24.11.17

Lançamento de livro de Guina Ramos

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O fotógrafo e escritor Guina Ramos lança no próximo domingo, dia 26 de novembro o livro"[O dos] Bonecos e [a das] Pretinhas" ou, apenas, "Bonecos e Pretinhas, na Feira Cultural da Fotografia, nos jardins do Museu da República, no bairro do Catete, no Rio de Janeiro!

"São mais de 300 fotografias dos arquivos do autor envolvidas em uma reflexiva novela que encaminha, comenta ou cita as fotos, atualizando-as, pela ficção, à luz dos fatos que nos invadem hoje."
Uma parte destas fotos serão expostas no espaço da editora Guina&dita.
Saiba mais sobre o livro em https://bonecosepretinhas.blogspot.com.br/


Os Jardins do Palácio do Catete ficam abertos à visitação pública durante todo o domingo e a Feirinha acontece das 10h às 18h.

23.11.17

35 anos sem Adoniran Barbosa / caricatura dele

Do fundo do baú " (Vale a pena ver de novo) : Ao assistir, agora pouco o programa "Tabelinha" do querido amigo Claudio Arreguy e do Trajano fiquei sabendo que hoje faz 35 que Adoniran Barbosa partiu para o andar de cima.
E o trem das onze, incrivelmente, passa todo dia pelo mesmo local na nossa imaginação e saudade.
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22.11.17

Charge: Impressões de viagem

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21.11.17

Lançamento do livro de cartuns "Puro Zero"

Já foi lançado no espaço nacional dos desenhos, Puro Zero,o livro do maravilhoso cartunista João Zero (que de vez em quando abrilhanta esse modesto blog com seu imenso talento).
Aqui vão algumas fotos do dia do lançamento.
Capa do livro

Umas páginas do livro

Retrato do autor, sua obra e momento do autógrafo


Ficha Técnica:
Formato A4
48 páginas
Colorido
Editora Criativo


O livro pode ser adquirido pelo site/ link: www.cartuns.com.br

17.11.17

Lançamento do livro "Tudo em volta está deserto"

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O Professor e escritor Eduardo Jardim lança no dia 22 de novembro, a partir das 19 horas, na Livraria Travessa/Ipanema, o livro Tudo em volta está deserto - encontros com a literatura e a música no tempo da ditadura.
Endereço:Rua Visconde de Pirajá, nº 572

14.11.17

Meu amigo o escritor (e grande desenhista) Jorge Lescano fez a travessia


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Hoje foi um dia imensamente triste. O dia em que fiquei sabendo da morte de um querido amigo. Um amigo que conheci no final dos anos 60 do século passado.
Soube hoje que Jorge Lescano terminou de fazer sua travessia no dia 6 de maio de 2017.
Essa vida corrida e cruel nos distancia dos amigos. E quando menos se espera, vem aquela notícia que te deixa sem norte, procurando um sentido nisso tudo. Você perdeu um amigo.
Até hoje de manhã, para mim ele estava vivo, e como sempre pensando as grandes e pequenas questões da estética, da narrativa, e escrevendo seus contos e novelas que funcionavam como textos criptografados, enigmas para serem decifrados num momento de grande lucidez da humanidade...Pensava nele lá em seu apartamento no edifício Copan, no meio de seus livros e desenhos... Não faz muito tempo (ou faz) ele me enviou seu último livro, que tenho aqui na estante e estava para ler e fiquei devendo uma resenha...
Ele, grande artista que não gostava de aparecer e por isso não botava sua fotografia na orelha de seus livros. Gostaria de publicar o seu retrato, não sei se seria uma traição...por enquanto publico as capas de seus livros, que é o que ele mais curtia...
Confesso, que tomado pela emoção fiquei paralisado até agora, não encontrando palavras para falar de sua falta.
Preferi então, "repostar" aqui o texto que fiz sobre um de seus livros.
Vou também solicitar à sua ex-companheira que me autorize a usar fotos que ela postou em seu blog, numa linda homenagem que fez a ele. Vale a pena ler seu texto delicado e emocionante. Aqui vai o link: http://www.recantodasletras.com.br/homenagens/6114918

Agora o meu texto que fala um pouco do amigo e autor Jorge Lescano e de seu livro "O traidor de Dublin"publicado em 9 de novembro de 2013.

O traidor de Dublin está na praça

(NR: Este é um texto que será corrigido - escrevi ao sabor da emoção de reencontrar um amigo e sua escrita - sem respirar, com uma pontuação claudicante cometi essa croniqueta)


Um novo livro misterioso e raro acaba de chegar às livrarias. Seu título já é um enigma Falsificação das didascálias do manuscrito d'O traidor de Dublin segundo o rei, a velha e o poeta de San Pablo City.
Seu autor é Jorge Lescano, um cidadão do mundo que nasceu na Argentina, terra de craques como Messi, Borges, Piglia y otros.
Alguns exemplares desse novo livro podem ser encontrados sites das livrarias Cultura, Martins Fontes e Asabeça. Não vou fazer uma resenha dessa obra, pois recebi o livro agora e ainda não consegui completar sua travessia. Pelo pouco que li, percebo que é uma aventura estética provocadora, um jogo com o prazer da escrita que suscita o prazer da leitura. Só queria escrever algumas linhas sobre seu autor - e nisto estou sendo injusto com Lescano, pois acredito que merecia um texto mais bem escrito, mas espero que ele encare como um depoimento de uma testemunha de seu imenso talento.
Foi entre os anos nebulosos de 1966 e 1967 que conheci o artista argentino Jorge Lescano. Acredito que ele tinha acabado de chegar ao Brasil naquela época e logo emplacou uma exposição na então prestigiada galeria da Folha de S. Paulo. Nela exibiu uma série de desenhos impressionantes, feitos a nanquim utilizando a técnica de bico de pena. Eu era um moleque que trabalhava como contínuo no Depto. de Promoções desse jornal por essa época. Sua exposição durou um bom tempo (que hoje não consigo me lembrar) e confesso que não me cansei de esquadrinhar aqueles desenhos magníficos toda vez que entrava no prédio para mais uma jornada de trabalho.
Tive poucas conversas com o artista em questão naquele tempo, mas percebi que era uma pessoa muito gentil- boa-praça mesmo, apesar de esgrimir uma ironia implacável.
A exposição um dia acabou, e sabe como é a paulicéia desvariada, cada um seguiu seu caminho. Jorge recolheu suas obras, e foi buscar seu destino naquela cidade polifônica. Eu, dentro de meu labirinto fui parar num laboratório de uma grande indústria química de São Miguel Paulista. Tinha que fazer um estágio, necessário para receber o diploma de técnico- químico, que acabei chutando para o alto, pois não entreguei o relatório da minha experiência. E não foi porque me recusei a escrever o tal texto, é que exagerei na dose e o dito cujo ficou imenso, a ponto de me perder nele, e como tinha que trabalhar, depois do estágio, fui me empregar num outro laboratório, este de controle de qualidade de uma fábrica especializada em envasamento de aerosol . Lá se envasava de tudo: inseticidas, perfumes, tintas, cosméticos, remédios, desodorantes etc. Resumindo: acabei ficando com um certificado de conclusão equivalente ao curso colegial considerado "científico" nessa época pois fornecia formação em exatas (existia o ramo chamado de clássico voltado para humanidades). Nesse tempo eu alimentava a ilusão um dia terminar o relatório e obter meu diploma de químico. Mas num fim de uma certa tarde, num momento em que saí do laboratório para fumar, me encantei com o refugo que jazia nos fundos da fábrica - era um lixo colorido e luminoso, que bateu na minha cabeça como uma metáfora do fim da nossa civilização técnico-científica.O tropicalismo estava em cartaz… Em vez de terminar o relatório, comecei a escrever uma peça de teatro anárquica, na qual um grande cientista se recusa a fornecer o código de um descobrimento fundamental, que serviria para destruir a humanidade. Foi aí que desisti daquela profissão de "químico cheiroso", e acho que com essa atitude salvei minha vida, pois sempre fui um alérgico de carteirinha e sofria por trabalhar num ambiente onde conviviam os mais variados odores. Aquela mistura de cheiros de inseticidas (mata-barbeiro , mata berne, mata-barata, e mata outros insetos e bichos escrotos) perfumes baratos, remédios para asma, aromatizardes de ambiente, tudo aquilo estava penetrando pelos meus poros, tomando conta dos meus pulmões, fazendo com que eu me transformasse num sujeito movido a espirros… Para desespero da minha família resolvi sair daquele mundo industrial e levado por um livro de Talcott Parsons (que ironia!), acabei desembocando num cursinho vestibular. Lá, com auxílio luxuoso de uns amigos, cai dentro de um curso de Sociologia, no auge da ditadura, e por tabela fui trabalhar numa fundação que operava em favelas e bairros operários … Acho que é bom parar de relatar essa minha história.
Na verdade esses detalhes não importam, e sim, que um belo dia, perto do final dos anos 70, tornei a encontrar com Lescano, mas não me lembro bem das circunstâncias. Recordo que chegamos até a trabalhar juntos como "especialistas em comunicação" nessa fundação, mas isso não durou muito e nossa dupla criativa logo se defez. Nesse meio tempo eu casei, comecei a publicar ilustrações na chamada imprensa alternativa, sofri um acidente numa mini-moto e acabei saltando fora de Sampa.
Junto com minha primeira mulher que carregava um filho para nascer fui morar no Rio de Janeiro. Consegui, depois de muita luta entrar para o Jornal do Brasil e fiquei na redação por uns 30 anos e fumaça desenhando, escrevendo e aprendendo…um tempo do qual não me arrependo.
Lembro que logo nos início do ano de 1977 Lescano e sua esposa estiveram hospedados na minha casa numa visita ao Rio para conhecer as belezas dessa cidade. Chegamos a esboçar uma visita a uma escola de samba, mas nos perdemos no meio do caminho...

Nas minhas voltas aos campos de Piratininga para visitar minha família, que insistia em permanecer contemplando a solidez do Tietê, de vez em quando mantinha contato com meu amigo artista. Por essa época Lescano tinha bolado uma oficina de criação de texto - o que me surpreendeu. Ensinava jovens talentos a penetrar na atmosfera da escrita. Mais tarde publicou um livro de contos pela editora Ática, que tinha por título Amanhã São Péron (1978). Soube agora que em 1983, publicou Os quitutes de Luanda, pela editora Criar de Curitiba…..
O tempo passou e ele continuou sua tarefa de mestre, agora ensinando Teoria do Teatro. Para minha surpresa, por meio da internet conseguimos nos reencontrar (acho que ele me achou nesse blog), e hoje recebi seu livro O traidor de Dublin…que mais posso dizer? É um novo reencontro com o talento desse amigo que tece labirintos e enigmas textuais. Jorge é um talento múltiplo, dono de uma bagagem intelectual imensa e invejável que a universidade até agora perdeu. Era para estar dentro de um departamento de alguma faculdade de comunicação, letras, teatro ou artes cênicas organizando cursos, transmitindo seu conhecimento e beneficiando as novas gerações com sua criatividade. Vou parar por aqui, volto ao livro de Lescano,Dublin me espera.
***
Para finalizar publico outro texto - esse pequeno que fala de outros livros de Lescano.(publicado no dia 26 de setembro de 2016)
Jorge Lescano reside no Brasil desde 1969. Escreve em português, mas sua formação é argentina. Seus relatos, escritos nas últimas quatro décadas, são breves e abordam temas variados, quase sempre sob uma visão cultural. Os motivos vão da pintura ao futebol, passando pela literatura, política, teatro, etc.
Publicou: Amanhãs São Perón (contos); SP, Ática, 1978; Os quitutes de Luanda (infantil, Curitiba, Criar, 1983 (Premiado pela Biblioteca Internacional da Juventude/Munique – Alemanha).
Publicou recentemente:O traidor de Dublin; Gol! e Diálogo do Rei e o Réu.
Os dois primeiros de relatos, o terceiro um romancete; (prefere este neologismo ao termo novela, sempre identificado com a TV).
No próximo sábado 1º. de outubro, Lescano estará lançando estes três livros na base do Pague se e quanto quiser, na TAPERA TAPERÁ, Galeria Metrópole (Atrás da Biblioteca Mário de Andrade); Av. São Luiz 187, 2º andar. São Paulo.
Horário: das15h às 18h.
Todo mundo lá!
Hasta siempre, grande amigo!
Viva Jorge Lescano!




11.11.17

Caricatura e homenagem a Oscar Niemeyer

Do fundo do baú: Caricatura de Oscar Niemeyer (recauchutada). Afinal o tempo é de comemorar os 110 anos do nascimento dele - que faria aniversário no dia 15 de dezembro desse ano. O homem nasceu em 1907!
Um pessoal se antecipou e foi inaugurada no dia 9 de novembro, uma exposição com os projetos e artes dele na Pinakotheke Cultural (em Botafogo).
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9.11.17

Caricatura em homenagem a Torquato Neto

Do fundo do baú: (Vale a pena ver de novo) Hoje é o dia dele - Torquato Neto, nasceu no dia 9 de novembro de 1944.
O poeta que desfolhou a bandeira e entendeu a geleia geral brasileira! Viva Torquato Neto!
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8.11.17

Viva Aldemir Martins!!!

Hoje é dia dele: Aldemir Martins, um dos maiores artistas gráficos-plásticos brasileiros.
Nasceu no dia 8 de novembro de 1922 e não morreu nunca.
É um dos meus mestres preferidos.
Ilustração (desenho em bico de pena, assinado, com a data de 1963) retirada das páginas de uma das obras-primas de Graciliano Ramos - "Vidas Secas".
(Editora Record - edição de 1978 das obras completas desse autor - em capa dura).
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7.11.17

Homenagem a Ary Barroso - caricatura

Do fundo do baú: (vale a pena ver de novo)
Caricatura de Ary Barroso. Hoje é dia do aniversário dele - nasceu no dia 7 de novembro de 1903, em Ubá (MG).
Hoje também é dia do radialista. Aumenta o volume e toca o barco (ou a gaitinha).
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2.11.17

Crônica de finados e desafinados


Requiescant in pace (*)
Num dia de finados de alguns anos atrás, comecei a fazer uma pesquisa sobre o tema da morte para cometer uma croniqueta e vi que precisava mais de uma vida para reunir todas as coisas interessantes que disseram sobre esse tema assustador e muitas vezes incômodo (para o mundo moderno - ocidental).
Escolhi então falar da parte amena do assunto. Daí, comecei pelos epitáfios (**), justamente a parte final do processo, talvez a inscrição do último pensamento do defunto (ou dos parentes) na fria pedra da lápide do túmulo e percebi que alguns deles têm lá sua graça.

Comecemos por Ramón Gómez de la Serna que disse uma coisa intrigante: “Ninguém sabe o que é morrer, nem os mortos”. Mas, observe que apesar disso muitos dos clientes dos cemitérios querem deixar alguma mensagem, talvez para distrair seus visitantes, enquanto estão vivos, e passeiam circunspectos pelas alamedas do derradeiro condomínio.
Diz um adágio popular que “o epitáfio é o último cartão de visitas de um homem”. Apesar de existir também aquele antigo ditado francês,“ser embusteiro como um epitáfio”, esse costume foi se enraizando na nossa cultura mortuária e nem sempre elogia o cadáver, ao contrário, muitas vezes ironiza os viventes e o próprio defunto. É o caso do Bispo de Langres, Louis Barbier, que no seu testamento ofereceu cem escudos para quem fizesse um epitáfio bacana. Ganhou o seguinte texto: “Aqui jaz um grande personagem/ Que foi de muito ilustre linhagem/ Que possuiu mil virtudes/ Que jamais enganou/ Que sempre foi prudente/ Não vou dizer mais nada/ Seria mentir muito por cem escudos”.
Alexandre o Grande recebeu um, que fez juz à sua fama: “Uma tumba agora é o bastante para quem o mundo não era suficiente”.
Molière, parece que escreveu seu próprio epitáfio: “Aqui jaz o rei dos atores. Agora se faz de morto e na verdade, o faz muito bem”.
No seu túmulo, Passerat adverte: “Amigos, não encham minha tumba com maus versos”.
O do filósofo Diógnes é muito sarcástico: “Ao morrer joguem-me aos lobos, já estou acostumado”.
O epitáfio do poeta Antonio Espina é uma pérola de embriaguez: “Aqui jaz de boca para cima aquele que caiu de bruços, muitas vezes, na vida”.
Também existem epitáfios inventados; um, feito pelo escritor Max Aub para a tumba de D. Juan, é de morrer de rir: “Matou quem ele quis”. Falando em humoristas, Grouxo-Marx mandou escrever no seu ‘apart-mortel’: “Desculpe-me por não me levantar, Madame”.
Orson Welles, mesmo depois de passar desta para melhor, manteve sua genialidade. No seu túmulo está gravado: “Não é que eu tenha sido superior. Os demais é que eram inferiores”. Miguel de Unamuno, por sua vez, fez também sua última gracinha: “Só peço a Deus que tenha piedade da alma deste ateu”.
Na tumba do compositor Bach está escrita uma mensagem de duplo sentido: “Daqui não me ocorre nenhuma fuga”.
O escritor H.L. Mencken sugeriu um texto final que tem todo o seu humor: “Se depois que eu partir deste vale, você se lembrar de mim e pensar em agradar meu fantasma, perdoe algum pecador e pisque seu olho para uma garota feia”.
Existem os epitáfios profissionais. Por exemplo, o de Benjamin Franklin, inventor e impressor, entre outras coisas, é muito criativo. Diz o seguinte: “O meu corpo, como um velho livro, sem enfeites aqui jaz. Alimento para os vermes. Porém, acredito que aparecerei, em breve, numa nova edição, corrigida e melhorada pelo Autor”.
Na tumba do transformista Fregoli, em Viareggio está escrito: “Aqui ele realizou sua última transformação”. No de um apreciador do ócio: “Aqui Fray Diego repousa. Jamais fez outra coisa”. Outros celebram a guerra conjugal. Em Guadalajara, existe o verdadeiro epitáfio da viúva alegre: “A meu marido, falecido depois de um ano de matrimônio. Sua esposa com profundo agradecimento”. Em contrapartida, em outro cemitério encontra-se a vingança de um esposo insatisfeito: “Aqui jaz minha mulher, fria como sempre”.
Não podemos esquecer daqueles tipo ‘Procon’: “Voltarei para me vingar dos bancos”.
Em Minnesota encontra-se outro que é genial: “Falecido pela vontade de Deus e mediante a ajuda de um médico imbecil”.
Dizem que num cemitério do Rio de Janeiro existe um que brinca com o caráter bélico de seu morador: “Aqui jaz o General X. Transeunte, passe tranquilo. Está morto!”.
Mas, nada se compara à sinceridade da inscrição que se encontra num cemitério da Catalunha: “Levantem-se vagabundos, a terra é para quem trabalha”.
O de Allan Poe, sem brincadeira, supera todos, é a citação do seu famoso poema O Corvo. Realmente é definitivo: “Nunca mais”.

(*) “Descansem em paz”. Palavras do Ofício dos Mortos, encontradas no portal de muitos cemitérios - retirado de Não perca o seu latim, de Paulo Rónai (Editora Nova Fronteira)
(**) Soube que na sua origem, o epitáfio se constituía num privilégio da nobreza.
FONTES: Diccionario Ilustrado de la Muerte de Robert Sabatier (Gustavo Gilli- Barcelona)
www:geocities.com/soHo/studios/72581/epitafio.html-8k , http://platea.pntic.mec.es/~jescuder/epitafio.htm,Epitaph Index(A-Z).
Um leitura interessante é o ensaio histórico-antropológico de Philippe Ariès "História da Morte no Ocidente - da Idade Média aos nossos tempos"

1.11.17

A celebração do gênio musical - Pixinguinha

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Brasil festeja os 100 anos da obra prima Carinhoso e os 120 anos de Pixinguinha


Texto de Jorge Sanglard
(Jornalista e pesquisador. Escreve em jornais em Portugal e no Brasil)


Os 120 anos de Alfredo da Rocha Viana Filho (23/4/1897 Rio de Janeiro, RJ - 17/2/1973 Rio de Janeiro, RJ), o genial Pixinguinha, estão sendo celebrados, desde 23 de abril de 2017, e revelam o amor e o reconhecimento dos brasileiros pelo mestre do choro e da MPB. E o 23 de abril se transformou não só no dia de São Jorge, mas no Dia Nacional do Choro, para reverenciar o aniversário de Pixinguinha. Assim, mesmo tendo sido registrado em outra data, 4 de maio, como se descobriu há pouco tempo, o músico tem sua biografia ligada definitivamente ao 23 de abril. E, em 2017, comemora-se ainda os 100 anos de "Carinhoso", obra prima de sua autoria, criada em 1917, e que ganhou letra, em 1937, de Braguinha (Carlos Alberto Ferreira Braga, o João de Barro, Rio de Janeiro, 29 de março de 1907 - Rio de Janeiro, 24 de dezembro de 2006).
O acervo pessoal do compositor, instrumentista, arranjador e maestro encontra-se sob a guarda do Instituto Moreira Salles (IMS) e, desde 2000, os documentos pessoais, medalhas, troféus, álbuns com recortes de jornal, centenas de fotos, roupas, registros de memória oral realizados por seu filho Alfredo da Rocha Vianna Neto, o Alfredinho, a flauta tocada durante décadas pelo músico e um lote de aproximadamente mil conjuntos de partituras com arranjos feitos por Pixinguinha ao longo da vida estão sendo digitalizadas, catalogadas e estão sendo consultadas e estudadas por músicos de todo o país e de fora. E esse resgate da criatividade de Pixinguinha é o maior tributo que se pode prestar ao seu talento musical.
O IMS, em parceria com o Hacklab, também homenageou o músico com a criação do site pixinguinha.com.br, reunindo e disponibilizando todo o acervo, sob a coordenação da pesquisadora Bia Paes Leme, que articulou junto com o pesquisador Pedro Aragão e o pesquisador e biógrafo de Pixinguinha, José Silas Xavier, a realização do primeiro catálogo crítico de obras de Pixinguinha, abrangendo 515 verbetes, onde se destacam cerca de 300 ou 400 músicas do autor, incluindo 45 preciosidades musicais ainda inéditas.
Portanto, ao celebrar o centenário de Carinhoso e os 120 anos do mestre Pixinguinha, o país reafirma a importância de um de seus mais influentes músicos do século XX e que, em pleno início de século XXI, permanece como uma das referências maiores da Música Popular Brasileira. A criatividade do arranjador, compositor, instrumentista e maestro só encontra paralelo em outros dois gigantes da nossa música: Heitor Villa-Lobos (1887 - 1959) e Antonio Carlos Jobim (1927 - 1994). Nunca é demais salientar que Villa-Lobos, Tom Jobim e Pixinguinha se constituíram na Santíssima Trindade da Música Popular Brasileira, e abriram perspectivas musicais para além de seu tempo ao criarem, cada um a seu modo, uma obra musical inventiva e inspirada nas coisas do Brasil.

A Santíssima Trindade da MPB


Assim, Villa-Lobos, Tom Jobim e Pixinguinha estão para a MPB como Dizzy Gillespie, Miles Davis e Charlie Parker estão para o Jazz, como a Santíssima Trindade do Bebop. Dizzy Gillespie, Miles Davis e Charlie ‘Bird’ Parker encarnaram o Pai, o Filho e o Espírito Santo no bebop, uma verdadeira revolução que lançou as bases do jazz moderno. A linguagem do jazz, a partir do bebop, entre 1944 e 1949, foi alterada radicalmente seja melódica, seja rítmica e harmonicamente, determinando uma ruptura com o tradicional. O jazz, com o bebop, passou a ser arte e não mero divertimento. Ao contrário do swing, o bebop não servia para dançar, daí sua pouca penetração popular, e mesmo músicos em ascensão, como Bird, Dizzy e Miles, eram atingidos pelo preconceito contra a música negra. No Brasil, ao longo do século XX, Villa-Lobos, Tom Jobim e Pixinguinha se projetaram como o Pai, o Filho e o Espírito Santo da MPB, a nossa Santíssima Trindade da MPB, que injetou sangue novo expandiu horizontes, além de conquistar prestígio e respeito mundo afora.
O pesquisador e biógrafo de Pixinguinha, José Silas Xavier, ressalta que Pixinguinha foi um flautista incomparável e mereceu de Mário de Andrade a inclusão de seu nome entre as maravilhas da flauta brasileira. E, Sérgio Cabral, o pai, crítico respeitado e também biógrafo de Pixinguinha, além de autor do livro "Pixinguinha / Vida e Obra" (Editora Lumiar), enfatiza que o músico foi o maior flautista brasileiro de todos os tempos, opinião compartilhada por José Silas Xavier, mesmo considerando a grandeza de Patápio Silva (1880 - 1907), que pode ser constatada nos velhos discos da Casa Edison, ou a grandeza de Joaquim Antônio da Silva Callado Júnior (1848-1880), considerado por muitos como o “pai dos chorões”. Callado não deixou gravações, mas segundo Silas Xavier, deixoua fama de exímio flautista em depoimento dos que o ouviram.
E Silas Xavier destaca que, nos anos 1940, por motivos não muito claros, Pixinguinha trocou a flauta pelo saxofone e não foi menos genial. Quem tiver a oportunidade de ouvir as gravações de Pixinguinha com o flautista Benedito Lacerda poderá comprovar a beleza dos seus contrapontos, verdadeiras obras primas da utilização do contraponto na música popular, sempre criativo e nunca óbvio. Villa-Lobos adorava esses contrapontos e Basílio Itiberê dizia que os aprendera com Bach e Pixinguinha.
Ainda segundo José Silas Xavier, o Pixinguinha maestro teve papel de extraordinária importância, bastando lembrar sua participação à frente dos 8 Batutas em 1919, da Orquestra Típica Pixinguinha / Donga no final dos anos 1920, do grupo da Guarda Velha e dos Diabos do Céu - orquestras criadas por ele nos anos 1930 para gravações da Victor, onde era regente - e do Grupo da Velha Guarda na década de 1950, "num abençoado momento de redescoberta da Música Popular Brasileira mais tradicional em festivais, shows e gravações na extinta Sinter", como escreveu o pesquisador e crítico João Máximo.
A presença de Pixinguinha como orquestrador é marcante, segundo aponta Silas Xavier, seja nos deliciosos arranjos para marchinhas carnavalescas ou juninas, ou para as polcas e maxixes da Velha Guarda. Sua importância como orquestrador cresce à medida em que se sabe ter sido ele um dos pioneiros em fazer arranjos para músicas nossas e o responsável pela implantação de uma linguagem instrumental caracteristicamente brasileira, como acentuou o maestro Júlio Medaglia.
Para Silas Xavier, o compositor Pixinguinha pode ser ouvido em inúmeros lançamentos após a morte do mestre da MPB. Apesar de não ser muito extensa, sua obra é de cerca de 300 composições conhecidas e mais umas 100 inéditas. Autor de valsas, polcas, maxixes, sambas e tudo o mais, é nos choros que se pode melhor apreciar sua genialidade. "Carinhoso", que completa 100 anos de sua criação, "Ingênuo", "Vou Vivendo", "Cinco Companheiros", "Naquele Tempo", "Lamento" e "Sofres Porque Queres", na opinião do pesquisador Silas Xavier, são exemplos de sua grandeza como compositor.

Nascido em berço musical

Pixinguinha nasceu no bairro da Piedade, no Rio de Janeiro, e foi criado num ambiente musical. Seu pai era flautista e gostava de reunir músicos em sua casa para tocar. Nessas reuniões, revela José Silas Xavier, tocava-se quadrilha, polca, valsa, xótis ou mazurca, já que a palavra choro não expressava ainda, no início do século XX, a categoria de gênero musical. Por essa época, choro era a denominação dada aos pequenos conjuntos de música popular que executavam aquele gênero "chorado", plangente, normalmente constituído de flauta, violão e cavaquinho (terno), formação que foi se ampliando ao longo do tempo pela incorporação de outros instrumentos. O choro, enfim, segundo José Silas Xavier, era a maneira brasileira de tocar os importados gêneros musicais dançantes da época.
"Nascido na década de 1870 nas biroscas da Cidade Nova e nos quintais dos subúrbios do Rio de Janeiro, o choro tinha como componentes, no geral, funcionários dos Correios e Telégrafos, da Estrada de Ferro Central do Brasil, da Imprensa Nacional e da Alfândega, que se reuniam por puro lazer domingueiro e pelo prazer de fazer música", como ensinou o musicólogo, historiador, pesquisador e violinista Mozart de Araújo (1904 - 1988), autoridade no assunto. E entre os chorões que frequentavam a casa de Pixinguinha estava Irineu de Almeida (1863 - 1914), excelente músico, tocador de oficleide, bombardino e trombone, de grande influência em sua formação musical.
A propósito das reuniões na casa de Pixinguinha, o músico declararia em depoimento ao Museu da Imagem e do Som do Rio de Janeiro: "Eu menorzinho, ficava apreciando... gostava de música. Por volta de 20 ou 21 horas, meu pai dizia: menino vai dormir. E eu ia para o quarto. Mas não dormia, não. Ficava ouvindo aqueles chorinhos que eu gostava tanto". No depoimento ao MIS, Pixinguinha ainda arrematou a questão: "Na época eu já tinha uma flauta de folha. No dia seguinte, executava os chorinhos que tinha aprendido na véspera, de ouvido". O pesquisador e biógrafo José Silas Xavier afirma que esse ambiente de casa interferiu decisivamente na formação musical de Pixinguinha e seus irmãos, e se reflete nos seus choros maravilhosos e inventivos.
Pixinguinha vivenciou no Rio de Janeiro, ao lado de Donga (05/04/1890 - 25/08/1974) e de João da Baiana (17/05/1887 - 12/01/1974) , a criação do samba e da base musical para o se convencionou chamar de MPB e, lançando mão da inventividade e da inspiração, articulou com precisão a simplicidade e a sofisticação, criando uma música inovadora, com destaque para a valorização da riqueza melódica. A essência afro-brasileira impregnou a obra de Pixinguinha e sua trajetória como um dos mestres da música popular brasileira é uma fonte de inspiração de intensidade ilimitada.
Villa-Lobos, perguntado num workshop na França sobre onde estudou, respondeu: "Na Universidade de Cascadura". E, de pronto, veio nova pergunta sobre quem foram seus mestres. Após um silêncio, o maestro, arranjador, compositor e instrumentista respondeu sério: " Pixinguinha, Donga, Sátiro Bilhar".
E o mestre da arte brasileira, Di Cavalcanti, não fez por menos ao declarar poeticamente: "Terra carioca / Senhora e dançarina / Do norte ao sul, sempre embalada em sonhos / Ouvindo o carinhoso e amável canto / do Rei da flauta e do saxofone / Meu irmão em São Jorge / Meu irmão Pixinguinha".