7.7.10

Homenagem do Gerdal: Mário Albanese: música popular brasileira em cadência bonita e "sui generis", na onda do jequibau





Se em 1965, no embalo da marcha, o carioca Oswaldo Nunes, compositor do Bafo da Onça, agitava o seu carnaval na onda do berimbau - um sucesso também gravado por Ed Lincoln -, o pianista e compositor paulistano Mário Albanese (fotos acima), no mesmo ano, na companhia do parceiro gaúcho Ciro Pereira (foto acima, ao lado de Mário), também pianista, formador e condutor da Orquestra Jazz Sinfônica de São Paulo e um dos maestros da TV Record na chamada era dos festivais da tevê brasileira, ressurgia no mercado do disco na onda do jequibau - lançado em evento no auditório da "Folha de S. Paulo" -, uma rima rica e de boa sonoridade na MPB. O jequibau parece bossa nova, mas não é, diz Mário categoricamente no primeiro dos "links" abaixo, explicando a distinção técnica em termos de compasso entre a sua inovação rítmica (criada com Ciro - mentor da expressão e cultor do que chama "MPB de smoking", em alusão à sua lida como arranjador - numa pulsação em 5/4 e com fundamento no folclore) e a famosa batida trazida pelo violão de João Gilberto, além de composições do jazz americano, como "Take Five", do saxofonista Paul Desmond, esta conduzida na alternância de "3+2" e "2+3". No elepê "Jequibau", da Chantecler, que gravou com o apoio da orquestra da gravadora, regida por Ciro, Mário faz ao longo das faixas um gostoso passeio autoral ao piano, a sugerir ao ouvinte uma excursão "al mare" em dia de sol na levada de samba do seu "barquinho diferente", em músicas como "Tarde Quente", "Fim de Semana em Guarujá", "Maré Alta", "Esperando o Sol" e "No Balanço do Jequibau". Elogiado na ocasião por importantes maestros, como Gabriel Migliori, Erlon Chaves e Luiz Arruda Paes, e críticos nacionais e estrangeiros, como Henrique Lobo e Leonard Feather, autor de uma enciclopédia do jazz, o jequibau, apesar das gravações em nosso país, por Isaurinha Garcia, Pery Ribeiro, Walter Wanderley, Cláudia, Agnaldo Rayol, Pedrinho Mattar e Caçulinha, entre outros, logrou reconhecimento mais acentuado no exterior (lançado nos EUA, na França, no Uruguai, no México e na Argentina), conferindo, já com título em inglês, "Pretty Butterfly" ("Na Batida do Jequibau"), novo sabor a registros fonográficos de Eydie Gormé, Lionel Hampton, Paul Horn, Sadao Watanabe, Andy Williams, Charlie Byrd e Vic Damone, entre outros, e à orquestração de um Percy Feith, por exemplo.        
       Criado em família de músicos e neto de Domenico Petrillo, um napolitano professor na matéria que desembarcou em Santos em 1897, Mário Albanese teve iniciação ao piano com a mãe, Clara Petrillo Albanese, estudou com Antonieta Rudge e Hans-Joachim Koellreutter, entre outros mestres, e diplomou-se no Conservatório Musical e Dramático de São Paulo, onde também se diplomou em piano a irmã, Susi Albanese. É parceiro de Garoto, com quem tocou e compôs "Amor Indiferença" e, sendo ainda jornalista e advogado, foi colunista da revista "Manequim" e dos jornais "Folha de S. Paulo" e "Folha da Tarde" e, na forma da lei, abraça há muitos anos a causa da defesa da saúde contra os malefícios do tabaco. Atuou, na capital paulista, como radialista - na Excelsior lançou o programa "O Assunto É Violão" (instrumento em que também se exercita), com patrocínio da Di Giorgio e revelador de Eduardo Gudin e, em concurso dessa atração, dos irmãos Sérgio e Odair Assad (o Duo Assad) - e, igualmente produtor e apresentador, passou por várias emissoras de tevê, como a Tupi, a Record, a Bandeirantes e a Cultura. É membro atuante do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo, que, com sua colaboração, em outubro próximo, prestará homenagem a um ilustre amigo supracitado: São Paulo Quatrocentão - Garoto e a Transformação do Violão no Brasil. Ainda nos "links", abaixo, Mário pode ser visto, pelo YouTube, em imagens recentes, no seu samba em compasso quinário, tocando "Certa Vez", dele e de Ciro Pereira" (faixa do elepê "Jequibau na Broadway", de 1967, em que, mais uma vez, ao piano, é acompanhado pela orquestra da Chantecler, regida por Ciro), e ouvido em "No Balanço do Jequibau" (música sobre imagem de capa do seu elepê) e "Tarde Quente", ambas na parceria com Ciro Pereira (também música visualmente ilustrada por imagem). 
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Pós-escrito: ainda a propósito do jequibau, escreveu o cordelista Teo Macedo: "Jequibau é jequibau/diferente marcação/cinco tempos por inteiro/contrariando a tradição/um compasso brasileiro/nova forma de expressão/jequibau é jequibau/a palavra é singular/não existe em dicionário/não adianta procurar/e depois de tantos fatos/é preciso registrar."
 
          
http://www.youtube.com/watch?v=Bww_pV1YnoU
 
http://www.youtube.com/watch?v=8Bm5bTfwOes&NR=1
 
http://www.youtube.com/watch?v=GBqDTdZwLzw&NR=1

 
http://www.youtube.com/watch?v=WetJRRgdSwo&feature=related 

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