8.10.09

Dica do Gerdal: Nei Lopes é destaque, nesta quinta, no Leblon, em biografia ilustrativa do Brasil afrodescendente


Bacharel em Ciências Jurídicas e Sociais pela Faculdade Nacional de Direito, da antiga Universidade do Brasil (hoje UFRJ), o advogado Nei Braz Lopes encontrou em si mesmo, sem narcisismo, no compositor, escritor e pesquisador Nei Lopes, a melhor causa que poderia abraçar. Uma causa nobre de cuja evolução bem encaminhada, com suas músicas de sucesso e seus textos de referência, beneficia-se a cultura nacional, de modo expressivo, sobretudo no combate à discriminação racial, entre outras iniquidades, trazendo luz forte de farol à questão da afroascendência e, a partir dela, contribuindo para a expansão de um entendimento renovado deste enigma continental sobejo em graças e contradições chamado Brasil. Caçula entre irmãos numerosos, ainda menino, Nei colecionava recortes de personalidades negras, como Louis Armstrong e Pixinguinha, principiando, assim, uma consciência que o levou do Irajá, já ido em sua vida desde o berço, à estiva intelectual de agora, em Seropédica, no interior fluminense, com muita "malhação" mental e tantos livros publicados numa produção fantástica em extensão e merecimento. Homem de palavra e da palavra, dela ainda faz uso ao exercitar a sua inteligência e aquilino olhar crítico num blogue - Meu Lote - que vale a pena ser acessado, porque, mesmo que se discorde de uma ou outra opinião que emite - até por esta ser ou parecer radical -, é sempre fonte de reflexão procedente, muito bem embasada, de informação confiável, valiosa ensinança e, ainda, em linhas divertidas, por exemplo, daquele trocadilho tão bem sacado quanto um chope bem tirado.
        Da inspiração que visita o compositor, Nei Lopes tem feito outro percurso admirável e mais conhecido, desde o seu primeiro registro em disco, em 1972,  como tal -  então, ainda não "o tal", ou "o cara", como a ele se referiu recentemente o cantor e colunista Aquiles Rique Reis, do MPB4 -, por meio de gravação de Alcione do samba "Figa de Guiné", composto em parceria com Reginaldo Bessa - numa fase de muitos "jingles" feitos por eles, que, dois anos depois, ganhariam um festival da UNIRIO com "Sexto Andar". Entre outros grandes parceiros que viriam, Wilson Moreira avulta, também pela constância da criação, como o mais lembrado. Por essas e outras, Nei Theodoro Lopes, o Neizinho, jovem integrante do conjunto DNA do Samba, filho de Nei e da professora Helena Theodoro, tem muito do que se orgulhar do pai que tem - também da mãe. Chutando o balde ou sincopando o breque, Nei é sempre notável no que faz e no quanto de afirmação, negro mesmo, que encarna. De letra e música.         
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Pós-escrito: biografado pelo jornalista Oswaldo Faustino, Nei Lopes junta-se a Abdias Nascimento e Sueli Carneiro em triplo lançamento, "Retratos do Brasil Negro", da Editora Selo Negro, na Livraria Argumento - Rua Dias Ferreira, 417, no Leblon, nesta quinta-feira, 8 de outubro, a partir das 19h. (flyer acima)

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