10.6.10

Dica do Gerdal:Ester Mazzi - a dama capixaba da bossa dá notícia do seu som em novo disco



"Fafá, vem cá/o que foi que aconteceu?/o que foi que "cê" resolveu?/o que é que há?/Fafá, me diz, se a um palmo do seu nariz/eis aí o seu grande amor/pra que sofrer?/Fafá, vem cá, não precisa se explicar/não precisa mais me falar/o mundo é seu" ("O Mundo É Seu", de Ester Mazzi).
 
       Prezados amigos,
 
       Fluminense de Friburgo, como Benito di Paula, e nascida em 28 de fevereiro de 1945, mas desde os três anos de idade adotada por Vitória, a cantora, compositora e violonista Ester Mazzi (foto abaixo) é considerada a musa capixaba do jazz - aliás, a primeira voz feminina a ser ouvida em um festival do gênero no Espírito Santo, no Teatro Carlos Gomes. Ela é portadora de estilo próprio e inconfundível na interpretação da sua música, uma "diseuse" da bossa tão curiosa quanto envolvente, que dá o seu recado como que inebriada por dissonâncias existenciais a refletir-se ainda nas letras de sofisticada singeleza. Há quatro anos, de férias por Vila Velha e Vitória, encontrei em sebo de uma dessas cidades o CD "Tardes", gravado por Ester em 2003, o qual, na minha fruição de mero aficionado da nossa música popular, passou, com os anos, da estranheza inicial, pelo avesso do canto "bem colocado" ou "clean", à satisfação acentuada de ouvir uma artista cujo grave parece revelá-la visceralmente a cada nota ou acorde do violão confortador.
       De Ester Mazzi - a "voz mais caliente do Brasil", segundo João Gilberto - diz Leila Pinheiro em reprodução textual de comentário escrito para a contracapa do recém-lançado CD da artista, "Filigrana", transcrito de página virtual da "Folha Vitória": "Se Ester morasse no Rio quando a bossa nova nasceu, certamente seria parceira dos bambas, tal o seu envolvimento e paixão pelas canções que fazem parte desse momento tão especial da música brasileira. Sua filigrana de agora é envolvente e multifacetada: bossas, boleros, jazz...muito bonitos e delicados, envolvidos em belos arranjos." Marcam presença no disco, lançado no Spirito Jazz, na Praia do Canto, e parcialmente inspirado, em duas faixas, em Camburi e Cidade Alta, bairros de Vitória, o carioca Tadeu Chuff, violonista e arranjador, e o baterista e percussionista capixaba Marco Antônio Grijó. Em meados do mês passado, ainda em Vitória, Ester foi homenageada com diploma e troféu pelo prefeito, João Coser, e pelo secretário municipal de Cultura, Alcione Pinheiro, na sede do Executivo local, pelos seus trinta anos de carreira, iniciada com a gravação do elepê "Explicação". No mesmo tom "jobim-escuro" de parte do seu balanço, matizado por letra de alguma melancolia e perdição na esteira do amor distanciado, Ester canta, no "link" abaixo, de sua autoria, "Notícias de Paris", canção recorrente em seus discos, com interessante combinação final de citações bossa-novistas "à la carte": "Você" e "Fotografia".  

   http://www.youtube.com/watch?v=R1q119lUSWE
 

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