16.12.07

Fragmento do dia

"Em uma história de Anderesen aparece um livro cujo preço valia a "metade do reino". Nele tudo estava vivo. "Os pássaros cantavam e os homens saíam do livro e falavam." Mas quando a princesa virava a página "eles pulavam imediatamente de volta, para que não houvesse nenhuma desordem". Delicado e confuso, como tanta coisa que ele escreveu, também essa pequena fantasia não capta aquilo que é mais essencial aqui. Não são as coisas que saltam das páginas em direção à criança que as contempla - a própria criança penetra-as no momento da contemplação, como nuvem que se sacia com o esplendor colorido desse mundo pictórico. Frente ao seu livro ilustrado a criança coloca em prática a arte dos taoístas consumados: vence a parede ilusória da superfície e, esgueirando-se entre tapetes e bastidores coloridos, penetra em um palco onde o conto de fadas vive."
(Walter Benjamin no capítulo "Visão do Livro Infantil" em "Reflexões: A Criança O Brinquedo A Educação"- Summus Editorial - tradução de Marcus Vinicius Mazzari)

4 comentários:

TS disse...

Filatelias.
Cartilhas, abecedários antigos.
W.B. folheou muitos.
Dez pontos por citar este livro.
Tem um filme, acho, Quarto de Brinquedos, usa o mesmo princípio do encantamento que se quebra e mostra a realidade.
Mas o mundo das fadas permanece noutra dimensão para onde a criança se refugia quando cresce, às vezes.

[não será Anderssen?]

LIBERATI disse...

Cara Tinê,Walter Benjamin é um mestre, abriu muitos caminhos. Pena que tenha morrido cedo, vítima dos fascistas ou de seu temor deles. O que dá na mesma. Imagino que contribuições ao conhecimento ele nos deixaria.
Boa semana!

Anônimo disse...

A criança tem a mente aberta, o adulto fechada. Para a imaginação e essencial fecundar em solo infantil, eu acho. Mostrar imagens míticas. Acho que mito é transmitido por imagem. zé

LIBERATI disse...

Caro Zé, diz um ditado que a infância é a pátria do homem. Acho que era mais ou menos isso. Era uma coisa relacionada à territorialidade, seu mundo. Na infância existe um mistério que ainda não foi sondado. Freud descobriu a sexualidade infantil, a crueldade inocente, algo de persversidade cândida...
um abraço