30.3.09
"O Visitante" é o melhor filme desse começo de ano ainda no telão.
Na semana que passou, recebi um e-mail de um amigo que recomendava com muito entusiasmo o filme “O Visitante“. Dizia que era o “melhor filme dos últimos anos: um emocionado e emocionante questionamento da intolerância e das diferenças”- afirmava “é sobre a descoberta do outro e o encontro.” Classificava o filme como “imperdível”.
Não tive dúvidas - convidei minha mulher, que deu um tempo no seu trabalho incansável pela paz mundial e fomos conferir.
Escrevo esse post num só fôlego, portanto, perdoem qualquer deslize, repetição ou vacilo com a nova ortografia e com a velha também.
Sim, “O visitante” (The visitor - (2007) é tudo isso que meu amigo disse. Só que não vem com aquele discurso altissonante de denúncia. Não vem com pedras na mão e com estardalhaço, mas acredito que provoca uma reflexão mais profunda sobre as relações humanas nessa altura do campeonato. De ruidoso mesmo, só tem o tambor sírio, uma metáfora- um meio de comunicação dos diferentes. Quem ver o filme vai entender essa sacada.
O filme é escrito e dirigido por Thomas MacCarthy (que também é ator, - atuou até em três episódios de Law & Order) e dirigiu o filme “O Agente da Estação” (The Station Agent) que conta a históría muito louca de Finbar McBride, um anão que resolve viver uma aventura longe da humanidade numa estação de trem (que ele herdou)abandonada, mas acaba se relacionando com uma artista devastada por uma perda e um vendedor de cachorro quente.
“O Visitante” conta uma história menos exótica, fala de diferentes num mundo locuo, mas já é algo próximo de uma obra prima. Conta a história de um professor - Walter Vale, interpretado magnificamente por Richard Jenkins. Esse professor de economia políica está vivendo um momento de total desânimo e solidão depois da viuvez e da partida de seu filho para estudar na Europa. Sua falecida mulher era uma pianista clássica e ele tenta em vão fazer alguma coisa nos teclados do piano que como ele - ficou abandonado, mas desiste depois de tentar aprender com vários professores. Sua vida se resume a dar uma única aula semanal na universidade , com um programa que não se altera há anos, e uma rotina sem sal que será quebrada com a solicitação de que ele participe de um congresso em Nova Iorque. O complicado desse convite é que ele tem que falar sobre um livro do qual é co-autor , mas que na realidade , ele apenas entrou com o nome. Ele tenta se safar dizendo que está produzindo um novo livro etc e tal, mas é colocado contra a parede e obrigado a embarcar para o tal encontro de especialistas.
Quando ele chega ao seu apartamento novaiorquino (que se encontrava fechado desde a morte de sua mulher) de repente percebe que ele está ocupado por um casal imigrantes ilegais que foi parar ali por causa de um sujeito 171 que ao que parece alugava imóveis há muito tempo sem uso. Os imigrantes ficam apavorados., com a chegada do estranho visitante. O rapaz, um sírio chamado Tarek (vivido por Haaz Sleiman) e a moça, que veio do Senegal, Zainab (Danai Jekesai Gurira) acabam depois de alguns mal-entendidos- estabelecendo uma relação com Walter. Aí que começa uma história comovente - a história do encontro e das diferenças de que falava meu amigo no e-mail. Não vou contar o resto da história, por que seria safadeza.
A única coisa que posso acrescentar é que é um drama, onde aparece de forma clara, sem estridiencia, os contraste de um mundo criado a partir do ataque dos 11 de setembro e as suas funestas consequências ou seja , a era Bush - a intolerância, a vigilância, a desconfiança e principalmente o desrespeito aos direitos dos cidadãos e os métodos brutais aplicados de forma fria e burocrática para tratar dos problemas dos imigrantes. Esse filme mostra como Guantánamo estava dentro da aparente normalidade da Big Apple.
Outra coisa que tem que ser ressaltada, é o maravilhoso desempenho do elenco e sem dúvida a redescoberta do imenso talento de Richard Jenkins. Esse ator que sempre teve papéis secundários ou em comédias, revela seu potencial dramático ao viver o complexo professor Jenkins. (chegou a ser cotado para o Oscar deste ano, mas perdeu para Sean Penn)
Meu receio é que no meio dessas grandes produções que estão em cartaz na cidade, esse filme passe para segundo plano.
Agradeço ao meu amigo por essa preciosa dica.
(NR. Outra coisa bacana foi conhecer o som do músico nigeriano (já falecido) Fela Kuti que aparece citado no texto do filme e na trilha sonora )
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