18.1.10

Homenagem do Gerdal: Almanir Grego e seu único disco gravado-uma lembrança desse filho exaltado da antiga Vila Real da Praia Grande


"Ora, ora, lá vem você outra vez/perguntar pela mulher que o abandonou..."
 
       Gravado em 1940 pelo Bando da Lua e regravado em 1966, em elepê da Elenco, por Aracy de Almeida, "Ora, Ora" foi um samba de sucesso que, em parceria com Gomes Filho, fez um veterinário nascido em Niterói e grande folião nessa cidade, participante e incentivador de diversos blocos: o saudoso Almanir Grego. Teria feito 100 anos em 8 de junho do ano passado e, com o parceiro mais constante, o pianista Gadé (Osvaldo Chaves Ribeiro), também nascido em Niterói, já havia destinado a Carmen Miranda um outro sucesso, este de 1936, o choro "Polichinelo", mais tarde reconhecido na voz de Ademilde Fonseca. No único disco que gravou, em 1992, um elepê de apenas seis faixas pela Niterói Discos (capa acima), ele fez o registro, também da lavra com Gadé, de uma valsa belíssima, "Primavera", e, em especial, com letra e música suas, de duas composições deliciosamente jocosas, o samba "O Tal Doutor" ("minha senhora, o preço da consulta a domicílio são trinta e mais dez/no consultório, nada dificulta/e o exame é feito da cabeça aos pés...") e a marchinha "Cabo Eleitoral" ("vendeu o carro e o bangalô/e fez miséria pra cavar o eleitor/desilusão na apuração/só tinha mesmo o voto dele, sim senhor (bis)/hoje reclama que foi traído/por amigos leais e até como marido/pois a mulher, que parecia tão legal/foi na conversa de outro cabo eleitoral"). O cantor carioca João Petra de Barros (intérprete destacado de Noel Rosa e um dos suicidas da história da MPB) foi o primeiro a gravá-lo, em 1935, com "Beijo Mascarado", mais uma de Almanir Grego com Gadé. Na dobradinha com Roberto Roberti, teve na voz de Vassourinha, levado ao disco em 1941, o samba "Ela Vai à Feira", fazendo ainda músicas com Alcyr Pires Vermelho, Amado Régis (autor de "O Samba e o Tango", outro sucesso da Pequena Notável), Alberto Ribeiro e Valfrido Silva (parceiro de Gadé em "Estão Batendo" e de Noel Rosa em "Vai Haver Barulho no Chatô). Uma composição sua era usada como prefixo do "Grande Jornal Fluminense", noticiário radiofônico gerado e transmitido na cidade fundada por um índio guerreiro, a sua tão amada Vila Real da Praia Grande, para a qual fez, com versos de Nilo Neves, uma marcha-hino vibrante, exaltada e bem apresentada nesse seu elepê, que encontrei há dois anos num sebo de lá: "Vila Real da Praia Grande/sempre altaneira, poderosa/Vila Real da Praia Grande, terra feliz, dadivosa/Cidade-Sorriso encantada/Niterói, Niterói, com és formosa..."

Um comentário:

Anônimo disse...

Adoro o trabalho desse artista do passado.Parabéns pelo Blog.
GIULIA