30.10.08

Vale a pena ler de novo : Ella cantaba boleros


(Não sei se já publiquei ou republiquei esta crônica aqui. Faço isto hoje porque encontrei meu amigo Egeu, um grande designer e pesquisador que está fascinado por Cabrera Infante e de modo especial pela cantante- que encantou o escritor cubano e que a fez viver eternamente num capítulo de um livro seu chamado "Três Tristes Tigres". Conversa vai, conversa vem, emprestei meu exemplar de "Três Tristes Tigres" (traduzido de forma magistral por Stella Leonardos e com capa do genial artista plástico Carlos Clémen) e ele me revelou um achado que permite ao navegante amigo ouvir a voz desta misteriosa mulher. Meu filho, por sua vez, cirurgião e pesquisador e também "cabrerista" de carteirinha me revelou outro que vou botar no fim do texto- um site que trabalha sua biografia)

Hoje quero lembrar do esquecimento, se me permitem brincar com oxímoros.
Esquecer, sem dúvida é muito melhor do que ser esquecido. A história está repleta de cadáveres ilustres que são içados da vala comum dos olvidados como é o caso de Bach.(disso nós trataremos em outra croniqueta)
Por hora vamos nos concentrar em “Freddy”. Seu nome real era Fredesvinda Garcia,vivia como empregada doméstica nas casas da alta classe-média do Vedado. Na ficção de Guillermo Cabrera Infante ela é “La Estrella Rodríguez”, cantora mulata de impressionante massa corporal e vocal. Pertenceu a uma cidade que é matéria de memória do autor de “Havana para um Infante Defunto” que a continua reconstruindo no livro “Três tristes tigres”. Seu tempo é o período que se situa entre a ditadura de Fulgêncio Batista e os primeiros anos da Revolução Cubana. Ela cantava boleros a capela, dispensava a orquestra, era um edifício cantante que circulava em cabarés de segunda e quando conseguiu sair da penumbra não demorou muito sob as luzes do palco junto com uma orquestra que a obrigaram aturar. Dizem que morreu aos 30 anos de indigestão no México ou em San Juan de Porto Rico onde fazia uma turnê. Gravou um único disco que Cabrera diz ser meio “sujo” já que não deixa curtir sua somente sua voz.
Pois bem, no meio de seu livro excepcional, a morte de “La Estrella” é comentada por uma dos personagens que compõe o romance (um dos alter-egos do autor). Ele diz que logo a cantora seria esquecida :- “E queriam despachá-la como carga comum e da companhia de aviação disseram que o ataúde não era carga comum, mas transporte extraordinário e então quiseram metê-la num caixote com gelo seco e trazê-la como se leva lagostas a Miami e seus fiéis servidores protestaram furiosos por esse último ultraje e finalmente a deixaram no México e lá está enterrada. Não sei se este último embrulho é certo ou falso, o que é verdade sim é que está morta e que em breve ninguém se lembrará dela e estava bem viva quando a conheci e agora daquele monstro humano, daquela vitalidade enorme, daquela personalidade única não resta mais do que um esqueleto, igual a centenas, milhares, milhões de esqueletos falsos e verdadeiros que há nesse país povoado de esqueletos que é o México”…e lamenta:-“a única coisa que tenho ódio mortal é o esquecimento” –“Mas nem sequer posso fazer nada, porque a vida continua”. No bolero que leva o nome de Freddy, ela diz com sua voz de veludo:- "Soy una mujer que canta para mitigar las penas de las horas vividas y perdidas".
Pois é a vida continua em todos os fusos horários e o show não pode parar. Como diz diz o locutor esportivo, o tempo passa. Tem gente que quer viver tudo aqui e agora, num gozo despreocupado, sem se importar com nada e mais tarde talvez vá se lembrar , terá um baú de doces recordações, uns vão querer esquecer seu passado, como alguns presidentes da república, outros vão desejar sempre o futuro e seu mistério… Mas quer queiramos ou não o tempo é inapreensível. Escorre pelas mãos como na música pop ou como areia ou evapora feito água no deserto .Tudo retorna ao pó, não o que nos sufoca com sua violência, mas as eternas areias que estão em toda a parte como num livro de Borges, o eterno e infinito labirinto do deserto e no final serão sopradas pelos ventos atômicos… Meu Deus, afastai de mim esse sêo João e seu apocalypse now…
***
O que me trouxe de volta à uma pequena felicidade que me fez reescrever esta croniqueta foi perceber mais tarde que Cabrera Infante apesar de se equivocar a respeito dos "concertos de Branderburgo" que confundiu com “Variações Goldberg”(explico isso em outra hora) e de não citar J.D.Salinger num ensaio sobre a "História do Conto", criou em torno de “La Estrella” uma curiosidade e desta maneira trouxe Fredesvinda García de novo a tona na geléia da memória. Constatei isso na internet, algumas pessoas falavam do livro de Infante e a respeito de “Freddy”. Finalmente descobri o tesouro: existia na Amazon o CD onde está registrada a sua famosa gravação com o nome de “Ella cantaba boleros”. Escutei alguns trechos que são oferecidos como amostras, sua voz realmente era assombrosa. Pedi à minha filha o CD de aniversário,no ano passado, ela tratou de encomendar à Amazon. Como num passe de mágica a internet quase se tornou neste momento “eternete”, bem ao gosto de Cabrera-enfant-terrible . Mas a Amazon não mandou o CD,ou se mandou, se perdeu no correio.Depois de uma longa batalha na qual rolou uma troca de e-mails surrealistas até com o fornecedor da loja virtual que disse que não mandaria nada porque tinha esgotado o prazo, minha filha desistiu, com justissima razão. Fica aqui meu protesto. Mas sou um infante terrible não como Cabrera, mas cabreiro, procurei no sítio da “Modern Sound” na madrugada de sexta-feira para sábado e lá me informaram que existia um único exemplar no estabelecimento. Mal o dia nasceu e eu corri para a loja lá na Barata Ribeiro. O vendedor, gente finíssima, procurou e não achou o disco pelo título “Ella cantaba boleros”(que é o título que consta da Amazon), mas me perguntou pelo nome da cantora. Eu disse : -“FREDDY”. E eis que, como num milagre de Santa Virgen del Cobre ele sacou um CD da prateleira das cantoras latinas. Tinha por título “La Voz del sentimiento” que era o nome original da gravação cubana. Lá estava “ella” acompanhada por la Orquestra de Humberto Suárez cantando todos os boleros. (Ella cantaba boleros é o nome de um dos capítulos recorrentes de Três Tristes Tigres)
Os responsáveis por este brinde que encontrei na "Modern Sound" são franceses do selo Mélodie. Esse pessoal genial teve a sensibilidade de graver essa raridade. Vive la France! Viva Cabrera Infante! Viva Cuba! Viva Freddy! Passei o final de semana inteiro ouvindo Freddy, Fredesvinda, semprebemvindagarciagracias.
Nota do Editor: O site onde você pode ouvir o único trabalho registrado por Fredesvinda é http://archivodeconnie.annaillustration.com/?p=205 . Nele além dessa preciosidade, tem muitos depoimentos de gente que a viu ou está interessado nela. O site também tem muitas informações visuais e textos que lembram Cuba dos anos 60 e 70. Há um outro escrito em francês , onde pode conferir sua biografia e fotos dela - coisa rara. Seu endereço é:http://www.montunocubano.com/Tumbao/biographies/freddy%20garcia.htm

Mais um brinde - Uma Charge de João Zero - "Bolsa ou Sacola"


Nota do Editor: Esta é uma das charges mais geniais que vi sobre a crise.

Iacyr Anderson de Freitas completa sua trilogia poética


Jorge Sanglard fez uma matéria sobre a obra de um dos dos poetas mais importantes do final do nosso século XX e do começo desse conturbado século XXI. Leia no site interessantíssimo chamado Cronópios.

Ilustração - Olho, sangue e orelha

29.10.08

Humilhados e ofendidos


Um dia entendi perfeitamente o significado do título do romance de Fiódor Dostoiévski : "Humilhados e Ofendidos".
Foi num Natal, na metade dos anos 90, tinha ido para Sampa ver meus pais que moravam na zona norte da cidade. Acabara de chegar da casa de uns amigos das épocas heróicas da Escola de Sociologia e Política. O ponto final do metrô, naquela época era a Estação Santana, que tinha, como tem ainda hoje, um grande terminal de ônibus . Entrei na fila de um deles, o que passava perto da casa dos meus velhos. Era a hora do "rush", que em São Paulo é um "Deus nos acuda" - gente saindo pelo ladrão - um movimento frenético de pessoas e uma imoblidade monumental dos automóveis - buzinas, suspiros de irritação, olhares de ódio. Então aconteceu um fato que até hoje não sai da minha cabeça. Um carro se aproximou da fila- era um daqueles jeeps turbinados do tipo Cherokee, o sinal estava aberto para ele, mas o motorista encostou na calçada bem devagarinho, foi quando um rapaz botou a cabeça de fora e gritou : - SEUS POBRES!!!!
Aí o carro arrancou e saiu numa velocidade danada, cantando pneus, não dando para ouvir o riso sádico do playboy.
Esse fato demonstrou de maneira cabal, rasteira, uma coisa que eu já intuia. Ser pobre no Brasil é um insulto. Na verdade, aquele "pobre de espírito" estava reproduzindo no seu xingamento algo que está gravado com letras de fogo na alma da sociedade brasileira, e principalmente na carcaça do homem simples: ser pobre é uma ofensa. Pior, é ser objeto de uma ofensa. E pobre, na cabeça daquela criatura monstruosa do Natal dos anos 90 significava estar numa fila de ônibus - não estar num automóvel , não ser motorizado. Na verdade, ser pobre deveria ser uma ofensa dirigida ao coração e às mentes da sociedade. Medida perversa e cruel da desigualdade desse corpo social . Foi uma aula prática de sociologia - um conceito se cristalizou ali, se esparramou no asfalto, evaporou, grudou nos pilares do terminal rodoviário.
O pessoal da fila, não teve consideração com a infeliz da mãe daquele rapaz -, seu nome foi parar na zona de tolerância e nas proximidades do inferno. A massa se ofendeu para valer. Ainda hoje considero que uma força divina salvou a pele daquele imbecil que proferiu a frase desgraciosa. E se o motor pifa alí? E se o sinal fecha, e o automóvel fica preso, ao alcance das garras daquelas pessoas profundamente tocadas pelo insulto? Pelo que sei do comportamento da massa, pelos estudos de Canetti (em Massa e Poder) e por experiências pessoais - creio que o "mané" não comemoraria o Natal daquele ano "inteiro". Deve existir um santo, ou no mínimo um anjo da guarda que protege os estúpidos.

Ilustração - Carrão e pobrinhos

28.10.08

Luiz Ruffato lança livro hoje no Rio


O escritor Luiz Ruffato vai estar hoje na Livraria Da Conde, no Rio, onde autografa o quarto volume da série “Inferno provisório” intitulado “O livro das impossibilidades". O endereço da livraria é Rua Conde Bernadotte, 26 - loja 125 - Leblon
O jornalista Jorge Sanglard já fez resenha deste livro, a qual foi publicada neste blogue (consulte os arquivos). Todos lá!

Ilustração - Canudo do Astrônomo

27.10.08

Marx revisitado - visão de Hobsbawn


Recomendo leitura urgente de artigo do Professor Marco Aurélio Nogueira sobre a revisão de Marx sob o título "Marx, Hobsbawm e o capitalismo", no blog http://marcoanogueira.blogspot.com/
Neste artigo tem um link para uma entrevista de Hobsbawn a Roberto Musso, republicada na Revista Carta Maior.
Só duas frases desta entrevista do historiador inglês para aumentar o apetite da moçada:"Nenhum marxista poderia acreditar que, como argumentaram os ideólogos neoliberais em 1989, o capitalismo liberal havia triunfado para sempre, que a história tinha chegado ao fim ou que qualquer sistema de relações humanas possa ser definitivo para todo o sempre".

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"Por outro lado, Marx não regressará à esquerda até que a tendência atual entre os ativistas radicais de converter o anti-capitalismo em anti-globalização seja abandonada. A globalização existe e, salvo um colapso da sociedade humana, é irreversível. Marx reconheceu isso como um fato e, como um internacionalista, deu as boas vindas, teoricamente. O que ele criticou e o que nós devemos criticar é o tipo de globalização produzida pelo capitalismo".

(entrevista de Eric Hobsbawn a Roberto Musso, publicado originalmente na revista SinPermiso e republicado na revista Carta Maior - Tradução para Carta Maior (espanhol-português): Marco Aurélio Weissheimer)

Revista da OAB saiu do forno agora


Chegou a “Revista OAB-MG 4ª Subseção” com texto inédito no Brasil do filósofo Paul Ricoeur sobre ética, moral e política.
A revista faz um balanço dos 20 anos da Constituição de 1988 e o acesso à Justiça. Traz também homenagens a Affonso Romano de Sant’Ana e aos ex-presidentes da Ordem em Juiz de Fora prestadas no Dia do Advogado.
E mais, conta com um texto batuta que republicamos aqui neste blog, escrito por Jacob Pinheiro Goldberg sobre o recente filme sobre “Batman".
(Capa do artista Jorge Arbach)

Mais um brinde - Um cartum de João Zero - "Investimento"


(Clique na imagem para ampliar e ler melhor a legenda)

Show do Rui foi o fino!


Meu amigo Rui de Carvalho fez um show muito bacana no Centro Municipal de Referência da Música Carioca no sábado passado.
Rui cantou músicas de João Nogueira, Noel Rosa e João Gilberto.
Aqui estão as fotos do evento. Quando é que vai ser o próximo show?
Para ter uma idéia do som do cara, visite o sítio dele: www.myspace.com/ruidecarvalho
Mais detalhes deste show inesquecível no site do Cadhu , que fez uma reportagem. O endereço é http://www.cadhucardoso.com/

Dica do Gerdal: Imperial nas Livrarias - na terça


Compondo com Ataulfo Alves um dos maiores sucessos da cantora Clara Nunes, "Você Passa, Eu Acho Graça", numa das mais inusitadas parcerias da MPB, o controvertido Carlos Imperial tem sua biografia, cheia de peripécias, lançada em livro escrito pelo amigo gente-fina Denílson Monteiro, que há pouco auxiliou Nélson Motta em outro livro do gênero sobre o também controvertido Tim Maia. Ainda como extra, no comecinho da carreira, por sua disposição de participar de qualquer tipo de cena, Imperial, na Atlântida, chamou a atenção do diretor Watson Macedo, que o dirigiu na chanchada "O Petróleo É Nosso", em 1954, e viu nele uma espécie de "topa-tudo". E de certo modo tal expressão caracterizaria o percurso desse gordo capixaba, "viciado em mulheres e Coca-Cola", no sentido da atuação multimídia, não raro causando sensação por onde passava com jogadas de efeito bem articuladas. Quer se goste dele ou não, Imperial era, de fato, um cara muito inteligente, bom de sacadas, que está na origem de muitas carreiras de cantores de sucesso, produzindo discos, shows ou apresentando programas na tevê. Ainda adolescente, lá em casa, numa vila em Botafogo, lembro-me de vê-lo por duas vezes conversando com o meu pai sobre a sonoplastia de um filme que ele produzira, com direção de Braz Chediak, a paródia "Banana Mecânica". Chamou-me a atenção, em ambas as ocasiões, o apego dele a uma cadela vira-lata, Fresca, da qual estava freqüentemente acompanhado e que, certa vez, motivou um tumulto na porta de um cinema, pois ele insistia em entrar com ela numa "avant-première". "Falem mal, mas falem de mim" era um dos seus lemas, o de um tipo que sabia atrair para si a vaia autopromocional, que sempre dava pano pra manga na imprensa - ele mesmo colunista do "Ultima Hora", com suas famosas "lebres", por muito tempo -, um marqueteiro nato. Uma curiosa e poliédrica figura de comunicação, de vários admiradores e desafetos, também lembrado pela irreverência de um histórico "cartão de Natal". Alguém cuja trajetória Denílson, com o seu livro, ajudará a compreender, assim como, por extensão, uma outra fisionomia sociocultural e artística de um "republicano" Rio de Janeiro nesses "idos imperiais".
O lançamento de "Dez! Nota Dez!" ocorrerá nesta terça-feira, 28 de outubro, a partir das 19h, na Saraiva Megastore - terceiro andar do Shopping Rio Sul, em Botafogo ("flyer" acima). Um bom dia a todos.

Ilustração - Pombos e Martelo

26.10.08

Meu time ganhou na Inglaterra



Pois é, como agora só assisto o Campeonato Inglês para não me aborrecer - hoje me alegrei com meu time da grande Albion , o Liverpool, eleito por mim por ser da cidade dos Beatles. Não foi uma vitória qualquer. Vencemos o time do Felipão, (técnico que gosto, com algumas restrições). O Chelsea estava muito marrento, já contando com a consagração de Cristiano Ronaldo, e lá veio o Liverpool, com seu submarino amarelo, afundou o Chelsea e assumiu a primeiro posição no pódio. We all live in a yellow submarine
Yellow submarine, yellow submarine....glub glub glub

Ilustração - Aquarela marinha

25.10.08

Salve o Corinthians!


Quero saudar aqui a volta do "timão". A primeira divisão está carente da sua torcida vibrante, a "fiel" que não o abandona.
Apesar de torcer para o Palmeiras, time de meu pai (que ultimamente só me dá tristeza e provoca uma irritação danada) e também engrossar as fileiras botafoguenses da magnífica estrela solitária - eu tenho apreço pelo futebol, e convenhamos, sem os grandes times, como o Corinthians, o campeonato fica sem graça.
Que nossas diferenças fiquem no campo, nos pés dos jogadores, e cada torcida faça o que tem que fazer para ficar mais bonita, mais vistosa e com seus cantos e hinos alegre os estádios do Brasil.
Antes que pensem que quero me eleger para alguma coisa, quero afiançar que não sou candidato a nenhum posto na esfera municipal, nem tampouco na estadual ou na federal. É preciso que se proteja o futebol brasileiro. Um capitalismo predatório está levando para longe de nós os nossos craques. Que ele se torne de novo o melhor futebol do mundo.

Minha vizinha chavista tasca o olho na eleição americana


Desta vez fui eu quem foi cutucar a cobra com
vara curta.

O pressentimento

Levantei com um pressentimento de que algo ruim iria ocorrer no mundo. Não, não pensei na crise financeira - ela já está a todo vapor derrubando bolsas, encarecendo
certas coisas, desvalorizando outras- o estrago já está feito. O ministro Meirelles pediu para parar de fazer piadas, que a coisa é séria. A coisa é séria faz muito tempo e se os Estados não fizeram leis para conter a jogatina, é de se perguntar, quem estava fazendo piada antes do caos.

Na verdade o que me afligia era algo relacionado à confiança, à esperança do povo desse planeta tomar um pouco de vergonha na cara. Então fui até a pracinha do dominó (dominada pelos velhinhos brizolistas) onde minha vizinha chavista tem uma certa liderança . Ela tem carisma , muitas opiniões formadas e nem imagino onde caça essas sentenças que espalha em seus julgamentos radicais.

Fui lá perguntar ao conselho da Praça se vai dar Obama ou MacCain.

Visión Chavista

Ela partiu para o ataque: - "Você sabia que bastou a Hillary ( ela sempre chama as celebridades pelo primeiro nome, na maior intimidade) sair fora da competição que a coisa está feia para os machos, tanto para o democrata como para o republicano. Eles querem pegar o voto das mulheres. O Sanduíche (é assim que ela chama MacCain) logo botou aquela morena do barulho da Palin do lado dele, é da direitona mas é mulher. Já o Obama é simpaticão, tem boa figura e tenta seduzir a mulherada ao som de Marvin Gaye. Você sabia que hoje o eleitorado feminino é maior que o masculino na terra de Malboro? Elas vão ser decisivas nesse pleito".
-Quer dizer que precisa ter "pleito"? (tentei brincar)
-"Pleito" e alguns atributos a mais." ( disse ela, de forma cortante, bem ao seu estilo navalha na carne)
E aí começou um discurso que eu acompanhei embaixo de um sol de derreter estádios de futebol:
-"Não quero jogar água fria no entusiasmo daqueles que admiram Obama e acreditam que ele será eleito o presidente dos Estados Unidos da América."
Ela disse e me deixou de queixo caído.
Continuou:- "O mundo de vez em quando sonha com o melhor e sua atmosfera se torna mais respirável. Embora ele tenha desancado o Chávez, eu também torço por Obama. Mas, me pergunto se agora é a hora dele mesmo. A situação é delicada e complexa em demasia, e o cenário comporta várias questões não resolvidas e novos problemas que surgindo a toda hora".

Obama & a mudança

Aí eu disse: - É mesmo, a eleição de Obama seria , de fato, um marco memorável, uma mudança radical no Império - na visão de alguns humoristas, talvez comparável à escolha de um cristão para governar Roma de Julio César. Não se pode esquecer que o cristanianismo se impôs a partir das bases vindas do sistema escravista na época de decandência de Roma. Pode-se dizer o mesmo dos Estados Unidos?
Ela respondeu: -"Olha, meu filho, existe gente que aposta que sim, principalmente tendo em vista o espetáculo da crise financeira global que explodiu a partir do coração do capital. Esta é uma visão míope do problema que tem como apoio um visível desgaste da (má) administração dos republicanos. Até o Greespan andou batendo no peito num "mea culpa" meio atrasado nesta semana. A questão é mais complexa. Não cabe aqui na pracinha, uma análise de como se estruturou a bolha que explodiu no "banco imobiliário" americano e contaminou o sistema financeiro global. Este último, um cassino sem regras, um mercado que agora, como um menino levado que quebrou a vidraça se socorre no seio do papai Estado, um velho sempre criticado como um invasor, um obstáculo à realização dos seus negócios libidinais".
Ela confessou: - "Não tenho competência em matéria de conhecimento de economia para embromar você quanto à profundiade e natureza dessa crise. Arrisco aqui um palpite em matéria de política, uma intuição , uma hipótese sem muita base, mas acho que você vai me dar razão.
O mundo se transformaria num lugar melhor com a eleição de um negro hoje nos EUA. Seria uma demonstração civilizatória - uma espetacular aceitação da igualdade.
Porém todos os analistas políticos, que em geral falham, devem ter um fator x que colocam ao lado das estatísticas, que de acordo com as últimas pesquisas dão alguns pontos de vantagem ao candidato democrata. O tal fator x , a incógnita tem um nome - chama-se racismo - que não se pode negar, é uma característica básica na formação da sociedade norte-americana - legado da escravidão- uma chaga viva ainda hoje, apesar de um grande avanço no que diz respeito aos direitos civis".

Sociologia de botequim

Aí eu entrei com minha sapiência de sociologia de botequim:- Outro componente da equação, não mais como incógnita, é o tamanho do que se chama de América profunda, território do conservadorismo. Acredito que essas pesquisas otimistas que dão vantagem a Obama, pegam bem a superfície - não sei se abragem além do eleitorado citadino, com certa escolaridade, ou atingem os guetos. Uma série de dúvidas estão nos encaixes desta equação. Existe afinal um americano médio? Para onde irão os votos dos hispânicos que como se sabe não se aliam totalmente aos negros. Sabe-se que é uma coisa complicada transferir votos. Será que os votos de Hillary Clinton irão direto para Obama? E não podemos esquecer o maledetto colégio eleitoral, o mesmo que elegeu Bush, mesmo com o democrata ganhando no voto popular.
A questão é :-Existiria uma gradação no racismo? Creio que sim, desde o que quer simplesmente a eliminação dos negros, passando por sua mera não aceitação não violenta, até aqueles que delimitam uma área de atuação onde o negro é tolerado. Tem que se considerar também o que se chama de racismo disfarçado- ou seja: da boca para fora o sujeito aceita o diferente, mas na hora H, no conforto do momento secreto o sujeito expressa sua convição profunda contrária a ele. Tem que se considerar que o racismo não é apenas um sentimento, trata-se de uma cultura que tem fundas raízes no passado. Não faz muito tempo que Rosa Parks - uma corajosa costureira negra nascida no Alabama não cedeu seu lugar a um branco num ônibus "segregado". Isso foi no final do ano de 1955. Fazendo as contas são mais ou menos 53 anos que este fato ocorreu. É um eleitor adulto de meia idade que só soube do acontecido mais ou menos aos 18 anos, se é que soube, há 35 anos atrás.

O homem que veio cedo demais

Ela cortou:-" Talvez Obama tenha aparecido cedo demais na cena americana. Como disse o pastor Martin Luther King, ele teve um sonho, vamos torcer para que a distância do sonho para a realidade tenha diminuido nos últimos 50 anos. A crise aparentemente o ajuda, porém pode acontecer o contrário - o temor de uma mudança tão radical diante de um momento crítico pode levar o eleitorado a votar de forma conservadora. Por que vou votar num programa que não conheço? Não seria melhor apostar naquele que está mais inteirado dos males de sua administração?"
Esta é uma eleição de perdas e ganhos consideráveis. De qualquer forma, caso seja eleito, Obama terá desencadeado um processo, uma luta mesmo, de proporções ainda não calculadas. Não será nada fácil trabalhar com uma oposição ferrenha. Ele nem vai lembrar do Chávez, he he he..."


E se MacCain vencer?


Eu aproveitei e botei água na fervura: A hipótese de dar MacCain, é evidente que desencantará o mundo , mas não seria estranho a ele( digo ao mundo). Um mundo brutal, no qual campeou o neoliberalismo excluindo grandes parcelas da população mundial de participacão nos ganhos econômicos e provocando graves problemas sociais, Cabe também perguntar se ele- filiado ao um partido tão míope e troglodita em matéria de política externa (chefiado pelos chamados falcões) e minado por estranhas relações com grandes corporações (e o já bastante denuncidado complexo industrial militar), estaria preparado para enfrentar a pior crise do sistema capitalista que só mostrou a ponta do Iceberg. E além disso, como ele irá readquirir a confiança que hoje está em baixa na socidade americana?

O sonho americano

Ela emendou: -"Nunca se esteve tão longe do sonho americano. O futuro nunca foi tão incerto. Bota isso no seu "grogue" (ela não consegue dizer blogue e nem está interessanda nisso)
Os velhinhos brizolistas que até então permanciam calados como diante de um altar de igreja de interior, aplaudiram de pé.
Sai da pracinha mais confuso do que cheguei, com a sensação de que estou concordando muito com ela e estamos sempre no poço do óbvio ululante. Minha mulher me disse que ela está fazendo a minha cabeça. Será?

Ilustração - Aquarela de janela

24.10.08

Mais um brinde - Um cartum de João Zero - "Delinqüente"

Show do Rui no Globo


Meu amigo Rui de Carvalho vai fazer um show imperdível no Centro Municipal de Referência da Música Carioca, dia 25 de outubro - sábado às 17 horas. É na Conde de Bonfim, 824 - Tijuca
Rui vai cantar João Nogueira, Noel Rosa e João Gilberto.
O Globo-Tijuca mui justamente estampou a boa nova em suas páginas.
Vamos nessa, todos lá!
Para ter uma idéia do som do cara, visite o sítio dele: www.myspace.com/ruidecarvalho

Ilustração - Colagem - Olhares

23.10.08

Casa a um dólar - e é verdade!


Hoje, no Jornal Nacional, foi apresentada uma reportagem feita nos EUA, em que uma casa foi anunciada para venda, pelo preço de um dólar. Isso mesmo: 1U$!
É para se perguntar, se existem condições para a ciência econômica.
Como ela é possível num mundo tão desagregado, em que o valor escapa a cada mirada?
O repórter disse que ao Banco , interessava muito mais a venda por um preço de banana, do que manter a casa, pagar os impostos dela, etc. Nunca vi coisa igual, nem a literatura mais surreal daria conta de tal fenômeno.
Hoje , tenho uma ligeira idéia do que foi a inflação na época da República de Weimar. Lendo as memórias de Elias Canetti, a gente tem um depoimento de alguém que viveu naquela época, mesmo assim, sem sofrer o golpe na carne. A inflação alemã, que proporcionou a derrocada da República de Weimar (fundada por uma das constituições mais liberais do mundo) e foi uma das causas da ascenção dos nazistas ao poder, foi inacreditável- recebia-se o salário e em questão de horas ela não valia nada. Conta-se que em Berlim, alguém achou um cesto cheio de dinheiro- não dava nem para comprar um maço de cigarros. Mas, casa a um dólar, revela que algo vai muito mal no mundo.

Batman & Coringa: A dupla face de Janus


(Este artigo de Jacob Pinheiro Goldberg (*) foi publicado originalmente na Revista OAB-MG - 4ª Subseção - Set / Out 2008 e reproduzida no site www.cronopios.com.br/site/artigos.asp?id=3595)

>N
o livro “Psicologia em curta-metragem” criei um enredo através do qual o cinema deita no divã e, por sua vez, o divã se projeta na tela. Este “mix” de sociodrama e psicodrama permite ao leitor (e a mim) a liberdade artística e de leitura que mergulha na subjetividade de observador e observado.

Batman – O cavaleiro das trevas” é um rico acervo para a discussão de como o poder midiático, encarnado em Hollywood, manobra, meio que a deriva, o psiquismo da sociedade e interpenetra na cultura, pretendendo ditar regras, leis, normas e condutas a um mundo que enxerga caótico e que se vê, de outro lado, preso na paranóia, gingando entre os perigos reais e o fantasmático, tudo em vertiginosas transformações, muito mais de formas do que conteúdos, do eterno dilema: o significado do Bem e o Mal, na vida efêmera.

Dito assim, classicamente, abrimos as cortinas e o espetáculo se inicia.

Psicólogo: - Boa tarde Cristopher Nolan!

Cristopher Nolan: Doutor não consigo dormir desde que sinto não ter caracterizado o êxito de Harvey Dent, com quem me identifico, eis que a tese central do meu filme é retirar a luta épica da fabulação e, no concreto, assegurar o código de valores no campo do possível e, romanticamente, com Rachel Dawes o casal emblemático. Gotham City, como você sabe, é a preliminar de Nova York, o microcosmo e a capital do mundo, portanto tudo acontece na instância cósmica. Aqui, nesta sala, devo lhe confessar meu ódio e desespero pelo Coringa, esta figura abjeta que não consigo trabalhar com isenção estética, mesmo porque, para mim, o anarquismo é a filosofia do Mal. Qualquer desordem me remete à perversidade e, por isto, precisa ser condenada, punida.

Psicólogo: – Mas Cristopher sua obra não admite ambivalência de interpretações, uma certa relativização de Ética?

Cristopher Nolan
: - Concessão, doutor, para seduzir a opinião pública.

Psicólogo: – Devo ouvir, agora, o Coringa.

Heath Ledger: – Minha morte é a “Piada Mortal”, de Alan Moore. Nela, o Coringa conseguiu a internalização maldita de Batman. Se pretendi, na minha vida e numa visão de trabalho, provocar uma reflexão sobre o idealismo da bandeira negra da anarquia, Kropotkin, Bakunine, acabei introjetando o senso de culpa desta civilização decadente e hipócrita em que polícia, justiça, as instituições são erguidas contra a liberdade pessoal, o desejo lúdico de inspirar a satisfação e o prazer. O pastor “cowboy” homossexual era a explosão da rigidez puritana em “O segredo de Brokeback Mountain”. Doutor, a heresia máxima democrática é o revelado, e este é tão complexo que Batman não pode domesticar.

Psicólogo: – Christian Bale ou Batman?

Batman: – Desde o início, deixei de lado o corpóreo. A vingança da morte dos meus pais tem uma definição e nitidez do heróico e o prosaico só pode perturbar, como, freqüentemente, acontece. O Coringa, por tudo isto e muito mais escrito na noite dos tempos, tem seu destino traçado. A reparação se faz pela morte, e com todas as nuances e sutilezas. É isto que importa, o resultado terminal, o triunfo do Bem.

Psicólogo: – Assim, com esta segurança inabalável?

Batman: – Simples, assim.

Psicólogo: – Ficaria melhor, ironicamente, no idioma do Império reducionista como o Google. Cinzento, Batman, não?

Batman: – Não doutor. Branco ou preto.

Neste dia, fechei o consultório com “mauvaise conscience”. Até onde ouví-los e permitir a catarse, até onde filmá-los, até onde emprestar som e fúria retira as algemas e abre as portas da Caverna?

Talvez, sonhar seja atravessar as águas em tumulto, com a vela acesa.

(*)Jacob Pinheiro Goldberg nasceu em Juiz de Fora e reside em São Paulo. É psicanalista, doutor em psicologia, advogado e escritor. Entre outros livros, publicados no Brasil e no exterior, se destacam “Psicologia em Curta-metragem”, “Psicologia da Agressividade” e “Magia Wignania”. E-mail: jacobpgoldberg@yahoo.com.br
(A ilustração acima foi produzida pelo blogueiro que vos fala especialmente para este artigo)

Dica do Gerdal: Bossa jazz trio- sound modern in Copacabana


Natural de Juiz de Fora, fã de Bill Evans, o pianista, compositor e arranjador Alberto Chimelli é atração de todas as quintas, das 17h às 21h, ao lado do saxofonista e flautista Mauro Senise e do baixista Paulo Russo, em agradáveis tardes-noites da Modern Sound - Rua Barata Ribeiro, 502-D - tel.: 2548-5005 - entrada franca. Eles compõem o Bossa Jazz Trio, cujo repertório, a que não faltam "standards" nacionais e estrangeiros, como não poderia deixar de ser, recebe um tratamento de primeira dessas "feras", com solos e improvisos envolventes. Alberto Chimelli, figura de ampla simpatia, é um músico muito conceituado na praça, bastante experiente, que, além de estrelas de primeira grandeza da nossa canção popular, já acompanhou artistas de nomeada internacional, como Lucho Gatica, Pat Metheny, Shirley Horn, Joe Pizzarelli e Sadao Watanabe. Na década passada, participou da direção musical da série Grandes Intérpretes, do Projeto Brahma Extra - O Som do Meio-Dia, especialmente de um show por esse projeto realizado no Teatro Municipal do Rio, e, tocando com Luizão Maia, Maurício Einhorn e Nivaldo Ornellas, recebeu calorosos aplausos da platéia em três edições do Free Jazz Festival. Dele recomendo ainda uma visita ao seu "myspace" e os CDs Piano-Bar I e II - tenho o segundo, de cujas faixas, além da belíssima e "desestressante" Ipanema, do próprio Chimelli, participam temas dos anos 50 e 60, hoje pouco lembrados, como "Bronzes e Cristais", de Nazareno de Brito e Alcyr Pires Vermelho", "Samba da Pergunta", de Marcos Vasconcellos e Carlos Aberto Pingarilho", "The Dolphin", de Luizinho Eça, e "Manias", dos irmãos Flávio e Celso Cavalcanti. Um CD suave, de harmonia delicada, fluência impressionista, bom de ouvir, sobretudo, "in the still of the night", nas chamadas horas mortas, mas ainda cheias de vida interior para o ouvinte, em particular o portador daquela indesejável dor-de-cotovelo. "Medicine for the soul", como observaria outro grande músico, o baixista carioca Jimmy Santa Cruz, que há pouco gravou um ótimo CD com esse título em inglês. Música pelo prazer da música.

Quando quero me irritar


Toda vez que quero me irritar assisto a um jogo do Palmeiras ou do Botafogo.
Ontem foi um dia desses, vi uma partida do "verdão" no Palestra Itália, pela TV, numa transmissão da Band.
O time parecia que não queria jogar. Faz tempo que ele repete esse script. Está certo que foi garfado pelo juiz colombiano, que nem quero dizer o nome - é melhor esquecê-lo. Foram dois lances claros de tunga - um gol em que a bola bateu na trave e entrou e ele anulou, e um pênalti com paradinha, que ele mandou voltar e deu um cartão amarelo para o jogador que bateu. Na volta o goleiro se adiantou muito e acabou defendendo a cobrança. O certo seria voltar e mandar bater outra vez. O batedor também agiu mal, pois olhava para o chão quando chutou ,(como bem observou o comentarista Neto da Band) mas houve um garfo nítido.
Voltemos ao desempenho do "porco", o time, alguém disse (acho que foi o Marcos) parecia que estava se conhecendo alí, naquela hora , nunca tinha treinado junto. Vanderlei Luxemburgo, por sua vez, parece perdido dentro daquele terno, e pior, fala palavrões cabeludos o tempo todo, xinga o jogador, o técnico do outro time, a torcida. Há uma contradição entre o terno, a boca e os gestos. Creio que sua imensa vaidade o está atrapalhando. Desta maneira não chegará nunca à seleção brasileira de novo.
Não quero mais me irritar.
Acho que vou passar a ver o campeonato inglês?

22.10.08

Pré lançamento do livro "Guia de Economia Solidária" no Rio


Se é que se pode falar assim, vai rolar um pré-lançamento, aqui no Rio, do livro Guia de Economia Solidária - ou porque não organizar cooperativas para populações carentes de Bárbara Heliodora França, Érica Barbosa, Rafaelle Castro e Rodrigo Santos.
O "pré" vai rolar nos dias 23 e 24 outubro num stand do Festival de Tecnologias Sociais e Economia Solidária do SOLTEC-UFRJ - O programa do festival é interessantíssimo/ mais informações sobre o evento no site www.soltecfestival.poli.ufrj.br
O Festival acontece no Centro de Tecnologia do Fundão, Hall do Bloco A, de 9:00 às 17:00.
Todos lá!

Dica do Gerdal: Folia de 3 em Copacabana


Muito bom, bonito e de graça, o show do Folia de Três em Copacabana. Três gogós femininos bem entrosados e reunidos para, mais uma vez, no palco, revelar um trabalho de produção acertada, que prima pelo bom gosto, também nos arranjos vocais. Marianna Leporace, Cacala Carvalho e Eliane Tassis homenageiam o tijucano Ivan Lins, um dos mais bem sucedidos compositores da sua geração, especialmente na duradoura e expressiva parceria com Vítor Martins, paulista de Ituverava. Homenagem, aliás, que tem extensão num ótimo CD do conjunto, gravado com a mesma eficiência e cuidado.
FOLIA DE 3 no show Pessoa Rara Uma homenagem a Ivan Lins
Marianna Leporace, Cacala Carvalho, Ivan Lins e Eliane Tassis
23/10 (quinta feira) às 18:30h
IBEU Copacabana - Avenida Nossa Senhora de Copacabana, 690/11º andar
ENTRADA FRANCA
Teclado - JOÃO BRAGA
(foto Ana Paula Oliveira)

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Ilustração - Bagdá, bombas e futebol

19.10.08

Futsal, pré sal ...o Brasil é campeão do sal!


O nome do jogo é Franklin, o goleraço que pegou dois pênaltis e impediu que o caneco fosse para a península ibérica. Brasil jogou abaixo do que se esperava dele. Juca Kfouri tem razão, Falcão não devia chorar na hora H. Saiu machucado, mas tinha que incentivar o time. Olhando mucho para su umbigo el niño Falcón. Después foi perturbar a espanholada. Calla te!
Então parabéns para esse time, que com algumas falhas, conseguiu parar o time espanhol. Observe-se que essa seleção espanhola foi ajudada pelo juiz cubano (acho que era cubano) que decidiu , não sei como, contra o relógio e validou aquele gol depois de terminada a partida contra a Itália. Dizem as más línguas que os jogadores do selecionado italiano eram brasileiros. Não é bem assim, são ítalo-brasileiros, possuem dupla cidadania e tem o direito de jogar pela Itália. Patriotada não adianta, o que adianta é ganhar na quadra e isso o time brasileiro fez. Beleza, vamos para o próximo campeonato. Viva o Brasil, viva a Espanha e viva a Itália! Fizeram um grande campeonato.

Ilustração - Tele-guiado

18.10.08

Sampa lança livro sobre Consumo de Moda


Clique na imagem para ampliar e ler melhor.

Parabéns HQ!


A HQMIX Livraria convida para a festa de seu primeiro aniversário
de 20 a 26 de outubro / Vão rolar descontos em muitas publicações nacionais e estrangeiras durante os dias do evento. Entrada gratuita.
No dia 20 - segunda- feira vai rolar uma Jam Session Segunda Temporada:
Com a história “O Crime do Teishouko Preto”, uma história em quadrinhos coletiva e sem fim; no ponto em que um artista termina o outro continua e assim por diante, sempre mantendo as características pessoais de cada artista, mas integrada a uma produção coletiva. Cada página será desenvolvida por um artista gráfico diferente, com seu estilo e sua técnica.
DAS 10:00 ÀS 24:00
COM OS ARTISTAS: KAKO,GUTO CAMARGO, HIRO, MONTALVO, DANIEL BUENO, FERNANDO MENA, JOÃO PINHEIRO, RAFAEL CALÇA, SAM HART, HA1000TON, PAULO FEDERAL, DANIEL CABALLERO, SANDRO CASTELLI, SUELI MENDES e CATANI

Às 20 horas começa a primeira Jornada da Poesia em São Paulo / Vai rolar um sarau com destaque para as obras dos autores presentes ao evento.
POETAS CONFIRMADOS:ANSELMO PICARDI, CASTELO HANSEN, EUFRADISIO MODESTO, DANIEL MARANHÃO,JOEL OLIVEIRA, JÚLIO BITTAR, GÜNTHER KRÄHENBÜHL, GUILHERME KRÄHENBÜHL, IBRAIM CURY, WILSON DE OLIVEIRA JASA e CATIA

Ilustração - Colagem

17.10.08

Mais um brinde - Um cartum de João Zero

Mais um brinde - Um cartum de João Zero - Humor na rua

Dica do Gerdal :Sala Baden Powell exibe música de primeiríssima hoje!


De elevado conceito no panorama instrumental nacional e até mesmo internacional, Gilson Peranzzetta e Mauro Senise, que têm atuado juntos há bastante tempo, desta vez retornam a um palco carioca, o da Sala Baden Powell ("flyer" acima), hoje, 17 de outubro, para mostrar as composições de um médico - a exemplo de Joubert de Carvalho e Alberto Ribeiro no passado - que também é compositor, o ortopedista Euler Vidigal. Elas estão reunidas no CD "Claras Noites", com sete faixas tocadas e sete cantadas, todas com a mestria dos arranjos de Gílson, que sabe aliar classe e simplicidade como ninguém no que faz. Na parte cantada do disco, uma das vozes mais expressivas e atraentes da nossa discografia: Zé Luiz Mazziotti, também compositor sensível, como já provou na belíssima "Bastante", com letra de Sergio Natureza. Para a satisfação do ouvinte da nossa boa música popular, Zé Luiz, que começou a carreira em meados dos anos 60, está de volta ao Brasil há algum tempo, após permanência de muitos anos na França. Nasceu numa cidade do interior paulista, Rio Claro, onde também nasceram simplesmente Dalva de Oliveira e Dom Salvador, outro excelente pianista e arranjador. Chão musicalmente abençoado esse.

Charge - Belisca o bandido!

16.10.08

Dica do Gerdal: Banana Mix hoje na Lona Cultural João Bosco


Do amigo pianista Luís Antonio Gomes recebo o "flyer",acima, do conjunto Banana Mix sobre apresentação, nesta quinta, 16 de outubro, a partir das 19h, na Lona Cultural João Bosco, em Vista Alegre. Como atração especial, o grande baixista Arthur Maia.

Dica do Gerdal: João Roberto Kelly hoje em Botafogo


Embora consagrado como compositor de marchas de carnaval - "o último dos moicanos no gênero", como diria o jornalista Zuza Homem de Mello -, João Roberto Kelly tem, no entanto, um outro lado da sua atuação musical que a imprensa atual, em grande parte, parece desconhecer. Aquele lado do pianista que, ainda nos anos 60, seria também conhecido como cultor do samba de balanço - expoente no ramo como Ed Lincoln, Orlandivo, Luiz Bandeira e Jadir de Castro, entre os criadores, e Miltinho e Dóris Monteiro, entre os intérpretes -, além do bom samba tradicional, como "Mormaço" - recentemente regravado por Alcione, numa produção do arranjador Paulão Sete-Cordas -, e que valeu a Kelly uma daquelas placas de homenagem, tão lisonjeiras, encontradas nas casas da seresteira Conservatória. Como outro jornalista, Artur Xexéo, observa, não se pode falar da animação musical de shows na tevê brasileira sem citá-lo, pois novamente a figura desse compositor carioca, nascido na Gamboa como Beth Carvalho, avulta como o criador de trilhas memoráveis para as extintas Rio e Excelsior, como as dos programas "Times Square", "My Fair Show" e "Praça Onze", além do "Musikelly".
João Roberto Kelly apresenta-se, logo mais à noite, nesta quinta, 16 de outubro, no Espaço Cultural Maurice Valansi - Rua Martins Ferreira, 48 - Botafogo - tel.: 2527-4044 ("flyer" acima) -, acompanhado pelo baixista Cláudio Mateus e pelo baterista Adílson Werneck. Um show realizado em clima de piano-bar, que ele tão bem conheceu nas luas boêmias de um Rio boa-praça, contando ainda para isso com um convidado muito especial: o trompetista Alexis Andrade, de 85 anos de idade. Protético de profissão, como Assis Valente, e músico mais por diletantismo, Alexis, amigo de Booker Pittman, que certa vez o presenteou com um trompete, integrou a Rio Jazz Orchestra e tocou, no camarim do Teatro Municipal, com Louis Armstrong, no qual, aliás, inspira-se para fazer vocalizações. Um figura bem conhecida e benquista pelos músicos de jazz do Rio de Janeiro, portador de um sopro admirado e aplaudido por gente que entende muito desse riscado, como o crítico José Domingos Raffaelli.

Lançamento do "Estalo" de Vieira


O famoso "estalo" do Padre Vieira está na biografia escrita por Clóvis Bulcão e publicada pela Editoa José Olympio.
Padre Antonio Vieira - um esboço biográfico será lançado no dia 20, segunda-feira, às 17h, na livraria do Unibanco Arteplex da praia de Botafogo.
Sobre o "estalo" - temos que informar, foi um momento decisivo na vida intelectual do padre, no qual, ele encontrou a inspiração para tecer seus magníficos sermões - verdadeiras obras primas da literatura. As más línguas chegaram a afirmar que o reverendo - antes do tal "estalo" era meio limitado. Bulcão disse que esclarece isso, tim tim por tim tim.
O lançamento do livro não vai ficar só nisso. No dia 23, quinta-feira, às 15 horas no Salão Nobre do Instituto de Educação, na rua Mariz e Barros 273, vai rolar um concertino de música barroca - estilo em que o clérigo usou e abusou nas sua prédicas, que eram verdadeiros shows de retórica. O conjunto de Música Antiga da UFF vai tocar peças portuguesas em louvor a Maria. Bulcão informa que segundo os primeiros biógrafos de Vieira , o tal "estalo" se deu diante de uma imagem da santa.

Caricaturas que eu fiz: Darcy Ribeiro

Segundo Tempo


Zero a zero, zzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzz

15.10.08

Brasil não entrou em campo ainda


Intervalo do primeiro tempo. Brasil mal joga, ou melhor, joga mal.
Parece que a Selecinha do Dunga não gosta de se exibir no Rio de Janeiro. No Engenhão empatou com a Bolívia. Agora no Maraca, com a casa cheia, falta apetite à moçada canarinho, que não ameaça sériamente os colombianos. Só deu para ver muita lentidão, toquinho de lado. Falta agressividade, vontade de ganhar, raça para apertar os adversários, que ao contrário dos brasileiros, estão se sentindo muito a vontade no tapete do mitológico estádio que já viu vexames maiores. Remember Copa de 50 com o Uruguai fazendo a festa.
Tem uma caveira de burro enterrada no Maraca? Sobrenatural de Almeida assusta a Selecinha? Será que é só o além que explica a falta de ânimo desses jogadores?
Não sei não. Quanto pintou uma falta a favor do Brasil, o narrador da Globo perguntou para o Falção se tinha alguém do escrete amarelinho que batia faltas daquela distância. Falcão demorou para responder e por fim disse que não. Caramba! Um time que não tem um batedor de faltas é meio time. Hoje em dia, certas faltas são gols feitos. Neste país imenso tem ótimos batedores de falta. Como o Dunga me escala um time que não tem um batedor de faltas?
Pelo que vi, a Colômbia toca bem a bola e numa e essa defesa fraquinha do Brasil
tem que abrir os olhos.
A torcida já perdeu a paciência, gritou "fora Dunga" ou coisa parecida e vaiou na hora que o pessoal ia para os vestiários.
Espero não dormir no segundo tempo.

Charge - Nosso Guru na Índia