24.9.10

Adriana Moreira canta a lira popular de Batatinha, nesta sexta, em show de pré-lançamento de CD finalmente apresentado ao público baiano


 Oscar da Penha dirigiu-se ao "andar de cima" no dia 3 de janeiro de 1997, aos 72 anos, vencido pela força maior de um câncer fulminante na próstata, mas deixou uma obra bonita na música popular. Soteropolitano, passou toda a vida no Pelourinho, com a mesma simplicidade do seu verso encantador, quase sempre presente em sambas de desenvolvimento em tom menor, lamentosos, embora, de quando em quando, lhe desse na telha aquele de andamento vivaz, jocoso, como "Jajá da Gamboa", que Jamelão gravou em 1960 ("mas a cabrocha é boa/apesar de ser coroa/e o Jajá da Gamboa é o dono da situação..."). Aposentou-se como gráfico, função que exerceu por muitos anos na Imprensa Oficial (hoje Empresa Gráfica da Bahia), e, em 1944, conhecendo o pernambucano Antonio Maria, então recém-chegado à Rádio Sociedade da Bahia (emissora do grupo dos Diários Associados, de Assis Chateaubriand) para dirigi-la, teve no "menino grande" um forte incentivador , em cujo programa "Campeonato do Samba" o simpático Oscar chegou em segundo lugar com "212", de Roberto Martins e Mário Rossi, e do apresentador recebeu o apelido com que se distinguiria como compositor: Batatinha (foto abaixo). Influenciado pelo ídolo Vassouriinha, a quem imitava em programas de calouros, e tido como "batata" - bamba, na gíria de então - por seus amigos e primeiros admiradores em Salvador, foi, por isso, artisticamente cognominado por Antonio Maria e, como Batatinha, conheceria o sucesso, especialmente através de gravações de músicas suas pela conterrânea Maria Bethânia, em elepês lançados entre 1965 e 1972: "O Circo" ("todo mundo vai ao circo/menos eu..."), ""Imitação", "Toalha da Saudade" e "Hora da Razão", as duas últimas em parceria com J. Luna.  Em 1996, uma mineira de Nanuque criada na capital baiana, Jussara Silveira, gravou muito bem o samba "Espera", em disco próprio, e, no ano seguinte, repetiu a dose, do mesmo jeito, em outra pérola, "Ironia", participando de CD-homenagem, ambas composições de Batatinha com outro grande do samba baiano de recorte urbano, Ederaldo Gentil..        
      Em elogiada produção do selo CPC-Umes, "Direito de Sambar",  de 2006, a cantora Adriana Moreira, cria da quadra da escola de samba Camisa Verde e Branco e destaque entre as novas vozes do samba em São Paulo, prestou o seu tributo a Batatinha e, muito feliz, tem, enfim, a chance de apresentar, como ansiava, em Salvador, ao público de lá, esse disco especial para um filho especial da Boa Terra em dois shows de pré-lançamento, ontem e hoje, 23 e 24 de setembro ("flyer" acima). Oxalá os cariocas tenhamos, em breve, essa mesma satisfação de ver a Adriana, que já prepara um novo disco, mostrando a arte popular de Batatinha em algum palco da nossa cidade. 
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Pós-escrito: no primeiro "link" abaixo, Batatinha, com a costumeira caixinha de fósforos, em trecho extraído do programa "Ensaio", da TV Cultura (SP), canta "Hora da Razão" e "Toalha da Saudade". Em seguida, em disco de 1969, intitulado "Batatinha e Companhia Ilimitada", da etiqueta JS, Carlos Gazineu canta "Desengano", do mestre baiano e de Cid Seixas. No "link" final, Adriana Moreira vai de partido-alto em "Jacy", de Mílton Conceição e Douglas Germano.   
 
      http://www.youtube.com/watch?v=WxhFsUuPP7k&feature=related
 
      http://www.youtube.com/watch?v=HkjpBpuMTbU
 
      http://www.youtube.com/watch?v=AFynCN5sVIw&feature=related

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