"É uma questão de opção, você há de entender/entre o samba e o amor, eu vou ter que escolher/se fico com o samba, eu perco você,,," Assim, em "Opção", gravado com sucesso por Clara Nunes, Gisa Nogueira expõe um dilema afetivo na segunda parte da letra desse seu belo samba. No entanto, para quem conhece um pouco mais o repertório autoral dela, a opção é clara: naturalmente, uma opção de amor pelo samba que Gisa sempre fez, ótimo samba, e que lhe valeu, em 1978, pela Odeon, um elepê do gênero muito elogiado. Um disco em que, além de "Opção", salientam-se, especialmente, "Me Ganhou" e "Verdade Aparente", reveladores de inequívoca qualidade e acertada inclinação no fazer musical.
Surgida em duas faixas de um raro elepê da Continental, "Tem Gente Bamba na Roda de Samba", gravado em 1975 e produzido por Reginaldo Bessa, Gisa Nogueira - de pai advogado e músico de regional, um violonista apreciado por Pixinguinha, e mana do saudoso bambambã João Nogueira - retorna às lides musicais após longos anos de ausência e já prepara o lançamento próximo de um CD e um DVD. Ingressando na ala de compositores da Portela em 1974, exalta a escola de Madureira com outro samba bem-feito, "Eu Sei, Portela", na parceria com o seu saudoso irmão, ela que, em 1980, participou de uma das edições do Projeto Pixinguinha ao lado de Leci Brandão e Dona Yvonne Lara.
Gisa Nogueira é atração desta sexta, 14 de novembro, às 18h30, e deste sábado, às 17h, no Centro Municipal de Referência da Música Carioca - Rua Conde de Bonfim, 824, na Tijuca. Lá também pode ser vista e conhecida parte de sua lavra "naif", em telas nas quais figuras e elementos do universo do samba mais uma vez têm rica expressão, a exemplo do destacado trabalho, também nessa seara, de Heitor dos Prazeres e Nelson Sargento. Outra "opção" acertada dessa carioca do Méier, que ela desenvolve muito bem, com graça e beleza. É pintura com arte.
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