

(publiquei originalmente esta minicrítica no meu blogue que está no youPode)
No fim de semana que passou tive uma grata surpresa ao ver um filme (em DVD) irlandês - quase engasguei com a pipoca- o filme é demais de bacana!
Apenas uma vez (Once), de 2006, vencedor do Oscar de 2008 pela melhor canção - Falling Slowly (foi idicado para o Grammy no mesmo ano - mas foi aquele em que o pianista budista Herbie Hancock ganhou o prêmio mais importante da noite, o de melhor disco do ano com River: The Joni Letters , e a danada da Amy Winehouse abocanhou outros cinco troféus) não é um musical, mas é quase um filme de trilha sonora em que as canções ajudam em muito a contar a história. O que apaixona as pessoas nesse filme é a sua simplicidade e sua humanidade.- o fato dele despertar um desejo de que esse mundo seja melhor. É um filme, cujo roteiro ocupa apenas umas 10 linhas. Uma história de amor? É, pode-se dizer que é um filme romântico, ou melhor, ultra-romântico - um romantismo bem nos moldes do século XXI. O importante nele, volto a dizer, é uma crença no ser humano, na sua capacidade de superação, na importância de certos encontros e do afeto. Uma crítica mais servera, diria que ele passa batido pelos problemas do mundo de hoje - que se trata de um delírio, no mínimo um sonho, um conto de fadas urbano- como diz a LA Weekly numa frase destacada na embalagem brasileira do DVD. Explico- é um filme que comete o pecado de não ser a repetição do triângulo sexo- drogas-violência (o rock and roll seria apenas a embalagem). Ele conta a história de Guy, um cantor de rua de Dublin (interpretado por Glen Hansard) que trabalha com o pai numa oficina que conserta aspirdadores de pó. Em alguns momentos de folga da oficina ele solta a voz e ganha alguns trocados - de dia nas esquinas movimentadas da cidade cantando coisas do repertório popular e, de noite canta coisas de sua autoria. Se esguela ao botar pra fora seus sentimentos feridos - sua solidão e a sua perda ( a namorada o abandonou) em belíssimas canções, com letras elaboradas e intrepetações emocionadas - arrisco dizer - arrebatadoras. Numa noite dessas de bardo, passa uma moça checa, Markéta (vivido por Markéta Irglová) que vende flores para sobreviver. Ela para, ouve uma canção, se encanta e joga uma moeda na “caixa” do violão do rapaz. Começa então um papo com ele, que vai dar pano pra manga. Ela também faz canções e toca piano divinamente. A coisa a partir daí se transforma numa “relação” especial- um procura a companhia do outro, trocam confidências - se aproximam, tornam-se parceiros…rola um clima (bem não vou estragar o prazer de vocês e contar o final).
No fundo está a dificuldade de empregos na Irlanda, o poder econômico e cultural da Inglaterra (Londres) , o a questão da imigração com a desintegração do leste europeu - mas isso bem no fundo - quase não aparece no filme. Mas aí não importa mais nada, você quer esquecer a crueldade do mundo por uns instantes, e acreditar que aquilo que rola na tela é possível. A gente entra na torcida para que os dois acabem juntos. (no bom sentido, é claro)
De certa forma, o filme é produto do imenso talento dos duas pessoas : Glen Hansard - que interpreta o cantor de rua com sua voz potente e a graça de Markéta Irglová que é também cantora, e domina vários instrumentos. As músicas que tocam no filme, a maioria delas foi composta por Hansard e uma delas por Markéta ( Markéta é parceira dele no conjunto de rock The Frames - cujo último álbum “The Cost” feito em 2006 fez muito sucesso). Uma curiosidade: Hansard começou sua carreira musical , com 13 anos de idade se apresentando nas ruas de Dublin com , segundo a Wikipédia.
Taí, não é uma supre-produção - é um filme barato, feito com bastante esmero e competência por John Carney (roteiro e direção- ele já foi baixista do the Frames, mas acho que passou do prazo de validade para ser roqueiro). Não se pode esquecer de elogiar o elenco que acompanha o casal nessa aventura- que é muito bom.
Outra coisa que não posso deixar de falar é que pela ela atmosfera e por sair do estereótipo trágico do filme irlandês, Once lembra um pouco o filme (sensacional) The Commitments, de Alan Parker, no qual Glen Hansard fez o papel de um guitarrista (Outspan Foster) . Por outro lado, por contar uma história de outsiders, passa perto dos filmes de Jim Jarmusch (veja Stranger Than Paradise), e pela delicadeza da abordagem do tema das relações de afeto nesse mundo do pós-tudo, nos remete ao bom filme de Sofia Coppola “Encontros e Desencontros” (Lost in Translation).
Arrisco a dizer que o filme é imperdível. Acho que exagerei!
(Ah! a trilha sonora é maravilhosa e está gravada em CD)
3 comentários:
Olá, querido Lib,
Se exagerou não sabemos,agora!
O fato é que deu uma vontade grande de ver o filme. Você é convincente e arrebatador na descrição do encanto que a história provocou.
bj.
Maysa
Querida Maysa, veja o filme, acho que você vai gosta. A trilha sonora, que está integrada na história do filme - é belíssima.
bjs
Nem vem, você não exagerou nada!! O filme é simplesmente perfeito, é de tocar o coração de qualquer um. Eu choro bastante quando eles começam a tocar as músicas no estúdio de gravar.A primeira música me faz simplesmente arrepiar!! Simplesmente imperdível...
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