30.3.10

Dica do Gerdal: Pedro Amorim, Caio Cezar e Alessandro Valente evocam Canhoto da Paraíba, nesta terça, em rebuscado de saudade encantada





Como que às canhas na aparência, mas com exatidão de toque distanciada do alcance de muitos destros, o violão do saudoso Chico Soares, o Canhoto da Paraíba (foto acima), trouxe encantamento a tantos quantos o viram tocar, em 1959, em famoso encontro na casa de Jacob do Bandolim, em Jacarepaguá. Nessa ocasião, o próprio Jacob, Radamés Gnattali, Dilermando Reis e Tia Amélia, entre outros, constataram a excelência de dedilhado desse filho de Princesa Isabel, cidade situada no sertão paraibano, com jeito peculiar de portar o seu instrumento para execução, invertido, com as graves embaixo e as agudas levantadas. Em especial exibido, em 1980, pela TV Globo, no qual se apresentou com Canhoto, Paulinho da Viola revelou a injeção de ânimo que recebeu do convidado, sem que este a princípio soubesse, para que perseverasse no caminho do choro, apenas por vê-lo tocar na sua modéstia e mestria. Três anos antes, pela Discos Marcus Pereira, por sua iniciativa e produção, possibilitara a Canhoto a gravação de "O Violão Brasileiro Tocado pelo Avesso", um dos poucos discos reservados à posteridade por esse seu colega de palcos nacionais pelo Projeto Pixinguinha. 
        De  modo distinto ao das flores em vida que o saudoso isabelense colheu, pela Deck Disk, em belo e expressivo CD de Fernando Caneca, em 2004 - "Visitando Canhoto da Paraíba", com cordas de sonoridade percussiva realçando a nordestinidade do choro do homenageado -, o bandolinista Pedro Amorim, o violonista Caio Cezar e o cavaquinhista Alessandro Valente, compondo o Trio de Câmara Brasileiro, fazem, em outro e primoroso CD, "Saudades de Princesa", ora lançado pela Crioula Records, o seu "rebuscado" de um artista brasileiro, morto há dois anos, "dos mais regionais e universais", como o aprecia Caio, também o arranjador e diretor musical da obra. Um doutor de alpercatas em seu universo fantástico de sons e significados, observou ainda no encarte do disco, de faixas hoje, 30 de março, apresentadas em show realizado, a partir das 19h, na Modern Sound - Rua Barata Ribeiro, 502 - Copacabana.        
        No primeiro dos "links" abaixo, um trecho de documentário (8 minutos) sobre Princesa Isabel (PE) e depoimentos sobre Canhoto; no segundo, Canhoto, em 1994, tocando "Mulher Rendeira"; "Disparada", de outro paraibano (da capital), Geraldo Vandré, e Theo de Barros, e "Procurando Tu", de mais um paraibano bem conhecido, Antônio Barros (de Queimadas, perto de Campina Grande), em parceria com J. Luna. 
        
http://www.youtube.com/watch?v=MDQhoO2zPxI
 
http://www.youtube.com/watch?v=SAHuz0iWu9k&feature=related

2 comentários:

ze disse...

a discos Marcus Pereira tb não salvou as gravações únicas de Cartola ? somando a esta salvou tudo.

LIBERATI disse...

Devemos muito a Marcus Pereira.Pertence àquele tipo de gente que se preocupava com a Cultura Brasileira, em registrar suas manifestações, em garimpar o nosso ouro sem se preocupar com a grana que isso iria dar. Vivemos em tempos diferentes de aparente tiunfo de uma concepção de vida do sujeito deprimido e da valorização do vil metal - O sujeito social se dirigiu para a meta de ganhar e ter objtos de valor material - automóveis, casas de campo, viagens extraordiárias, rápidas alterações de consciência e fármacos para conter a angústia e o tédio de uma sociedade sem horizontes, sem valores humanos. Gerdal é um sábio.
um grande abraço