25.3.11

O eterno retorno de Canudos


Não tem jeito, Canudos sempre volta na minha vida. Já contei aqui como foi meu primeiro contato com Os Sertões de Euclydes da Cunha na minha infância de aluno de grupo escolar. Fiquei de continuar a história até os dias de hoje, mas tive que interromper minha "escalada" para estudar para me qualificar para o mestrado. Desviei a rota, desloquei mundos em livros e me desterritorializei.
Eis que no mestrado, agora, feliz como pinto no lixo (como dizia o nosso grande Jamelão), me encontro de novo com "Os Sertões" num curso eletivo. Isso que me leva a uma nova dívida , - uma nova promessa: a de contar mais um capítulo dessa história. O pior é que ela se junta com o Modernismo que me remete às antigas leituras que fiz de Mário de Andrade, numa casa de pescador alugada, num litoral distante: Barra do Sahy - Camburi-Grande, Camburi-Pequeno, que nos dias atuais são balneários da burguesia bárbara dos Campos de Piratininga, onde um dia, Macunaíma contou algumas lorotas, como a de uma paca que ele perdeu, acho que foi na Praça da Sé. Num foi, "coração dos outros"?
Pior, que nesses tempos "dantes" da minha modesta história pessoal, eu andava a ler também "Os filhos de Sanchez" e a "Antropologia da Pobreza" de Oscar Lewis (por indicação do saudoso Professor Octavio Ianni- que fez a gentileza de me orientar numa tentativa de montar uma outra tese - 40 anos atrás) - que são histórias que se passam na Cidade do México.(Interessante é que Buñuel quis filmar "Los hijos de Sanchez", coisa que Anthony Quinn conseguiu- eu vi o filme e achei que ele deu conta do recado. Mas tento de imaginar mas não consigo, como ficaria essa história nos olhos de Buñuel). Enfim, tudo isso voltou agora- num só tempo, o tempo Presente. Estou lendo "Labirinto da Solidão" de Octavio Paz, onde ele tenta compreender a História do México - sacar a sua "complexidade", desvendar suas máscaras. Durma-se com um barulho desses! Entao, quando conseguir juntar tudo isso no transe da minha trajetória no mestrado, eu conto as etapas desses retornos de Canudos que foi chamada por Oswald de Andrade de nossa Stalingrado jagunça num texto intitulado "Carta a Monteiro Lobato" que está no livro "Ponta de Lança".
NR: A ilustração acima, foi um desses meus retornos a Canudos - retrata Antonio Conselheiro - foi feita para a capa do Caderno Idéias do JB da Avenida Brasil, 500.
Prometo e não sei se vou cumprir, desencavar antigos desenhos que fiz sobre o tema Canudos, da época em que me retirei para as margens do rio Sahy. Ê tempo bão!

5 comentários:

Berzé disse...

Cavuca, desencava(os desenhos).Mas, se demorar, a gente espera.
Abração!
Berzé

LIBERATI disse...

Caro Berzé, vou ter que fazer uma expedição geológica ao meu depósito de desenhos: são camadas e camadas de ilustrações, caricaturas, charges...espero voltar vivo dela.
grande abraço

Berzé disse...

É o preço(bompreço) de viver.
Abração!
Berzé

ze disse...

em sendo pinto no lixo estais aos pés da grande Galinha que vive no galinheiro que é atacado pela raposa que fica presa na porta estreita ao terceiro dia, a metade é maior que o todo, devia a raposa comer menos. aqui em niterói uma das principais ruas tem o nome de um coronel que chefiou a campanha contra Canudos tendo morrido no local. não tem rua com nome Antônio Conselheiro. o México parece um país que guarda tradições atlantes, bem antigas. câmbio, desligo.

LIBERATI disse...

Caro Zé, que bom que você voltou a comentar. Começou o ano e com muita animação. Jagunços em festa de guerra no Sertão e Macunaíma numa enchente sólida do velho Tietê. Enquanto isso o arcaico e ambíguo ditador mexicano Santa Ana manda enterrar sua perna (perdida em uma batalha) com pompas fúnebres.
grande abraço