20.5.11

Henrique Cazes, nesta sexta, em bar da Lapa, mostra o samba irreverente do "alter ego" Jota Canalha



O primeiro contato que tive com o relevante trabalho de Henrique Cazes (foto acima) foi vendo um programa de tevê no final dos anos 70: o "Rio Dá Samba", comandado por João Roberto Kelly. Ainda muito moço, fazia parte do conjunto Coisas Nossas - juntamente com o irmão Beto Cazes, Oscar Bolão e outros dois irmãos, Aloísio (Luíta) e Carlos (Caola) Didier, por exemplo -, especializado no repertório de Noel Rosa, que ainda divulgariam em outros programas de tevê e shows, contando por vezes com a companhia de Marília Batista, uma das maiores intérpretes do Poeta da Vila. Com outra cantora famosa, Marlene, tomariam parte da série Carnavalesca, de Ricardo Cravo Albin, na antiga Sala Funarte, até que cada um, mais tarde, seguisse rumo profissional próprio, dando o conjunto uma contribuição valiosa para a memória da nossa música popular. 
      Formado em Química pela UFRJ, Henrique Cazes, por seu turno, fixaria o seu nome, do Coisas Nossas para cá, como um dos principais realizadores de shows e discos do país - todos com elevado fundamento cultural, lembrando a obra de Pixinguinha e Waldir Azevedo, por exemplo -, além de ser um apreciado arranjador e cavaquinhista, autor de um método de ensino, já lançado, do seu instrumento. Lembro-me agora de um show em que ele dava colorido, com a sua paleta e a sua palavra, no palco do Centro Cultural da Light, a uma homenagem ao extraordinário bandolinista Joel Nascimento (seu companheiro de Camerata Carioca, sob a batuta de Radamés Gnattali), acompanhado do irmão ritmista e do jovem e magistral sete-cordas Rogério Caetano..
       O "link" abaixo, que redireciono, revela a faceta musical bem-humorada desse carioca - filho do violonista e compositor Marcel Cazes e irmão ainda de outro músico, o baixista Haroldo Cazes -, que já se insinuara nesse terreno com o livro "Suíte Gargalhadas", reunindo episódios anedóticos de colegas de ofício. Na pele de Jota Canalha, seu "alter ego" critico, politicamente incorreto, do universo urbano do Rio, Henrique mostra uma das faixas, "Chatos em Desfile", de CD também lançado, em que naturalmente tipifica os chatos de acordo com aquilo que lhes falta em semancol. Outra faixa, muito engraçada, que eu já conhecia de um show - depois disco - produzido por ele, "Cachaça Dá Samba", com os "bicudos" Alfredo Del-Penho e Pedro Paulo Malta, é "Baranga das Dez, Broto das Duas". Nas imagens do YouTube, ambientadas num bar, além de Henrique e Beto Cazes, podem-se ver os compositores Orlandivo (do ótimo CD "Sambaflex", outra produção de Henrique) e Moacyr Luz; Luiz Filipe de Lima, mais um sete-cordas de respeito; o flautista e saxofonista Humberto Araújo; o produtor Marcus Fernando; o ator Otávio Augusto e um boêmio gozador, Baiano, bastante conhecido nos bares do Rio. Estes, os bares, a propósito, são a razão de ser de "A Voz do Botequim", CD de Jota Canalha, sujeito que marca presença, nesta sexta, 20 de maio, às 20h, no Ernesto (Largo da Lapa, 41 - Lapa -.tels.: 2509-6455/2598-5780), com o show irreverente "Jota Canalha Homenageia o Viadão Cultural - Músicas e Histórias Divertidas sobre Figuras de Popa da Cultura Nacional". Ainda em relação aos chatos nos bares e antes de voltar a freqüentar um destes, ouçam o samba em destaque e verifiquem a "classificação indicativa" daqueles. Afinal, na voz desse cronista, tais estabelecimentos são o ponto preferencial das "malas" - como em esteira de aeroporto, das mais leves às mais pesadas.
                    http://www.youtube.com/watch?v=MA20rSjhGvU  ("Chatos em Desfile")

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