30.8.10

Poema de um Zé Iluminado


Faz pouco tempo ouvi na Rádio BandNews pela voz de Juca de Oliveira, um poema muito engraçado e "dissonante" cujo título era "Ai Se Sêsse. Confesso que o nome do autor eu não consegui ouvir direito. Mas procurei na Santa Internet e descobri que é da autoria de Zé da Luz (retrato aí do lado), um paraibano inspiradíssimo, cujo nome na verdade é Severino de Andrade Silva, nascido em Itabaina em 1904 e falecido em 1965.
Descobri também que esse poema foi lido ou cantado por Lirinha do Cordel do Fogo Encantado. Diz a lenda que Zé da Luz compôs esse poema para provocar aqueles que, contra a cultura popular, defendiam o uso do português-de-salão para expressar o que vai dentro do coração do poeta.
Lá vai ele então: (só tem graça ser for lido em voz alta, por favor)
Ai Se Sêsse
Se um dia nois se gostasse

Se um dia nois se queresse

Se nois dois se empareasse

Se juntim nois dois vivesse

Se juntim nois dois morasse

Se juntim nois dois drumisse

Se juntim nois dois morresse

Se pro céu nois assubisse

Mas porém acontecesse de São Pedro não abrisse

a porta do céu e fosse te dizer qualquer tulice

E se eu me arriminasse

E tu cum eu insistisse pra que eu me arresolvesse

E a minha faca puxasse

E o bucho do céu furasse

Tarvês que nois dois ficasse

Tarvês que nois dois caisse

E o céu furado arriasse e as virgi toda fugisse

2 comentários:

TS disse...

Amei a letra! O 'pessoar' daqui fala assim, pé na 'talba'!

notinha:
Gopstei do title do novo livr d Gullar - assim ficarei sem titles, pô!
Já tem "O Homem sem qualidades" (Musil), "A Mulher q não existia" (Luft), "Uma vida inventada" (Proença)... ficarei s/ nada?

LIBERATI disse...

Querida Tinê, também gostei do título do livro do Ferreira Gullar. Sabe que um dia eu mais uma amiga entrevistamos o poeta para uma revista?
É um grande pensador, além de ser um dos maiores poetas da nossa língua.
bjs