28.7.11
Daltony Nóbrega: saudação a um talento multiuso pela vida que nele se renova
Prezados amigos,
Por longo tempo, tive a satisfação de trocar e-mails regulares e bastante informativos com o talentoso Daltony Nóbrega, parceiro de Carlos Lyra no curioso "Choro de Breque". Filho do poeta e historiador Dormevilly Nóbrega e nascido em Juiz de Fora, Daltony lá palmilhou o trecho inicial da carreira, como integrante do Grupo Mineiro (de que tomavam parte, entre outros, o mais tarde conhecido humorista Octavio Cesar, como cantor, e os jornalistas Maurício Dias e Antônio Chrisóstomo, como letristas), fazendo ainda boa e premiada figura em festivais locais. Dessa fase, vem a sua "GB Ur-Gente", em parceria com Maurício Dias, gravada por Eliana Pittman no Rio, para onde o referido conjunto viria de mala e cuia, participando, por um ano, no início da década de 70, de um espetáculo de grande sucesso de público e crítica: "É a Maior", protagonizado pela cantora Marlene. Desligando-se do conjunto, lançou-se em carreira solo, sendo gravado por vários intérpretes nessa década, como Célia ("Em Família"), Roberto Ribeiro ("Se Você Não Vê" e "É Tão Tarde") - com pseudônimo de Daltô em raro elepê do saudoso campista, de 1973 -, e, em particular, Simone (com três músicas no elepê de estreia dela, também em 1973, entre as quais destaca-se a igualmente bela e contundente "Morena"). Sua participação, em 1980, no festival MPB Schell, da TV Globo, lhe valeria, na ocasião, um convite de Augusto César Vanucci para ser diretor musical da emissora, o que lhe possibilitou, por exemplo, inscrever seu nome na criação e produção de dois especiais de ampla repercussão, voltados para a petizada: "Plunc Plact Zum" (expressão, aliás, sacada por Daltony e que se tornou um sucesso encomendado por ele a Raul Seixas) e "A Turma do Pererê" (com músicas suas para especial da Globo e livro-disco com história de Ziraldo). Ainda nos anos 80, viajaria pelo sul do Brasil pelo Projeto Pixinguinha, na boa companhia de Ademilde Fonseca e do conjunto Coisas Nossas, e, depois, já residindo na capital paulista, exerceria, também a convite de Augusto César Vanucci, a direção musical da TV Bandeirantes, fazendo trilhas para, entre outras atrações, o humorístico "Agildo no País das Maravilhas", com Agildo Ribeiro.
Professor de português, tradutor - "métier" a que ora se dedica -, "fera" em informática, Daltony faz parte de CD-homenagem, duplo, "100 Anos de Carmen Miranda - Duetos e Outras Carmens", com produção de Thiago Marques Luiz, no qual se ouvem duos famosos dela com Mário Reis ("Alô! Alô!") e Lamartine Babo ("Moleque Indigesto"), entre outros "partners" tão ou menos votados, num dos discos. No outro, músicas do repertório de "La Miranda" revividas em registros variados, de outros intérpretes, entre eles a divertida gravação de Daltony com a sua conterrânea Maria Alcina - esta de Cataguases - no samba "Empregada Grã-fina", do baiano Sá Roris (humorista e professor de desenho do parceiro Nássara, com quem comporia, entre outras, a clássica marchinha "Periquitinho Verde"). Trata-se de faixa pinçada de um dos dois elepês gravados por Daltony, o excelente "Cirrose", com arranjos de Antonio Adolfo e Perna Froes e produção de Simon Khoury para a RCA em 1983, só de sambas bem-humorados, como "Cadeira de Dentista", de César Brunetti, "Nouveau-Riche", de Billy Blanco, e "Samba da Cascata", de Délcio Carvalho, além dos ótimos "Tereza Iná" (c/ Ana Cézar) e "Amigo de Malandro", ambos de Daltony. Neste último, feito "à la carte" para o dizer malemolente de Moreira da Silva, os dois dialogam em faixa simplesmente impagável. "Bate-Boca", de 1981, também com arranjos de Antonio Adolfo e produção do finado Arthur Laranjeira para a mesma RCA, foi o primeiro elepê desse multifário e multi-ígneo Daltony. Antes motivadas por circunstância diversa, reproduzo, em intenção dele, estas linhas, desejando-lhe saúde e boa sorte na idade nova, que chegou ontem, 27 de julho, em mais um aniversário. Meus parabéns ao amigo. Ano novo, vida que se renova.
Um bom dia a todos. Muito grato pela atenção.
Um abraço,
Gerdal
Pós-escrito: nos "links" seguintes, 1) "Morena", de Daltony Nóbrega, com Simone; 2) "Cirrose", de Daltony e Anamaria, com o próprio Daltony; 3) ele e Maria Alcina em "Cozinheira Grã-fina", de Sá Róris; 4) "Cadeira de Dentista", de César Brunetti, com Daltony.
http://www.youtube.com/watch?v=wPKOdBnfLqE ("Morena")
http://www.youtube.com/watch?v=OFVNfNo7id4 ("Cirrose")
http://www.youtube.com/watch?v=XID3YIng2XY ("Cozinheira Grã-fina")
http://www.youtube.com/watch?v=VBo2bzqpaBM ("Cadeira de Dentista")
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