3.3.09

Romero Cavalcanti: O Esquartejador de Copacabana



(Este texto de Egeu Laus sobre a arte de Romero Cavalcanti foi retirado do site overmundo - no seguinte endereço http://www.overmundo.com.br/overblog/romero-cavalcanti-o-esquartejador-de-copacabana )
Romero Cavalcanti é um dos mais inquietos e originais artistas que conheço.

Mora num antigo casarão em Copacabana que, não sei por que, me lembra o filme Psicose do Hitchcock. Tutty Vasquez o apelidou de “O Esquartejador de Copacabana” por conta de sua série de trabalhos intitulada Cutaways. Romero é um artista único que desenha com a faca (literalmente). Suas figuras da série (agora com volume) são cortadas no estilete sem nenhuma guia ou rascunho prévio! Não conheço ninguém com esse approach…

Nascido na Paraíba e radicado no Rio há muitas décadas, sua obra é múltipla e extensa. Seus cartazes de peças já fazem parte da história gráfica do teatro brasileiro. Suas capas de CD permanecem vivas e expressivas até hoje. Suas ilustrações editoriais (em livros e revistas) são parcerias fortíssimas com o texto. Suas “esculturas” (na falta de um nome melhor) me encantam constantemente. Romero é sempre um homem do processo. Pude constatar isso quando ajudei-o a montar uma pequena retrospectiva de seus trabalhos na UniverCidade aqui no Rio, há alguns anos atrás. A expo melhorava a medida que ia sendo montada.

Como artista múltiplo se aproximou do computador há pouco tempo e já desenvolveu um trabalho bastante expressivo. Inicialmente reproduzindo o seu traço ilustrativo através de programas de desenho vetorial e há poucos anos descobrindo a colagem digital num trabalho que garimpa imagens reais para explodi-las em figuras suprarreais que as vinhetas da TV Globo exploraram muito bem no seu trabalho para A Grande Familia.

Mas os Cutaways em papel são maravilhosos. E é justamente uma parte selecionada deles que estará em exposição a partir do dia 5 na Galeria Versailles do Shopping Cassino Atlântico aqui no Rio de Janeiro.

Um trabalho que consegue ser, ao mesmo tempo, extremamente contemporâneo, único em sua técnica entre nós, mas calcado numa tradição oriental milenar e ao mesmo tempo reforçado por uma carga de sensualidade e informação cultural poderosa. Seu “meio” é a propria “midia” impressa, e talvez por isso mesmo o subtitulo de sua exposição seja “Recortes es/culturais”.

Se você ainda não conhece o talho da faca de Romero Cavalcanti, a hora é essa: As Formas do desejo - Recortes esculturais.

Não perca!

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