16.1.08

Fragmento do dia - Cortázar

"-Bueno, de acuerdo, pero le voy contar lo del métro a Bruno.El otro dia mi di bien cuenta de lo que pasaba. Me puse a pensar em mi vieja, después en Lan y los chicos, y claro, al momento me parecía que estaba caminando por mi barrio, y veía las caras de los muchachos, los de aquel tiempo. No era pensar, me parece que ya te dicho muchas veces que yo no pienso nunca; estoy como parado en una esquina viendo pasar lo que pienso, pero no pienso lo que veo.¿Te das cuenta? Jim dice que todos somos iguales, que en general (asi dice) uno no piensa por su cuenta. Pongamos que sea así, la cuestión es que yo había tomado el métro en la estación Saint-Michel y en seguida me puse a pensar en Lan y los chicos , y ver el barrio. Apenas me senté me puse a pensar en ellos. Pero al mismo tiempo me daba cuenta de que estaba en el métro, y vi que al cabo de un minuto más llegábamos a Odéon, y que la gente entravay salia. Entonces segui pensando en Lan y vi a mi vieja cuando volvía de hacer compras, y empecé a verlos a todos, a estar com ellos de uma manera hermosíssima, como hacia mucho que no sentia. Los recuerdos son siempre un asco, pero esta vez me gustaba pensar en los chicos y verlos. Si me pongo a contarte todo lo que vi no vas a creer porque tendría para rato. Y eso que ahorraria detalles. Por ejemplo, para decirte una sola cosa, veía a Lan con un vestido verde que se ponía cuando iba al Club 33 donde yo tocaba com Hemp. (NR:o vibrafonista LionelHampton) Veía el vestido con unas cintas, un moño, una especie de adorno al costado y un vuello...No al mismo tiempo, sino que en realidad me estaba paseando alrededor del vestido de Lan y lo miraba despacito. Y después miré la cara de Lan y la do los chicos, y despéus me acordé de Mike que vivia en la pieza de al lado, y cómo Mike me había contado la historia de unos caballos selvajes en Colorado, y él que trabajava en un rancho y hablaba sacando pecho como los domadores de caballos...
- Johnny - ha dicho Dédée desde su rincón.
-Fijate que solamente te cuento un pedacito de todo lo que estaba pensando y viendo. ¿Quanto hará que te estoy contando este pedacito?"

(E o papo continua até o saxofonista Johnny mostrar a Bruno que no pequeno tempo que ele viajou no metrô de Paris, ele na verdade "viajou" por muitos outros lugares - ele pensou em muitas situações em detalhes etc- o que levaria horas para contar . É a velha questão do tempo que cabe no tempo real marcado pelos relógios que ele odeia) Este trecho está no conto El Perseguidor de Julio Cortázar e está no livro "Las Armas Secretas" - Editora Catedra Letras Hispánicas (Edição de Susana Jakfalkvi)
Nota da Redação: Este conto, um dos "mais realistas"de Cortázar é uma homenagem explícita a Charlie Parker e sua "elasticidad retardada" definição bacana para a linguagem ritmica dele, segundo uma nota deste livro. Em síntese, como Parker conseguia tocar daquela maneira com todas aquelas notas quase não entrando no tempo real, mas finalmente conseguindo realizar a proeza de encaixar tudo - a sua mágica irrepetível.
Desconfio que este conto foi a base , ou digamos, a inspiração para o filme "Round midnight"(feito em 1986) de Bertrand Tavernier que fez o roteiro com David Rayfiel, embora não tenha sido creditada a Cortázar a idéia mãe, houve uma fabulosa coincidência de temas. No filme disseram que o roteirista e diretor procuraram contar um pedaço da vida de Lester Young misturada com a de Bud Powell- O curioso é que este filme dizem que foi baseado na vida de um sujeito (vivido na tela por Francis Borler) que se chamava Francis Paudras (falecido em 1997), ele é o Bruno da vez; o cara que tenta salvar o jazzman terminal. O bacana deste filme é que o saxofonista em questão (Dale Turner) é representado pelo grande Dexter Gordon nos últimos dias de sua estada neste planeta( cuja vida parece também é retratada na mistura com os dois anteriores e mais o Charlie Parker(que está oculto- o grande outro?), enfim o jazzman negro, viciado, que resiste a tudo que tem uma cuca fabulosa e um som pra lá de Bagadá - na verdade o filme é uma grande jam-session- Herbie Hancock faz uma ponta). Vale a pena ser visto. Depois, para completar a rodada assista ao sensacional Bird de Clint Eastwood, é de cortar o coração e aumentar o volume do DVD. Cuidado com os vizinhos! Respeite o direito deles dormirem em paz.

7 comentários:

Anônimo disse...

Castanheda no seu segundo livro fala de 'parar o diálogo interior'. Como Krishnamurti contemporaneamente também fala da vivência do 'eterno presente', no agora da vida. Ambos os pensadores escritores já morreram mas deixaram seus livros. Não consegui na juventude escutar o Ch. Parker. Não entrava. Na época fugi para pandeiro próprio. zé

LIBERATI disse...

Escute Charlie Parker hoje, os primeiros trabalhos dele. Não comece pelo fim, é difícil de escutar, precisa um certo tempo para se acostumar. Veja os filmes de que falo no "post". Ouça Dexter Gordon, Lester Young e depois pode voltar ao pandeiro. Você não será mais o mesmo.
O som não se explica.
Um grande abraço

TS disse...

Liber, gostei mais de sua explicação do tema do que do conto propriam/t; assisti o filme BIRD dia desses: legal; eu e meus irmãos devorávamos os livros do Castanheda, às vzs escondidos...; Charlie é mais que Parker51; zé foi hare-krishna?

Anônimo disse...

hare-Krishna não mas lembra da meditação transcendental que os Beatles até fizeram uma música? recebi um mantrinha. Tinê, precisava esconder?? zé

Anônimo disse...

Pois é Liber, preciso tentar de novo entrar no jazz - pessoalmente prefiro o blues, blue-grass, country (tenho quase nada)... Tinê, tenho a Yoga. Yoga é Teologia, acredita em Deus, Krishna. Sankhya é Filosofia, não acredita em Deus, Deus mesmo inventou, na encarnação de Kapila. Sol e Lua. Intuição e Razão. zé

LIBERATI disse...

Que pena Tinê que você não curta o conto. "El Perseguidor" é um dos que mais gosto de Cortázar, justamente por fugir à regra do fantástico (embora goste muito dos contos fantásticos dele). O fragmento que escolhi é longo, o conto é enorme. Também gosto dos contos do "Bestiário"Sou fã de Cortázar.
bjs

LIBERATI disse...

Zé, você como um budhista deve ouvir Jazz:Coltrane (um santo), Monk (o visionário), Mingus (o indignado e o grande contador de histórias) , Charlie Parker (a divindade), Miles Davis (o gênio brincalhão), Eric Dolphy e vai por aí....
um abraço