4.11.07

Joni Mitchell enfim redescoberta - Viva Hancock!


Faz tempo que estou para escrever isto. Um dia eu fui com minha filha à "Modern Sound", uma loja de CDs fantástica de Copacabana. Era uma dia muito feliz, ia ganhar enfim o meu Álbum "Revolver" dos Beatles, um presente de aniversário um ano depois dele ter passado. Informo que eu já tinha a bolacha ,o velho Long Play com aquela capa incrível feita pelo Klaus Voormann - um desenho a nanquim e uma colagem muito bacanas. (Observação: Voormann é também músico, acho que é baixista e andou gravando recentemente com McCartney- foii namorado daquela fotógrafa que andou clicando o quarteto de Liverpool nos primeros tempos de Hamburgo- no caso a moça se enamorou de um "Beatle" que não quis continuar. Não, não era o baterista que foi trocado por Ringo, era o baixista que errava todas- teve até um filme chamado se não me engano Back Beat onde é contada essa história- o filme vale a pena) No lado 1 tinha logo de cara Taxman de Harrison , depois Eleonor Rigby de Lennon e McCartney, I'm only Sleeping de L&M e LoveYou To de Harrison - com Tabla-Anil Bhagwat (que eu não sei o que é e quem é) depois Here There and Everywhere, Yellow Submarine e She Said She Said , as três de Lenno e McCartney... mas não era para falar desse disco que estou a escrever essa notinha. É que nessa época resolvi comprar um CD de Joni Mitchell que tem a música "Woodstock" . Procurei pacas na internet e achei no site da "Modern Sound". Eu tinha essa música gravada por Crosby Stills & Nash (não me lembro se o Young estava nessa), mas queria ouvir na voz dela. Perguntei ao senhor de camista preta que atende lá na "Modern Sound" e ele com um ar de surpresa, indicou uma estante lá no fundo da loja. Disse: Procure perto da Joan Baez - era como se falasse, tire as teias de aranha antes e vasculhe as camadas de poeira até achar uma delas.
To vendo que esse texto está enrolado. Antes de tudo isso eu tinha lido uma entrevista da polêmica Camile Paglia no caderno Mais da Folha de São Paulo onde ela fala sobre "Woodstock" cantada por Joni Mitchell e que essa música extraordinária de certa forma marcava o fim de uma era. Ela falava de uma época e de uma preocupação que os poetas e músicos tinham de falar para o mundo inteiro e não para guetos ou nichos como o rap (na opinião dela) . No caso dizia que os que criaram o rap inventaram uma forma de arte vital, criaram um estilo, mas não criaram uma canção. Ela dizia que o marco era "Woodstock" "que continuo ouvindo nos lugares mais diversos( nem sempre é verdade, na versão sombria e ambivalente da própria Joni Mitchell)"
Isso despertou minha curiosidade, como seria "Woodstock" na interpretação de Joni Mitchell?
Foi aí que no fundo da loja cavei e peguei o único exemplar do CD onde Joni Mitchell canta "Woodstock". Logo que cheguei em casa botei o disco na "vitrola" e confesso me emocionei com a moça (hoje uma senhora, mas na época da gravação uma garota). Sua interpretação é sublime, única. Ai revalorizei o velho CD dela bem folk song que tenho lá no fundo da minha alma e um mais novo(Both Sides Now) em que ela com muito desembaraço interpreta temas de jazz. Na verdade ela já flertava com o jazz desde "Mingus" que ela fez com o velho Charles ainda vivo.Isso eu sei de ler, nunca tive esse CD nas mãos , e confesso que sinto não ter ouvido.
Mas a grande descoberta é que foi ela que fez as capas e ilustrações destes CDs -o primeiro um desenho psicodélico bem hippie e este que serve de ilustração deste texto confuso- no caso uma pintura. Vocês vão concordar comigo, ela é uma talentosa artista plástica também.
Esse papo está parecendo uma coisa gratuita , recordações de um dinossauro, coisa e tal, mas não é. Depois deste tremendo nariz de cera emocional quero informar que Joni Mitchell foi finalmente redescoberta, mais do que isso revalorizada. Ontem no jornal O Globo saiu uma bela matéria de Antônio Carlos Miguel que fala num tributo (não fiquem tristes ela não morreu- faz 67 anos no próximo dia 7)) feito por Herbie Hancock (esse budista-pianista ou pianista-budista genial).Trata-se de "River:The Joni Mitchell letters" Ele juntou um punhado de feras no instrumental e no vocal. A matéria fala de um outro recente tributo à compositora canandense onde até brilha a voz de Caetano Veloso , junto com Sting, Elvis Costello, Prince e Björk entre outras figuras do mundo pop. E mais, ela Joni, acaba de lançar um CD chamado "Shine"só com músicas novas. No disco capitaneado por Hancock tem até Tina Turner, cantando "Edith and the Kingpin".
Bem, o que interessa é que Joni Mitchell voltou com toda sua carga poética. E nós temos que ouví-la. Espero que venham com as letras.
Antônio Carlos Miguel diz na sua matéria de O Globo que "River" pode ser procurado no mercado seguindo as seguintes dicas - É do selo "Verve" da Universal.
"Shine" também foi distribuido pela Universal no caso o Selo é o "Hear Music". Quanto ao tributo em que figura Caetano, o jornalista não deu notícia. Uma boa oportunidade para os pescadores de pérolas. (no próximo post, vou botar a letra de "Woodstock").

4 comentários:

Anônimo disse...

Qdo comecei a ler, pensei: o Liber tá parecendo a vizinha dele, num ti-ti-ti em porta de armarinho, digo, de loja de discos.

Um texto vai-e-volta. Depois releio p/ assimilar as dicas.

O desenho da 'moça-senhora' é bonito, mesmo.
Quem tem alma de artista sempre acaba experimentando mais de uma forma de expressão.
É inevitável.

Bob Dylan está expondo guaches e desenhos na Alemanha, e alguns não são maus.

Viva Hancock, a iluminar as teclas!

LIBERATI disse...

Oi Tinê, enfim também consegui conexão para entrar, acho que a internet andou fora do ar no Brasil. Chuvas e muito vento por toda parte, algumas torres devem ter caído. Pois é eu também sou fã do Bob Dylan, um talento múltiplo que pegou o vento certo. Agora temos Joni Mitchell que era uma garota loura muito bonita, quase angelical. Comprei um DVD de banca com Johon Lennon num festival muito maluco e lá estava ela tocando seu piano e mandando ver na canção "Woodstock", mas não deu para ouvir direito, depois que comprei o CD na "Modern Sound" é que vi que a coisa é séria. Que interpretação magnífica! A do Crosby, Stills e Nash também é muito boa.
bjs
Boa semana ( e cuide bem desse pé)

Anônimo disse...

bluegrass, Crosby Still e Nash e Young, Dylan (aquele violino no começo da obra dele não era a esposa que tocava?) e agora Joni Mitchell: só música boa! Eu anoto os nomes. zé

LIBERATI disse...

Caro Zé, o som desse pessoal é uma benção.
abração