24.12.08

Dica do Gerdal : Luiz Bandeira


Nascido num dia de Natal, em 1923, e falecido num domingo de carnaval, em 1998, o pernambucano Luiz Bandeira é desses nomes da MPB de projeção discreta e reconhecimento abaixo do valor auferido. Ainda na Recife natal, esse cantor, compositor e violonista revelou-se na Rádio Clube de Pernambuco e, pouco depois, como "crooner" da Orquestra de Nélson Ferreira, apresentava-se no carnaval da cidade e em festas sociais. Nos anos 50, já no Rio, a convite de Caribé da Rocha, cantou na boate Meia-Noite, do Copacabana Palace, também na boate Drink, do pianista Djalma Ferreira - seu parceiro no samba "Volta", gravado por Miltinho -, e, mais tarde, em 1960, como integrante do sexteto de Radamés Gnatalli, viajou com a Terceira Caravana Oficial da Música Brasileira, prevista em lei aprovada do então deputado Humberto Teixeira - outro parceiro, em "Baião Sacudido" -, divulgando maravilhas do nosso repertório em universidades européias, como a Sorbonne, em Paris.
Luiz Bandeira é autor de sambas, frevos e baiões bastante executados, como "Torei o Pau", por Manezinho Araújo, "Cafundó", por Edu da Gaita, "O Apito no Samba" (com letra de Luiz Antônio"), por Marlene, "Na Cadência do Samba" ("Que Bonito É!"), por Waldir Calmon - o famoso tema do futebol do cinejornal "Canal 100" - e "É de Fazer Chorar" ("Quarta-Feira Ingrata") e "Voltei, Recife!", regravados há pouco tempo por Alcymar Monteiro e Alceu Valença, respectivamente. Para Clara Nunes, forneceu o sucesso de "Viola de Penedo" e, na parceria com Renato Araújo, Bandeira seria cantado no carnaval de 1958, por causa do samba "Madeira de Lei", de belo registro na voz de Heleninha Costa.
Ao lado de Luiz Gonzaga, Humberto Teixeira e Severino Araújo em expressiva foto tirada num bar para a contracapa de um elepê que produziu para o Lua, Luiz Bandeira voltou em definitivo, em 1984, para Recife, "como sempre foi", ou seja, "um defensor sem limites" da nossa cultura popular, tão bem retratada na sua obra. Por isso mesmo, passados dez anos da sua morte, é de lamentar que nada ou quase nada tenha sido feito para homenageá-lo. Em recente show na Sala Cecília Meireles, Barrosinho anunciou à platéia a intenção de fazê-lo, no próximo CD, por meio da regravação do samba "Vaivém", dos anos 60, trazendo para o seu trompete jazzístico o sambalanço gafieirado de que Bandeira também era catedrático. Mistura fina.

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