17.2.09

Homenagem do Gerdal : Paulinho da Viola é enredo da União de Jacarepaguá, na Sapucaí, na terça de carnaval


"União de Jacarepaguá é uma agremiação que saúda de coração o Império do Marangá, Aprendizes de Lucas, Capela, Unidos da Tijuca...Acadêmicos do Salgueiro, Bento Ribeiro e outras mais são orgulho do samba brasileiro." Assim, em belíssima gravação, Paulinho da Viola canta o samba de Catoni e Jorge Mexeu. Neste carnaval de 2009, entre as 14 escolas do desfile do Grupo Rio de Janeiro I (ex-Grupo de Acesso B), da Associação das Escolas de Samba do Rio de Janeiro, na terça-feira, 24 de fevereiro, será a vez de mais um orgulho do samba brasileiro, o próprio Paulinho, ser saudado pela União de Jacarepaguá, que, por alas e alegorias, ao som dos seus ritmistas, levará à principal passarela do país uma síntese expressiva da marcenaria artístico-criativa desse compositor oriundo do chão de estrelas de Botafogo. No alvorecer dos anos 60, na União de Jacarepaguá, vizinha à casa de uma tia, Paulinho fez o seu noviciado na quadra, até mesmo como compositor, ingressando depois na Portela, por meio do diretor de bateria da escola, Oscar Bigode. Já em Madureira, dizendo, de pronto, a que viera aos baluartes de azul-e-branco, compôs o clássico "Recado" com um deles, Casquinha, que, no seu auto-irônico "Cantor de Sacola", lhe faria, anos depois, uma referência lisonjeira. Ainda na Portela, em 1966, em parceria com Maninho e Catoni, comporia o samba-enredo do desfile campeão daquele ano, "Memórias de um Sargento de Milícias", puxado pela também iniciante Surica. No enredo da atual verde-e-branco de Campinho, entre vários aspectos retrospectivos de sua obra, o Zicartola (num sobrado da Rua da Carioca onde o antes bancário Paulo César Baptista de Faria receberia o seu primeiro cachê de artista) é, naturalmente, lembrado, até por ter sido inspirador do espetáculo "Rosa de Ouro", produzido por Hermínio Bello de Carvalho, também em 1966. No citado botequim histórico, Hermínio reencontrou o amigo e parceiro portelense (com quem comporia joias do quilate de "Sei Lá, Mangueira" e "Timoneiro"), que conhecera em roda de choro na casa de Jacob do Bandolim. Além de Aracy Cortes e Clementina de Jesus, Paulinho tomou parte do "Rosas de Ouro" juntamente com Nélson Sargento, Elton Medeiros, Anescarzinho e Jair do Cavaquinho, também frequentadores do Zicartola, o que, dado o sucesso da iniciativa, serviu-lhes para projetá-los a um público bem mais amplo.
Gosto muito do desfile da terça-feira de carnaval da Sapucaí, a que assisto, do início ao fim, todos os anos. Um desfile sem mídia e, portanto, sem "paraquedistas", o qual, sem desmerecer os da Liesa e da recém-fundada Lesga, é essencialmente comunitário, tem livre movimentação dos componentes na pista e, na minha opinião, o mais cativante de todos no chamado sambódromo. Em favor dele, uma palavra importante provém da carnavalesca Maria Augusta, que lembra que, nesse grupo, as escolas desfilam como desfilavam as grandes há quarenta, cinquenta anos, impressionando ainda a plateia pelo alentado número de passistas. Vindo num dos carros da União de Jacarepaguá, no enredo "A Toda Hora Rola uma História, com Samba e Chorinho de Paulinho da Viola", o homenageado é, sem dúvida, mais uma forte razão para estar lá.
Um bom dia a todos. Muito grato pela atenção.

Nenhum comentário: