14.11.08

Vitória hoje, amanhã Vitória!


Estarei amanhã em Vitória, às 17 horas, com Chico Caruso, Rubem Grilo, Guilherme Mansur e Marco Antônio Neffa numa távola redonda do Seminário Ilustração e Design Editorial - no auditório da Rede Gazeta.

4 comentários:

ze disse...

vou ser sincero. numa bolsa de livros pra passar, dei de cara com'Bar don Juan' de Antônio Callado. e junto não estava o 'Av. Brasil' do Paulo Caruso? pra mim ficou claro que o segundo pegou a idéia do primeiro. procurei referências mas não achei nenhuma. não dá pra disser que não houve inspiração. é bola pra frente.

LIBERATI disse...

Caro Ze, Bar Don Juan é uma suite, continuação do magnífico painel que é Kaurup (que li 4 vezes e me levou a Recife ver os locais dos quais ele falava, só não fui para o Xingu, mas eu chego lá). Tem uma frase no início do romance que vou citar de memória e acho que trairei Callado, ela diz mais ou menos isso: "Na hora que a situação fica ruim a melhor solução é abrir um bar". Não é a frase como está lá no romance que não tenho mais, mas é ela que define o tom sombrio desse bar onde se encontram as desilusões. Até parece o antigo Riviera de Sampa (que infelizmente fechou). Desbundados, guerrilheiros urbanos, estudantes revoltados, policiais, os dedo-duros, (ou serão dedos-duros?)...todos se encontravam, se vigiavam. Bar Don Juan é a tristeza da derrota, é um romance fechado.
Avenida Brasil de Paulo Caruso, que é meu amigo do coração é sem dúvida sempre um painel. Ele tem o gosto de desenhar tudo como em murais, vai botando tudo no cenário em perspectiva renascentista. É uma explosão do desenho. Talvez nessa abrangência toda , nessa capela Sixtina ele tenha incluido bar Don Juan, mas na paisagem. Não vejo influência de Callado no desenho de Paulo, nem no seu humor, muito particular.
Essa questão das influências deve ser vista de uma perspectiva diferente. Tudo nos influencia. Costumo aconselhar que está começando a desenhar que veja muito o desenho dos outros. Lá está o alfabeto, a gramática e como cada indivíduo resolveu determinados problemas do desenho. Gombrich (que considero um ótimo professor - talvez o único que chegou perto das obras de arte) diz que na história da arte, os pintores(escultores etc) se inspiram não na natureza, na rua tentativa de representação, e sim nos modelos que ele herdou, na pintura (ou escultura ou etc) que ele encontrou antes dele - é aí que vai se dar a ruptura, a mudança dos - desculpe_ "paradigmas"- ou uma sutil transformação, um ganho. Isso quer dizer de certa forma que um escritor pode influenciar o outro, porque o escritor aprende a escrever lendo os outros. Canetti, em suas memórias, fala de uma menina que escrevia igual a Dostoiévski. Ele chega a ralhar com a menina afirmando que ela copiara o russo. Como não tinha conhecimento da obra toda do Fiodor, ele pediu a opinião de Vez Canetti (sua mulher), ela leu o que a garota escreveu e cotejou com a obra do russo e disse finalmente que a garota era tão fascinada pela escrita (pela maneira, pelo universo) do fabuloso romancista, que tinha incorporado sua maneira de escrever. Precisava de um exorcismo. Borges tem um conto maravilhoso no qual um sujeito tenta escrever igual a Cervantes,(o romance D. Quixote), não mais ou menos igual, mas o mesmo texto e não seria cópia, não recorreria à memória, mas imaginaria igual ao espanhol Cervantes...(acho que é isso - minha memória falha de vez em quando). Portanto influências sempre existirão. O que importa é como cada um capta e transforma com sua única e instransferível maneira de fazer, sua individualidade.
E Paulo Caruso, é neste sentido, único - um dos maiores desenhistas de humor gráfico que nós temos.
Vamos nessa, um abraço

ze disse...

nooossa! 'A história da arte' , sem 'A' ficava melhor. Minha escola é a oriental: Ananda Coomaraswamy e o segue. Leio, vejo o Paulo Caruso todo dia no JB. E a idéia do Bar, Boat Queen, ou Queen Boat, é linda.
Esta questão da imagem é imensa. felicidades. p.s. dentro do saco tinha 'Auto da~alma' de Gil Vicente. 1518. rainha Eleonor. foi o quê mais gostei.

LIBERATI disse...

O ocidente já foi oriente. Orientou-se?
abraço