11.2.08

Fragmento do dia - Nani e o amor daltônico

Amores Daltônicos
Fabiano pediu uma passagem no guichê da rodoviária para qualquer lugar que não tivesse verde. E encontrou um lugarejo onde as árvores eram estéreis de folhas e até o pisca-piscar dos vaga-lumes eram lilases. Poucas casas encardidas pela poeira vermelha e na bandeira da única escola o verde era um pendão carmim. Gostou porque nada havia que pudesse lembrar os olhos hortelã de Marilene. Nada branco que lembrasse o sorriso de marfim que um dia lhe tirou um naco da alma quando ela lhe disse:- Suma-se da minha vida. - O dono da pensão onde ia se hospedar desse que no local não servia saladas. O comerciante também fugira do Rio e vivia naquela vila vermelha como um caroço de melancia. Fabiano pagaria adiantado um ano de aluguel e estendeu as notas de dólares no balcão. Os olhos do dono da pensão se orvalharam e ele balbuciou:
- Verdes...como os olhos de Marilene.
(Mini-conto de Nani em Humor Politicamente Incorreto - L&PM)
Nota da Redação: Meu vizinho Nani é um dos maiores cartunistas deste país e além de tudo, escreve bem pra caramba!

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