31.12.10

Feliz ano novo pra todo mundo


(Clique na imagem para ampliar e ver melhor o desenho)

29.12.10

Saudação de fim de ano do Gerdal



Prezados amigos,
 
          "Como o ditado diz" (uma redundância presente em letra de ótimo samba gravado por Almir Guineto), é de pequenino que se torce o pepino. E assim, sucedeu assim comigo, por exemplo, no meu gosto extremado pela nossa boa música popular, quando, por influência paterna, ouvia, nos verdes anos de formação do "eu", os discos dos grandes cantores, músicos, conjuntos e orquestras da chamada era de ouro da MPB. Uma curiosidade que, com o avanço paulatino da idade, transmudou-se em interesse permanente e, mais até, em fascínio por toda essa variedade de timbres, ritmos e estilos que, a meu ver e ouvir, dá-nos uma identidade musical sem paralelo no mundo, ainda que tal diversidade, representada pelo trabalho de um sem-número de artistas, de norte a sul do país, não se reflita, como seria natural - sobretudo pela força do mérito, numa democracia em vigência formal como a nossa -, nos mais sintonizados meios de comunicação. 
          Com o parágrafo acima, quero reforçar, de coração, a todos vocês, por mais um ano, o meu agradecimento pela generosidade da atenção dada a uma iniciativa pessoal, de dicas comentadas de show pelo e-mail, sem nenhum intuito comercial ou rentável, em prol de uma MPB que, apesar da excelência da sua produção, até mesmo internacionalmente reconhecida, ainda está bastante afastada do rádio e da tevê, além de encontrar poucos palcos disponíveis em casas noturnas do ramo. Algo que faço com muito prazer - nas folgas permitidas pelo meu ganha-pão em revisão gramatical de textos -, também para homenagear tantos artistas que tendem a injusto esquecimento, sem uma linha sequer, por vezes, de lembrança ou destaque pela importante colaboração que também legaram ao nosso cancioneiro. Luiz Reis, por exemplo, da brilhante parceria na década de 60 com Haroldo Barbosa, fez 30 anos de morto neste 2010. Que matéria saiu sobre ele nos jornais? Que especial de tevê foi feito? Que show, que homenagem, enfim, à altura do seu valor como compositor, lhe foram prestados? Modestamente, com as minhas linhas, vou lembrando, na medida do possível, esses "olvidados", nomes como o dele, de Dora Lopes, de Dênis Brean, de Luiz Bandeira e de Fernando Lona, tanta gente, enfim, de centelha e expressão.    
          Boas-festas e um ótimo ano novo a todos, afortunado em sentido geral.  
        
Um abraço,
 
         Gerdal
 
Pós-escrito: como o período é festivo, no "link" abaixo, particularmente do meu agrado, a interpretação alegre e brejeira da amiga baiana Miramar Mangabeira para "Prêt-à-Porter de Tafetá", de João Bosco e Aldir Blanc, ilustrando com música esta longa (desculpem-me) saudação de fim de ano.
    
 
 
                   http://www.youtube.com/watch?v=VTlYW9OTh3M  ("Prêt-à-Porter de Tafetá")               

O rato piou - que piada!



(Aqui vai minha croniqueta de fim de ano. Saiu "de prima" e não deu para ver direito a pontuação - vou retocando no andar da carruagem. Desejo um feliz ano novo para os meus queridos amigos nevegantes)

"O apocalipse tornou-se corriqueiro, de tão familiar que é como um contrafatual da vida cotidiana; e como todos os parâmetros de risco, ele pode tornar-se real".
(Anthony Giddens)

Vivi o último ano da minha infância num tempo em que havia uma inocência tecnológica básica, poderiam também chamá-la de tosca, rudimentar, bizarra, para dizer o mínimo. Eu estava saindo do último grau do curso primário e vivia ainda num mundo impregnado de magia. Os acontecimentos do mundo continham um certo mistério para mim. Uma década e meia me separava do fim da segunda Grande Guerra - quer dizer, da terrível mortandade do último conflito mundial, do horror do holocausto e das duas bombas que arrasaram Hiroxima e Nagasaki . E dizer que nessa época eu não tinha uma consciência muito clara destes acontecimentos terríveis.Sabia apenas que os "mocinhos" tinham ganhado dos "bandidos", a guerra vinha nos visitar em filmes que passavam na tela improvisada do cinema da Igreja.
Quer dizer, vivia feliz na minha santa ignorância no ano de 1959, enquanto o mundo se recuperava dos grandes abalos por que passara. Nos bastidores, sem o WikiLeaks, acontecia a guerra fria e as suas trapalhadas - uma bipolaridade de forças que manteve o equilíbrio mundial na base do terror de uma possível nova guerra, só que agora nuclear , que tranquilamente no melhor cenário, aniquilaria a possibilidade de vida no planeta. De um lado os EUA do Presidente Eisenhower ( e seu vice Richard Nixon) e do outro a URSS do premiê Nikita Khrushchov(ou Khrushchev).
O curioso é que já havia uma consciência do risco que envolvia essa fase da "modernidade". Apesar de estar completamente por fora do que significou a segunda Grande Guerra eu me recordo que pessoal do meu bairro, nesta época, não titubeava em atribuir qualquer coisa de ruim que acontecesse no mundo ao uso da bomba atômica. Juntavam num mesmo saco coisas que não tinham nenhuma relação entre si e tascavam: - Tudo isso por causa da bomba atômica! Meu pai e minha mãe acreditavam piamente nisso. E acho que eles tinham uma ponta de razão.
Se pensarmos bem, esse raciocínio elaborado por aquela gente simples que habitava minha vizinhança, até que era bastante "científico". A bomba atômica, de certa forma havia quebrado com toda noção de ordem natural que se tinha até então. Era parte conheciemento comum, de que o homem, para chegar a ela, havia mexido no núcleo da matéria e por mais que o pensamento "não perito", desconhecesse totalmente o processo - tinha a sensação que algo na natureza havia sido transgredido de forma brutal. Em suma: a bomba era uma "desnatureza". O medo que se tinha era de que isso tivesse alterado o equilíbrio da terra de forma irreversível. Portanto, a culpa de uma chuva mais violenta, de um terremoto, de uma nevasca sem precedentes, da erupção de um vulcão - enfim de uma catástrofe natural qualquer era da Bomba Atômica. (Hoje se fala de desequilíbrio ecológico com o mesmo sentido catastrófico daquele tempo). Mas parece que todos se acostumavam com a existência daquele risco nuclear,mas ele foi deixado de lado no baú dos nossos temores.
A vida seguia e esse tempo parecia sereno aqui no Brasil de JK onde se dizia : -" Pena que a televisão não seja a cores". E havia uma frustracão muito grande porque Frank Sinatra nunca se decidia a visitar este país ensolarado que possuia palmeiras onde se não cantava o velho blue eyes, pelo menos gorjeavam os sabiás de todos exílios.
O Rio dizem os cronistas era uma cidade tranquila, linda de morrer( continua sendo) e havia sempre uma praia encantada para se banhar, para se namorar e cantar um samba-canção ou assoviar uma coisa que um pessoal muito devagar construia nos apartamentos da zona sul: a bossa-nova. Mas o que tocava no rádio de todo o mundo, era mesmo Elvis Presley, o primeiro cantor globalizado (eu acho) que estava no auge da sua carreira, e que por razões pouco explicadas (depois foi se descobrir que era marketing) tinha se engajado nas tropas americanas que serviam na Alemanha Ocidental, onde já tinha atingido o posto de "Specialist 4" (não me perguntem o que vem a ser isto, mas sei que está pertinho da posição do Sargento). Enquanto isso, por aqui era gravado o grande sucesso "Meu Brasil brasileiro" de Ary Barroso e em algum lugar do planeta junk, William Borroughs publicava Naked Lunch . Alheio a este movimento cultural, o ditador Fulgencio Batista tratava de dar no pé - fugindo de Cuba, com medo de Fidel Castro e seus barbudinhos, que céleres, desciam de Sierra Maestra para tomar Havana. Nesse meio tempo Aleida March era seduzida pelo charme de Che Guevara, Chico Xavier se mudava para Uberaba, enquanto eram abençoados os sinos da Catedral da Sé, em São Paulo e Orfeu Negro ganhava a Palma de Ouro em Cannes, justamente quando morria o cineasta Cecil B. de Mille, responsável ultimamente por produções de dimensões bíblicas como Sansão e Dalila e Os Dez Mandamentos. (só o "efeito especial" da travessia do mar vermelho feito de gelatina já valia o ingresso).
Vamos parar por aqui, pois eu já me perdi. Outra hora eu conto mais coisas sobre o ano de 59 que na minha teoria, era apenas um "pit stop" para o que viria, ou melhor um ano que estava na beirinha de um vulcão que iria entrar em erupção na década seguinte( 60 -70) e constituiria a terceira (ou quarta) grande onda que iria convulsionar o mundo de forma a criar uma nova era. Nada seria como antes tão rapidamente, imagine somente que em 1960 surgiriam os Beatles, o resto você já sabe.
Mas o que me levou a esse samba sem pé nem cabeça? Ah, foi um nariz de cera que eu acabei moldando para dar um tempo para explicar porque tenho medo do futuro. Pois é, eu bem que achava que o excepcional filme de Ridley Scott - Blade Runner - O Caçador de Andróides (baseado numa história mais complexa escrita num livro de Philip Kindred Dick) era uma coisa do futuro distante. Achava que ele antecipava um dilema ético que iria pintar de qualquer maneira e superaria as questões da antropologia, isto é trataria de problemas éticos numa área cinzenta "humana-além da humanidade". Me explico melhor, nesse filme a questão central é a reivindicação dos "andróides" ou seja pelos seres "humanos manipulados geneticamente" de terem conhecimento do processo de como eles foram construídos para tentar aumentar sua expectativa de vida. Parece que eles eram programados para um uso de curta duração e queriam viver mais. Uns eram feitos para a guerra, outros para diversão e assim por diante. Ao mesmo tempo esses seres produzidos ( sintéticos?) procuravam sua identidade - já que a programação deles fora feita de memórias artificiais enxertadas no cérebro. É claro que uma coisa saiu fora de controle e que no fundo está o problema da liberdade, seja o sujeito legitimamente humano ou manipulado genéticamente. Mas o que importa agora é outra coisa : nesse filme aparece um "engenheiro genético" sinistro e solitário que diz que tinha facilidade para "fazer amigos" - que nos são apresentados num desfile de seres bizarros que o tal sujeito havia fabricado em seu laboratório. Isso acontece num apartamento sombrio de uma cidade onde cai uma interminável chuva ácida. A cena e até cômica, se não fosse trágica.
Acontece, meus amigos, que esse tempo chegou! Esse futuro está batendo nas nossas portas e parece que ninguém ainda se tocou. Espiem pelo olho mágico e verão uns cientistas japoneses sorridentes, pois acabaram de criar um camundongo que pia como se fosse um passarinho. Isso foi notícia em todo o mundo - deu até no Jornal Nacional . Eu pensei, pronto, chegou o tempo das doideiras! Daqui a pouco vão aparecer baratas na sua cozinha defendendo teses sobre Kafka, cães protestando por rações diet, árvores fazendo greve de oxigênio, clones autenticados dos Beatles se apresentando no Morumbi e oscambaus. Tenho medo do passado voltar nesse futuro maluco. Tenho medo de me deparar com um híbrido, por exemplo: um "Michael Jackson do Pandeiro". Tenho medo de um dia estar com 250 anos e participar da formatura de um alias meu , um menino igual àquele que fui no longínquo último ano do fim do meu curso primário (com o qual iniciei esta crônica). Tenho medo de que isso seja confundido com conservadorismo.
Eu hein!Parem o tempo que eu quero descer!
NR: A ilustração acima é uma "manipulação computadorizada do quadro "O medo" de Munch

28.12.10

Um CD de Antonio Adolfo e Carol Saboya que não pára de tocar aqui em casa


Outro presente sensacional que ganhei no Natal e que não pára de tocar aqui em casa é o CD de Antonio Adolfo e Carol Saboya LÁ e CÁ HERE and THERE.
Simplesmente eles gravaram: Cascavel ( Antonio Adolfo), All the things you are( Jerome Kern, Oscar Hammerstein), Minor Chord( Antonio Adolfo), A Night in Tunisia (Dizzie Gillespie, Frank Paparelli, Jon Hendricks), Time after Time (Sammy Cahn, Jule Styne),Easy to Love (Cole Porter) , Sabiá (Antonio Carlos Jobim e Chico Buarque de Hollanda), Lullaby of Birdland (George Shearing/ Garoto (Antonio Carlos Jobim), So in Love (Cole Porter), 'Round Midnight' (Thelonious Monk, Cootie Williams, Bernie Hanighen), Every Time We Say Goodbye (Cole Porter)/ Nuvens Douradas (Antonio Carlos Jobim) , Toada Jazz (O retirante) (Antonio Adolfo, Tibério Gaspar)/ Night and Day (Cole Porter)

27.12.10

Fernando Lona: um talento que cedo ficou pelo caminho na MPB, anunciando um tempo que não viveu para cantar




"Passa o rio pelas pedras/passam o barco, a correnteza/passa a vida sem sentido/pelo mundo da incerteza/passam os anos por janeiro/corre a sorte atrás da gente/passam um por dentro do outro/todos os elos da corrente/eu só corro do meu passo/para ver você passar/pra buscar no fim do mundo/a verdade de te amar/três, três passará/derradeiro ficará..."
    
 
      Prezados amigos,
 
      Com a brevidade da cantiga infantil da qual recolheu o mote para entoar os seus versos em "Três, Três" - ainda muito bem gravada pelo Quinteto Violado no elepê de 1973 do conjunto, "Berra Boi" -, assim passou Fernando Lona, baiano de Ubaitaba, no sul do estado, por este mundo dos vivos e dos "muito vivos" e pelo universo, nem sempre receptivo ao mérito, da canção popular. Tinha um show marcado para o dia 10 de novembro de 1977, "De Cordel a Bordel", no Teatro Paiol, em Curitiba, acompanhado do conterrâneo e parceiro Vidal França (filho do Venancio do clássico "O Último Pau de Arara") e do Bando de Macambira, mas, às 15h do sábado 5 de novembro daquele ano, a 3 km de Registro, no interior paulista, como detalha o pedagogo e pesquisador soteropolitano, residente em Itabuna, Luiz Américo Lisboa Jr., teve a marcha do seu automóvel  - e a da carreira na MPB - freada bruscamente pelo destino em violento acidente na BR-116. Ia ao encontro dos aplausos paranaenses, nos seus 40 anos de idade, marcados por presença multifária na arte, cantando, compondo, tocando violão, representando e escrevendo livro ("O Romance Desastroso de Josiano e Mariana"),  mas, sobretudo, imprimindo à sua criação nas peças e filmes que musicou, assim como no único elepê que gravou ("Cidadão do Mundo", pela Tapecar, poucos meses antes de a visita da "velha senhora" impor a ele, aqui na Terra, o seu derradeiro "ficará"), um lirismo engajado ("O rei só quer meu ouro/e depois a minha morte/não entende a minha dança/nem o fado das gaiolas,,,", em "Fado das Gaiolas"), em grande parte inspirado pelos percalços do sertanejo em seu meio de origem, até mesmo na migração por melhor sorte ("partiu Justino/ levou família/e retirou sem destino.../carne ficou no espinho/esperança ficou no caminho...", em "Lamento de Justino", feita juntamente com Orlando Sena) . Nesse veio de observação, afirma o supracitado Luiz Américo: "Fernando Lona é um artista que aliava, como poucos, a beleza dos versos e da harmonia às imagens fortes da sua época. Uma personalidade dotada de um sentimento nativista tão forte como um jequitibá, cristalino como as águas de um rio e penetrante como o pôr do sol." Embora espécime humano da "faunas urbanas" de Salvador, do Rio e de São Paulo, nele predominava, na motivação autoral, o apelo rural nordestino, de um chão seco de demandas e oportunidades. 
       Em meados de 1964, na inauguração do Teatro Vila Velha, em Salvador, Fernando participou de um show histórico e de sucesso, "Nós, Por Exemplo", como integrante de um grupo artisticamente substantivo e até mesmo renovador, no qual também se revelavam, nessa ocasião, apenas para o público de lá, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Gal Costa (ainda Maria da Graça), Maria Bethânia, Alcyvando Luz, Tom Zé (ainda Antônio José, substituto de Fernando em uma segunda apresentação),  Perna Froes e Djalma Correa. Antes conhecido do cartaz cultural de Salvador por sua atuação no teatro como ator, na peça "A Exceção e a Regra", de Bertolt Brecht, Fernando, ainda no politicamente traumático 1964, iniciaria importante colaboração autoral no nosso cinema, levando a sua doce lira "gauche" às imagens de "Grito da Terra" (um libelo pela reforma agrária rodado na Bahia por Olney São Paulo, preso e torturado, cinco anos depois, como reflexo do AI-5, por causa do "subversivo" curta "Manhã Cinzenta" e também prematuramente falecido, em 1978, aos 41 anos) e, entre outros filmes, mais adiante, no Rio, em 1968, fazendo a trilha do proibidíssimo "Jardim de Guerra", de Neville D`Almeida (com roteiro deste e de Jorge Mautner), outro diretor osso duro de roer, então, para os militares aboletados no Planalto Central do país. Tempos árduos, de comunicação cifrada na imprensa e nas artes, tornando a música popular, pela obviedade da repressão, um "paraíso da metáfora", muito explorada pelo tutano dos compositores na chamada era dos festivais. E nela, em parceria com um paraibano formado em Direito, Geraldo Vandré, e bem ajudado pela interpretação da saudosa Tuca e do percussionista Airto Moreira, Fernando inscreveria a sua assinatura, ganhando, em 1966, o II  Festival de Música Popular da TV Excelsior, com uma bela marcha-rancho, "Porta-Estandarte": " Eu vou levando a minha vida enfim/cantando e canto sim/ e não cantava se não fosse assim/levando pra quem me ouvir/certezas e esperanças pra trocar/por dores e tristezas que bem sei/um dia ainda vão findar/um dia que vem vindo/e que eu vivo pra cantar/na avenida girando, estandarte na mão pra anunciar."  
       Um bom dia a todos. Muito grato pela atenção.
 
       Um abraço,
 
       Gerdal
 
Pós-escrito: 1) nas fotos acima, reprodução de cartazes do longas lembrados: "Grito da Terra" e "Jardim de Guerra";
                      2) nos "links" abaixo, 1) Marília Medalha e Edu Lobo, em 1978, no "Fantástico", da TV Globo, cantando "Porta-Estandarte"; 2) a marcha-rancho por um de seus criadores, Geraldo Vandré; 3) "Cidadão do Mundo" (foto de capa de elepê, acima), de Fernando Lona, pelo próprio; 4) "A Lua Girou", de Fernando Lona e Júlio Ricardo, mais uma na voz da niteroiense Marília Medalha.        
                   
        http://www.youtube.com/watch?v=E95Ce4ZsNe4 ("Porta-Estandarte")
 
        http://www.youtube.com/watch?v=hmyFak8JBpo&feature=related ("Porta-Estandarte")
 
        http://il.youtube.com/watch?v=vcNOS3a4v54 ("Cidadão do Mundo")
 
        http://www.youtube.com/watch?v=zmrXl7zgQJ4 ("A Lua Girou")

26.12.10

Reportagem musical sobre Noel Rosa amanhã - dia 27 na TV Brasil


"Noel Rosa - poeta da Vila e do povo" é uma reportagem musical, em 5 capítulos de 26 minutos, que estréia amanhã, dia 27, e vai ao ar diariamente - até dia 31 - às 23 horas na TV Brasil. O roteiro e a direção geral é de Dacio Malta.
O narrador é o Martinho da Vila, o diretor musical é o Zé Renato, conta com a participação da Mariana Baltar.Roberto Faissal foi o produtor e a reportagem teve o auxílio luxuoso do pandeiro de Rogério Reis que entrou com suas fotos.
Além disso vão rolar muitas de entrevistas e um monte de gente vai interpretar Noel: desde Aracy de Almeida, Braguinha, Ismael Silva e Marília Batista, até Chico Buarque, Zeca Pagodinho, Caetano Veloso, Paulinho da Viola, João Bosco, Mart'nália e outros.
Enfim, um programa imperdível, vou ligar na TV Brasil, sem dúvida.

Um belo presente de Natal ou pós-Natal: "Nássara passado a limpo" de Carlos Didier


Um dos melhores presentes que recebi neste Natal foi este livro de Carlos Didier que acaba de sair do forno, cujo título é muito bem bolado: Nássara passado a limpo publicado por uma casa de responsa, a José Olympio Editora. Didier esclarece que o título é do próprio Nássara que num depoimento ao MIS (Museu da Imagem e do Som) em 1968 disse que tinha um projeto de publicar um livro (com esse título) com suas histórias e ilustrações - nada mais justo do que utilizá-lo nessa obra que resgata sua faceta de grande compositor - nas palavras do autor: um" grande numa época de gente graúda"
Esta obra fecha com chave de ouro um trabalho de resgate da "genealogia da carioquice" que começou com a publicação de um livro sensacional intitulado Noel Rosa -uma biografia (realizado junto com João Máximo) e continuou com o lançamento de Orestes Barbosa, repórter, cronista e poeta. Noel, Orestes, Nássara, uma trinca que teria, segundo Millôr Fernandes, "inventado o Rio de Janeiro".
O livro - elogiado por Ruy Castro numa breve introdução - tem a forma de um ensaio composto por 65 pequenas preciosas crônicas (com ilustrações do próprio Nássara) . O que enriquece mais este trabalho é o fato de que Carlos Didier era amigo de Nássara e teve o privilégio de coletar suas histórias. Para completar seu trabalho ele facilita a vida do pesquisador, no final ele exibe a musicografia de Nássara - e aí que a gente se surpreende com a variedade de sua produção como artista da música e da palavra com a revelação de outras obras além dos já clássicos carnavalescos Ala-la-ô, Florisbela, Formosa, Maria Rosa, Rei Zulu que animam o tríduo momesco e vão animar pelos séculos e séculos amém.

O legado musical de Luiz Bandeira: que bonito é!





Nascido num dia de Natal, em 1923, e falecido num domingo de carnaval, em 1998, o pernambucano Luiz Bandeira (foto acima) é desses talentos da MPB de projeção discreta e reconhecimento abaixo do valor auferido. Ainda na Recife natal, esse cantor, compositor e violonista revelou-se na Rádio Clube de Pernambuco e, pouco depois, como "crooner" da Orquestra de Nélson Ferreira, apresentava-se no carnaval da cidade e em festas sociais. Nos anos 50, já no Rio, a convite de Caribé da Rocha, cantou na boate Meia-Noite, do Copacabana Palace, também na boate Drink, do pianista Djalma Ferreira - seu parceiro no samba "Volta", gravado por Miltinho -, e, mais tarde, em 1960, como integrante do sexteto de Radamés Gnatalli, viajou com a Terceira Caravana Oficial da Música Brasileira, prevista em lei aprovada do então deputado Humberto Teixeira - outro parceiro, em "Baião Sacudido" -, divulgando maravilhas do nosso repertório em universidades europeias, como a Sorbonne, em Paris.
         Luiz Bandeira é autor de sambas, frevos e baiões bastante executados, como "Torei o Pau", por Manezinho Araújo, "Cafundó", por Edu da Gaita, "O Apito no Samba" (com letra de Luiz Antônio"), por Marlene, "Na Cadência do Samba" ("Que Bonito É!"), por Waldir Calmon - o famoso tema do futebol do cinejornal "Canal 100" - e "É de Fazer Chorar" ("Quarta-Feira Ingrata") e "Voltei, Recife!", regravados há pouco tempo por Alcymar Monteiro e Alceu Valença, respectivamente. Para Clara Nunes, forneceu o sucesso de "Viola de Penedo" e, na parceria com Renato Araújo, Bandeira seria cantado no carnaval de 1958, por causa do samba "Madeira de Lei", de belo registro na voz de Heleninha Costa.
         Visto ao lado de Luiz Gonzaga, Humberto Teixeira e Severino Araújo em expressiva foto tirada num bar para a contracapa de um elepê que produziu para o Lua, Luiz Bandeira voltou em definitivo, em 1984, para Recife, "como sempre foi", ou seja, "um defensor sem limites" da nossa cultura popular, tão bem retratada na sua obra. Por isso mesmo, passados doze anos da sua morte, é de lamentar - ou "de fazer chorar" - que nada ou quase nada tenha sido feito para homenageá-lo, como um livro, um CD/DVD ou um show caprichados . Em apresentação na Sala Cecília Meireles, o também finado Barrosinho anunciou à plateia a disposição de lembrá-lo, em CD que só pôde situar-se na intenção, por meio da regravação do samba "Vaivém", dos anos 60, trazendo para o seu trompete jazzístico o sambalanço gafieirado de que Bandeira também era catedrático. Mistura fina, não?.           
         Um bom domingo a todos. Muito grato pela atenção.
 
         Um abraço,
 
         Gerdal

Pós-escrito: 1) nas outras fotos acima, reproduções de capas de dois discos de Luiz Bandeira: um, de 1957, do dez-polegadas "Luiz Bandeira Cantando na Boate Meia-Noite"; o outro, um CD que foi o último disco gravado por ele, já em Recife, em grande parte com músicas até então inéditas de sua autoria. Ganhei-o por gentileza de Marius Bandeira, filho do saudoso compositor, a quem dedico esta recordação da obra dele, assim como à viúva, dona Iracema, mãe de Marius;   
                    2) nos "links" abaixo, Luiz Bandeira por suas músicas inesquecíveis: 1) o coco "Viola de Penedo", cantado por um grande amigo dele, Luiz Gonzaga, composição hoje provavelmente alvo de crítica pela chatice do "politicamente correto"; 2) "Fulô da Maravilha", baião na linha do pé de serra por trio homônimo, antes gravado, em 1979, com muita graça - e arranjo de Celia Vaz - pela cantora potiguar Terezinha de Jesus no elepê "Vento Nordeste"; 3) a paraibana Elba Ramalho cai no frevo, em show realizado em Aracaju, com "Onde Tu Tá, Neném?"; 4) "O Apito no Samba", com coro, arranjo e orquestra regida por Luiz Arruda Paes, em registro de 1959, da Odeon: o "long-playing" "Brasil em Tempo de Dança", do maestro paulistano, um nome participante da inauguração da tevê no Brasil; 5) o mesmo samba da audição anterior, gravado com grande sucesso por Marlene em 1958, na voz da carioca Dorina; 6) pelo conterrâneo Alceu Valença, sobre uma série de imagens da Veneza Brasileira, este hino de Luiz Bandeira para o frevo da sua terra: "Voltei, Recife!"    
 
  
        http://www.youtube.com/watch?v=hWsHLl3xkOE ("Viola de Penedo")
 
       http://www.youtube.com/watch?v=038HiuDMpUg ("Fulô da Maravilha")
 
       http://www.youtube.com/watch?v=PeJAxUIaKO8&feature=related ("Onde Tu Tá, Neném?")
 
       http://www.youtube.com/watch?v=lG6jb6LipJI ("O Apito no Samba")
 
       http://www.youtube.com/watch?v=AUzMOZuiQZ8&feature=related ("O Apito no Samba")
 
       http://www.youtube.com/watch?v=VlVctBDu324 ("Voltei, Recife!")

24.12.10

cartum natalino

22.12.10

Um blogue de feras do cartum palestrinos


O blogue se chama Academia, e congrega cartunistas palmeirenses - o link é
http://a-academia.zip.net/
O humor finalmente entra em campo e espero que seja contra a violência e contra o racismo.
Bola prá frente!

O pianista João Braga, aniversariante, lança "O Tempo de Tudo" nesta quarta no Lapinha


Prezados amigos,
 
      Da amiga cantora Marianna Leporace, repasso o recado abaixo.
      Um bom dia a todos. Grato pela atenção à dica.
 
      Um abraço,
 
      Gerdal


 
Amigos,

Meu amigo pianista João Braga lança o CD "Tempo de Tudo" e comemora o seu aniversário no Lapinha nesta quarta-feira, dia 22 de dezembro.

Na banda além do João (piano), estarão: Rômulo Duarte (baixo), Victor Bertrami (bateria), Naife Simões (percussão) e o show contará ainda com as participações especiais de Luiza Borges e Matias Corrêa (vozes).


Os demais detalhes estão no flyer!!!

O show é lindo e será uma excelente oportunidade para nos reunirmos antes do fim do ano!
Aguardamos vcs!
Um beijo
Marianna

--


Visite:
www.myspace.com/mariannaleporace
www.clubecaiubi.ning.com/profile/MariannaLeporace
www.myspace.com/foliade3
www.mariannaleporace.blogger.com.br

Conto de Natal: A ceifadeira e as astúcias



(Volto à tradição do blogue de procurar escrever uma história de Natal - necessariamente um conto que denominei "conto sujo de Natal" - em geral uma história triste. A deste ano foi colhida numa feira, não tenho idéia de quem seja o autor - espero que gostem- no final das contas ela não é tão triste assim).


"...os poetas e religiosos estão acostumados a argumentar que se um indivíduo compara o tempo, bastante considerável, que ele está condenado a passar morto com o tempo relativamente breve que lhe é permitido para pavonear-se e aborrecer-se neste mundo, ele pode muito bem encontrar razões para encarar o conjunto de sua vida como um jogo fatal de curta duração, cada segundo do qual deve enchê-lo de ansiedade sobre como ele pode usá-lo. E na verdade, nosso tempo um tanto breve está escoando, mas parecemos prender nossa respiração por segundos e minutos dele".
(trecho do livro Where the Action is de Erving Goffman citado em "As consequências da Modernidade" de Anthony Giddens)

Não vou aqui fazer balanço de nada. Não sou empresa. Acho Natal uma data triste. Sempre falta um na mesa na hora da ceia. E tem gente que nem ceia tem , nem presente, só solidão.
Então apenas vou contar uma historinha que ouvi na feira,no sábado passado, contada por um cabra muito engraçado que vende todo tipo de pão e bolo aqui nas redondezas. Não espere um texto elaborado, ele vai de prima, sem a bola tocar no chão - e claro sofreu uns acréscimos para engordar um tiquinho a fabulação.
Estava encostado na barraca das bananas quando vi um trio elétrico, não daqueles que agitam o carnaval de Salvador, mas três sujeitos que se sacudiam de rir num papo animado totalmente alheio ao ambiente mercantil da feira.
O tal dos pães começava uma nova anedota - eu a classifiquei assim.
Fez cerimônia, falou que aquela era a saideira e não era muito gozada não.
Disse que um dia Dona Morte, essa ceifadeira eterna, já perdida de memórias de quantos já levara para a definitiva travessia, uma senhora realmente sem noção, resolveu ao léu visitar um sujeito numa cidadezinha do interior conhecida pelas astúcias de seus habitantes. Bateu na porta, com toda educação e deu de cara com a patroa do indivíduo. Esta logo tratou de enganar a dama das trevas contando uma história que o marido não estava, que passasse outra hora. Antes de se retirar,só para confirmar Dona Morte perguntou sobre a aparência do cabra:
-Seu marido é um tal magrinho, cabeludo e barbudo que não toma banho?
A mulher, toda trêmula respondeu que era sim, e quase ampliou a mentira - pensou em dizer que ele tinha ido viajar e que não sabia quando voltava - quase disse, mas ficou com medo de se enredar e ser ela a levada. A ceifadeira encolheu os ombros, num gesto de resignação, e se retirou cabisbaixa e meditabunda - mas não satisfeita. Pensou:
-Aí tem coisa!
Logo que se viu livre da incômoda senhora fatal, a mulher correu para o quarto e mandou o marido sair debaixo da cama dizendo: Hômi de Deus, Dona Morte veio te procurar, enganei ela, mas acho que a danada volta e já tem até seu retrato falado. Trate de cortar esse cabelo, fazer a barba , tomar um banho e botar roupa nova. O marido, verde que te quiero verde, foi logo para o banheiro, se lavou nos pormenores. Raspou a cabeça e fez a barba com uma navalha que tinha para outros fins se necessário. Botou perfume no corpo todo, sapecou talco nos pés. Em seguida sua mulher entregou uma roupa novinha cheirando à naftalina.
-Agora acho que ela não me pega, todo mudado que estou, pensou alto.
A esposa emendou: - Mas é bom não facilitar. Recomendou:- Agora, querido, vá para a igreja e comece a rezar para que essa peste da Dona Morte esqueça sua existência. Acenda uma vela e se agarre no terço.
O homem saiu de fininho pela porta dos fundos, deu uma volta imensa para disfarçar e por fim chegou na praça onde, desconfiado, olhando para todos os lados, se meteu dentro da igreja. Ajoelhou-se na frente do primeiro santo que encontrou e tome ave-marias e padres-nossos, salve-rainhas...
Tremelicava na toada das orações, e tal era sua devoção que não percebeu uma sombra deslizando atrás dele. Era Dona Morte que cansada de esperar nas cercanias da casa do infeliz, resolveu descansar na igreja. Ao penetrar no templo, ela contrariada, falava com seus botões.:- Não é que o infeliz que vim buscar hoje nessa cidade me escapuliu, espertinho ele! Mas eu que não vou voltar assim de mãos abanando para o outro lado. Eu vim buscar um cabeludo barbudinho que não toma banho e vive mal vestido , mas não encontrei o tal. E se não tem o tal, leve o mingau. Olhou para a igreja vazia, só divisou aquele desinfeliz concentrado em se comunicar com o além. A nefanda senhora então comandou: - Acho que para não perder a viagem vou levar esse "pelado"(*) cheiroso e bem vestido que reza feito uma matraca.O desesperado, só pode estar em dívida com alguém. Pois vai ele mesmo.E assim ela levou o duvidoso pelo certo ou o certo pelo duvidoso, não tenho muita certeza.
***
Os três falantes cairam na gargalhada, eu confesso que ri também e nem quis pensar na moral dessa história. Acredito que essa anedota faça parte de algum cordel. Se não fizer, está nos trinques para se cantar numas feiras, mas não essa de Laranjeiras. E não é que até que rimou!?
Feliz Natal para todos.
(*) careca lá pelos lados no Nordeste do Brasil

21.12.10

18.12.10

Gladys Knight and the Pips - Midnight Train to Georgia


É aquela canção bacana que Chase, Foreman e House cantam no episódio The Choice. A música tem por título Midnight Train to Georgia e foi originalmente cantada por Gadys Knight - chamada de Imperatriz do Soul, e seus acompanhantes the Pips.
Para quem que acompanhar a música, aqui embaixo vai a letra. Conta a história de um retorno, a desistência de um homem, sua escolha, e parece que para melhor- pelo menos a letra e a interpretação alegre dos artistas mostra isso. Pode ser encarado também como a derrota de um sonho e a história do show bizz mostra que poucos sobreviveram ou fizeram história. Os anônimos com suas guitarras ficaram na terceira margem do rio.
Midnight Train to Georgia
LA proved too much for the man
(Too much for a man, he couldn't take it)
He couldnt make it, so he's leaving a life he's come to know
(He said he's going)
He said he's going back to find
(Going back to find)
What's left of his world
The world he left behind not so long ago

He's leaving
(Leaving)
On that midnight train to Georgia
(Leaving on a midnight train)
Said he's going back
(Going back to find)
To find a simpler place and time
(Whenever he takes that ride, guess who's gonna be right by his side)
I'll be with him
(I know you will)
On that midnight train to Georgia
(Leaving on a midnight train to Georgia, woo woo)
I'd rather live in his world,
(Live in his world)
Than live without him in mine
(World, world, is his and hers alone)

He kept dreaming
(Dreaming)
That some day he'd be a star
(A superstar, but he didn't get far)
But he sure found out the hard way,
That dreams don't always come true
(Dreams don't always gome true, uh huh, no, uh huh)
So he pawned all his hopes
(Ooh, ooh, ooh ooh)
And even sold his old car
(Woo, woo, woo)
For a one way ticket back to the life he once knew
Oh yes he did, he said he would

He's leaving
(Leaving)
On that midnight train to Georgia
(Leaving on a midnight train)
Yeah, said he's going back to find
(Going back to find)
A simpler place and time
(Whenever he takes that ride, guess who's gonna be right by his side)
I'm gonna be with him
(I know you will)
On that midnight train to Georgia
(Leaving on a midnight train to Georgia, woo woo)
I'd rather live in his world,
(Live in his world)
Than live without him in mine
(World, world, it's his and hers alone)

He's leaving
(Leaving)
On the midnight train to Georgia
(Leaving on the midnight train to)
Said he's going back to find
(Going back to find)
A simpler place and time
(Whenever he takes that ride, guess who's gonna be right by his side)
I've got to be with him
(I know you will)
On that midnight train to Georgia
(Leaving on a midnight train to Georgia, woo woo)
I'd rather live in his world,
(Live in his world)
Than live without him in mine
(World, world it's his, his and hers alone)

My love, gonna board the midnight train to Georgia (x3)

My world, his world, our world, mine and his alone (x2)

I've got to go (x5)

My world, his world, my man, his girl

Nei Lopes e Wilson Moreira de volta ao Lapinha, neste sábado, para show comemorativo de 30 anos de arte negra em elepê essencial



"Abre as asas sobre mim/ó senhora liberdade/eu fui condenado sem merecimento/por um juramento, por uma paixão/violenta emoção/pois amar foi meu delito/mas foi um sonho tão bonito..." ("Senhora Liberdade"); "Goiabada cascão em caixa é coisa fina, sinhá/que ninguém mais acha" ("Goiabada Cascão"); "...nunca pensei que um lindo frasco, tão pequeno/pudesse comportar, meu Deus, tanto veneno/foi dose mortal/fez tão grande mal/mas eu quero outra vez/basta um só olhar/para reparar/todo o mal que ela me fez" ("Gotas de Veneno"); "Coité da boa/para ser coité de fato/tem que se cortar no mato/pra depois deixar secar/pra fazer cuia/também tem que ter ciência/quem não tiver competência/não vai ter bom paladar..." (Coité, Cuia"); "...se a vida é curta e o mundo é pequeno/vou vivendo e morrendo de amor/gostoso veneno" ("Gostoso Veneno"); "Hoje o olhar de mamãe marejou, só marejou/quando se lembrou do velho, o meu bisavô/disse que ele foi escravo, mas não se rendeu à escravidão/sempre vivia fugindo e arrumando confusão/disse pra mim que essa história do meu bisavô, negro fujão/devia servir de exemplo a esses "nego pai joão"/disse, afinal, que o que é de verdade ninguém mais hoje liga/isso é coisa da antiga" ("Coisa da Antiga"); "...saudade/veio à sombra da mangueira/sentou na espreguiçadeira e pegou um violão/cantou a moda do caranguejo/me estendeu a mão prum beijo e me deu opinião/depois tomou um gole de abrideira/foi sumindo na poeira/para nunca mais voltar..." ("Samba do Irajá")
     Neste sábado, 18 de dezembro, às 22h30, no palco do Lapinha (Av. Mem de Sá, 82 - sobrado - Lapa - tel.: 2507-3435 - "flyer" acima), um grande reencontro de dois cariocas do subúrbio - um do Irajá; outro de Realengo - em torno de um feito comum, porque de ambos, conjuntamente, e incomum, porque subido com elegância na cotação dos grandes discos da MPB, ao longo de 30 anos de existência, e emblema atual da convergência entre moças e rapazes da burguesia carioca e o samba da nossa terra numa Lapa rediviva em seu fascínio boêmio. De "A Arte Negra de Wilson Moreira e Nei Lopes", elepê da Odeon com arranjos do saudoso maestro Rogério Rossini, são os excertos acima, todos de composições de ambos, exceto o "Samba do Irajá", feito apenas por Nei, nascido e criado nesse bairro quente. Em sua escrita fina, escorreita e sempre bem fundamentada nos fatos, o jornalista Moacyr Andrade, em linhas recentes a respeito da excelência autoral da dupla no mundo do samba, lembra uma reportagem, de novembro de 1999, do Caderno B, do também saudoso "Jornal do Brasil" (dos seus bons tempos de informação), em cujo título surgia a interrogação: "Quem não quer gravar um samba dessa dupla?" - já conhecida, então, por sucessos que concorreram para a projeção de cantoras como Alcione, Clara Nunes e Zezé Motta. Uma interrogação que hoje poderia ser reendereçada, especialmente, aos novos valores do canto popular, que têm o vinil em questão na conta de referência seminal da sua ligação - e, antes, até mesmo tomada de contato - com o samba. "Eu!", "eul", "eu1", exclamariam, desejosos de gravar uma música destes fabulosos Wilson Moreira e Nei Lopes, confortavelmente situados no "manjamento" da MPB da B - "da boa", naturalmente.
     Um bom dia a todos. Grato pela atenção à dica.
 
     Um abraço,
 
     Gerdal
 
Pós-escrito: nos dois primeiros "links" abaixo, Nei Lopes, em bares paulistanos, canta "Só Chora Quem Ama"  e "Boteco do Arlindo" (esta feita com Maria do Zeca) e, em seguida, "Goiabada Cascão"; no terceiro e no quarto "links", Wilson Moreira, na Rua do Ouvidor, no Centro do Rio, em tarde de sol, canta duas suas de inspiração recente e, em seguida, com o Grupo Semente, em noite animada no Centro Cultural Carioca, manda bem em "Senhora Liberdade"; no quinto "link", ele e Nei vão de "Coité, Cuia", em imagem de show em que o violonista, compositor e arranjador Ruy Quaresma, anfitrião do Lapinha, aparece, com destaque, no fundo, atrás de Wilson, e a novata Samara Líbano, portadora de um cavaquinho camarada, "justifica o cachê" calangueando direitinho em expressivo solo.                   

    
       http://www.youtube.com/watch?v=rYNF0hHAvcw
 
       http://www.youtube.com/watch?v=dJadPs1QRIU&feature=related
 
       http://www.youtube.com/watch?v=CjhwSlahDRM&feature=related
     
       http://www.youtube.com/watch?v=F8j1_KAWfd0
 
       http://www.youtube.com/watch?v=ehaRDs5Uk5k      

Estado de espírito

17.12.10

Joana Duah e Fernando Merlino, com o Baião de 5, revisitam o palco do Lapinha, nesta sexta, para um grande show


Primeiramente, preciso fazer uma correção topográfica quanto à loja de discos que pertenceu ao excepcional gaitista e compositor Maurício Einhorn, citada em minha dica de anteontem. Não a frequentei, mas um músico carioca bem conhecido e talentoso, que me honra com a sua atenção ao que modestamente informo em prol da boa MPB, sim, esteve lá algumas vezes e fez o providencial reparo: era no Largo do Machado (na galeria do extinto cine Condor), e não em Copacabana, como escrevi, com base em texto de 1975 (equivocado nesse ponto) do saudoso jornalista, especializado em nossa música popular, Aramis Millarch. Ademais, ao fazer um parêntese em que lembrei três clássicos do Maurício, na lavra da bossa nova, para destacar a importância de dois dos seus parceiros, Durval Ferreira e Bebeto Castilho, posso ter dado a entender que eles compuseram, juntos, tais músicas, o que não procede. Por isso, explicito em seguida as autorias de cada uma: "Batida Diferente", de Maurício e Durval; "Tristeza de Nós Dois", de Maurício, Durval e Bebeto; e "Estamos Aí", de Maurício, Durval e Regina Werneck, esta ex-integrante do Quarteto em Cy, letrista, poetisa, tradutora e dubladora, de cuja omissão involuntária do nome, na dica passada, ora me desculpo.    
         Para quem ainda não a conhece, vale uma ida ao Lapinha (Av. Mem de Sá, 82 - sobrado - tel.: 2507-3435), nesta sexta, 17 de dezembro, a partir das 21h, para se maravilhar ao vê-la cantando e divulgando músicas do seu ótimo primeiro CD, "Dá Licença", que contou com arranjos do pianista Fernando Merlino. A moça se chama Joana Duah, veio de Brasília há alguns anos e, nesse mesmo endereço da Lapa, há poucos meses, justamente pela alta qualidade do seu trabalho, deixou boquiaberto o veterano e excelente Márcio Lott, integrante do conjunto vocal Nós Quatro. Sem favor algum, Joana é portadora de uma das mais capacitadas e cativantes vozes da sua geração, acompanhada, logo mais, pelo Baião de 5, o "arretado" conjunto jazzófilo desse "cabra bom pra daná" que é o Merlino.   
         Um bom dia a todos. Muito grato pela atenção à dica.
 
         Um abraço,
 
         Gerdal
 
Pós-escrito: 1) na foto acima,  da esquerda para a direita, Fernando Merlino, Jamil Joanes (baixo), Erivelton Silva (bateria), Joana Duah, Arimateia (trompete) e Júlio Merlino (sax e flauta, filho do Fernando);
                  2) nos "links" abaixo, "Perfume de Cebola", de Filó Machado e Cacaso, com Joana Duah e o Baião de 5, e "Choro das Águas", de Ivan Lins e Vítor Martins, com Joana Duah e um conjunto em que se destaca um brilhante pianista da nova geração, Vítor Gonçalves.
 
 
        http://www.youtube.com/watch?v=0ABEdJjeKV4 ("Perfume de Cebola")
 
        http://www.youtube.com/watch?v=Qcl7q4Mg2AQ&NR=1  ("Choro das Águas")   

Meus cartuns pré-históricos

Tania Malheiros lança seu primeiro CD, nesta sexta, na Sala Baden Powell, em show com a presença especial de Gilson Peranzzetta


Com satisfação, repasso, abaixo, recado de show de lançamento de "Deixa Eu Me Benzer", o primeiro CD da amiga Tania Malheiros, também uma jornalista laureada, na Sala Baden Powell ("flyer" acima), nesta sexta, 17 de dezembro, às 20h. Tania, há quase dez anos, desenvolve, como cantora, uma apreciada trajetória em defesa do samba, especialmente o de expressão menos rebuscada e mais espontânea, valorizando a lira dos chamados compositores de raiz. Dela, ainda abaixo, "nos "links", duas pequenas mostras do seu valor, cantando "Alguém Me Avisou", de Dona Ivone Lara, e "Eu Não Sou Daqui" ("Eu Sou de Niterói"), que Tania, moradora no bairro de Noel Rosa, mas natural da Cidade Sorriso e admiradora dos encantos do seu município de origem, canta com justificado orgulho. Um samba de Ataulfo Alves e Wilson Batista, dois "cariocas" de Miraí e Campos dos Goytacazes, respectivamente.
        Um bom dia a todos. Muito grato pela atenção a essa dica de lançamento.
 
       ***    
 
            http://www.youtube.com/watch?v=D5qkFOgGh_0&feature=related  ("Alguém Me Avisou")
 
            http://www.youtube.com/watch?v=8H_t8qWGQlU&feature=related ("Eu Não Sou Daqui")


Tania Malheiros estreia em CD
com participação especial de Gilson Peranzzetta

        A cantora Tania Malheiros lança seu primeiro CD, “Deixa Eu Me Benzer”, neste 17 de dezembro, sexta-feira, às 20h, na Sala Baden Powell, em Copacabana, com participação especial e direção musical do maestro, pianista, compositor e arranjador Gilson Peranzzetta. São 12 sambas inéditos e duas regravações de músicas desconhecidas do grande público. Entre os compositores, nomes consagrados, como o próprio Peranzzetta, Paulo César Pinheiro, Wilson
Moreira, Noca da Portela e Roberto Martins, e debutantes em disco, como Alexandre Pereira, Luiz Carlos de Souza, Dayse do Banjo e Cida Zanon.
        O CD tem inéditas de Adilson Gavião e Sereno (Cristal Partido); Anselmo Ferraz e Carlos Gomes (Vagabundo); Tuninho Galante e Marceu Vieira (Palavras de Cal); Wilson Moreira e Marcos Paiva
(Primazia); Henrique Damião, Alexandre Pereira e Roberto Serrão (Deixa Eu Me Benzer); Guilherme Nascimento e Roberto Serrão (Afluente do Meu Ser),
Noca da Portela e Roberto Serrão (Você Me Fez Sorrir); Beto Fininho e Renato
Fialho (Saga de Zumbi); Luiz Carlos de Souza (Onde Está Você); Dayse do Banjo e Cida Zanon (Força do Querer); Roberto Martins (Quando Eu Vou Embora) e Gilson Peranzzetta e Paulo César Pinheiro (Quem Não Sabe Amar), além das regravações de Derley (Jardineiro da Terra) e Pecê Ribeiro (Não Tenho Medo).
        Dos 14 sambas, oito têm direção musical de Peranzzetta e seis do músico e arranjador José Roberto Leão. A produtora cultural Eliana Peranzzetta teve participação importante em toda a produção do CD, a partir do trabalho iniciado em 2009 por Gilson, seu marido. “Eles são uma benção, porque abraçaram o projeto totalmente, me apoiaram e me ajudaram muitíssimo”, diz Tania.
         Com participação especial do maestro, a cantora estará em companhia dos músicos Rafael Lobo (violão), Leandro Samurai (cavaquinho), Tiago Machado (violão 7 cordas), Dudu Oliveira (flauta),
Felipe Tauil e Buzunga (percussão).

O PAI E O CAVAQUINHO

         Tania começou a cantar na infância, em Niterói, acompanhando o pai, o cavaquinista Mucio de Sá Malheiros, já falecido. “Com papai no cavaquinho, eu cantava nas rodas no fundo de nosso quintal”, lembra. Formada em Jornalismo, voltou aos palcos em 2000, quando deu canjas no Candongueiro, em Niterói, e no pagode da Tia Elza, no Jardim Botânico.
        Incentivada por amigos e sambistas, fez um ano de aula de canto com Glória Queiroz até o primeiro show no ano seguinte. E não parou
mais. Tem-se apresentado no Rio, na Baixada Fluminense,  em Niterói e em São Paulo. “Sem a ajuda preciosa de muita gente, que vai aos meus shows, nada seria possível. Sou muito grata por isso”, comemora Tania.

SERVIÇO
Data: 17 de dezembro, sexta-feira.
Local: Sala Baden Powell (Av. Nossa Senhora de Copacabana, 360).
Horário: 20h
Ingresso: R$ 20,00 (inteira); R$ 10,00 (terceira idade, estudantes e
funcionários públicos) e R$ 14,00 para quem apresentar a carteirinha
do metrô.
Tel.: (21) 2255-1067.
Capacidade: 508 lugares
Censura: livre.

16.12.10

Programe-se: Lançamento de Pscircodelia em Sampa


O lançamento do Álbum + CD "Pscircodelia" de M. Maraska e R Sasaki vai ser na livraria HQMIX em Sampa, na Praça Roosevelt nº 142. O evento vai rolar no sábado, dia 18 a partir das 19.30 horas.

Programe-se: Companhia Estadual de Jazz volta ao TribOz no sábado



A Companhia Estadual de Jazz 
volta ao TribOz , o segredo mais bem guardado da "off-Lapa", e apresenta Cardápio, um show para ser degustado pelos ouvidos, com o melhor da música gastronômica.

Vai ser no Sábado, 18 de dezembro às 21h.

Neste show comestível tem de tudo um pouco :  A Rã do João Donato, Canção do Sal de Milton Nascimento, The Chicken, do repertório de James Brown, O Pato que o João Gilberto cantava e a Feijoada Completa do Chico Buarque... Um blues que ficou famoso no piano de Bud Powell: Collard Greens and Black Eyed Peas (em português seria "couve com feijão fradinho")... Tem um outro blues  do  guitarrista Kenny Burrell que é um pouco mais pesado: Chitlins con Carne ( tripa de porco com carne)...E isso é só uma pequena amostra, pra dar água na boca. Por falar em água, a Água de Beber será a do Tom Jobim e teremos também vinho, sobremesas, etc...

Abertura da casa: 20h
Apresentação: 21h à 1h
Couvert artístico: R$ 20,00
 
TribOz - Centro Cultural Brasil-Austrália
www.triboz-rio.com
Rua Conde de Lages, 19 - Off-Lapa
Estacionamento rotativo na Rua Conde de Lages, 44 (R$ 5,00)
Informações e reservas: 2210 0366 - 9291 5942

15.12.10

Oscar Niemeyer - 103 anos e ainda faz samba!



Nosso querido super arquiteto fez 103 anos e ainda por cima se nos presenteou com um samba. Viva Oscar Niemeyer! Parabéns!

Programe-se: Emiliano Castro lança CD em Sampa na Sexta-Feira na FNAC Paulista



Recebi por e-mail esta notícia sensacional que meu amigo Emiliano Castro finalmente terminou seu CD KANIMAMBO.
Vai lançar - uma espécie de pré-lançamento natalino nesta sexta feira, dia 17 de dezembro.
às 19 horas na FNAC Paulista.

Vai rolar um coquetel e pocket show
Emiliano vai tocar acompanhado pelo seu grande amigo e percu-baterista Douglas Alonso.
As composições são de Emiliano e a produção musical é do mestre Paulo Bellinati.
Todo mundo lá!

Meus cartuns pré-históricos

Maurício Einhorn, nesta quarta, em grande show no Centro Cultural Carioca: o fôlego internacional de uma vida musical levada na gaita



Não fosse o extraordinário gaitista que é (para o qual o belga "number one" do ramo, Toots Thielemans, amigo dele, tira o chapéu numa boa - e, no caso, não só por camaradagem), o carioca Maurício Einhorn (foto acima), ex-lapidador de diamantes e ex-vendedor de discos (teve uma loja em Copacabana, fechada em 1972), teria encontrado no filão da "stand-up comedy" riso certo para um outro ganha-pão. Há um mês, casualmente, estivemos eu e ele, lado a lado, acompanhando uma triste circunstância numa igreja da Rua Francisco Otaviano, no Posto 6: a missa de sétimo dia do amigo comum Marco Versiani, publicitário, produtor e letrista, parceiro dele em algumas músicas, como "Sistema", "Festa e Valsa" e "A Lua e Aquela Paz", o qual me possibilitara, alguns anos passados, conhecer o Maurício em pessoa e desfrutarmos os três de uma tarde de domingo muito agradável no apê do músico, no Leme. Acabada a cerimônia, do lado de fora da igreja, na calçada (no que o próprio Versiani teria feito gosto de ouvir), tivemos do Maurício - eu e mais dois amigos que também vinham da missa, os cantores e compositores Márcio Ramos (o primeiro, salvo engano, dos parceiros de Guinga) e Ana Maria Antoun (ambos oriundos daquele período áureo dos festivais) - um "pocket show" de piadas que, por ironia momentânea, nos fez rir a bandeiras despregadas. Serviu para desanuviar, em parte, a tristeza pela partida "fora do combinado" e tão súbita do Versiani, revelando um surpreendente Maurício a esses amigos, de repertório talhado para todos os paladares do chiste. 
       Filho de gaitistas, judeus austríacos, Maurício Einhorn, que aos 10 anos já se apresentava em programas de rádio, fez seu primeiro registro em disco, em 1949, aos 17, por meio de um solo na canção "Portate Bien", ilustrativo de um disco do Brazilian Rascals, um conjunto de harmônicas. De notável capacidade para a criação, o improviso e a interpretação, o que o tornou admirado por colegas do jazz de trânsito internacional, como Cannonball Adderley, Joe Carter e Nina Simone, celebrizou-se ainda como compositor bossa-novista, em especial na parceria com Durval Ferreira e Bebeto Castilho ("Batida Diferente", "Estamos Aí" e "Tristeza de Nós Dois", por exemplo). Para um belíssimo tema de Remo Usai, "Férias no Sul", feito para filme nacional homônimo rodado em Blumenau e exibido em 1967, contribuiu com uma gravação antológica, apesar de pouco conhecida, e mais recentemente, ainda no giro do disco e na valiosa companhia do pianista Alberto Chimelli, do baixista Luiz Alves e do baterista João Cortez, participou de dois elogiados "Conversa de Amigos", da Delira Música, gravados ao vivo no CCBB. Com outros músicos de primeira ordem, Kiko Continentino (piano e arranjos), Jefferson Lescowich (baixo) e Clauton "Neguinho" Sales (bateria e trompete), Maurício faz o grande show desta quarta-feira, 15 de dezembro, às 20h, no Centro Cultural Carioca (Rua do Teatro, 37 - Centro - ao lado do João Caetano), certamente atraindo aplausos arrebatados para o seu sopro. E, nesse particular, o homem não é de brincadeira.
       ***l           
 
Pós-escrito: nos dois primeiros "links", Maurício Einhorn sopra "Batida Diferente", dele com Durval Ferreira, acompanhado pelo guitarrista Ricardo Silveira e pelo baixista Marcelo Mariano, filho de César Camargo Mariano e da saudosa cantora Marisa Gata Mansa; em seguida, sopra "São Conrado", bela parceria com o violonista, arquiteto e artista plástico Carlos Alberto Pingarilho (aliás, o último parceiro musical do Marco Versiani). No terceiro "link", uma curiosidade, Maurício, que é nadador de braçadas regulares, é visto em breve passeio numa bicicleta - o que havia muito não fazia, como afirma - e, a pedido de um jovem interlocutor, ainda conta uma "piada antiga", como frisa. 
 
          
    http://www.youtube.com/watch?v=DV1HyYY0nB0&feature=related
 
    http://www.youtube.com/watch?v=f_NUREjjetE 
 
    http://www.youtube.com/watch?v=UZV8vgqrWxE&feature=related

14.12.10

Meus cartuns pré-históricos

Itiberê Zwarg e sua Orquestra Família nesta terça no TribOz: variedade com mistura em som avesso à segmentação



 
Filho de Antônio Bruno, pianista e compositor máster em samba-canção (como "Flores, Estrelas e Mulheres", que mereceu belo registro de Jamelão no elepê deste "Aqui Mora o Ritmo", da Continental, em 1962, e "Contrassenso", por Elizeth Cardoso no  elepê "Retrato da Noite", da Copacabana, em 1958), o multi-instrumentista Itiberê Zwarg (fotos acima) teve no pai, naturalmente, o primeiro e fundamental apoio para seguir rumo próprio na profissão musical, cujo ponto de partida, ainda na adolescência, ocorreu numa boate do balneário de Itanhaém (SP), Lampião. Desse estabelecimento, aliás pertencente a Antônio Bruno, figura ademais bem conhecida e atuante na noite e nos principais canais de rádio e tevê paulistanos nos anos 50 e 60, até o êxito da sua "sui generis" Orquestra Família (não convencional na reunião, na utilização e na combinação dos seus instrumentos, por exemplo), Itiberê tem, desde 1977, no convívio com o genial Hermeto Pascoal e como contrabaixista do conjunto dele, uma experiência marcante cujos frutos, saboreados pelo seu alunado na Pró-Arte - os "netos artísticos" de Hermeto -, têm a variedade de sabor da chamada música universal. Aberta ao hibridismo de timbres e à mistura de ritmos, sem concepções estanques ou óbices classificatórios, com a partitura moldada pelo exercício, e não o inverso, é essa a música que prometem Itiberê e o seu "ensemble" nesta terça-feira, 14 de dezembro, a partir das 21h, no aconchegante TribOz. Eles são "free", eles são "free" demais, e o resultado da experimentação, não raro surpreendente, tem agradado em cheio à crítica especializada ao longo dos 11 anos de atividade que Itiberê mantém com os seus pupilos.
       Abaixo, com o serviço, reencaminho informação recebida sobre o show desta dica. Um pouco antes, nos "links", duas composições de Itiberê - primeiramente, "Sarau da Laurinda" e, logo após, "Ipojucan" - mostradas por ele e os jovens componentes da Orquestra Família. 
       ***
 
 
   http://www.youtube.com/watch?v=QT96YTz5gpI 
 
   http://www.youtube.com/watch?v=tcyyPWTxEkY&feature=related
  

*TERÇA, 14 DE DEZEMBRO*

*Itiberê Orquestra Família*
A "Itiberê Orquestra Família" foi criada por Itiberê Zwarg, integrante há 34 anos da banda de Hermeto Pascoal. Com multiplicidade de estilos, ricos arranjos e solistas em improvisos impactantes, a orquestra exibe um repertório que varia entre grupos camerísticos e instrumentação completa. Os músicos se alternam nos instrumentos, já que cada um toca mais de um instrumento, fazendo uma movimentação muito bonita no cenário. O espetáculo é informal e deixa espaço para a interação com a resposta do público. Itiberê assina os arranjos, composições e direção musical.

*Itiberê Zwarg* - baixo, tuba, piano e percussão
*Carol Panesi* - piano, violino e trompete
*Ajurinã Zwarg* - bateria, percussão e sax soprano
*Beto Lemos* - viola de 10, guitarra, rabeca e percussão
*Mariana Zwarg* - flauta em G, flauta em C, flautim, sax tenor e percussão
*Karina Neves* - flauta em C, flautim e percussão
*Carol D'Ávila* - flauta baixo, flauta em C, flautim e sax alto
*Dado* - sax tenor, alto, soprano, flauta, clarinete e clarone.


Abertura da casa: 20h
Apresentação: 21h
Couvert artístico: R$ 15,00



 *TribOz - Centro Cultural Brasil-Austrália
*www.triboz-rio.com
Rua Conde de Lages, 19 - Off-Lapa
Estacionamento rotativo na Rua Conde de Lages, 44 (R$ 5,00)
Informações e reservas: 2210 0366 - 9291 5942

13.12.10

Rogério Caetano reúne amigos da pesada para grande roda de choro nesta segunda no Lapinha



O goianiense Rogério Caetano (foto acima) continua "pintando o sete" na elevada baixaria do seu violão, rapaz virtuose e jovem mestre do seu instrumento. Dele, com satisfação, sou retransmissor de um recado musical da melhor qualidade: nesta segunda, 13 de dezembro, e nas demais segundas deste mês, sempre a partir das 21h30, o amigo Rogerinho comanda uma roda de choro no Lapinha (Av. Mem de Sá, 82 - sobrado - Lapa), muito bem acompanhado pelo bandolim de dez cordas de Luís Barcelos, pelo sopro (sax e flauta) de Eduardo Neves, pelo acordeom de Alessandro Kramer e pelo pandeiro de Marcos Thadeu. No show, além de novas composições nesse antigo e sedutor departamento da MPB, relembram e recriam clássicos, bambas que são, sob a inspiração do momento. Couvert a R$ 12 e telefones para outras informações e reservas: 2507-3414/2507-3435.
     ***
Pós-escrito: nos dois primeiros "links" abaixo, um violão e um bandolim que se tratam por "você', com total intimidade entre suas cordas: respectivamente, Rogério Caetano e Danilo Brito, este um paulistano autodidata ganhador do cobiçado Prêmio Visa, em 2004, aos 19 anos de idade. Tocam "Espinha de Bacalhau", de Severino Araújo, e, em seguida, "Gostosinho", de Jacob do Bandolim. No terceiro "link", "Ternura", de K-Ximbinho, por Rogério Caetano e outro "detentor" de um violão magnífico, Marco Pereira.  

     http://www.youtube.com/watch?v=-Ag65KiY7xk&feature=related
 
     http://www.youtube.com/watch?v=jU9jas-TkXY&feature=related
 
     http://www.youtube.com/watch?v=TT4cDh6GnGg&feature=related

Nilze Carvalho e o que é dela em destaque nesta segunda no Centro Cultural Carioca: talento e alta qualidade em novo CD "para gregos e troianos"





Compondo com o mano Sílvio Carvalho, Camila Costa e Fabiano Salek o conjunto Sururu na Roda, cujo samba, sem dúvida, "é da melhor qualidade", Nilze Carvalho (foto acima) toca também a carreira solo, muito bem conduzida ora pelo bandolim, ora pelo cavaquinho. Iguaçuana criada em Campo Grande, na Zona Oeste da antiga capital federal, onde admirava uns velhinhos que tocavam choro no bar do seu Leleu, Nilze cedo faria luzir a sua estrela de "bambina d´oro" no gênero, gravando, dos seus 11 aos 14 anos, pela CID, uma série cultuada de elepês, "Choro de Menina", responsável por sua primeira aparição na tevê, no programa "Rio Dá Samba", apresentado por João Roberto Kelly. Ainda na adolescência, percorreu vários países, arrebatando argentinos, norte-americanos, espanhóis, franceses, italianos e suíços, entre outros, até fixar-se, por longos anos, no Japão, como legítima representante do melhor da nossa arte musical. Voltando ao Rio, em 1998, para curso superior de música na Uni-Rio, tem desenvolvido intensa atividade musical, especialmente em shows, lançando em 2005, ainda na vertente solo da carreira, um CD de alta cotação na crítica, "Estava Faltando Você", com lindo samba, na faixa-título, composto por Delcio Carvalho e Wilson das Neves. Curiosamente, gerações à parte, a leonina Nilze nasceu num 28 de julho, como o exponencial colega de cordas Luperce Miranda, e, em show desta segunda-feira, 13 de dezembro, às 21h, mostra no Centro Cultural Carioca ("flyer" acima) "O Que é Meu", o seu recentíssimo CD. Oportunidade jamais demasiada para, de novo, constatar a instrumentista fantástica que ela é, que confirmou todos os prognósticos artísticos que se faziam dela, e até indo além, já que também é uma cantora cativante na seara do samba, de agradar ao mesmo tempo a gregos e troianos numa só nota e palhetada.
       ***
Pós-escrito: 1) em outra das fotos acima, Nilze Carvalho ainda pequenina, despontando com o seu bandolim em um dos discos da referida série "Choro de Menina", muito bem acompanhada pelo Época de Ouro e pelo grande, porém esquecido, como tantos, clarinetista Netinho, autor do belo "Chorinho da Tula";
        2) Abaixo, nos "links": 1) Nilze, ao bandolim, toca  o clássico "Barracão", de Luiz Antônio e Oldemar Magalhães, samba guindado ao sucesso, em 1953, pela saudosa cantora Heleninha Costa, dos tempos áureos da Rádio Nacional; 2) no Teatro Paiol, em Curitiba, Nilze lembra Joventino Maciel (um campista criado e crescido em outra cidade fluminense, Rio Bonito) por meio do seu belo choro "Cadência", na companhia do cavaquinhista Julião Boêmio e outros músicos paranaenses; 3) Nilze e João Bosco tocam e cantam "Kid Cavaquinho", deste com Aldir Blanc, em programa da TV Brasil (Rio) apresentado por Diogo Nogueira; 4) entre Elton Medeiros, Nelson Sargento, Monarco, Pedrinho Miranda (ao pandeiro), Teresa Cristina, Bernardo Dantas (ao violão), Esguleba (ao tamborim) e mais alguns, Nilze e seu cavaquinho levam "Corra e Olhe o Céu", de Cartola e Dalmo Castello: 5) ainda ao cavaquinho, ela entoando esta pintura de samba que Dona Ivone lara e Delcio Carvalho fizeram: "Doces Recordações", também regravado por este colosso da nova interpretação do gênero que é a paulistana Fabiana Cozza.    
 
        http://www.youtube.com/watch?v=cj43aQzzsEE&feature=related
 
        http://www.youtube.com/watch?v=GYlmIr9zDYY&NR=1
 
        http://www.youtube.com/watch?v=3kl9OSUoctc&feature=related
 
        http://www.youtube.com/watch?v=SJ-hvp6SmzU&feature=related
 
       http://www.youtube.com/watch?v=W_Ck8jabhDQ&feature=related      

Cine Esquema Novo de novo!


Estão abertas as inscrições para o CineEsquemaNovo de 2011 - o Festival de Cinema de Porto Alegre.
Envie suas criações em arte audiovisual até 17 de janeiro. O edital de seleção para as mostras competitivas está aberto. Uma das novidades da Sétima Edição do CEN é a premiação em dinheiro asos vencedores das mostras competitivas.
Leia o regulamento e preencha a ficha de inscrição no seguinte link: www.cineesquemanovo.org