18.7.09

Dica do Gerdal : Billy Blanco, neste sábado, no Leblon - um viva ao nosso samba com uma figura patrimonial da MPB


"Lá vem ela num sorriso lindo, lindo/perguntar o que eu preciso/como vou indo/serve um lanche/e ainda pergunta se estou satisfeito/estou, mas quero tudo a que tenho direito/tanta graça, tanta arte/isso é miragem/pena que não faça parte da passagem/com essa flor a bordo/eu confesso então/que é bobagem medo de avião/é bobagem medo de avião..." Tema de um comercial da Vasp (disponível pelo YouTube) veiculado em 1976, na voz do cantor Dick Farney, que fora casado com uma dessas profissionais do ar, o "sambossa" "Aeromoça", de Billy Blanco, é, no conjunto da obra homogeneamente expressiva desse paraense, assim como "Camelô", "Nouveau-Riche", "A Banca do Distinto" e "Feiura Não É Nada", reflexo da capacidade notável que ele tem de descrever tipos urbanos e fotografar ambientes e situações - "Estatuto de Boate" e "Estatuto de Gafieira" - em letras a que não faltam pitadas de ironia e mordacidade. Hábil no uso a um só tempo crítico e gracioso da palavra, a serviço da sua aguda percepção de fatos, William Blanco Abrunhosa Trindade, na certidão de nascimento, também bebeu da fonte romântica para criar, por exemplo, com Nilo Queiroz ("Encontro com a Saudade"), Baden Powell ("Samba Triste") e Tom Jobim ("Correnteza") joias lapidares. Arquiteto diplomado pela mesma faculdade onde quase teria um desistente Tom Jobim, futuro parceiro na música, como colega de especialização, faria ainda com o nosso maestro soberano, por exemplo, o samba "Teresa da Praia" e a "Sinfonia do Rio de Janeiro", gravada originalmente em 1954. Aparentemente sisudo no palco, entretendo, à maneira do pioneiro Buster Keaton no cinema americano - isto é, sem sorrir - plateias com suas tiradas e histórias engraçadas, o patrimonial Billy estará logo mais, no bar São Roque, no finalzinho do Leblon ("flyer" acima), às 21h, fazendo um show, com produção da cantora Amanda Bravo, o qual, no caso dele, é sempre um reencontro especular da MPB com uma fração exemplar da sua melhor produção, especialmente no que ela tem de observação inteligente e irreverente da realidade macro do país. Aos 85 anos, ainda de pé, cantando e levando a carreira avante até onde, como diz, em outra de suas "boutades", a bengala o ajudar. Viva nosso samba!
Um bom fim de semana a todos. Muito grato pela atenção à dica.

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