. Clique na imagem para ampliar e VER melhor

24.6.15

Caricatura de Balzac

Da beira do forno: Honoré de Balzac ( 1799- 1850) Caricaturar Balzac é mole: "gordote", meio esculachado, aparência feia. Falar de Balzac é que não é fácil. O cara era fera, sua obra grandiosa em volume e variada em profundidade. Deixa qualquer um tonto. Escreveu muito para ganhar dinheiro, pois vivia endividado. Estava sempre "pendurado" no armazém da esquina, nos botecos da vida, no alfaiate, na padaria…. Para pagar suas contas metia a pena no papel sem dó nem piedade e trabalhava como um escravo. E em algumas vezes nas suas mal traçadas linhas, se deteve em factóides de salões, o que deixou muito de sua obra datada. Pode-se dizer que ele constitui num enigma e um paradoxo em si mesmo. É freqüentemente utilizado como exemplo para mostrar que a biografia do sujeito - sua origem de classe- o conjunto de valores de sua classe não possuem diretamente influência marcante em sua obra, ou definem as tendências ideológicas dominantes nela- coisas que poderiam macular sua escrita, estabelecer os filtros de suas escolhas. Sua obra principal mostra que um sujeito que era um típico elemento que se poderia definir como "classe média" (?)- subproduto de burguesia ascendente- hedonista, um exemplar de "bon-vivant" foi aquele que fez o retrato mais ácido de sua classe e de seu tempo. Ao atacar sua própria classe, a mostra nua e crua e bota em cena a decadência da aristocracia que se corrompeu e foi corrompida pela burguesia "revolucionária".Em outras palavras, jogou "merde" no ventilador. O marxismo simplificador espalhado pela visão estética stalinista sempre tentou reduzir a obra do sujeito à sua origem de classe. Se o sujeito nascia no berço da burguesia, portanto só poderia escrever tolices e guloseimas para entreter sua classe. Não estava de todo errada, mas era uma grosseira interpretação,isso está na cara. Claro que Balzac não era flor que se cheirasse, era monarquista, católico das antigas, cheio de idéias conservadoras naquela cachola. Claro botava nas falas de seus personagens palavras cheias de bolor, mas não conseguiu se dobrar ao grilhão ideológico - sua arte foi maior - o bicho carpinteiro da crítica e da ironia alí foi mais forte- mostrou que o negócio no capitalismo triunfante era a "grana", a aparência. Mostrou como o ser humano sob o sistema capitalista se "coisificava", se amesquinhava, se corrompia. Como disse Victor Hugo, num discurso por ocasião da morte de Balzac, ele querendo ou não, foi um escritor revolucionário. Não por acaso era escritor preferido de Marx e Engels, pois era prova de suas teorias. (isso eu retirei da Wikipédia). Balzac escreveu para o entretenimento, mas deu seu recado de forma magnífica. George Lukács que combateu as visões estreitas da compreensão da obra literária utilizou exatamente de Balzac para desenvolver sua crítica. Em seus "Ensaios sobre Literatura" (1968- Civilização Brasileira, pgs 101-121.Com prefácio sensacional do saudoso Leandro Konder) disse que Balzac escreveu seu romance "As Ilusões Perdidas" no auge de sua maturidade. E nele trouxe algo totalmente diferente: "Criou nessa obra aquele novo tipo de romance que exerceu decisiva influência na evolução literária de todo o século XIX: o romance da desilusão, isto é , o romance que representa como o falso conceito de vida, necessariamente criado pelo homem da sociedade burguesa, desaba miseravelmente ao chocar-se com a brutal prepotência da vida capitalista". Ele mais adiante explica que ocorre um desencanto expresso nesta obra magna de Balzac: "a concepção do homem, a concepção da sociedade e da arte, etc., surgidas da evolução burguesa, isto é, os mais altos produtos ideológicos da evolução revolucionária burguesa,… se reduzem a meras ilusões, ao se defrontarem com a realidade da economia capitalista". No romance "As Ilusões Perdidas" de acordo com o velho pensador húngaro, "vemos, pela primeira vez de modo completo, como a economia, o capitalismo, leva os ideais burgueses a uma trágica dissolução." Não vou me alongar aqui nesse "textículo". Só queria lembrar que ele tinha um projeto de maluco: escrever o que ele denominou "A Comédia Humana", composta por uma estante 88 livros que dariam o retrato de sua época. Aqui no Brasil foi publicada originalmente em 1954, com organização de Paulo Rónai. Foi reeditada em 17 volumes publicados pela Editora Globo entre 1989 e 1993. Na Wikipédia existe a informação que nessa reedição da foram retirados brilhantes ensaios críticos publicados em caráter introdutório (ou de prefácio) escritos por filósofos e romancistas. A relação das obras estão na página da citada Wikipédia, basta clicar no seguinte link https://pt.wikipedia.org/…/Obras_de_A_Com%C3%A9dia_Humana_d… Por uma série de acidentes que só a informática explica, você não vai chegar diretamente à página da wikepédia, mas vai ser aberta uma página que permite chegar lá. (Fontes de boa parte deste "textículo" partiu da leitura da acidentada de minúscula parte da obra de Balzac, da leitura das páginas da Wikipédia e da visão de George Lukács . Desculpe a esculhambação da edição, a pontuação claudicante e o fato de me meter nos domínios acadêmicos do pessoal das Letras) Bola pra frente! NR: Clique na imagem para ampliar e VER melhor

20.6.15

ESTÁ CHEGANDO A HORA: Dia 23 de junho (terça-feira), lançamento de Diários da Patinete - sem um pé em Nova Iorque

CONVITE/ LANÇAMENTO DO LIVRO "DIÁRIOS DA PATINETE - SEM UM PÉ EM NOVA IORQUE"/ DIA 23 DE JUNHO TERÇA-FEIRA, NA BLOOKS LIVRARIA / PRAIA DE BOTAFOGO, Nº316 (NO ESPAÇO ITAÚ DE CINEMA) (Repito pequeno texto que publiquei recentemente aqui sobre o livro e o evento) O livro "Diários da Patinete - sem um pé em Nova Iorque" (Editora Texto Território), de Lidia V. Santos é, na falta de uma definição mais precisa (será ficção, autobiografia, ensaio, crônica?), uma ficção autobiográfica-ensaística em forma de crônica diária. Enfim é tudo isso junto e misturado - em síntese: uma saborosa viagem exploratória que parte de uma dificuldade de movimento para se transformar numa aventura de superação, com muito humor, na selva de símbolos (como diria Marshall Berman), inaugurando um curioso novo olhar "autônomo" (possibilitado pela patinete) dentro da maior cidade do mundo. Um olhar que, apesar de sua novidade (uma patinete que estimula a escrita) está inscrito numa antiga tradição literária, inspirada nas sacadas de E. T. A. Hoffmann, Xavier de Maistre, Paul Scarron e que se permite a dar "uma olhadinha" até na janela indiscreta do moderno cinema de Alfred Hitchcock. Mobilizando sua ampla bagagem intelectual, a autora (Professora, especialista na literatura hispano-americana- com passagem pela UFF, Yale e pela Universidade da Cidade de Nova Iorque) transforma um acidente numa experiência"sui generis", numa rica reflexão sobre o viver e transitar pelas cidades, sobre o viver a História (com seus resgates justiceiros) num mundo que é sempre travessia./ O lançamento vai rolar na livraria Blooks, no dia 23 de junho de 2015. Local:Espaço Itaú de Cinema, na praia de Botafogo 316, a partir das 19 horas. Ah, já ia me esquecendo, tive o prazer de fazer as ilustrações desse livro e a capa foi elaborada pela designer Julia Liberati. Clique na imagem para ampliar e VER melhor

19.6.15

Caricatura de Gogol

Da beira do forno (pra fechar a tampa dos russos, talvez): Caricatura de Gogol, ou Nikolai Vasilievich Gogol (1809-1852). Nasceu na Ucrânia (que pertenceu ao Império Russo e depois à extinta URSS) mas escreveu toda sua obra em russo, e é pois considerado um escritor da velha Rússia, apesar das atuais reivindicações nacionalistas ucranianas. Sua formação teve forte influência de sua mãe, mulher muito religiosa (Gogol perdeu seu pai cedo, quando tinha 16 anos), tal educação o levou a desenvolver um extremado misticismo. Sua saúde era considerada frágil. Viveu menos que Anton Tchekhov (1860-1904) que tinha partido desta para melhor aos 44 anos. Gogol foi para o andar de cima aos 42 carregando com ele toda uma elaborada hipocondria. Como já tinha dito aqui, Fiódor Dostoiévski (1821-1881) reconheceu, sem exagero o valor de Gogol quando confessou em algum lugar:"Todos nós saímos de O Capote de Gógol"." Dizem os especialistas que "O Capote" inaugurou o realismo por aquelas bandas. Gogol foi muito amigo de um outro escritor seminal- matriz da moderna literatura russa: Aleksandr S. Pushkin (que também merece uma caricatura) que lhe sugeriu vários temas, entre os quais "O Inspetor Geral" e "Almas Mortas" - este último romance, que ficou inacabado , pois Gogol foi atacado por uma violenta tristeza que aumentou sua melancolia depois da morte de Pushkin. As circunstâncias da morte de seu amigo, abatido num estúpido duelo fez com que ele se fixasse na idéia de terminar "Almas mortas", em sua homenagem. Mas isso demorou 15 anos e mesmo assim ficou pela metade. Parece que esse trabalho incansável de escrita, foi sempre considerado insatisfatório por ele. Contribuiu também para essa demora a sua inquietação, que em meio a crises psíquicas o levou a constantes mudanças pelo território europeu - talvez em busca de recuperação.Nesse embalo construtivo/ destrutivo, dizem que chegou a queimar um manuscrito do que seria o segundo volume de "Almas Mortas" (sua continuação). Essa dívida com Pushkin parece ter contribuido para sua passagem rápida por este planetinha azul. O resultado foi que cada vez mais abatido, mergulhado em idéias místicas e numa hipocondria feroz acabou morrendo de inanição. Dele li as novelas "Perspectiva Neviski", "O Capote", "O Nariz" e "Diário de um Louco". Meu amigo Lucio Flavio Pinto, num almoço na praia do Leme, um dia, recomendou a leitura de "Almas Mortas" dizendo que ali eu encontraria um "país" que figurava muito parecido com o Brasil, com personagens que lembravam nossos trambiqueiros compradores de almas e os "mujiques" tais como nossos catrumanos, pobres almas negociadas numa contabilidade macabra. Motivado por esse enigma, caí dentro do livro. Fiquei fascinado e cheguei a entrar numas de fazer um ensaio sobre ele, sua relação com o Sertão etc... Nas minhas pesquisas, consegui achar e depois perdi um interessantíssimo prefácio feito por Otto Maria Carpeaux, que falava da literatura de Gogol. Um dia eu o acharei, no meio das minhas camadas geológicas de livros e anotações sem sentido. Talvez aí voltarei a pegar esse fio solto da meada... Ah, não poderia escapar esta oportunidade de cometer uma pequena teoria insana sobre a importância do"nariz" na obra de Gogol e a constância desse mesmo tema em alguns trechos que Dostoiévski insiste em enfiar em "Os Irmãos Karamazov. Antes de mais nada, estudando bem a fisionomia desse autor, percebe-se a projeção de sua "nareba" já é um bom indício para entender a sua importância territorial dentro de suas preocupações literárias . Interessante é o tema voltar em trechos de "Os Irmãos Karamazov" . Será que se tratou de citação (recurso pós-moderno por excelência), ou esse é um problema russo fundamental. Depois de muito matutar achei que o clima é que explicava parte dessa fixação nasal: é tudo por causa do inverno, é por causa da neve e do gelo que atacam primeiro o nariz (e as orelhas- embora não exista uma novela chamada "A orelha"). Mas entendo que, como o nariz é a parte mais proeminente da pessoa (em geral), o gelo pega o tal de frente e faz dele rapidamente um picolé, que quebra e cai sem que o sujeito perceba, num mínimo esbarrão. Outra coisa interessante é o tema do "esbarrão" também constante na literatura do pequeno funcionário do submundo russo. Mas isso será tema de outro textículo. Obs: O Barthes também tem um lance com o nariz, quando ele fala no seu livro "Fragmentos de um Discurso Amoroso" que um dos sinais de que o amor está por desandar, é aquele pequeno sinal de podridão aparecendo na ponta do nariz do falecido - coisinha de nada, que os mais desatentos não percebem, mas que vai se transformar em algo maior e insuportável…argh! Bem, chega de lero. Bom final de semana! Clique na imagem para ampliar e VER melhor

18.6.15

Caricatura de Tolstói

Nem tão da boca do forno assim: Caricatura de Liev Tolstói. Esta é, na verdade do fundo do meu baú. Ela entrou na série para compor um quadro de um projeto que logo logo vai surgir. Tolstói pode, sem dúvida, ser considerado um dos mais longevos escritores russos. Mesmo assim morreu aos 82 anos, só depois de ter sido derrubado por uma pneumonia das brabas, quando resolveu viver uma vida tranquila, na simplicidade, na rusticidade e por consequência bem próximo à crueldade da natureza. Devia ser difícil escapar de um inverno russo sem alguma sequela naquele começo do século XX (1910). Ler sua obra máxima, "Guerra e Paz" , imagino, é hoje um grande desafio. Lembro de um jornalista, Nicholas Carr (estudioso das mídias), que num artigo publicado em 2008 na revista "The Atlantic" ( cujo título é "O Google está nos deixando idiotas?") refletia sobre o efeito que a navegação por múltiplos links, na internet- estava causando nos cérebros dos usuários. Chegou a falar que esse hábito de surfar na web estava nos deixando distraídos demais, a ponto de tornar difícil ler textos longos ( no velho estilo da leitura silenciosa) como por exemplo uma obra de Tolstói - referia-se a um comentário de Bruce Friedman (que tocava, na época, um blog que falava sobre o uso de computadores na medicina), que confessou a ele, por telefone, o seguinte: "Não consigo mais ler "Guerra e Paz", ele admitia. "Perdi a capacidade de fazer isso. Mesmo posts de blogs com mais de três parágrafos são demais para absorver. Eu apenas passo os olhos". O artigo é interessante, pode ser lido no seguinte link : http://pt.scribd.com/…/Nicholas-Carr-O-Google-Esta-Nos-Torn… Mas depois de "passar os olhos por ele, tente desesperadamente ler "Guerra e Paz". Pegue um caderninho e anote os nomes dos personagens principais e secundários (nomes russos são sempre muito complicados pois admitem variações interessantes, diminutivos, apelidos etc) e não esqueça das ligações familiares de centenas de personagens que compõe essa história magnífica que envolve 5 famílias de nobres, na época da invasão napoleônica de 1812. Não existe viagem mais fantástica pelo mundo da literatura de guerra, quando a coisa era resolvida no muque, no embate face a face, na garrucha, na baioneta e no facão sob o fogo dos canhões, todos enfiados até o joelho na neve. Para compor "Guerra e Paz", ajudou em muito a formação de Tolstói, que foi militar e o fato de ter pertencido a uma família aristocrática. Se você sair com vida desta experiência, tente mergulhar nas páginas de "Ana Karenina". Ah, não esqueça de um novo caderninho para anotar as árvores genealógicas e aqueles nomes danados de difíceis... Clique na imagem para ampliar e VER melhor

17.6.15

Caricatura de Tchekhov

Da beira do forno: Difícil "representar "caricaturalmente" Anton Tchekhov. Ele morreu jovem, aos 44 anos. A doença que o matou(tuberculose), nos seus últimos retratos, deixaram o pobre escritor com aspecto acabado como se ele fosse um velho russo em fim de carreira. No entanto, fotos dele um pouco mais jovem mostram um tipo faceiro, um possível galã hollywoodiano. Escreveu muitos e muitos contos ( sem falar na sua obra para o Teatro) , e dizem que revolucionou a feitura do texto (com o tal "fluxo de consciência" do personagem) tanto nessa arte como influenciou a escrita e a interpretação teatral. Alguns de seus livros vivem me convidando para entrar em suas páginas. Esperem que eu chego lá, já encomendei meu cachecol. Clique na imagem para ampliar e VER melhor

16.6.15

Caricatura de Dostoiévski

Da beira do forno: A partir de hoje vou postar uma edição limitada de autores. Começo pelos russos: Fiódor Dostoiévski, um dos maiores, que disse que tudo na literatura russa vinha de "O Capote", de Gogol (cuja caricatura espero fazer para fechar esta série).
Clique na imagem para ampliar e VER melhor

Vem aí a OCUPAÇÃO VILANOVA ARTIGAS no Instituto Cultural Itaú, evento que abrirá as comemorações do Centenário do magnífico Arquiteto

A Ocupação Vilanova Artigas vai rolar no Instituto Cultural Itaú /Avenida Paulista, 149 - (Perto da Estação Brigadeiro do Metrô). A visitação estará aberta a partir do dia 24 de junho (quarta-feira) e vai até o dia 9 de agosto, nos seguintes horários: de terça a sexta-feira- das 9 às 20 horas. Nos domingos e feriados a atividade rola das 11 às 20 horas. Entrada franca/ Todo mundo lá!!!. NR:A partir do dia 24/6 o documentário de Laura Artigas, sobre o avô, estará em todas as salas do Itaú espalhadas por esse nosso Brasil que a saúva não vai comer. Vou ver, sem falta. Clique na imagem para ampliar e LER melhor

14.6.15

Clóvis Bulcão lança seu novo livro no dia 22 de junho (segunda-feira) na Livraria da Travessa (Leblon)

Clique na imagem para ampliar e LER melhor

SeXo, livro de ficção de Mirian Goldenberg já está nas estantes/Lançamento dia 23 de junho (terça feira)

Aqui vai trecho do release que apresenta o livro SeXo de Mirian Goldenberg: SeXo mostra mais uma vez que a antropóloga veio para romper barreiras. Apesar de ser uma obra de literatura, SeXo tem como base a pesquisa feita pela autora ao longo de várias décadas com mulheres de todas as idades. Com frases diretas, que explicitam a angústia de uma mulher ao sentir-se rejeitada após uma noite de sexo aparentemente casual, SeXo traduz sentimentos comuns a muitas mulheres contemporâneas – do sentimento de rejeição até uma possível libertação por meio de um manual de sobrevivência para sexo casual só para mulheres. Mirian Goldenberg dialoga de maneira franca e surpreende o leitor, terminando o livro de maneira otimista e nem um pouco piegas. LANÇAMENTO DO LIVRO DIA 23 de junho (terça-feira), a partir das 19 horas LIVRARIA DA TRAVESSA DO SHOPPING LEBLON (Av. Afrânio de Melo Franco, 290) Todos lá!

3.6.15

Primaverinha dos Livros - sábado e domingo - Espaço Tom Jobim - Rio de Janeiro

Clique na imagem para ampliar e VER melhor// Recebi um release de uma interessante atividade infantil ( e para as mamães e papais também, por que não?) que vai rolar neste fim de semana. Trata-se da Primaverinha dos livros. Aqui vai a nota inteira, sem muita edição.   Esta feirinha de literatura infantil e juvenil acontece sábado(6/6) e domingo (7/6), no Rio de Janeiro. Terá três mil títulos com descontos de até 50%, lançamentos de livros, oficinas de arte, teatro, joga fora da chupeta e muita diversão   A segunda edição da Primaverinha dos Livros, feira de literatura para os públicos infantil e juvenil acontece nos dias 6 (sábado) e 7 (domingo) de junho, das 10h às 17h, no Espaço Tom Jobim, no Jardim Botânico, Rio de Janeiro. O evento, produzido pela Liga Brasileira de Editoras (Libre), reunirá 50 editoras e cerca de três mil títulos, que terão descontos de até 50%. Este ano, a Primaverinha tem como foco o estímulo à leitura através das artes. Na programação terá lançamento de livros, mas também teatro, desenho, pintura e música, tudo para despertar o interesse dos pequenos para os livros e suas histórias.    Um dos destaques da Primaverinha é a menina Ághata Cris, de apenas 10 anos, que lança no sábado (6/6), às 10h, seu primeiro livro, O mistério das árvores da rua Roberto, pela editora Outras Letras. Ághata, que é moradora do Morro do Chapéu Mangueira, conta a história de uma rua onde quase todas as árvores tinham sumido porque elas não eram nativas e resolveram voltar para as suas casas.   Outro lançamento que dará o que falar é Bee tubarão, escrito por Bia Hetzel com ilustrações de Mariana Massarani, da editora Manati, no sábado (6/6), às 11h30. Durante o lançamento, os pequenos poderão dizer tchau às suas chupetas. Inspirado no livro Balde de Chupetas, das mesmas autoras, um grande balde estará no local para as crianças depositarem as chupetas.   “A Primeira edição da Primaverinha, em 2014, foi um sucesso. O evento já faz parte do calendário infantil e juvenil do Rio. Os pais e as crianças estão buscando literatura de qualidade e este é um dos compromissos das 130 editoras associadas à Libre, assim como ajudar a formar leitores críticos. O conceito diferenciado de feira literária da Primaverinha dos Livros foi percebido pelo público”, analisa Camila Perlingeiro, diretora da Libre.    A feira literária terá também teatro para as crianças, são espetáculos montados a partir de livros.  João, o menino mais rico do mundo, de Francisco Abreu e André Coelho, será apresentado no domingo (7/6), às 11h30. Aventuras do menino iogue, de Antonio Tigre e Gustavo Peres será lançado com encenações no sábado (6/6) e domingo (7/6), às 15h30. No segmento de desenho e pintura a oficina Pinte, desenhe e crie gravuras como os grandes artistas, domingo (7/6), às 11h, terá uma atividade que as crianças gostam muito e que agora está contagiando os adultos, pintar livros.  A oficina tem inspiração no best-seller Vamos fazer um monte de arte, de Marion Deuchars, no Brasil editado pela Pinakotheke. Terá ainda a Oficina de quadrinhos, onde crianças e pré-adolescentes poderão cria o seu próprio gibi.    Na Primaverinha não vai faltar também contação de histórias, outra atividade que o público infantil gosta muito. No sábado (6/6), às 11h30, Vanessa Rosa, ilustradora e artista urbana, contará a história do livro Brás, o pequeno viajante, da editora Viajante do Tempo, enquanto pinta um quadro com a ajuda das crianças. No domingo, às 10h, Julia Grillo e Nicia Grillo contam a história do livro O guerreiro invisível e outros contos do tempo, da Jaguatirica. Às 11h, Simone Magno conta O menino que não gostava de tomar banho, da editora Oficina Raquel.   A feira literária terá ainda programação para os adultos, serão três bate-papos baseados em livros. No sábado (6/6) tem Downtown, com especialistas do movimento de inclusão de crianças portadoras de síndrome de down, às 10h30; Por que ler para o seu filho, com Marcelo Moutinho, Henrique Rodrigues e Sonia Rosa, às 14h; e a nutricionista Patricia Smith oferece uma oficina que ensina às mamães como fazer papinhas nutritivas para seus bebês, baseado no seu livro As aventuras gastronômicas de uma mãe de primeira viagem, às 15h30. A Primaverinha dos Livros tem entrada gratuita. É só chegar!/ Libre A Liga Brasileira de Editoras realiza desde 2001 a Primavera da Libre no Rio de Janeiro e em São Paulo, e este ano chega a Belo Horizonte e Salvador. O sucesso da feira literária estimulou a Libre a realizar uma versão dedicada aos públicos infantil e juvenil, a Primaverinha dos Livros. Um espaço para as editoras associadas à Libre mostrarem seus títulos ao público e ao mercado. Serviço Primaverinha dos Livros Feira de livros, lançamentos, teatro, desenho e pintura, música, contação de histórias, oficinas e bate-papos para os adultos 50 editoras, 3 mil títulos à venda, descontos de até 50% Sábado (6/6) e domingo (7/6) de 2015 10h às 17h Espaço Tom Jobim, no Jardim Botânico  (Rua Jardim Botânico, 1008 – Rio de Janeiro) Realização: Libre - Liga Brasileira de Editoras Entrada gratuita