23.7.08

Mundo Bizarro se dissolve diante do som da guitarra de Bapp


Hoje decididamente foi um dia que começou esquisto. A minha gripe, companheira destes últimos tempos de cobertor e vitamina C ameaçou me largar na hora do café da manhã. Nem deu tempo de digerir o café com pão e as notícias que me deixaram boquiaberto e com dor de dente (depois explico esse detalhe odontológico). As manchetes gritaram e pensei que fosse delírio da febre: 1- Menino morde cão pitbull, 2- Batman bate na mãe e na irmã, 3- O antes cabeludo e carniceiro dos Balcãs Radovan Karadzic foi preso disfarçado de curandeiro hippie em Belgrado. (Neste caso a foto vale mais do que milhões de palavras) e 4- Pai de Amy Winehouse diz que prefere estátua de cera da filha em casa do que a real (ou surreal, sabe-se lá?). Foi aí que resolvi voltar para a cama e me cobrir para fugir desse mundo maluco que me esperava lá fora. Mas meu bunker cedeu diante de compromissos inadiáveis de trabalho e tive que ir até a cidade, onde tudo isso se dissolveu quando revi (e reouvi) Sérgio Bapp ali naquela praça que fica na rua São José, perto do Mac Donalds, lá estava ele derdilhando sua guitarra inconfundível, arrasando num blue de chorar na calçada, pedir perdão por Robert Johnson e seu pacto com o diabo naquela encruzilhada do delta do Mississipi. Não entendo as razões da produção de Jô Soares que não chama esse cara para dar uma canja no programa do gordo, e quem sabe, talvez possa render até uma boa entrevista.
Nesse momento percebi que bateu um veranico na cidade, um calorzinho sem-vergonha que animou o pessoal no fuzuê das avenidas e lá em cima um céu azul de paleta de Van Gogh compensava tudo. Tomei um copo d'água, ouvi um pouco do som de Bapp e mentalmente orei para que ele tivesse boa sorte, pois eu já tinha ganhado o dia, seu som me salvou das outras manchetes dos jornais que eram muito mais cabeludas e eu nem tinha lido e não vou ler.

2 comentários:

ze disse...

pois é. o som que limpa e renova a vida do dia a dia. buraco do lume. lume sonoro.

LIBERATI disse...

Pois é, caríssmo Zé, o grande Nietzsche achava que a música não devia cessar nunca.
grande abraço