

Quem vê Ernesto Pires (fotos acima), assíduo nas rodas da cidade, com o seu indefectível chapéu, jeito algo amalandrado e informalidade aflorada de trato, dificilmente, creio, divisará nele, por força, é claro, de estereótipos de composição sociovisual, a figura do engenheiro químico e professor universitário que é. Nascido na Princesinha do Mar, mas criado em Brasília até os 13 anos, quando retornou com a família ao Rio de Janeiro para morar no Rio Comprido, Ernesto, ao ingressar na Escola Técnica Federal de Química, lá encontrou entre os colegas futuros músicos como ele - Paulão Sete Cordas, Henrique Cazes e Mongol. Um convívio que, naturalmente, acentuou-lhe uma motivação que já vinha, forte, desde a infância, quando, brincando de carrinho, gostava de ouvir bolachas de MPB, especialmente a música dos famosos festivais de fins dos anos 60. De Mongol, ainda nos tempos da escola técnica, defenderia um samba em apresentação no Colégio Coração de Maria e, até reconhecer-se como cantor e compositor nessa praia tropical da música popular, para o que foi determinante terapia anarquista feita com o psiquiatra já falecido Roberto Freire (pai do excepcional violeiro Paulo Freire), fez de tudo em matéria de interpretação da música, cantando em ritmos e até idiomas diversos, tendo a própria voz por companhia, em muitas ocasiões, apenas o violão empunhado. Desse modo, autossuficiente, também fez, para Ivon Cury, abertura em shows de karaokê apresentados pelo saudoso "chansonnier" de Caxambu, até, após longos períodos em Sampa e BH (nesta estudando na Escola de Música Livre), retornar, em 1997 ao Rio, atendendo à sirene do chamado do samba em si mesmo e já abraçado ao cavaquinho, instrumento em que teve como orientador o também saudoso Mestre Zé Paulo. É de 2000 o único CD gravado por Ernesto Pires, "Novos Quilombos", bastante elogiado por especialistas na matéria, em que, particularmente, agradou geral, nas recorrentes rodas, com o samba "Terreiro de Iaiá", de sua autoria. "É do ramo", como já certificou o crítico musical Tárik de Souza, destacando-lhe ainda uma divisão rítmica própria.
O aniversariante Ernesto pode ser visto e ouvido neste domingo, 31 de janeiro, no Centro Cultural José Bonifácio, na Gamboa, numa programação, abaixo, dedicada à também aniversariante Dodô, agora nonagenária, porta-bandeira da Portela, na passarela do tempo, em tantos e históricos carnavais.
Centro Cultural José Bonifácio
Rua Pedro Ernesto, 80 - Gamboa. Grátis - (vc só paga o que for consumir) Tel.: 2233-7754.
12:00 - Feijoada
14:30 - Roda de Samba com a participação dos sambistas:
Efson; Toninho Geraes; Dunga, Gabrielzinho do Iraja e Ernesto Pires
15:00 - Inauguração da exposição de fotografias e fantasias de Dodô da Portela
16:00 - Lançamento da cartilha s/vida de Dodô da Portela escrita por
Luis Carlos Magalhães
16:30 - Show com o grupo Tempero Carioca e a participação de integrantes da Velha Guarda da Portela (Monarco,Tia Surica, Mauro Diniz e Serginho Procópio)
19:00 - Baile com a Banda Bossa Seis
Nenhum comentário:
Postar um comentário