3.6.10

Homenagem do Gerdal: Roberto Riberti leva ao CD as músicas dos seus elepês: um pouco de encanto, outro tanto talento sim



 "Diz que eu me perdi/diz que sozinho não tenho mais força pra seguir/que eu me rendi/e quem sabe ela sinta o que eu senti..."  
 
       Prezados amigos,
 
       Descendente de imigrantes italianos, como um autor de clássico da nossa valsa, Alberto Marino, o paulistano Roberto Riberti (foto acima), ainda a exemplo daquele, é outro nome da "rapaziada do Brás" que se destaca como compositor na MPB, de lira muito bem espraiada por ritmos diversos, embora tenha no samba, a meu ver, sozinho ou em parceria frequente com Eduardo Gudin, o seu principal cartão de visita. Ele faz bonito no reduto artístico do saudoso Manezinho Araújo, compondo "Festival de Embolada" ("Ai, meu "censô", cadê o senso, cadê o "a", cadê o "e", cadê o "i", cadê o "o", cadê o "u"?") - em que, nos "finalmentes" da ditadura militar no país, critica com humor o parceiro "emboladô" tão impertinente da extinta Censura Federal; no romantismo da toada, em "Regato" ("Apanhei uma estrada/uma vida danada/coração aventurava/e só fazia sofrer.../um atalho na estrada/com clareira e regato/um descanso de fato/foi o que foi você", com grande presença da viola de Édson Alves); e, até quando envereda pelo pop, dá lição a muito "brother" na pista com uma composição envolvente, bem arranjada e toda sua, "Existe" ("Existe alguma coisa entre nós dois/meu bem, não vá negar/oh, não, não vá negar/se é uma gota d`água ou se é um mar/isso eu não sei explicar, que águas vão rolar.."). No samba, entretanto, tanto no de contorno mais popular  - "Não Demore", feito com Eduardo Gudin e Paulo Cesar Pinheiro - quanto no de desenho melódico-harmônico mais rebuscado - "Brincadeira", com Eduardo Gudin -, revela-se em plenitude o seu talento, firmado em encanto de letra e cadência que prende a atenção do ouvinte
       Tive, no final do ano passado e no princípio deste, a satisfação de trocar e-mails com esta admiração de longa data que tenho na MPB que é o Roberto Riberti, também dotado de boa palavra ao cantar, com timbre grave e claro, voz inequívoca e bem ajeitada na música, não raro confundido com outro saudoso compositor, Roberto Roberti (da marcha "Aurora", com Mário Lago, e do samba "Isaura", com Herivelto Martins). Uma admiração que, aliás, acentuou-se nesse contato por sabê-lo ainda boa-praça, generoso e bem-humorado nos seguidos "rsrsrs" das linhas dos seus textos. Ele digitalizou por conta própria os seus quatro elepês (em que se incluem as faixas supralembradas, gravados em 1977, 1979, 1982 e 1986), por causa de embaraço na relação com a Warner, adquirente do acervo da Continental/Chantecler, da qual foi contratado. Remasterização feita por ele, com ótimo resultado, a partir de vinis próprios, a qual ainda compreende interpretações marcantes de "Simplesmente", de Paulinho Nogueira, e "Ruas Que Sonhei", de Paulinho da Viola (um belo samba, dos anos 70, que parece ter poesia cifrada e também endereçada àquele mesmo parceiro "emboladô" lá de Brasília). Aos interessados nesses CDs representativos de um "trem" autoral, no dizer dos mineiros, bem composto na sua diversidade, em que o samba é o carro-chefe, informo o e-mail de contato com o compositor: contato@robertoriberti.com.br  Um dos sambas, lindo samba (com arranjo de José Briamonte, no disco de 1977), mais recorrentes na minha memória afetiva vem da letra de Roberto Riberti para melodia de Maurício Tapajós e Eduardo Gudin, feito por eles numa mesa de fundo no extinto boteco Confraria, em Sampa, também frequentado por Nelson Cavaquinho, Paulo Cesar Pinheiro e pelo MPB4, entre outros notáveis. É o "Rendição", dos versos que encimam essa dica-homenagem. Um samba ouvido por mim muitas vezes, até mesmo na base da "autoajuda" e com efeito consolador, que já me abrandou ais do coração naquilo "que é a coisa mais triste quando se desfaz". Mas o desdobramento disso não vem ao caso.
      ***
Pós-escrito: o primeiro dos "links" abaixo traz Élton Medeiros, com caixa de fósforos no ritmo, ao lado de Eduardo Gudin, ao violão, cantando "Estrela", com letra de Roberto Riberti, da qual saiu o verso - "um pouco de morro, outro tanto cidade sim" - que dá título a excelente CD gravado por uma grande revelação mineira, a afinadíssima Angela Evans. Nos demais "links", a reprodução de entrevista com o simpático Riberti no programa "Em cartaz", da tevê paulista. Acrescento ainda, dele, abaixo, o chamado site oficial e o "his space".
                 
  
http://www.youtube.com/watch?v=GU1Y_wrYtoo&feature=youtube_gdata

  
http://www.youtube.com/watch?v=VP1rKFAHTGg

  
http://www.youtube.com/watch?v=VP1rKFAHTGg

  
http://www.youtube.com/watch?v=_RaRoqLW4CM&feature=related

      
http://www.robertoriberti.com.br/novo/index.html

      
http://www.myspace.com/robertoriberti

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