19.1.08

Fragmento do dia - George Grosz


"Voltei à cidade que seria o meu lar nos próximos dez anos, até ser substituída por Nova York. Berlim dos anos 1920 foi para mim um cidade frutífera e fascinante. Naquela época eu era mais sociável do que hoje em dia, sentia curiosidade em conhecer pessoas interessantes, lugares desconhecidos e viver situações inesperadas. Conheci Eva na aula do professor Orlik, na Academia de Arte, me apaixonei por ela e depois de certo tempo casamos. Isso foi em 1920 e desde então tivemos uma casa aberta aos amigos. Minha mãe dizia:"Comer e beber mantêm o corpo e a alma juntos", e eu orientei minha vida conforme esse ditado."
(Trecho do Capítulo XII - Com quem eu andava , em "Um pequeno sim e um GRANDE NÃO - autobiografia" de George Grosz - Editora Record - Tradução de Salvador Pane Baruja)
Nota da Redação - George Grosz foi um extraordinário artista, pintor militante, fino caricaturista de mão cheia, desenhista crítico que capturou como ninguém a decadência dos costumes de uma época turbulenta da humanidade, o período das duas grandes guerras. Fez do desenho uma arma para atacar a burguesia , o militarismo , os vícios da sociedade capitalista, os irracionalismos , sua perversão e por fim o grande mal encarnado no nazismo. Pertenceu aos quadros do Partido Comunista Alemão para o qual entrou em 1918. Em 1919 adentrou o gramado do movimento Dadaista. Em 1925, diz a orelha do livro, ele foi o primeiro a fazer a caricatura de Hitler , é claro que sacou que a figureta era sinistra e ridícula - representou-o numa pele de urso com uma suástica tatuada no braço. Emigrou para os EUA quando a barra pesou de vez e depois do vendaval voltou para Alemanha a passeio e para receber um prêmio. Na última vez em que pisou na sua terra natal, em 1959 tirou férias eternas.

4 comentários:

TS disse...

Perfeito fragmento! Gostei do título do livro e do capítulo. :)

Veja o "Berlinense" em:

www.elpais.com/fotogaleria/arte/caricatura/social/4838-5/

Bom Sábado!

LIBERATI disse...

Valeu Tinê,
bom domingo!

Anônimo disse...

a tradição do desenho parece outra separada da do texto. valeu àpresentação. 'Tô lendo um texto sobre Sanchi o templo Buddhista gravado em pedra: Liberati, é um cinema eterno em pedra! Cada página do 'filme', 'HQ' , acontecem várias cenas. Pilares e arquitraves, colunas... Foi feito na época de IHS XTO. zé

LIBERATI disse...

Desenho e texto, duas mediações, duas formas de interiorização - duas formas de pensamento - imagens mentais nos dois- formas de expresão que pedem referências de nossas experiências anteriores- entendemos o movimento onde na verdade não há- apenas na nossa memória, na mente.
Abracão zé, boa semana