7.11.08

Viva Bem, Antes que o Diabo Saiba que Você está Morto


Sidney Lumet, todo mundo deveria estar careca de saber, é um dos diretores americanos do primeiro time. Tem gente que acha que ele não tem uma obra "consistente" como Kubrick por exemplo. Dirigiu, decerto, alguns filmes "inconsistentes" para sobreviver, mas construiu outros que figuram garbosos na galeria da história do cinema mundial. (Nem sempre um diretor tem a sorte e a posição social para escolher os trabalhos que faz). Alguns títulos: Equus, Rede de intrigas (Network), a obra prima- Um dia de cão (Dog day afternoon), Serpico, O veredicto (The Veredict), O homem do prego (The Pawnbroker), 12 homens e uma sentença (12 Angry Men), entre outros, deveriam servir para ensinar a arte do garimpo para aqueles que antes de deitar regras sobre o que é uma obra, ou teoria sobre consistência necessitariam levar seus cachorrinhos para passear no parque dos cinéfilos. Assim, depois de muitos passeios e a observação de fezes caninas de variados tipos de consistência, com pelo menos uma crítica bem elaborada debaixo do braço, poderão falar de Sidney Lumet e seu Um dia de Cão.
O que importa é que agora , aos 83 anos de idade, Lumet vem com um filme que é uma aula de cinema- o título é difícil de decorar: "Antes que o Diabo Saiba que Você está Morto" (Before the Devil Knows You Are Dead). Ele pega uma história de desagregação familiar, e não a conta de maneira linear, nem piegas. É um filme seco cujo tema central é a velha questão americana do "looser" e a busca do lucro fácil. Mas não se enganem, homens em busca de uma maleta cheia de dólares é só parte da narrativa. Entre as questões centrais está a família, a crise dos valores, o cinismo do nosso tempo e o dificílimo trato no território dos afetos. É essa a matéria de que se compõe esse filme, que poderíamos por facilidade classificar como thriller, mas que na verdade, é uma tragédia - quase grega - que ele interpretou de maneira , vamos assim dizer, moderna. (na falta de uma outra referência de novidade)
Falando nisso, não vou gastar aqui seu tempo somente com minha opinião de amador. Remeto vocês ao artigo de um profissional - Rubens Ewald Filho que fez uma apreciação sintética, com informações adicionais valiosas.(vale a pena ler e depois conferir o filme). Clique aqui para ler.
(Nota da Redação : Observe como o Rio de Janeiro é citado no filme (para variar) como paradeiro de rota de fuga e paraíso sexual- arriba muchachos!)

2 comentários:

TS disse...

J. Bauer?! Agora a moda é "A décima primeira hora", um policial q consegue enxergar o bandido no além sem recorrer ao Capeta!

Por falar em Lumet (ele tem filmaços, como aquele do Pacino "garotão" a roubar o banco p/ operar o namorado), Luc Bresson profetizou a vinda do OBAMA! - eu já tinha dito isto aqui no início do ano... - Daqui a cinco anos ele estará encorpado como o Mr. President do "Quinto Elemento", talvez até c/ olhos azuis, perhaps.

[ihhh, postei no lg errado.]

LIBERATI disse...

Querida Tinê, não se preocupe em ter "postado" o comentário no lugar "errado". Nosso blogue é anacrônico e ter você aqui é uma honra.
Pois é o Luc Besson acertou. O Presidente Palmer, da Série 24 horas, disse numa entrevista que uma dia aconteceria esse fato- um Presidente negro nos EUA- mas achava que iria demorar muito. A realidade superou a ficção. Foi uma grata surpresa, torço por ele, e pelo mundo.
O filme do Lumet que tem o Al Pacino como namorado apaixonado que assalta um banco para arrumar uma grana para a operação de mudança de sexo do seu namorado travesti se chama "Um dia de Cão". Tem um ritmo de filmagem/montagem alucinante, parece uma reportagem - é um clássico. Lumet é um cara injustiçado, pois teve que filmar algumas porcarias para sobreviver. Hollywood cobra um preço muito caro . Obama não é papai noel, mas já significa um avanço depois da era Reagean, o Tatcherismo, o neoliberalismo tosco que elegeu como deus o mercado, o Bush e todo seu compromentimento com as grandes corporações predadoras, a negação do protocolo de Kyoto (que visa salvar o planeta) todos aqueles homens da guerra (que faziam dela um negócio) -uma turma sinistra. Depois de tudo isso, um sopro de esperança, acho que o mundo merece. Talvez isso seja só o começo de um mundo melhor, a volta dos EUA que todos admiraram pela ajuda que deu aos russos para libertar a Europa do monstro nazista. Os EUA do jazz!!!
bjs