15.5.09

Dica do Gerdal:Paulinho Trompete interpreta Durval Ferreira


Um sambinha é bom/quando ele é fácil de cantar/e quando vem a inspiração/é natural uma canção....e toda história viverá/quem com carinho só cantar/e toda gente há de ver/e, facilmente, compreender/que o que se quer é mesmo paz/e nada mais." E nada mais, infelizmente, pôde fazer Durval Ferreira depois do dia 17 de junho de 2007, quando faleceu, vitimado por um câncer. Nenhuma de suas apreciadas composições pôde mais ser criada e ouvida, como a terna "E Nada Mais", feita com dos mais recorrentes letristas da bossa nova, Luiz Fernando Freire, cujo pai, já falecido, Victorino Freire, político atuante no final dos anos 50 e limiar dos anos 60, foi dono de um outro apartamento-referência em matéria de encontros da rapaziada dissonante, na Rua Tonelero, em Copacabana.. .
Nascido caprichosamente em Pilares, bairro da Zona Norte carioca bem distanciado da orla e origem atípica de um músico bossa-novista, Durval foi criado na mesma ambivalente Vila Isabel de Noel Rosa e Johnny Alf, onde, nos anos 50, teve contato com o acreano João Donato, então um acordeonista avançado que tocava na orquestra de Valdemar Spilmann. Já morando na Praça São Salvador, em Laranjeiras, conheceu o gaitista Maurício Einhorn, que o introduziu no mundo do jazz e com ele assinou clássicos como "Tristeza de Nós Dois" (também com Bebeto Castilho) "Estamos Aí" (também com Regina Werneck) e "Batida Diferente". Liderou o conjunto Os Gatos - tocando com Eumir Deodato, Wilson das Neves, Neco, Paulo Moura, Norato, Ed Maciel, Meirelles e Copinha - e, depois, a partir dos seguintes anos 70, por três decênios, abraçava a atividade de produtor e diretor artístico em várias gravadoras, como a CID. "Chuva", tão suavemente caída na interpretação de Claudette Soares, é uma de suas músicas mais cativantes, em parceria com o cineasta Pedro Camargo, num rosário de pérolas autorais de que se podem lembrar, entre outras, "Moça Flor" (com Lula Freire) ,"Registro", com o publicitário Marcello Silva, "São Salvador" (belíssimo tema instrumental para a supracitada praça da Zona Sul carioca) e, mais recentemente "Antonio Brasileiro", com letra de Tibério Gaspar, vencedora, em 2005, de um festival de música em Jacareí, no interior de São Paulo.
"Alô, alô, Realengo!" Paulinho Trompete é da área, aí nascido como Wilson Moreira e Robertinho Silva, um grande soprista revelado aos 13 anos no programa do Chacrinha, que, por exemplo, após um sem-número de shows de animação de bailes, tocando nos conjuntos de Ed Lincoln, Laffayete e Os Devaneios, conquistou a admiração de "jazzmen" como Dizzie Gillespie e Chet Baker, com os quais tocaria. Com o lançamento do seu CD "Tema Feliz", Paulinho homenageia Durval Ferreira, motivo também do show desta sexta, 15 de maio, no Bossa Lounge, no Leme ("flyer" do lado), em que contará com o toque ágil e cristalino de um ótimo pianista nascido em Cataguazes e "carioca de pouco", Dudu Viana. Deste, aliás, vale muito a pena ouvir um igualmente ótimo CD instrumental e autoral intitulado "De Passagem", recém-lançado.
Um bom dia a todos. Muito grato pela atenção.

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