7.8.10

Crumb veio e eu não fui


Pôxa vida, não vai ser nesta vida que verei o grande Crumb de perto...É uma pena, uma caneta, um lápis, sei lá!? Mas acho que até que foi bom estar aqui, no mesmo litoral, vendo a onda bater no rochedo, bem distante do turbilhão em que ele está perdido. Não iria poder bater um papo tranquilo com ele mesmo. Sinceramente, estou curtindo muito catar notícias dele na internet e saber de suas aventuras em terras brasileiras. Interessante tomar ciência de que ele acha este mundo uma merda, ( e olhe que ele tem lá suas razões), que acha que os EUA não têm jeito, mesmo com Obama e que prefere ficar tranquilo lá na França ouvindo seus bolachões de 78 rotações. Acho curioso, quando ele diz que não sabe o que está fazendo em Parati. Parece coisa de doidão, mas não é, nem é pose, é ironia mesmo. Sempre admirei o desenho dele, suas histórias aparentemente malucas. Sofri vendo o documentário sobre a família dele. Sou fã de carteirinha desse senhor excêntrico, imaginem, tenho até um exemplar de uma ZapComix lá do comecinho e guardo muitos livros desse monstro sagrado do humor gráfico. Meus filhos sempre que podem, compram para mim alguma coisa que ele publicou pelo mundo. Gosto mais daquela fase em que ele entortava tudo, em que os pés dos personagens eram compridos, da época do Mr. Natural, lembram? Atualmente, por algum motivo que desconheço, seu traço está cada vez mais "realista", mas tudo bem, temos que considerar que sua obra é um verdadeiro monumento ao desenho, e seu valor vai muito além do "culto underground". Isto quer dizer que ele pode enveredar até para a garatuja (se é que isso é possível) que sempre vai ser o grande Crumb. Muita gente ganhou dinheiro às suas custas - imprimindo coisas suas em gibis, camisetas, cartazes etc...Mas ele nem ligou, e continuou a com sua palheta a arranhar seu banjo, tocando músicas dos anos 30/40, desenhando com pena e nanquim e achando que não deve ser levado a sério. Falou e disse! (como se dizia naqueles tempos em que a roda de Aquarius girava para um lado e aqui no "patropi" imperava a lei da "dietadura"- Mr. Crumb, com suas historietas sacanas ajudou a formar uma geração de desenhistas e contribuiu para suportar o sufoco daqueles tempos cinzentos).
Não sei não, mas acho que desse mato da Flip vai sair mais do que coelhos, creio que Crumb vai acabar morando por aqui, dada sua admiração irrestrita pela preferência nacional - o derrière bem formatado que ele já deve ter notado circulando pelas ruas daquele brinco de cidade que é Parati. Como dizia o sábio Benito de Paula: "Agora chegou a vez, vou cantar, mulher brasileira em primeiro lugar".
Xi, acho que o final deste "post" saiu meio machista, o que hacer?

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