2.1.09

Detonaram o Big Bang! ( o fim do começo)


Mergulhado nas preocupações com a nova teoria que derruba o Big Bang, fui fazer minha caminhada matinal para manter o coração na cadência do samba da vida.
Meu médico foi categórico: - Ou caminha ou morre!
Preferi caminhar. É mais fácil. Morrer é muito complicado e sempre arruma aborrecimento para os outros. Por esse motivo de ordem prática fui para a rua, e aí principiou uma pesquisa de campo sobre o comportamento animal. Passei a acompanhar de longe um mulher que passeava um cãozinho lulu. Um desses branquinhos que parece com uma toalha felpuda. É um simpático cachorrinho que, se vacilar, num dia em que você está muito atrasado para o trabalho, é capaz de tomar banho e e se enxugar com ele.
Pois bem, observei que o lulu urinou em vários "fradinhos" e com uma alegria de criança levada carimbou todos os postes que encontrou pela frente. Notei, que ao longo do trajeto, teve um momento em que não havia o que mijar e ele soltava apenas umas poucas gotículas, cada vez que levantava a perninha. Por fim nenhuma mais - era só o gesto, ou reflexo...lá sei eu! O que importa, para fins cientíticos é que já não manifestava um necessidade biológica, mas psicológica.
Fiquei a imaginar o tamanho da bexiga do bicho e o porque daquela repetição. Pelo tamanho do cachorro deu para calcular que a bexiga era pequena. O curioso era o seu cálculo na distribuição do xixi, não se aliviava de vez. Ia homeopaticamente soltando seu líquido armazenado. Me perguntei se aquela "mijação", num determinado momento, não seria a expressão de um desejo reprimido no incosciente do bicho. É, meus caros amigos, esses cachorros modernos tem psiqué, analista e quase todos são castrados. Soube até de uma cadela que teve gravidez psicológica e tudo.O que uma coisa tem a ver com a outra? O exibicionismo "mictórico" teria alguma relação com um castração real, ou mesmo imaginária? Vai ver que ele é bobinho mesmo e acha que tem capacidade ilimitada de mijar e está curtindo uma onda, aproveitando sua liberdade, ou é cacoete, mania...e fui por ai no meio das dúvidas do meu devaneio, e eis que - por uma incrível coincidência (e olha que detesto o uso desse recurso em qualquer tipo de ficção- mas juro que aconteceu de fato) encontro um treinador de cães que sempre vejo pelas ruas do bairro com vários tipos de cachorros- uns presos por coleiras outros soltos - porém, todos obedientes ao seu mando . Um poder que ele exerce sempre de forma canina, com ruídos guturais - quase latidos, alguns rosnados e outras formas de comunicação do melhor amigo do homem.
Voltando à vaca fria, então lá vinha o treinador de cães sozinho, coitado, subindo a ladeira. Pensei: é claro que no primeiro dia do ano todos os cães estão em casa . E como no caso da mulher do lulu, alguns no máximo, vão acompanhar seus "parentes" em passeios estritamente familiares.
Seus "alunos" estão, é evidente, num dia de folga, e como muitos de seus donos que se esbaldaram na madrugada da "passagem", devem estar dormitando pelos cantos depois do foguetório do fim de ano. (É de conhecimento que o cão, devido ao seu aparelho auditivo extremamente sensível sofre muito com o ruído dos fogos).
Senti pena do treinador de cães, ali triste a caminhar na sua solidão. Quase lati para ele alguma coisa, mas fiquei com receio de que ele interpretasse mal minhas intenções solidárias.
Desta forma, esqueci minha preocupação com o cosmo e voltei para casa.
Fui tomar um banho e sem querer uivei sob o chuveiro. Minha mulher perguntou o que era aquilo. Disse que era uma velha música do Led Zeppelin. Como sei que ela não se interessa por nada da era dos dinossauros, fiquei tranquilo e emendei um " Black Dog" ... Uivei para uma lua que não existia e que não foi gerada pelo Big Bang, mas por um colapso - um tique nervoso de um outro universo cansado, numa danação eterna, numa repetição sem sentido como a do xixi do cãozinho atoalhado...
Notei que meu coração batia no compasso certo do rock e dei graças a la vida que me ha dado tanto...

2 comentários:

ze disse...

'gracias a la vida que nos a dado tanto' : Liber não acredito que nunca ouviste falar que cão marca território com xixi? nunca marcaste território ? daí a mania dos cariocas e baianos de urinarem na rua. não sabia eu da sensibilidade auditiva. por isto que na tempestade o cão daqui de casa tentar fugir de qq jeito. valeu.

LIBERATI disse...

Pois é, caríssimo Ze, não sabia dessa história de marcar território, sabia disso a respeito de gatos. Win Wenders e aprendenders, como disse um dia o grande Tutty Vasquez que tive o prazer de ilustrar num breve período.
Urina-se na rua no Brasil todo, não só no Rio e na Bahia, em Sampa também. Quem andou lá pelas bandas da Estação da Luz, da antiga Rodoviária, pela avenida Duque da Caxias chegando ali na Barão de Limeira, quem andou pela São João, sente o fedor dos alívios feitos e nas praças então...Temos que fazer uma campanha pelo banheiro público e irrestrito.
Meu cachorro - valente pastor alemão de nome Lobo se escondia embaixo da mesa em época junina e no final do ano - coitado. Hoje dorme enternamente no jardim de uma casa em que moramos quase toda nossa vida- incrível ela não caiu, nem foi derrubada, está lea firme e forte com gente morando. O bairro todo mudou, construções novas sobre os escombros das novas e a nossa velha casa lá de pé...
grande abraço